Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 3 de março de 2021 1 Comment

Coluna da Folha desta quarta-feira

O fator Bolsonaro e o desafio da direita em Pernambuco

Nas eleições de 2022 estaremos completando 40 anos de eleições diretas para governador, quando em 1982 Roberto Magalhães derrotou Marcos Freire por uma diferença pequena de votos. Naquela ocasião, Magalhães elegeu consigo Marco Maciel para o Senado Federal, que por sua vez derrotou Cid Sampaio.

Somente em 1994 passamos a ter eleições casadas para presidente e governador, mas o histórico mostra uma vantagem de candidatos de origem de esquerda, Miguel Arraes (1986 e 1994), Eduardo Campos (2006 e 2010) e Paulo Câmara (2014 e 2018), Jarbas Vasconcelos, apesar de ser de origem de esquerda, precisou aliar-se à direita para ser eleito em 1998 e 2002. Então efetivamente de direita, somente Magalhães e Joaquim Francisco em 1990 foram vitoriosos no período democrático, e em ambas disputas venceram por margem mínima.

Para as eleições de 2022, há um enorme desafio do grupo oposicionista alinhado ao presidente Jair Bolsonaro para se viabilizar na eleição para governador. Desde 1998 que um candidato a presidente de centro direita não vence em Pernambuco, o próprio Bolsonaro em 2018 obteve no auge de sua popularidade pouco mais de 30% no primeiro turno e 33,5% dos votos válidos na segunda etapa.

Ainda que o presidente seja favorito a se reeleger no âmbito nacional, não há indicativo que ele poderá vencer em Pernambuco, dada a característica do estado de votar em presidenciáveis de centro-esquerda, e isso pode ter um efeito extremamente negativo entre os postulantes de oposição na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas.

Sem sentido – O deputado federal André Ferreira (PSC) disse não entender a lógica do Governo do Estado de fechar os templos religiosos e igrejas, que adotam todas medidas sanitárias para evitar a disseminação da Covid, mas não toma qualquer medida contra a superlotação dos ônibus. “Não vemos nenhuma ação do Governo no sentido de cobrar dos empresários do transporte público a colocação de mais carros nas ruas”, ponderou o parlamentar.

Pesqueira – Após a cassação da chapa do prefeito e vice-prefeito de Arcoverde, os olhos se voltam para Pesqueira, onde a população aguarda o resultado do TSE, em relação ao julgamento de impugnação do Cacique Marquinhos.

Vacinado – O deputado José Queiroz (PDT) telefonou para o prefeito João Campos (PSB) para elogiar o processo de vacinação da capital pernambucana. O parlamentar, que já foi prefeito de Caruaru, fez o cadastro na plataforma digital do Recife Vacina e recebeu sua vacinação contra a COVID-19.

Redução – No grupo prioritário de COVID-19 que já foi vacinado no Recife, a capital pernambucana já reduziu em 60% os casos de internação com pacientes com mais de 80 anos. O prefeito João Campos comemora os números, mas pondera que há muito trabalho para a cidade atingir a imunidade de rebanho.

Guardas – O STF autorizou que todos os guardas municipais do país tenham direito ao porte de armas de fogo, independentemente do tamanho da população do município. A côrte declarou inconstitucionais dispositivos do Estatuto de Desarmamento que proibiam o uso de armas de fogo, de acordo com o número de habitantes das cidade. O armamento ou não agora caberá a cada prefeito.

Inocente quer saber – Bolsonaro tira ou dá votos em Pernambuco?

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 22 de dezembro de 2020 3 Comments

Coluna da Folha desta terça-feira

Geraldo Julio deixará a prefeitura mirando 2022

Secretário de Planejamento e Gestão de Eduardo Campos em 2007, indicado pelo então secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, Geraldo Julio teve carreira meteórica na política pernambucana, substituindo FBC no Desenvolvimento Econômico em 2011 e sendo o candidato de Eduardo Campos a prefeito do Recife em 2012. De lá pra cá, Geraldo venceu duas eleições para prefeito e foi fundamental para a vitória do prefeito eleito João Campos em 2020.

Geraldo deixará a prefeitura no próximo dia 31, passando o bastão para o próximo prefeito no dia 1 de janeiro, e terá como desafio percorrer o estado para consolidar-se como opção para disputar o Palácio do Campo das Princesas, com o objetivo de entrar para o seleto grupo de políticos que governaram a capital e o estado, composto por Joaquim Francisco, Jarbas Vasconcelos, Miguel Arraes, Roberto Magalhães e Gustavo Krause.

Geraldo conclui seu ciclo na prefeitura com um arsenal de obras, como os dois hospitais, os Compaz, as Upinhas, as ciclofaixas e tantas outras obras que possibilitaram ao prefeito um importante legado de realizações para a cidade que o credenciam para pensar em ser governador de Pernambuco daqui a dois anos.

Perplexidade – Marco Aurélio, atual decano do Supremo Tribunal Federal (STF), disse ver “com perplexidade” a decisão do colega Kassio Nunes, que suspendeu trecho da Lei da Ficha Limpa sobre o prazo de inelegibilidade após condenação. “Eu vejo com uma certa perplexidade, porque Supremo já tinha enfrentado essa lei, né?”, disse o decano. Kassio foi indicado ao STF em 2020 por Jair Bolsonaro. A decisão pode livrar muitos políticos da “ficha-suja”.

Missão – Com o fim do segundo turno em Macapá (AP) neste domingo (20), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, gravou um vídeo de agradecimento a servidores, colaboradores, magistrados e agentes das forças de segurança que atuaram no processo eleitoral de 2020. “Volto mais uma vez a me dirigir a todos da Justiça Eleitoral para agradecer a colaboração: missão cumprida!”, disse o presidente da Justiça Eleitoral.

Hemobrás – A procuradora Silvia Regina Pontes Lopes, do Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco, expediu recomendação ao ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, com objetivo de garantir o atendimento da demanda do Sistema Único de Saúde (SUS) em 2021 junto à Hemobrás, estatal federal sediada em Goiana (PE). O objetivo é garantir que a Hemobrás tenha estoque de insumos para seguir produzindo medicamentos para hemofilia.

Avaliação – Na avaliação do ex-ministro Mendonça Filho, o saldo do Democratas nas eleições municipais deste ano foi positivo, quando elegeu nove prefeitos e obteve uma expressiva votação na capital pernambucana. Mendonça aposta que o partido irá eleger três deputados federais e cinco estaduais em 2022.

Reviravolta – O jogo promete mudar na eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal do Recife. O vereador Hélio Guabiraba lançou o seu nome para o posto de primeiro-secretário da Casa, após uma conversa com os caciques do partido. Sendo o terceiro mais votado do PSB na eleição deste ano, nos bastidores Hélio Guabiraba é considerado um dos nomes mais fortes para conquistar o posto.

Inocente quer saber – Qual será a função de Geraldo Julio até 2022?

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Postado por Edmar Lyra às 7:23 am do dia 18 de agosto de 2020 Leave a Comment

Miguel Arraes – Compromisso Popular

Por João Campos*

Nesse último 13 de agosto, fez 15 anos da morte do ex-governador Miguel Arraes, meu bisavô. Por uma infeliz coincidência, é também a data da morte do meu pai, há seis anos. São datas idênticas, mas de anos diferentes. Devo aos dois, com muita honra e muito orgulho, a minha formação pessoal e política. Lembro bem que na minha infância costumava ir com meus pais visitar Dr. Arraes, na Rua do Chacon, no bairro de Casa Forte, no Recife. Guardo na memória a imagem do meu pai conversando com o avô e de vez em quando uma sonora gargalhada quebrava o silêncio do terraço onde os dois costumavam falar sobre política.

Dr. Arraes foi deputado estadual, federal, prefeito do Recife e três vezes governador de Pernambuco. Meu pai trilhou um caminho na política que o levou a sentar duas vezes na cadeira de governador, depois de ter sido deputado estadual, federal e ministro.

Os dois juntos, avô e neto, deixaram, cada qual no seu tempo, traços marcantes de uma política pública voltada para a população, em geral. Mas, com uma prioridade clara para os mais necessitados.

Dr. Arraes, como prefeito, criou o Movimento de Cultura Popular – um programa para educar jovens e adultos pobres da periferia do Recife, que tiveram também os primeiros contatos com a pintura, a poesia e o teatro. Foi, por exemplo, no MCP, que o saudoso ator global José Wilker, morador na época de Olinda, viveu suas primeiras experiências artísticas.

Como prefeito, Miguel Arraes também instalou chafarizes na periferia do Recife para evitar longas caminhadas dos moradores pobres em busca de água. E coordenou os trabalhos do traçado urbano do bairro da Imbiribeira, abriu as avenidas Sul, Abdias de Carvalho, Conselheiro Aguiar, concluiu a Avenida Norte e pavimentou com concreto a Avenida Boa Viagem.

Como governador, ampliou o MCP e sentou, na mesma mesa, trabalhadores da cana de açúcar e usineiros, celebrando uma negociação entre patrões e empregados que ficou conhecida como o “Acordo do Campo”. Foi esse pacto que regularizou os salários dos canavieiros e estabeleceu regras trabalhistas, distensionando assim os conflitos sociais que tanta violência geraram.

Em abril de 1964, o governador Miguel Arraes teve o mandato interrompido pelo golpe militar e se exilou na Argélia com a família. Só retornou a Pernambuco no fim da década de 70. E governou o Estado por mais dois mandatos, sempre de olho nas ações que priorizavam a população mais pobre de Pernambuco. Criou programas de irrigação e de eletrificação rural de pequenas prioridades, abriu linhas de crédito agrícola e criou o programa Chapéu de Palha, até hoje em funcionamento, e que garante emprego e renda para os trabalhadores rurais da Zona da Mata durante a entressafra da cana-de-açúcar. Que orgulho sinto do meu bisavô Miguel Arraes, que dedicou a vida dele aos mais pobres deste Estado, um contingente que forma a maioria da sua população.

*João Campos é engenheiro e deputado federal

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Postado por Edmar Lyra às 20:05 pm do dia 13 de agosto de 2020 Leave a Comment

João Campos: Arraes e Eduardo tiveram uma vida forjada na luta popular e na defesa da democracia

Foto: Rodolfo Loepert

Nesta quinta-feira, 13 de agosto, em homenagem à memória dos ex-governadores de Pernambuco, Miguel Arraes e Eduardo Campos, o deputado federal João Campos (PSB-PE) fez discurso na sessão plenária virtual da Câmara. João, que é bisneto de Arraes e filho de Eduardo, destacou as posições assumidas em suas trajetórias. “Quis o destino que eles fossem ao encontro de Deus no mesmo dia. Ambos tiveram uma vida forjada na luta popular e marcaram suas histórias como defensores da democracia”, ressaltou o parlamentar, neste dia em que os dois faleceram.

João ressaltou o caráter visionário de Arraes e Eduardo. “Foram homens que enxergaram para além do seu tempo e que lutaram incansavelmente para combater a desigualdade social, o principal flagelo da nossa sociedade”, afirmou, acrescentando que o momento desafiador exigiria a participação de figuras históricas com a dimensão e a coragem deles.

Os ex-governadores, que também foram deputados federais, eram conhecidos pela capacidade de diálogo. Doutor Arraes, como era chamado pelos camponeses, tornou-se um mito no estado e virou referência nacional pelo Acordo do Campo, onde colocou na mesa de discussão usineiros e canavieiros para negociarem a implantação de relações de trabalhistas mais justas.

Eduardo criou pontes com todas as vertentes políticas de Pernambuco em nome de um desenvolvimento que foi além das questões econômicas para atender principalmente aos anseios dos menos favorecidos, melhorando consideravelmente indicadores sociais nas diversas áreas, com destaque especial para a educação, onde o estado saiu da 21ª para a 1ª posição no ranking do Ideb para o Ensino Médio.

João lamentou o fato de segmentos e alguns políticos do Brasil desconstruírem pontes a cada dia. “No lugar dessas pontes, estão se erguendo muros, segregando, agindo com preconceito e divisão”, pontua. Para o socialista, esse é o momento de intensificar a defesa da política como instrumento de diálogo e transformação social. “No dia de hoje, eu jamais celebraria o luto e a tristeza. Faço referência à memória viva e altiva de duas figuras políticas que mudaram a nossa sociedade. Os ensinamentos permanecem e seguimos aprendendo”, concluiu, lembrando que os seus legados pertencem ao povo pernambucano e brasileiro.

HOMENAGEM DO LÍDER DO PSB

O líder do PSB na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (RJ), também fez questão de fazer um pronunciamento enaltecendo os exemplos de Arraes e Eduardo. “Dois grandes nomes que fazem muita falta à política do país. Em tempos de polarização, certamente estariam incansavelmente construindo pontes para unir os brasileiros. Em tempos de ataques aos direitos do povo, certamente estariam na linha de frente para defender aqueles que mais precisam”, frisou.

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Postado por Edmar Lyra às 11:14 am do dia 25 de junho de 2020 Leave a Comment

O mito Miguel Arraes

Nascido em 1916 na cidade de Araripe, no Ceará, Miguel Arraes de Alencar vem de uma família tradicional cearense, tendo como parentes José de Alencar, escritor, e Humberto de Alencar Castelo Branco, que foi presidente da República durante o regime militar. Seu pai era comerciante na sua cidade.

Miguel Arraes fez seu curso primário no Crato, e após concluir seus estudos, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Direito e morar na residência de um tio materno. Diante das dificuldades financeiras de se manter na então capital federal, Arraes mudou-se para Recife, onde conseguiu um emprego no Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e prosseguiu seu curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, concluindo em 1937.

Destacando-se no IAA, Arraes ascendeu de cargo, tornando-se delegado em 1943, antes participou da elaboração do Estatuto da Lavoura Canavieira, que foi transformado em Lei em 1941. Com a chegada de Alexandre Barbosa Lima Sobrinho ao governo de Pernambuco, tornou-se secretário da Fazenda em 1947, ficando no posto até 1950, quando tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, ficando apenas na primeira suplência pelo PSD.

Quatro anos mais tarde, Arraes tenta, desta vez pelo PST, o mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sagrando-se vitorioso. No pleito apoiou a candidatura de João Cleofas de Oliveira, que acabou derrotado por Osvaldo Cordeiro de Farias. Já no mandato, Arraes tornou-se um dos principais opositores do governador e atuou na articulação da Frente do Recife para apoiar a candidatura de Pelópidas da Silveira em 1955, que acabou vitorioso.

Nas eleições de 1958, Arraes apoiou Cid Sampaio, que sagrou-se vitorioso, enquanto o próprio Arraes não se reelegeu para a Assembleia Legislativa de Pernambuco. Com a chegada de Cid ao governo, Arraes tornou-se secretário da Fazenda e começou a ter seu nome ventilado para disputar a prefeitura do Recife em 1959.

Oficializado como candidato de uma frente política, Arraes acaba vitorioso, conseguindo seu primeiro cargo majoritário, assumindo em 15 de novembro daquele ano. Já no cargo, Arraes iniciou uma série de medidas, como a ampliação do sistema de abastecimento de água e de energia elétrica, bem como a urbanização do bairro de Boa Viagem, pavimentou e iluminou diversas ruas na cidade e instalou uma rede de ônibus elétricos.

Em 1960, Arraes e Cid Sampaio divergiram sobre o pleito presidencial, uma vez que o primeiro apoiou Henrique Teixeira Lott, enquanto Cid optou por Jânio Quadros, que acabou vitorioso. Com a renúncia de Jânio em 1961, Arraes defendeu a posse de João Goulart, que necessitava de uma emenda constitucional para ascender ao cargo.

Ainda em 1961, Arraes se fortaleceu para suceder Cid Sampaio, e com o apoio da Frente do Recife, disputou o governo de Pernambuco tendo Paulo Guerra como vice. Arraes transmitiu o cargo para o vice-prefeito Arthur de Lima Cavalcanti e enfrentou João Cleofas e Armando Monteiro Filho, sagrando-se vitorioso.

Assumindo o governo de Pernambuco em 1963, Miguel Arraes ganhou grande destaque, chegando a ofuscar o então presidente João Goulart, a liderança nacional que Arraes vinha conquistando ameaçava líderes trabalhistas como o próprio Goulart e o então deputado Leonel Brizola.

Em 1964, com a grave crise institucional de João Goulart, o Brasil teve em 31 de março de 1964 a deposição do presidente e instauração do regime militar. Arraes, no mês seguinte, também teve seu mandato cassado pelo regime no dia 10. No dia 15 de abril, Castelo Branco assumiu a presidência da República, enquanto Arraes foi removido para a fortaleza de Santa Cruz, no estado da Guanabara.

Posto em liberdade em 21 de abril de 1965, Arraes foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional em 20 de maio do mesmo ano, até que em 25 do mesmo mês exilou-se na embaixada da Argélia, viajando para aquele país em junho. Arraes ficou em Argel até 1979, quando em 15 de setembro voltou ao Brasil em definitivo.

Nas eleições de 1982, já filiado ao PMDB, disputou um mandato de deputado federal, elegendo-se com a maior votação já registrada naquela época. Em 1984 votou a favor da emenda Dante de Oliveira que instituía a volta das eleições diretas, com a proposta derrotada, deu sustentação à candidatura de Tancredo Neves, que sagrou-se vitorioso. Com a impossibilidade de Tancredo assumir por motivos de saúde, Arraes defendeu a posse de José Sarney, pois considerava ser a única opção legítima, fato que ocorreu.

Nas eleições de 1985 para prefeito do Recife, Arraes era vice-presidente nacional do PMDB, e defendia a candidatura de Jarbas Vasconcelos a prefeito, porém a Aliança Democrática entre PMDB e PFL que deu sustentação a Tancredo foi reproduzida no Recife, e então Arraes apoiou a candidatura de Jarbas Vasconcelos pelo PSB, que acabou vitorioso derrotando Sérgio Murilo.

Em 1986 decidiu ser candidato a governador pelo PMDB, tendo como seu vice o então deputado federal Carlos Wilson, pela Frente Popular de Pernambuco, apoiados por PSB, PCB e o PCdoB. Enfrentou José Múcio Monteiro e teve como seus candidatos ao Senado, Antônio Farias e Mansueto de Lavor.

Com a abertura das urnas, Arraes sagrou-se vitorioso com uma diferença de meio milhão de votos sobre Múcio, levando consigo seus dois senadores e derrotando o favorito Roberto Magalhães, que tinha deixado o governo para disputar o Senado.

De volta ao Palácio do Campo das Princesas, Miguel Arraes instituiu uma série de projetos sociais como a eletrificação rural, o programa Chapéu de Palha, Vaca na corda e água na roça, que lhe garantiram enorme popularidade perante a população.

Nas eleições de 1989, Arraes atuou para que o PMDB não lançasse candidatura própria e apoiasse um projeto de centro-esquerda para o país, inclusive defendeu a retirada da candidatura de Ulysses Guimarães. Junto com diversos prefeitos do PMDB, Arraes rompeu com seu partido e considerou apoiar a candidatura de Leonel Brizola, desde que representasse um projeto de mudança do modelo social e econômico do país.

No segundo turno entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, Arraes apoiou o segundo, que acabou derrotado. Nas eleições de 1990 teve seu nome cogitado para disputar o Senado, mas preferiu tentar a Câmara dos Deputados, rompendo com o PMDB e filiando-se ao PSB. Jarbas, que esperava o apoio de Arraes na sua chapa, acabou derrotado por Joaquim Francisco.

Com a abertura das urnas, Arraes atingiu 339.197 votos, o equivalente a 10,47% dos votos válidos do estado, sendo novamente o mais votado da história de Pernambuco, levando consigo cinco deputados federais na chapinha que formou. Em 1992, como deputado federal, votou a favor do impeachment de Fernando Collor de Mello.

Arraes tornou-se então presidente nacional do PSB em 1992, sendo reeleito para o posto em 1993 e em 1994 apoiou a candidatura de Lula a presidência da República, em Pernambuco voltou a disputar o governo, sagrando-se vitorioso derrotando Gustavo Krause, candidato do PFL.

Governando Pernambuco pela terceira vez, Miguel Arraes viu Fernando Henrique Cardoso ascender à presidência da República e a situação do seu terceiro governo não seria nada boa. Além da oposição ao governo federal, Arraes se deparou com o escândalo dos precatórios, que foi a emissão de títulos públicos para arrecadar recursos para pagamento de dívidas judiciais. Seu neto, então secretário da Fazenda, Eduardo Campos garantira que a operação era legal e Arraes alegou em sua defesa que o dinheiro obtido serviu para realizar obras em Pernambuco.

Como detinha maioria na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Arraes barrou um pedido de CPI apresentado pelo então deputado Paulo Rubem (PT), mas apesar de não avançarem as investigações, Arraes ficou muito desgastado, tanto que cogitou-se a possibilidade de não disputar a reeleição em 1998, que havia sido permitida em 1997. Porém acabou tentando o segundo mandato.

Na disputa, o caso dos Precatórios teve forte presença, o que beneficiou Jarbas Vasconcelos, que acabou vitorioso por uma diferença de mais de um milhão de votos contra Arraes, que no plano nacional apoiou a candidatura de Lula contra Fernando Henrique, que acabou vitorioso.

Quatro anos mais tarde, tentou o mandato de deputado federal, sendo candidato junto com seu neto Eduardo Campos, e sagrou-se vitorioso como o quarto deputado mais votado. Eduardo também foi eleito com uma baixa votação.

Em 2005, Arraes que seguia presidente nacional do PSB, foi internado com suspeita de dengue, ficando por 57 dias até que veio a óbito em 13 de agosto daquele ano. Seu sepultamento no cemitério de Santo Amaro reuniu uma multidão, e trouxe diversos nomes da política nacional.

No ano seguinte, Eduardo Campos, seu neto, que havia sido ministro da Ciência e Tecnologia de Lula, sairia vitorioso ainda com o apelo da sua história como um dos maiores líderes da política pernambucana. A morte de Arraes, aos 88 anos, encerrou uma trajetória vitoriosa de um homem que se transformou num mito, e que para sempre será lembrado por Pernambuco e pelo Brasil como um dos maiores líderes da nossa história.

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Postado por Edmar Lyra às 9:30 am do dia 14 de junho de 2020 2 Comments

O industrial Edgar Lins Cavalcanti

Nascido em 1918 no município de Glória do Goitá, na Mata Norte, Edgar Lins Cavalcanti iniciou sua trajetória como comerciante na Rua Tobias Barreto, vendendo mercadorias alimentícias naquela localidade. Aos poucos, Edgar começou a tornar-se bem-sucedido em seus negócios decidiu em 1962 tentar seu primeiro mandato de deputado estadual pelo Partido Democrata Cristão e logrou êxito na empreitada com 3.753 votos.

Com o regime militar de 1964 que depôs Miguel Arraes, Edgar passa a fazer parte da base de sustentação do governador Paulo Guerra e em 1965, com a adoção do bipartidarismo, filia-se à Aliança Renovadora Nacional, sendo reeleito em 1966 com 4.776 votos, 1970 com 11.086 votos, 1974 com 16.761 votos e 1978 com 13.774 votos, ficando na Assembleia Legislativa de Pernambuco durante vinte anos.

No ramo empresarial, fundou o Café Petinho, indústria de moagem e fabricação de café, no bairro de Afogados na década de 60. Edgar também era proprietário de muitas terras em Pernambuco, em especial a região que compreende Rio Doce em Olinda e o Janga em Paulista, chegando a disputar a propriedade de terras com a família Lundgren, também expoente no ramo industrial de tecidos.

Os habitacionais de Rio Doce foram uma doação do deputado Edgar Lins Cavalcanti à Cohab na época, cujo bairro tem grande importância para a cidade de Olinda. Durante seus vinte anos como deputado pôde vivenciar os governos de Miguel Arraes, Paulo Guerra, Nilo Coelho, Eraldo Gueiros, Moura Cavalcanti, Marco Maciel e José Ramos.

Com muito tino para os negócios, além do Café Petinho, Edgar Lins Cavalcanti também foi proprietário de fonte de água mineral e do Engenho Mangue em São Benedito do Sul, posto de gasolina e outros empreendimentos, que fizeram dele um dos empresários mais bem-sucedidos da época em Pernambuco.

Nas eleições de 1982, já com a volta do pluripartidarismo em 1979, Edgar filiou-se ao PDS, sucedâneo da Aliança Renovadora Nacional, e tentou seu sexto mandato na Casa Joaquim Nabuco, porém não obteve êxito na empreitada, encerrando sua trajetória na vida pública.

A saída da política, que era uma de suas paixões, lhe fez muita falta, pois acostumou-se durante duas décadas a integrar o poder legislativo estadual, vivenciando momentos históricos em Pernambuco, um dos governadores que ele nutriu melhor relação foi com José Francisco de Moura Cavalcanti, com quem passava horas no Palácio do Campo das Princesas.

Em atos institucionais do governo de Pernambuco,  acompanhando o governador Moura Cavalcanti, durante um evento ele notabilizou no discurso quando chamou o então governador de Papai Moura, dizendo que Moura era o responsável pela chegada daquela obra na região, sendo bastante aplaudido pela simplicidade de suas palavras.

Nada afeito a questões de etiqueta, Sr. Edgar foi questionado por um garçom do Palácio qual marca de uísque gostaria de tomar, e ele respondeu ’buchanã’. O garçom o corrigiu dizendo ‘Bucanans’ que é a pronúncia do uísque, ele disse: “olhe o rótulo, está escrito buchanã, é esse que eu quero”, o governador Moura Cavalcanti caiu na gargalhada.

Inclusive o nome do Café de sua propriedade foi escolhido Petinho porque, segundo os seus contemporâneos, ele queria dizer pretinho, mas só falava Petinho, e a marca do café se tornou uma das mais importantes e longevas de Pernambuco. Sobre a empresa, Edgar popularizou a marca com a distribuição de brindes e com um moderno sistema logístico para a época, fazendo com que o Café Petinho se tornasse uma das marcas mais populares de todo o Nordeste brasileiro.

No auge da empresa, Luiz Gonzaga, expoente da música nordestina chegou a fazer a propaganda do Café Petinho, o que ajudou a popularizar ainda mais a marca. Como político e como empresário, mesmo sem ter uma formação, Edgar Lins Cavalcanti mostrou sua sagacidade de construir um verdadeiro império partindo praticamente do zero, situação cada vez mais difícil nos dias de hoje.

Em 21 de março de 1991, aos 73 anos de idade, afastado da vida pública e após ter vendido o Café Petinho no início da década de 80, vítima de câncer, Edgar Lins Cavalcanti encerrou sua vida, mas sua obra permanece na mente e no coração dos pernambucanos que conhecem o Café Petinho, que moram no bairro de Rio Doce e puderam desfrutar de um homem público extremamente generoso e comprometido com o desenvolvimento econômico e social do seu estado.

Edgar Lins Cavalcanti com o governador Moura Cavalcanti
Como deputado estadual na Alepe
Café Petinho, uma de suas principais obras

 

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Postado por Edmar Lyra às 10:34 am do dia 12 de junho de 2020 1 Comment

O deputado Sérgio Murilo Santa Cruz

Nascido em Carpina em 1931, Sérgio Murilo Santa Cruz e Silva bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1956, e no ano seguinte cursou doutorado em Direito na Universidade de Madri.

Em 1958, Sérgio Murilo tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco pelo PRT, chegando a ser líder da oposição ao governo Cid Sampaio. Nas eleições seguintes, em 1962, Sérgio Murilo tentou a reeleição mas ficou apenas na quarta suplência. Neste pleito, Miguel Arraes foi eleito governador de Pernambuco.

Sem mandato, Sérgio Murilo assumiu a assessoria jurídica do governador Miguel Arraes, chegando a dirigir a Penitenciária de Itamaracá e foi convidado pelo então ministro da Agricultura, Osvaldo Lima Filho, para ser seu chefe de gabinete. Em 1964 com a intervenção militar que depôs o presidente João Goulart, deixou o cargo no governo federal.

Dez anos depois, já com o bipartidarismo instituído, Sérgio Murilo tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e é eleito pela primeira vez em 1974 já pelo MDB como deputado federal.

Em 1977 chegou a ser vice-líder do MDB na Câmara dos Deputados e no ano seguinte foi reeleito para o segundo mandato como deputado federal. Sérgio Murilo chegou a integrar a Comissão de Constituição e Justiça e teve importante papel no MDB, tanto na secção estadual quanto nacional.

Com a extinção do bipartidarismo, Sérgio Murilo ingressou no PDT, sendo o presidente estadual do partido. Em 1982 apoiou a candidatura de Osvaldo Lima Filho a vice-governador, mas o PMDB negou legenda ao então deputado, que era seu líder político na época, Sérgio deixou o PDT e acabou ingressando no Partido Popular. Com a incorporação do PP ao PMDB, Sérgio disputou seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados, logrando êxito em sua tentativa.

Durante o movimento de abertura democrática no país, Sérgio Murilo teve atuação destacada, apoiando a emenda Dante de Oliveira que instituía as eleições diretas para presidente em 1985, mas acabou que não avançou, tendo então eleições indiretas e ele apoiou a candidatura de Tancredo Neves através da Aliança Democrática.

Com o êxito da Aliança Democrática que levou Tancredo e Sarney ao Planalto, o PMDB e a Frente Liberal decidiram apresentar um projeto conjunto no Recife, que teria depois de muitos anos eleições diretas para prefeito em 1985. O escolhido foi Sérgio Murilo numa composição com o então deputado Moacir André Gomes como vice.

Jarbas Vasconcelos, insatisfeito com a escolha do seu partido por Sérgio Murilo, decide filiar-se ao PSB para disputar a prefeitura, contando com o apoio de Miguel Arraes que tinha voltado do exílio. A eleição de 1985 foi considerada uma das mais sangrentas da história de Pernambuco, pois o então deputado Carlos Lapa denunciou Sérgio Murilo dizendo que ele havia matado uma pessoa.

Panfletos apócrifos tomaram conta do Recife, a campanha de Sérgio Murilo decidiu contra-atacar denunciando que Jarbas Vasconcelos tinha batido no próprio pai, através de uma suposta carta endereçada ao ex-governador Moura Cavalcanti, assinada pelo pai de Jarbas. Apesar do contra-ataque, as urnas deram vitória a Jarbas Vasconcelos naquele pleito.

Derrotado em 1985, Sérgio Murilo tentou em 1986 seu quarto mandato na Câmara dos Deputados já filiado ao PSC, mas os 20.527 votos foram insuficientes para continuar com seu mandato em Brasília, e em janeiro de 1987 deixou a vida pública e passou a se dedicar exclusivamente ao exercício da advocacia.

Em 2010, aos 78 anos de idade, Sérgio Murilo veio a óbito, encerrando uma trajetória importante na política pernambucana.  Sérgio Murilo durante quase trinta anos de vida pública conseguiu se destacar em Pernambuco como um importante parlamentar, seja como deputado estadual ou como deputado federal, nos quatro mandatos conquistados, mas foi a eleição de 1985 que o marcou na história de Pernambuco, sendo o antagonista de Jarbas Vasconcelos, que após aquele pleito venceria seis eleições majoritárias no estado. 

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Postado por Edmar Lyra às 11:37 am do dia 9 de junho de 2020 Leave a Comment

É hoje a live com Marília Arraes

Dando continuidade a série de lives com personalidades da política pernambucana, recebo nesta terça-feira a deputada federal Marília Arraes, pré-candidata do PT a prefeita do Recife. Três vezes vereadora na capital pernambucana e deputada federal por Pernambuco, Marília Arraes é uma das herdeiras políticas com ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes.

Filiada ao Partido dos Trabalhadores desde 2015, a parlamentar quase foi candidata a governadora de Pernambuco em 2018, após liderar diversas pesquisas na fase pré-eleitoral, e busca agora a indicação do PT para a disputa pelo comando da capital pernambucana.

Na pauta, as ações de Jair Bolsonaro, Paulo Câmara e Geraldo Julio contra a pandemia da Covid-19, a luta pela indicação do partido para disputar a prefeitura do Recife e suas ideias para a capital pernambucana.

Para acompanhar, siga nosso perfil no Instagram através do @edmarlyra, logo mais a partir das 19:30 horas. Conto com sua audiência!

Filed Under: Sem categoria Tagged With: Eleições 2020, geraldo julio, jair Bolsonaro, marília arraes, miguel arraes, paulo câmara, Recife

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista da Rádio Folha e de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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