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Postado por Edmar Lyra às 12:50 pm do dia 31 de maio de 2020 Deixe um comentário

Marília fala sobre Eduardo Campos

A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura do Recife, Marília Arraes, vem apresentando nas suas redes sociais o que pensa sobre diversos temas da cidade, inclusive temas políticos. Neste domingo, o “Conheça Marília”, título dado à série de vídeos, é sobre o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Marília fala de gestão e também da diferença entre ambos.

Confira o vídeo:

https://www.instagram.com/tv/CA2zoyag8Ea/?igshid=e3ulxojq7k2s

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Postado por Edmar Lyra às 10:36 am do dia 27 de maio de 2020 2.166 Comentários

O Marco de Pernambuco

Nascido em 21 de julho de 1940, Marco Antônio de Oliveira Maciel herdou o gosto pela política do pai, José do Rego Maciel, que foi deputado federal por Pernambuco entre 1955 e 1959. Marco Maciel ingressou na Faculdade de Direito do Recife, concluindo seu curso em 1963, mas foi lá que iniciou sua trajetória política sendo presidente do DCE e posteriormente da União dos Estudantes de Pernambuco. A atuação de Maciel se notabilizou por contrapor a narrativa de esquerda da União Nacional dos Estudantes, chegando a desligar-se dela com um manifesto público.

Naquela mesma época se alinhou com as forças que faziam oposição a Miguel Arraes, que governou Pernambuco pela primeira vez entre 1962 e 1964. Com a instauração do regime militar de 1964, que depôs Miguel Arraes do cargo, Marco Maciel foi convidado para integrar o secretariado do governador Paulo Guerra, como era muito jovem terminou sendo assessor do então governador.

Nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato eletivo, logrando êxito como deputado estadual, e na condição de parlamentar, torna-se líder do governo Nilo Coelho na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A boa atuação o credenciou para ser candidato a deputado federal nas eleições de 1970, e igualmente Maciel sai vitorioso das urnas, sendo reeleito em 1974.

Seu nome foi cogitado para o governo de Pernambuco pelo ex-governador Nilo Coelho, enquanto seu pai, José do Rego Maciel, foi indicado pelo ex-governador Paulo Guerra para suceder Eraldo Gueiros, porém o vitorioso acabou sendo Moura Cavalcanti, eleito de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em 1976, no segundo mandato como deputado federal, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 1977 e 1978, mas em abril de 77 foi surpreendido com a decisão do presidente Ernesto Geisel de fechar o Congresso Nacional com o objetivo de implementar a reforma do Poder Judiciário, e vinha enfrentando dificuldade por conta da obstrução da oposição. O fechamento do Congresso durou 14 dias e culminou na decretação do chamado pacote de abril, que consistia em ampliar a hegemonia da ARENA na política nacional, que se sentiu ameaçada pelos resultados das eleições de 1974 e 1976, com um claro crescimento do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.

Indicado pelo presidente Geisel e pelo futuro presidente João Figueiredo, Marco Maciel foi eleito de forma indireta, através de votação pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, para o cargo de governador, em setembro de 1978, vindo a assumir o cargo em março de 1979. Com a extinção do bipartidarismo, Marco Maciel foi um dos líderes da criação do Partido Democrático Social, o PDS, que substituiu a Aliança Renovadora Nacional na sustentação do regime militar.

Investido no cargo de governador de Pernambuco, Marco Maciel ficou notabilizado pelo projeto Asa Branca, que tinha como objetivo desenvolver a região semiárida de Pernambuco através da perenização de rios, abertura de estradas vicinais e ampliação da eletrificação rural. Maciel também executou o projeto Viver, que apoiava a zona canavieira, financiado pela Sudene e pelo BNH, no intuito de evitar as tensões sociais consequentes da construção de casas e estradas naquela região.

Em abril de 1982, Marco Maciel deixou o governo para disputar a única vaga em jogo para o Senado Federal, quem assumiu em seu lugar foi José Muniz Ramos, então presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Com a abertura das urnas, tivemos a vitória de Roberto Magalhães sobre Marcos Freire e a de Marco Maciel sobre Cid Sampaio. Aquele pleito foi apertadíssimo e bastante questionado por conta das regras que obrigavam o eleitor a escolher candidatos do mesmo partido na cédula de votação. Foram disputados os cargos de vereador, prefeito, deputado estadual, federal, governador e senador no mesmo pleito.

Já na condição de senador da República, Marco Maciel se preparou para substituir João Figueiredo na disputa pela presidência da República, eleição que seria indireta em janeiro de 1985, dentro do partido ele tinha como adversários o então vice-presidente Aureliano Chaves, o ministro Mário Andreazza e o deputado Paulo Maluf. Em 1984, Maciel comunicou sua intenção de disputar a presidência ao presidente nacional do PDS, o senador José Sarney.

Como o PDS tinha maioria absoluta no Congresso Nacional, aquele que viesse a ser escolhido pelo partido teria grandes chances de vencer o pleito. Porém, se iniciou em 1984 um movimento chamado Diretas Já, que ensejava no restabelecimento das eleições diretas para presidente da República através da emenda do deputado Dante de Oliveira. A proposta ganhou adesão até entre os parlamentares do PDS, e então Maciel começou uma articulação para chegar-se a um meio termo, nem as eleições diretas em 1985, nem a manutenção do sistema que estava vigente, mantendo o calendário de eleições indiretas em 1985 e uma eleição direta prevista para 1988. A votação na Câmara dos Deputados derrubou a tese das eleições diretas, e evitou que a emenda Dante de Oliveira avançasse para o Senado. Com o resultado, voltaram-se as articulações para as eleições indiretas.

A disputa interna do PDS para a sucessão de Figueiredo polarizou entre Paulo Maluf e Mário Andreazza, então Maciel se integrou ao grupo de José Sarney, o qual fazia parte também Aureliano Chaves, que articulava apoio a um nome do PMDB para a disputa de 1985. Em maio daquele ano, Maciel retirou sua candidatura à presidência em busca de uma unidade entre governo e oposição que não deixasse traumas para a redemocratização. Em julho daquele mesmo ano, ao lado de Sarney, Maciel rompeu com o PDS para criar a Frente Liberal, concomitantemente a uma articulação que visava a unidade em torno de um candidato de consenso junto com o PMDB para disputar a eleição.

Esse entendimento resultou na Aliança Democrática que lançaria o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, ao cargo de presidente da República e o senador José Sarney ao posto de vice-presidente. A chapa da Aliança Democrática derrotou o candidato do PDS, Paulo Maluf na eleição indireta que ocorreu em 15 de janeiro de 1985.

Com a vitória do projeto liderado por Tancredo, a Frente Liberal passou a ser o Partido da Frente Liberal, PFL, que seria presidido pelo próprio Marco Maciel em sua comissão provisória. A importante atuação de Maciel fez com que o presidente Tancredo o convidasse para o cargo de ministro da Educação, mesmo com a morte do presidente eleito, Maciel foi mantido no posto pelo presidente José Sarney.

Como ministro da Educação, a plataforma de Marco Maciel tinha como objetivo melhorar o ensino básico no país, tirando o ensino profissionalizante da obrigatoriedade nas escolas de segundo grau e deixando a cargo das escolas técnicas. Maciel também legalizou a União Nacional dos Estudantes, entidade que tinha sido colocada na ilegalidade durante o regime militar. Durante sua gestão, Marco Maciel ampliou o diálogo com professores e estudantes de todo o país e extinguiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que durou 15 anos. Em substituição ao Mobral, Maciel criou a Fundação Educar, que ofertava alfabetização a jovens e adultos excluídos do acesso a alfabetização.

Com a ampliação do PFL no governo Sarney, Marco Maciel deixou o ministério da Educação para ser substituído por Jorge Bornhausen e assumiu o Ministério da Casa Civil, responsável por toda articulação do governo em 1986. Em fevereiro, o governo lançou o Plano Cruzado, que visava conter o crescimento inflacionário por meio do congelamento de preços e salários. O resultado momentâneo do Plano Cruzado fez com que a popularidade do presidente Sarney crescesse de forma significativa, o que possibilitou ao PMDB, partido do presidente vitória em 26 estados da federação, exceto em Sergipe, cujo eleito foi João Alves Filho, do PFL. Em Pernambuco, Miguel Arraes derrotou José Múcio e ainda levou consigo seus dois senadores, Mansueto de Lavor e Antonio Farias, derrotando a chapa apoiada por Maciel que tinha Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli para o Senado.

Com a força obtida pelo PMDB nas urnas e posterior esgarçamento do Plano Cruzado, Maciel começou a perder força na condição de chefe da Casa Civil, e em 1987 já de volta ao Senado, participou ativamente da criação da constituinte e afastado de Sarney, se opôs à prorrogação do mandato do presidente.

Em abril de 1989 colocou novamente seu nome para disputar pelo PFL a presidência da República, porém no mês seguinte o partido escolheu o então ministro de Minas e Energia e ex-vice-presidente Aureliano Chaves para a disputa. Com o fraco desempenho de Aureliano, Maciel participou pouquíssimas vezes da campanha, e no segundo turno declarou apoio a Fernando Collor de Mello contra Luiz Inácio Lula da Silva, sendo o primeiro vitorioso.

Em 1990 numa dura disputa com José Queiroz para o Senado, sagrou-se vitorioso por uma diferença pequena de votos, e continuou em 1991 na Câmara Alta. E imediatamente assumiu a liderança do governo Collor no Senado, sendo responsável pelas articulações do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Diante das inúmeras denúncias de corrupção do governo Collor, em setembro de 1992, Marco Maciel entregou o posto de líder alegando não ter recebido do Planalto nenhuma prova que inocentasse o presidente na CPI que havia sido instaurada. Com a abertura do processo de impeachment, Collor seria afastado do cargo e assumiria o vice Itamar Franco, que recebeu o apoio de Marco Maciel para formar um governo de reestruturação do país.

Em fevereiro de 1994, Marco Maciel propôs que o PFL não tivesse candidato a presidente e estabeleceu diálogo com outros partidos, para lançar um nome apoiado por uma frente de vários segmentos políticos, porém seu partido chegou a um entendimento com o PSDB e o PTB, amparado pelo êxito do Plano Real liderado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. O nome de Maciel foi apresentado pelo PFL para integrar a chapa, porém por conta de receio quanto a sua ligação com os governos anteriores, a escolha recaiu sobre Guilherme Palmeira, senador de Alagoas.

O senador alagoano acabou alvejado por denúncias de corrupção, e teria que ser substituído na chapa de Fernando Henrique, que impulsionado pelo Plano Real, já liderava as pesquisas. Em agosto, Palmeira foi substituído por Marco Maciel, que desta vez não recebeu nenhuma objeção da cúpula tucana, que temia os efeitos da crise envolvendo Guilherme Palmeira na campanha presidencial.

Apesar das críticas que os adversários de Fernando Henrique fizeram, em especial Lula, sobre a escolha de Maciel, que apareceu poucas vezes no guia, a chapa acabou vitoriosa ainda no primeiro turno de 1994. Eleito vice-presidente da República, Marco Maciel foi substituído por Joel de Holanda no Senado Federal.

Pelo seu excelente trânsito no Congresso Nacional, Maciel foi escolhido pelo presidente FHC como articulador político do governo. Inicialmente contrário à reeleição, Maciel acabou aderindo ao posicionamento do seu partido e com a aprovação da emenda da reeleição, foi para a disputa em 1998 novamente como candidato a vice-presidente, sendo reeleito com Fernando Henrique Cardoso.

Durante os oito anos no cargo, Maciel ganhou a marca de vice ideal, devido a sua lealdade ao presidente da República, atuando sempre como um conciliador. Nas eleições de 2002, apoiou José Serra, então ministro da Saúde do governo FHC, e candidatou-se pela terceira vez ao Senado por Pernambuco apoiando a candidatura de Jarbas Vasconcelos. Naquele pleito, a União por Pernambuco elegeu Jarbas para o governo e Marco Maciel e Sérgio Guerra para o Senado. Aquela seria a última de suas grandes vitórias políticas. Passados oito anos do seu mandato, em 2010 foi candidato novamente ao Senado, na chapa de Jarbas, que enfrentaria Eduardo Campos, candidato a reeleição, Armando Monteiro e Humberto Costa, na disputa pelo Senado.

Com a abertura das urnas, que deu a Eduardo Campos a maior votação de um governador da história de Pernambuco, Maciel acabou derrotado para o Senado, encerrando uma brilhante trajetória política em Pernambuco e no Brasil de mandatos eletivos. Ao concluir seu mandato em janeiro de 2011, Maciel deixou a vida pública sem nenhuma mácula de corrupção envolvendo seu nome. Acometido pelo Alzheimer, o ex-vice-presidente da República mostrou ser um artífice do entendimento, sempre buscando o diálogo acima das divergências.

Marco Maciel foi um grande homem público de Pernambuco e sua brilhante passagem pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, pelos ministérios e pelo governo de Pernambuco, lhe possibilitaram ascender ao maior cargo obtido por um pernambucano com carreira política em nosso estado. Um verdadeiro marco em nossa história, portanto, nada mais justo do que ele ser considerado para sempre o Marco de Pernambuco.

Marco Maciel, Tancredo Neves e Roberto Magalhães
Marco Maciel, José Sarney, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães
Antônio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel e Michel Temer
Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel
Marco Maciel na tribuna do Senado Federal

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 27 de maio de 2020 1 comentário

Coluna da Folha desta quarta-feira

Foto: Aluísio Moreira

Números de isolamento e de casos possibilitam chance de abertura 

A decisão do governador Paulo Câmara, em conjunto com os prefeitos do Recife, de Jaboatão dos Guararapes, de Olinda, de Camaragibe e de São Lourenço da Mata, cidades que representavam mais de 80% do número de casos de Covid-19, de ampliar o isolamento social, ao que parece surtiu efeito, quando tivemos pelo quarto dia seguido a redução no número de casos em Pernambuco.

Inicialmente previsto para o dia 31 de maio, o rodízio de veículos, bastante questionado por parte da população, poderá não ser renovado, tudo dependerá efetivamente do comportamento da sociedade de ficar em casa e evitar a proliferação do vírus. Mas não só isso, há uma boa chance, com a redução do número de internações, de o governador Paulo Câmara repetir outros estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, e flexibilizar a quarentena, com uma abertura gradual do comércio em Pernambuco a partir de junho.

O deputado estadual Antonio Coelho (DEM) fez um apelo para que as cidades tenham a autonomia para decidir sobre o distanciamento social, e se torna bastante pertinente a proposição, uma vez que a maioria dos municípios pernambucanos teve pouquíssimos casos de Covid-19. A abertura gradual poderia começar do interior, sendo analisado o comportamento da pandemia nesta região, para posteriormente avaliar a abertura na região metropolitana.

EPI nos Terminais – O deputado estadual Romero Albuquerque (PP) deu entrada em um requerimento pedindo a distribuição gratuita de máscaras nos terminais de transporte público de Pernambuco. No documento enviado ao Governo do Estado, ele justifica que os terminais são locais de constante aglomeração de pessoas.

Carlos Neves – Escolhido pela sua competência reconhecida em todos os setores para assumir o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, Carlos Neves sempre buscou se balizar pela ética e pelo zelo ao erário público, sendo injusta a campanha difamatória que recebeu nos últimos dias.

Alvos – Ex-secretário de Imprensa nos governos Miguel Arraes e Eduardo Campos, o jornalista Evaldo Costa, pré-candidato do PSB a vereador do Recife decidiu mirar em adversários do seu partido, começou com Alberto Feitosa, e mais recentemente fez duras críticas a Patrícia Domingos, dois nomes em ascensão na direita recifense.

Auxílio – A Câmara dos Deputados aprovou um auxílio no valor de R$ 600,00 para artistas, professores de escolas, produtores, técnicos e curadores. O custo chega a R$ 3 bilhões e beneficiará quem tem renda de até três salários mínimos por mês. O texto agora segue para apreciação do Senado Federal.

Wilson Witzel – A operação Placebo realizada ontem no Rio de Janeiro para investigar gastos da Covid-19 atingiu em cheio o governador Wilson Witzel. Antes tivemos operações semelhantes no Ceará e na Paraíba, que buscam combater corrupção na compra de aparelhos respiradores.

Inocente quer saber – Alvejado pela Polícia Federal, Wilson Witzel tem mais alguma condição de ser candidato à presidência da República?

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Postado por Edmar Lyra às 9:25 am do dia 25 de maio de 2020 206 Comentários

O jurista Fernando Lyra

Nascido no Recife em 1938, Fernando Soares Lyra formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Caruaru. Filho de João Lyra Filho, que foi deputado federal e prefeito de Caruaru, Fernando começou sua vida pública como deputado estadual em 1966, quando tentou pelo MDB seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco aos 28 anos de idade.

Quatro anos mais tarde saltaria para a Câmara dos Deputados em 1970 e em Brasília iniciaria uma trajetória de sucesso. No mandato de deputado federal, Fernando Lyra tornou-se vice-líder do MDB, ficando no posto até 1973, o que lhe deu a condição de integrante dos chamados autênticos do MDB. Reeleito em 1974, Fernando voltou ao posto de vice-líder do partido, e continuou em 1979 após conquistar mais um mandato na Câmara dos Deputados no ano anterior.

Já no quarto mandato como deputado federal, passou a ocupar a primeira-secretaria da Câmara dos Deputados e ampliou a sua relevância em Brasília. Defensor da emenda Dante de Oliveira, que possibilitaria as eleições diretas no Brasil, ao ver a PEC derrotada, passou a articular a candidatura do então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, à presidência da República via colégio eleitoral.

Fernando Lyra costurou a Aliança Democrática que possibilitou a vitória de Tancredo Neves e seu vice José Sarney contra Paulo Maluf, candidato governista, no dia 15 de janeiro de 1985. Com a atuação durante a campanha de Tancredo, Fernando foi convidado pelo presidente eleito para assumir o ministério da Justiça, e apesar da morte do presidente em abril daquele ano, o presidente José Sarney manteve o convite e ele assumiu o cargo.

Em sua passagem pelo ministério, Fernando Lyra criou o Conselho Político do Governo, que ficaria responsável por promover mudanças na legislação política, como por exemplo a extinção da fidelidade partidária e da sublegenda e a permissão das coligações partidárias. Em abril daquele ano foi extinto o Conselho Nacional de Censura e ainda promoveu a reformulação na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, inicialmente responsável para investigar casos de tortura, para atuar contra todo tipo de violência.

Os atritos com o presidente Sarney começaram a aparecer por conta do controle da Comissão de Reforma Constitucional que ficaria responsável pela elaboração de um anteprojeto da Constituição do país. Lyra queria que ficasse subordinada ao ministério da Justiça, enquanto o presidente Sarney defendia, juntamente com o presidente da Comissão, Afonso Arinos, que ela ficasse subordinada à presidência da República.

O desgaste entre presidente e ministro culminou na saída de Fernando Lyra do ministério em fevereiro de 1986, mas apesar de ter ficado menos de um ano no cargo, foi suficiente para deixar importantes iniciativas, como a nova Lei de Segurança Nacional e a Lei de Acesso à Informação.

De volta à Câmara dos Deputados, Fernando Lyra seria novamente reeleito, desta vez na condição de deputado constituinte. Naquele pleito, Fernando foi um dos mais votados. Em 1º de fevereiro de 1987, ele enfrentou Ulysses Guimarães para ser presidente da Assembleia Nacional Constituinte, mas foi derrotado por 299 a 155 votos. Mesmo não sendo o presidente, teve importante papel como membro titular da Comissão de Sistematização. Ainda em 87 deixou o PMDB para filiar-se ao PDT, partido liderado pelo ex-governador fluminense Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, Fernando Lyra foi vice de Leonel Brizola, mas a chapa acabou ficando em terceiro lugar. No segundo turno, seguiu seu partido e apoiou Lula, que foi derrotado por Fernando Collor. Já em 1990, tentando seu sexto mandato como deputado federal, Fernando Lyra foi convidado por Miguel Arraes para entrar na chapinha que seria formada para deputado federal, mas preferiu continuar na coligação do PDT com o PMDB que apoiou Jarbas Vasconcelos.

Com a abertura das urnas, Fernando Lyra obteve apenas 17.234 votos e ficaria na primeira suplência da sua coligação. Deputado federal, seu xará Fernando Bezerra Coelho disputou a prefeitura de Petrolina em 1992, sagrando-se vitorioso, com isso Lyra voltaria à Câmara dos Deputados em 1993. Ao retornar a Brasília deixou o PDT para ingressar no PSB de Miguel Arraes, e em 1994 conquistaria seu sétimo mandato como deputado federal.

Defensor de uma candidatura própria do PSB à presidência da República, após ter apoiado a emenda de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, Fernando Lyra não concordou com a aliança do seu partido com o PT nas eleições de 1998 e decidiu então não disputar mais a reeleição naquele ano.

Fora da política, com a ascensão de Lula à presidência da República em 2002, Fernando Lyra assumiu em 2003 a presidência da Fundação Joaquim Nabuco, ficando no posto até 2011. Neste ínterim, exerceu papel fundamental na construção da candidatura de Eduardo Campos a governador em 2006, chegando a gravar um vídeo explicando a operação dos Precatórios e ajudando o então deputado federal a eleger-se governador, a chapa tinha o seu irmão João Lyra Neto como vice.

Em 14 de fevereiro de 2013, após ser internado em janeiro daquele ano, acometido por uma insuficiência cardíaca, viria a falecer em São Paulo. A morte, aos 74 anos, encerrou um ciclo de um brilhante homem público, responsável por momentos históricos da nossa democracia, que ficou marcado pelo seu elevado espírito público.

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Postado por Edmar Lyra às 9:32 am do dia 19 de maio de 2020 5 Comentários

A mente brilhante de Pernambuco

Nascido no Recife em 1947, Severino Sérgio Estelita Guerra veio de família tradicional de política, seu pai Pio Guerra e seu irmão José Carlos Guerra tinham sido deputados federais. Em 1981 filiou-se ao MDB e no ano seguinte tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo eleito naquele pleito, quatro anos mais tarde, já pelo PDT conseguiu seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 9.899 votos, sendo o penúltimo eleito daquele pleito.

Em 1989 ingressou no PSB e exerceu os cargos de secretário de Indústria, Comércio e Turismo e depois de Ciência e Tecnologia do governo Miguel Arraes. Em 1990 tentaria seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e numa chapinha montada com Arraes, foi eleito com 23.999 votos juntamente com Renildo Calheiros, Luiz Piauhylino, Alvaro Ribeiro e Roberto Franca, todos com baixíssima votação arrastados pela força eleitoral de Miguel Arraes, que foi o mais votado daquele pleito. Nas eleições seguintes, ele foi reeleito deputado federal em 1994 e 1998, ambas pelo PSB, e foi novamente secretário de Miguel Arraes.

Com a chegada de Jarbas Vasconcelos ao Palácio do Campo das Princesas, Sergio Guerra se aproximou do então governador, com quem nutria uma excelente relação pessoal e filiou-se ao PSDB. Chegou a ser secretário extraordinário de Jarbas e foi candidato a vice-prefeito de Roberto Magalhães, que tentando a reeleição, acabou derrotado.

Na eleição seguinte, contrariando todos os prognósticos, Jarbas colocou Sergio Guerra na sua chapa, juntamente com Marco Maciel. A escolha de Jarbas criou arestas na União por Pernambuco, que depois culminariam na saída de deputados federais da base de sustentação do então governador.

Durante o processo eleitoral, Jarbas confirmou seu favoritismo, assim como Marco Maciel. Já Sergio Guerra teve um osso duro de roer que foi Carlos Wilson, que tentava a reeleição e mostrava que tinha condições de garantir mais um mandato, porém na reta final, comprovando o histórico de eleições no estado onde o governador geralmente puxa os senadores, Sergio Guerra foi eleito com 1.675.779 votos.

Já no Senado Federal, Sergio Guerra atendeu prefeitos, como sempre fez quando era deputado, e destravou recursos e obras importantes para Pernambuco. Seus oito anos na Câmara Alta resultaram e muitos investimentos para o estado, e mesmo integrando um partido de oposição, o PSDB, Sergio Guerra nutria excelente relação com o então presidente Lula, e por diversas vezes foi procurado pelo presidente para desatar alguns nós de governabilidade.

Os primeiros quatro anos no Senado fizeram de Sergio Guerra um potencial candidato ao Palácio do Campo das Princesas na sucessão de Jarbas Vasconcelos. Diversos prefeitos desejavam que Jarbas o escolhesse para a sua sucessão, inclusive considerando a hipótese do lançamento de duas candidaturas, porém Jarbas cumpriu o acordo e optou por Mendonça Filho. Fora do páreo, Sergio liberou suas bases para Eduardo Campos, que só foi candidato competitivo graças a não candidatura de Guerra, com o sinal verde e o apoio de Inocêncio Oliveira, Eduardo fincou um projeto competitivo que viria a ser vitorioso em 2006.

Ainda no Senado, associado à condição de presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra tornou-se um dos políticos mais influentes do Brasil, integrando importantes comissões e ao mesmo tempo descascando os pepinos do mais importante partido de oposição ao PT. Sergio foi o mais longevo presidente nacional do PSDB, ficando no cargo até março de 2013, quando entregou a presidência ao então senador Aécio Neves.

Em 2010 voltou à Câmara dos Deputados como o sexto mais votado, seria o quarto e último mandato eletivo exercido por ele. Durante os oito anos do governo Eduardo Campos, Sergio Guerra manteve uma relação extremamente cordial e afável com o governador, de quem era muito próximo desde os tempos de Arraes, e acabou se afastando de Jarbas Vasconcelos, que ficou muito chateado com a relação próxima que Sergio e Eduardo tinham.

Em seus mais de trinta anos de mandatos eletivos, Sergio construiu uma trajetória de manter aliados importantes, como Duffles Pires, que foi vice-prefeito de Paulista, Ricardo Teobaldo, que chegaram a romper mas fizeram importantes dobradinhas, Joaquim Neto, prefeito de Gravatá, a ex-deputada Terezinha Nunes e tantos outros nomes que tinham em Sergio um importante líder.

Apesar de parecer carrancudo, Sergio Guerra era bom de conviver, aqueles que tiveram a oportunidade de uma mínima proximidade com ele puderam perceber não só a sua inteligência como a sua capacidade de pensar e executar política todos os dias. Ele sabia ser implacável com adversários, mas também sabia como poucos construir laços que suplantavam a política.

Pelas suas idas e vindas na política, a ex-deputada Cristina Tavares o classificou como uma inteligência à procura de um caráter, tamanha a sua capacidade de agir sem qualquer culpa quando fosse necessário. Também chamava a atenção o fato de Guerra ser afeito a coisas de grife, que a maioria da população jamais terá acesso, como por exemplo colecionar cavalos de raça, sapatos e roupas das mais caras, e um gosto excêntrico que eram as lutas de UFC que ele fazia questão de viajar para assisti-las. Quem era seu companheiro nessas empreitadas foi o jovem deputado Claudiano Filho, que até hoje relembra o seu líder político.

Em 2014, quando se preparava para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Sergio Guerra veio a óbito no dia 6 de março em decorrência de um câncer de pulmão, ele tinha 66 anos. Apesar de não ser conhecido do grande público, ele se mostrou uma figura ímpar nas articulações políticas de Pernambuco e de Brasília, fazendo muita falta a quem vive o dia a dia da política.

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:54 am do dia 17 de maio de 2020 1.445 Comentários

O segundo patrono da Alepe

A Assembleia Legislativa de Pernambuco possui 185 anos de história, fundada em 1º de abril de 1835, mas o atual prédio que conhecemos, na Rua da Aurora, passou a sediar o Poder Legislativo estadual somente em 1º de março de 1875, portanto há 145 anos.

A Alepe recebeu em 1948 o título de Palácio Joaquim Nabuco, em homenagem ao político abolicionista que fez história em Pernambuco. Nabuco tornou-se o patrono daquela Casa que foi palco de muitos momentos históricos em nosso estado.

Numa história quase bicentenária, muitos foram os nomes que passaram por aquela Casa e alguns conseguiram fazer história, como é o caso do nosso personagem, que poderá dividir a história da Casa de Joaquim Nabuco em antes e depois da sua passagem pela presidência daquele poder.

Nascido em Timbaúba em 22 de abril de 1947, Guilherme Aristóteles Uchoa Cavalcanti Pessoa de Melo, construiu uma trajetória no poder judiciário, sendo respeitado na área jurídica pela sua postura conciliadora e de trabalho. Já aposentado, decidiu tentar o mandato de deputado estadual em 1994 pelo PMDB. Após a abertura das urnas, a vitória com 16.137 votos e se iniciava uma história de sucesso na Casa Joaquim Nabuco.

No seu quarto mandato como deputado estadual, Guilherme Uchoa apoiou Eduardo Campos naquele pleito de 2006, inicialmente seus planos seriam apoiar Armando Monteiro, então pré-candidato a governador, mas que desistiu para apoiar Humberto Costa. Sem muita afinidade com Humberto, Guilherme e o PDT, partido que era filiado, formalizaram apoio a Eduardo.

Passada a eleição, e já na formalização da mesa, era preciso encontrar um substituto para Romário Dias, que já estava no seu terceiro mandato como presidente da Casa e iria para o Tribunal de Contas do Estado. Além de Guilherme, surgiu o nome do seu correligionário José Queiroz, que também era aliado de Eduardo. A escolha por Guilherme se deu por um pequeno detalhe, o fato de Miriam Lacerda, esposa do então prefeito de Caruaru Tony Gel, atualmente deputada estadual, ser adversária de Queiroz. O apoio de Miriam a Guilherme desempatou o jogo em prol daquele que viria a ser eleito.

Investido na condição de presidente da Assembleia a partir de fevereiro de 2007, Guilherme Uchoa construiu uma trajetória mais longeva do que a de seu antecessor Romário Dias. Além disso, nos sete anos e três meses em que Eduardo Campos foi governador de Pernambuco, a parceria entre os chefes do legislativo e do executivo foi de fundamental importância para o êxito do governo Eduardo, que marcou história em nosso estado.

Foram quase doze anos de mandato, com questionáveis alterações na legislação por parte da imprensa e de seus adversários para permitir seis mandatos como presidente da Casa. Em Pernambuco, hexa só tem dois, o Náutico e Guilherme Uchoa, que conseguiu diversas reconduções graças a sua forma de comandar o Poder Legislativo. Na condição de presidente da Alepe, Guilherme completou a trinca de fazer parte do poder legislativo, do judiciário e do executivo, porque por diversas vezes chegou a assumir o Palácio do Campo das Princesas por fazer parte da linha sucessória do estado, na ausência dos governadores Eduardo Campos, João Lyra Neto e Paulo Câmara.

Além de ser um presidente bastante conciliador e por diversas vezes atuou como um pai de parlamentares e ex-parlamentares, Guilherme deixou como legado a defesa intransigente da Casa Joaquim Nabuco e principalmente a reformulação da sede daquele poder. Graças ao seu presidente, que mostrou-se mais uma vez arrojado, a Alepe ganhou uma moderna estrutura que a colocou entre as mais bem estruturadas casas legislativas do país.

O plenário, os gabinetes, as salas de comissões, a parte administrativa, todos eles modernos e preparados para atender às demandas dos pernambucanos, só foram possíveis graças a Guilherme Uchoa. Claro que os pares também tiveram sua parcela de contribuição, mas sem um líder para conduzir uma complexa obra, dificilmente o projeto teria saído do papel.

Na busca pelo sétimo mandato como deputado estadual, Guilherme, que deixou o PDT por conta de o partido não aceitar a entrada do seu filho Júnior para ser deputado federal, para se filiar ao PSC, teve complicações de saúde e em 3 de julho de 2018 viria a óbito, deixando a cargo do filho a importância de manter vivo o seu legado. Júnior teve que ser candidato a estadual para não deixar as bases de Guilherme, sempre muito bem atendidas, desacobertadas.

Prestes a completar dois anos da sua partida, Guilherme Uchoa sempre será lembrado, não só pela sua família, mas por todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver e conhecer de perto um homem público firme e determinado que marcou história em nosso estado. A importância de Guilherme Uchoa para a Alepe é tão grande que ele pode ser considerado o segundo patrono da Casa, ou melhor, o patrono da era moderna da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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Postado por Edmar Lyra às 9:46 am do dia 15 de maio de 2020 1.181 Comentários

A metamorfose ambulante

O nosso personagem começou sua trajetória eleitoral em 2002, portanto há dezoito anos, quando tentou sem sucesso o mandato de deputado federal pelo então PL. Candidato pela Frente de Esquerda de Pernambuco, que deu sustentação a candidatura de Humberto Costa a governador pelo PT, Alberto Feitosa teve 49.320 votos e ficou na suplência da sua coligação.

Posteriormente, por indicação de Carlos Wilson que aproximara-se de Lula, Feitosa ficou responsável pela superintendência do Aeroporto Internacional do Recife, Cali era o presidente da Infraero à época, e coube a Feitosa a gestão da reforma que deu ao aeroporto recifense uma modernização e a sua colocação no rol dos melhores aeroportos do país.

Em 2006, Feitosa continuou no PL, que viraria Partido da República presidido em Pernambuco pelo lendário Inocêncio Oliveira, que teve papel fundamental na viabilização do projeto de Eduardo Campos. O PR foi um dos cinco partidos que sustentaram o projeto do PSB naquela ocasião. Feitosa foi candidato a deputado estadual pela Frente Popular e obteve 26.993 votos, ficando na segunda suplência da sua coligação.

Como apoiou o governador eleito, Feitosa ascendeu à Alepe, e viria a ser efetivado dois anos depois com a eleição de alguns prefeitos em 2008. E a relação com o PSB se tornou cada vez mais forte, tanto que em 2011 após ser reeleito para a Casa Joaquim Nabuco, foi convidado para assumir a secretaria de Turismo pelo então governador Eduardo Campos. A relação próxima com o PSB e sua competência, é preciso reconhecer, fez dele um dos deputados estaduais mais votados de 2014 após a exitosa passagem pela Setur.

Em 2015 foi convidado pelo prefeito Geraldo Julio para assumir a secretaria de Saneamento do Recife, ficando no posto até 2018 quando desincompatibilizou-se para disputar a reeleição para a Casa Joaquim Nabuco. As urnas apontaram uma queda significativa na votação de Feitosa, caindo de 62.332 votos para 42.303 votos, perdendo cerca de vinte mil de um pleito pelo outro. É importante frisar que neste ínterim, Feitosa trocou o PL pelo Solidariedade.

No processo eleitoral de 2018, Alberto Feitosa foi reeleito novamente pela Frente Popular e não se viu nenhuma crítica ao governador Paulo Câmara e ao prefeito Geraldo Julio. O silêncio se manteve até meados de 2019, quando decidiu adotar uma postura de maior independência em relação ao PSB, de aos poucos, Feitosa que era um expoente do socialismo em Pernambuco mesmo sem ser filiado ao PSB, foi se tornando o mais fervoroso bolsonarista do estado.

Esse ano trocou o Solidariedade pelo PSC na expectativa de ser ungido pelo partido de André Ferreira como nome para a prefeitura do Recife, mais do que isso, sonha em ser o nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro nas eleições deste ano. Em dezoito anos na política, Feitosa está no seu quarto partido, tendo servido a Lula, Eduardo Campos, Geraldo Julio e agora a Bolsonaro. O prefeiturável preferiu ser uma espécie de metamorfose ambulante do que ter a velha opinião formada sobre tudo!

 

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Postado por Edmar Lyra às 8:13 am do dia 14 de maio de 2020 3 Comentários

O jovem aprendiz

A eleição para prefeito do Recife tem um personagem que será o centro das atenções da disputa e o alvo de todos os adversários, pois haverá uma tentativa de desgastá-lo por tudo que ele representa aqui em Pernambuco. Filho mais velho de Eduardo Campos, João teve seu nome lembrado para disputar um mandato de deputado federal em 2014, inclusive uma planilha de votos chegou a ser feita, porém por intervenções da sua genitora, Renata, o seu pai acabou arquivando o projeto. Também não seria nada bom para um presidenciável a mídia nacional saber que seu filho era candidato a deputado federal em seu estado. Para Renata, o melhor caminho era João se dedicar aos estudos para depois pensar em negócio de política.

Inclusive em 2014, um nome mais próximo de Eduardo Campos foi candidato a deputado federal já com a incumbência de se projetar para a sucessão de Geraldo Julio que ocorreria seis anos depois, que foi Felipe Carreras, esse era o nome que poderia ser trabalhado para 2020. Porém, veio o fatídico 13 de agosto que marcou a política pernambucana, com o acidente que vitimou Eduardo Campos.

A partir dali, as coisas para o nosso personagem tiveram que ser apressadas, pois havia a necessidade de forjar um sucessor de Eduardo na própria família por parte do PSB. João Campos, ainda estudante de engenharia, assumiu a chefia de gabinete do governador Paulo Câmara, candidato escolhido por Eduardo para disputar o Palácio do Campo das Princesas.

A ida para a chefia de gabinete, posto ocupado pelo seu pai no governo do seu bisavô Miguel Arraes, era o pontapé inicial de João Campos para entrar na política. Foi a partir de então que ele teve uma vivência mais próxima com a burocracia política de um governo. Em 2018, o projeto que teria sido em 2014, pôde enfim ser colocado em prática com a candidatura a deputado federal. Com a abertura das urnas, João Campos foi o deputado mais votado de Pernambuco com 460 mil votos, e a marca foi repetida no Recife sendo o majoritário com 70 mil votos.

Felipe Carreras, então nome preparado para suceder Geraldo Julio, perdeu as condições de ser o nome da Frente Popular no Recife, tendo que abrir mão do seu projeto em prol da unidade do PSB, que caminhou a passos largos para que João Campos fosse o nome do partido para a prefeitura do Recife em 2020.

Investido na condição de pré-candidato a prefeito do Recife, é pertinente fazer algumas considerações sobre João Campos. Aos 26 anos de idade, João está longe de ser o mais experiente para governar a capital pernambucana. Fazendo um comparativo com os últimos prefeitos do Recife, nenhum deles tinha a pouca idade do postulante socialista. Geraldo Julio, o atual, assumiu o cargo com 41 anos, João da Costa chegou ao executivo municipal com 49 anos, João Paulo com 48 anos, Roberto Magalhães com 63 anos, Jarbas Vasconcelos assumiu seu primeiro mandato com 43 anos, Joaquim Francisco, com 35, e Gustavo Krause com 33, ascenderam à PCR muito jovens mas foram nomeados pelo regime militar, não passaram pelo crivo das urnas.

A pouca idade é um problema de João para convencer o eleitorado a lhe dar a confiança de ser o sucessor de Geraldo Julio, mas não é o único. Por ser herdeiro político de Eduardo Campos, a exigência do eleitorado e da própria classe política será muito grande em cima do socialista, uma vez que o parâmetro do seu pai é difícil qualquer comparação. Se na eleição proporcional isso ajudou muito, numa majoritária essa comparação inevitável exigirá de João muito jogo de cintura.

Com um momento de pandemia como o que estamos enfrentando, também surgem questionamentos de como seria a postura de João Campos, tão jovem, para enfrentar os problemas da magnitude do Recife? Isso terá que ser discutido pelo jovem deputado, que vai ter que mostrar ao eleitorado que está pronto para ser prefeito do Recife mesmo sendo o mais jovem entre os postulantes.

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Postado por Edmar Lyra às 11:00 am do dia 11 de maio de 2020 1 comentário

A petista rejeitada

Neta de Miguel Arraes, Marília elegeu-se vereadora do Recife amparada no sobrenome e na força do primo Eduardo Campos, então governador, em 2008. Foi reeleita sob a mesma condição, chegando a ser secretária de Juventude da gestão de Geraldo Julio. Sua passagem pelo executivo foi bastante questionável, pois além de apagada, não trouxe nada efetivo para a população recifense. Essa experiência colocou em xeque o futuro político de Marília, que depois viria a romper com o primo por causa de uma candidatura a deputada federal negada pelo então governador.

Ao deixar o PSB em 2016 por divergências com o primo e seus sucessores, Marília buscou abrigo no PT, que na época era oposição aos socialistas e apresentou a candidatura de João Paulo a prefeito contra Geraldo Julio, que acabou reeleito. Na eleição teve uma expressiva votação, figurando entre os mais votados. O resultado provou que a prima de Eduardo poderia andar com as próprias pernas e a colocou na condição de pré-candidata a governadora pelo PT.

O projeto inicialmente foi gestado por Humberto Costa, cujo objetivo sempre foi reaproximar-se do PSB. Fato consumado em agosto de 2018 quando a pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco foi efetivamente retirada. Marília teve que se contentar com o mandato de deputada federal, aquele que foi o motivo do seu rompimento com Eduardo Campos quatro anos antes. Há quem diga que se fosse lhe dada a oportunidade de disputa, ela não teria rompido com o primo. Humberto, por sua vez, mostrou quem manda no PT e comprovou que estava certo ao se aliar ao governador Paulo Câmara.

Em 2020, a história se repete. Marília, que não conseguiu ser governadora, terá que se contentar com uma pré-candidatura a prefeita do Recife, enfrentando o primo João Campos, sucessor de Eduardo, porém enfrentará uma série de obstáculos para construir um projeto competitivo, uma vez que sua postulação é rejeitadíssima pela cúpula petista no estado. Ainda que ela venha a se consolidar como nome do PT a prefeita do Recife, fato cada vez mais provável, terá que enfrentar o “fogo amigo” que arde e queima na fogueira de vaidades que é o PT de Pernambuco.

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 9 de maio de 2020 1 comentário

Coluna da Folha deste sábado

Socialistas apontam incoerência de Alberto Feitosa 

Neste momento de pandemia, os nervos estão à flor da pele, uma vez que a situação dos brasileiros não é fácil na luta contra a Covid-19. A política eleitoral segue relegada a um segundo plano, eivada de dúvidas quanto à efetiva realização do pleito este ano. Porém, apesar disso, as discussões seguem a todo vapor.

O deputado estadual Alberto Feitosa, pré-candidato do PSC a prefeito do Recife, fez duras críticas aos integrantes do PSB, que governam o estado e a capital neste momento de pandemia, o que não agradou nem um pouco os aliados socialistas. O ex-secretário de Imprensa do governo Eduardo Campos, Evaldo Costa já apresentou o cartão de visitas, chamando o social-cristão de “vira-casaca”, e a crítica foi sublinhada por outros integrantes da Frente Popular.

Para um secretário de Paulo Câmara em reserva, Feitosa apresenta um oportunismo fora do comum, haja vista que ele foi o único político a ser secretário no estado e no Recife, e talvez o “mais socialista” entre aqueles que não são filiados ao PSB, ao ser prestigiado com espaços em gestões.

Ainda de acordo com este secretário, Feitosa quer surfar na onda bolsonarista e quer sentar na janela da oposição, sendo desrespeitoso com os próprios oposicionistas que já estavam na trincheira há muito tempo. Se há uma persona non grata hoje no PSB, este alguém é o deputado Alberto Feitosa.

Achismos – O presidente do STF, Dias Toffoli, defendeu nesta sexta (8), em videoconferência com a Fecomercio-SP, que é preciso ouvir e seguir a ciência no combate à pandemia. “Não há solução via achismos ou adivinhação. Temos que ir na linha do suporte técnico e científico na área da racionalidade”, disse Toffoli.

Voto – Mais de um milhão de eleitores solicitaram a regularização do título e outros serviços via Internet ate 6 de maio, último dia do prazo. Os pedidos foram feitos no aplicativo oficial Título Net. De Pernambuco, foram 59.254 requerimentos. Agora, a Justiça Eleitoral vai analisar as solicitações.

Exemplo – O TCE tomou Jaboatão como exemplo e expediu recomendação às prefeituras de todos os municípios para que aprovem leis que isentem as pessoas de baixa renda da taxa de iluminação pública até junho. O prefeito Anderson Ferreira foi o primeiro a adotar a medida como forma de atenuar as consequências econômicas provocadas pela pandemia do coronavírus. A isenção vale para quem consome até 220kw por mês de energia elétrica.

Diálogo regionalizado – Na tarde da quinta-feira, o deputado estadual Delegado Erick Lessa fez uma live com o prefeito de Toritama, Edilson Tavares, sobre as ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. As ações e o futuro do Polo de Confecções do Agreste foram abordadas durante a transmissão, que foi bastante prestigiada. As pessoas interagiram apontando sugestões de políticas públicas e destacando o entrosamento das duas lideranças no estado de Pernambuco.

Meio milhão – Gostaria de agradecer aos leitores do Blog Edmar Lyra pela marca de quase 500 mil acessos em abril. Em parceria com a Folha de Pernambuco, o blog tem se consolidado como um dos principais do Nordeste.

Inocente quer saber – Quando a eleição do Recife vai ficar animada?

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: alberto feitosa, anderson ferreira, blog, coluna edmar lyra, eduardo campos, Eleições 2020, Erick lessa, geraldo julio, jaboatão dos guararapes, jair Bolsonaro, psb, tce

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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