Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

  • Início
  • Sobre
  • Pernambuco
  • Brasil
  • Contato

Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 8 de março de 2021 17 Comentários

Coluna da Folha desta segunda-feira

Raquel Lyra assume PSDB com desafio de resgatar o partido 

O PSDB de Pernambuco nunca obteve grande protagonismo na política estadual. Seu cargo mais relevante foi o de senador por duas ocasiões, com Carlos Wilson em 1994 e Sérgio Guerra em 2002. Depois o partido chegou a eleger cinco deputados estaduais em 2010 e três federais em 2014. Por três ocasiões obteve bons resultados para a prefeitura do Recife, com João Braga em 1996 e Daniel Coelho em 2012 e 2016, porém sem atingir vitórias.

Nas eleições de 2018, o partido não conseguiu eleger um único deputado federal e emplacou apenas Alessandra Vieira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, enquanto em 2020, não elegeu um único vereador no Recife e perdeu cidades importantes como Gravatá e Santa Cruz do Capibaribe.

É neste cenário que a prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, assume hoje o comando do partido. Seu desafio será enorme, pois terá que pelo menos montar chapas proporcionais para eleger representantes na Câmara dos Deputados e na Alepe, bem como considerar a hipótese de formar um palanque para a candidatura presidencial do partido no estado.

Prefeita da cidade mais importante do interior do estado, Raquel Lyra terá agora a necessidade de estadualizar suas articulações se quiser ser uma opção efetiva para a majoritária em 2022, e contará com a importante chegada do ex-senador Armando Monteiro no sentido de construir um partido competitivo, que oficializa seu ingresso hoje na sigla.

Piso – Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a validade da lei federal que prevê a forma de atualização do piso nacional do magistério divulgada pelo Ministério da Educação (MEC). O STF julgou improcedente ação dos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Piauí, Rio Grande do Sul, Roraima e Santa Catarina. Segundo o voto do relator, Roberto Barroso, não procedem os argumentos de que o reajuste do piso nacional deveria ser feito por lei e não de portarias do ministro da Educação.

Leitos – A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Governo Federal restabeleça imediatamente os leitos de UTI para tratamento da covid-19 no Estado do Piauí, que estavam habilitados pelo Ministério da Saúde até dezembro de 2020 e foram reduzidos, em janeiro e fevereiro de 2021. A determinação foi em ação do Estado do Piauí, que apontou o “abandono do custeio desses leitos pela União, a despeito do notório recrudescimento das taxas de internação decorrentes da doença”.

Marco Maciel – Acometido pela doença degenerativa do Alzheimer, o ex-vice-presidente da República Marco Maciel foi diagnosticado no final de semana com a Covid-19 e acabou internado em um hospital de Brasília.

Marca – O prefeito João Campos anunciou a nova marca da gestão no Recife que simboliza a paridade de gênero. Em vez dos dois leões tradicionais, a marca terá um leão e uma leoa. O prefeito já havia indicado 50% de mulheres para o seu secretariado, evidenciando seu cuidado com a inclusão feminina na cidade.

Inocente quer saber – O PSDB terá novos quadros chegando ao partido?

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: armando monteiro, Carlos Wilson, coluna edmar lyra, daniel coelho, Eleições 2022, Folha de Pernambuco, joão braga, joão campos, Marco Maciel, psdb, raquel lyra, sérgio guerra

Postado por Edmar Lyra às 9:41 am do dia 31 de maio de 2020 11 Comentários

A pioneira Cristina Tavares

Nascida em Garanhuns no ano de 1936, Maria Cristina de Lima Tavares Correia graduou-se em línguas neolatinas na Faculdade de Filosofia do Recife em 1955, porém decidiu exercer a carreira de jornalista atuando em dois dos principais jornais de Pernambuco, o Jornal do Commercio e o Diário de Pernambuco.

Em 1978 decide ingressar na vida pública e tenta seu primeiro mandato eletivo, sendo eleita para a Câmara dos Deputados pelo MDB, tornando-se a primeira mulher a representar Pernambuco na Câmara Federal e a terceira nordestina a alcançar tal feito, antes somente duas deputadas baianas tinham conseguido.

Com a extinção do bipartidarismo, o MDB tornou-se PMDB e Cristina exerceu a função de vice-líder do partido na Câmara em 1979, tendo papel destacado integrando diversas comissões em Brasília. Em 1982 é reeleita na Câmara Federal e segue seu mandato bastante atuante, defendendo a redemocratização no país. Em 1984 votou a favor da emenda Dante de Oliveira que permitiria o voto direto para presidente da República, com a PEC derrotada, atuou para a eleição de Tancredo Neves no colégio eleitoral.

Nas eleições de 1986, conquista seu terceiro mandato em Brasília, tornando-se deputada constituinte e novamente teve papel destacado em Brasília, desta vez na formatação da nossa atual Constituição Federal. Defensora da área tecnológica por acreditar ser este o caminho, ao lado da educação, para o desenvolvimento do país, atuou na subcomissão e na comissão de Ciência e Tecnologia.

Cristina foi uma das fundadoras do PSDB, deixando o PMDB em 1988 para ingressar no novo partido, que era formado por líderes mais à esquerda do PMDB, porém em 1989 com o ingresso de Roberto Magalhães, egresso da Frente Liberal, no partido para ser o vice de Mário Covas, Cristina rompeu com o seu partido para filiar-se ao PDT. A escolha de Magalhães acabou não se concretizando, ele foi substituído pelo senador Almir Gabriel.

No decorrer da campanha, Cristina atuou na campanha de Leonel Brizola, do PDT, apoiando-o nas eleições presidenciais daquele ano, cujo candidato ficou em terceiro lugar. Cristina também ficou marcada pela célebre frase sobre Sérgio Guerra, quando afirmou que o parlamentar era uma inteligência à procura de um caráter.

Nas eleições seguintes, em 1990, tentou seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, porém os seus 14.907 votos foram insuficientes para garantir a reeleição. Já com um câncer de mama, Cristina encerrou seu mandato em janeiro de 1991 e foi aos Estados Unidos para tratar da doença porém em 23 de fevereiro de 1992 veio a falecer na cidade de Houston.

Cristina Tavares marcou história no jornalismo e na política pernambucana, fazendo da sua precoce vida um divisor de águas em nosso estado. A partida de Cristina Tavares aos 57 anos de idade, de forma precoce, encerrou o ciclo de uma das mulheres mais importantes da política pernambucana, pois foi a partir de seu mandato em Brasília que tivemos a chegada de outros nomes na Câmara Federal como Ana Arraes, Luciana Santos, Creusa Pereira e Marília Arraes, e a representação feminina tem crescido em nosso estado com o aumento do número de prefeitas espalhadas pelos 184 municípios e com a ascensão de Luciana Santos ao cargo de vice-governadora, sendo a primeira mulher a ocupar o posto em nossa história.

Foto: Fernando Silva/Arquivo JC.
Cristina Tavares ao lado de Mário Covas

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Ana Arraes, Cristina Tavares, Diário de Pernambuco, garanhuns, Jornal do Commercio, Leonel Brizola, luciana santos, marília arraes, Mário Covas, roberto magalhães, sérgio guerra, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 10:36 am do dia 27 de maio de 2020 2.162 Comentários

O Marco de Pernambuco

Nascido em 21 de julho de 1940, Marco Antônio de Oliveira Maciel herdou o gosto pela política do pai, José do Rego Maciel, que foi deputado federal por Pernambuco entre 1955 e 1959. Marco Maciel ingressou na Faculdade de Direito do Recife, concluindo seu curso em 1963, mas foi lá que iniciou sua trajetória política sendo presidente do DCE e posteriormente da União dos Estudantes de Pernambuco. A atuação de Maciel se notabilizou por contrapor a narrativa de esquerda da União Nacional dos Estudantes, chegando a desligar-se dela com um manifesto público.

Naquela mesma época se alinhou com as forças que faziam oposição a Miguel Arraes, que governou Pernambuco pela primeira vez entre 1962 e 1964. Com a instauração do regime militar de 1964, que depôs Miguel Arraes do cargo, Marco Maciel foi convidado para integrar o secretariado do governador Paulo Guerra, como era muito jovem terminou sendo assessor do então governador.

Nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato eletivo, logrando êxito como deputado estadual, e na condição de parlamentar, torna-se líder do governo Nilo Coelho na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A boa atuação o credenciou para ser candidato a deputado federal nas eleições de 1970, e igualmente Maciel sai vitorioso das urnas, sendo reeleito em 1974.

Seu nome foi cogitado para o governo de Pernambuco pelo ex-governador Nilo Coelho, enquanto seu pai, José do Rego Maciel, foi indicado pelo ex-governador Paulo Guerra para suceder Eraldo Gueiros, porém o vitorioso acabou sendo Moura Cavalcanti, eleito de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em 1976, no segundo mandato como deputado federal, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 1977 e 1978, mas em abril de 77 foi surpreendido com a decisão do presidente Ernesto Geisel de fechar o Congresso Nacional com o objetivo de implementar a reforma do Poder Judiciário, e vinha enfrentando dificuldade por conta da obstrução da oposição. O fechamento do Congresso durou 14 dias e culminou na decretação do chamado pacote de abril, que consistia em ampliar a hegemonia da ARENA na política nacional, que se sentiu ameaçada pelos resultados das eleições de 1974 e 1976, com um claro crescimento do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.

Indicado pelo presidente Geisel e pelo futuro presidente João Figueiredo, Marco Maciel foi eleito de forma indireta, através de votação pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, para o cargo de governador, em setembro de 1978, vindo a assumir o cargo em março de 1979. Com a extinção do bipartidarismo, Marco Maciel foi um dos líderes da criação do Partido Democrático Social, o PDS, que substituiu a Aliança Renovadora Nacional na sustentação do regime militar.

Investido no cargo de governador de Pernambuco, Marco Maciel ficou notabilizado pelo projeto Asa Branca, que tinha como objetivo desenvolver a região semiárida de Pernambuco através da perenização de rios, abertura de estradas vicinais e ampliação da eletrificação rural. Maciel também executou o projeto Viver, que apoiava a zona canavieira, financiado pela Sudene e pelo BNH, no intuito de evitar as tensões sociais consequentes da construção de casas e estradas naquela região.

Em abril de 1982, Marco Maciel deixou o governo para disputar a única vaga em jogo para o Senado Federal, quem assumiu em seu lugar foi José Muniz Ramos, então presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Com a abertura das urnas, tivemos a vitória de Roberto Magalhães sobre Marcos Freire e a de Marco Maciel sobre Cid Sampaio. Aquele pleito foi apertadíssimo e bastante questionado por conta das regras que obrigavam o eleitor a escolher candidatos do mesmo partido na cédula de votação. Foram disputados os cargos de vereador, prefeito, deputado estadual, federal, governador e senador no mesmo pleito.

Já na condição de senador da República, Marco Maciel se preparou para substituir João Figueiredo na disputa pela presidência da República, eleição que seria indireta em janeiro de 1985, dentro do partido ele tinha como adversários o então vice-presidente Aureliano Chaves, o ministro Mário Andreazza e o deputado Paulo Maluf. Em 1984, Maciel comunicou sua intenção de disputar a presidência ao presidente nacional do PDS, o senador José Sarney.

Como o PDS tinha maioria absoluta no Congresso Nacional, aquele que viesse a ser escolhido pelo partido teria grandes chances de vencer o pleito. Porém, se iniciou em 1984 um movimento chamado Diretas Já, que ensejava no restabelecimento das eleições diretas para presidente da República através da emenda do deputado Dante de Oliveira. A proposta ganhou adesão até entre os parlamentares do PDS, e então Maciel começou uma articulação para chegar-se a um meio termo, nem as eleições diretas em 1985, nem a manutenção do sistema que estava vigente, mantendo o calendário de eleições indiretas em 1985 e uma eleição direta prevista para 1988. A votação na Câmara dos Deputados derrubou a tese das eleições diretas, e evitou que a emenda Dante de Oliveira avançasse para o Senado. Com o resultado, voltaram-se as articulações para as eleições indiretas.

A disputa interna do PDS para a sucessão de Figueiredo polarizou entre Paulo Maluf e Mário Andreazza, então Maciel se integrou ao grupo de José Sarney, o qual fazia parte também Aureliano Chaves, que articulava apoio a um nome do PMDB para a disputa de 1985. Em maio daquele ano, Maciel retirou sua candidatura à presidência em busca de uma unidade entre governo e oposição que não deixasse traumas para a redemocratização. Em julho daquele mesmo ano, ao lado de Sarney, Maciel rompeu com o PDS para criar a Frente Liberal, concomitantemente a uma articulação que visava a unidade em torno de um candidato de consenso junto com o PMDB para disputar a eleição.

Esse entendimento resultou na Aliança Democrática que lançaria o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, ao cargo de presidente da República e o senador José Sarney ao posto de vice-presidente. A chapa da Aliança Democrática derrotou o candidato do PDS, Paulo Maluf na eleição indireta que ocorreu em 15 de janeiro de 1985.

Com a vitória do projeto liderado por Tancredo, a Frente Liberal passou a ser o Partido da Frente Liberal, PFL, que seria presidido pelo próprio Marco Maciel em sua comissão provisória. A importante atuação de Maciel fez com que o presidente Tancredo o convidasse para o cargo de ministro da Educação, mesmo com a morte do presidente eleito, Maciel foi mantido no posto pelo presidente José Sarney.

Como ministro da Educação, a plataforma de Marco Maciel tinha como objetivo melhorar o ensino básico no país, tirando o ensino profissionalizante da obrigatoriedade nas escolas de segundo grau e deixando a cargo das escolas técnicas. Maciel também legalizou a União Nacional dos Estudantes, entidade que tinha sido colocada na ilegalidade durante o regime militar. Durante sua gestão, Marco Maciel ampliou o diálogo com professores e estudantes de todo o país e extinguiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que durou 15 anos. Em substituição ao Mobral, Maciel criou a Fundação Educar, que ofertava alfabetização a jovens e adultos excluídos do acesso a alfabetização.

Com a ampliação do PFL no governo Sarney, Marco Maciel deixou o ministério da Educação para ser substituído por Jorge Bornhausen e assumiu o Ministério da Casa Civil, responsável por toda articulação do governo em 1986. Em fevereiro, o governo lançou o Plano Cruzado, que visava conter o crescimento inflacionário por meio do congelamento de preços e salários. O resultado momentâneo do Plano Cruzado fez com que a popularidade do presidente Sarney crescesse de forma significativa, o que possibilitou ao PMDB, partido do presidente vitória em 26 estados da federação, exceto em Sergipe, cujo eleito foi João Alves Filho, do PFL. Em Pernambuco, Miguel Arraes derrotou José Múcio e ainda levou consigo seus dois senadores, Mansueto de Lavor e Antonio Farias, derrotando a chapa apoiada por Maciel que tinha Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli para o Senado.

Com a força obtida pelo PMDB nas urnas e posterior esgarçamento do Plano Cruzado, Maciel começou a perder força na condição de chefe da Casa Civil, e em 1987 já de volta ao Senado, participou ativamente da criação da constituinte e afastado de Sarney, se opôs à prorrogação do mandato do presidente.

Em abril de 1989 colocou novamente seu nome para disputar pelo PFL a presidência da República, porém no mês seguinte o partido escolheu o então ministro de Minas e Energia e ex-vice-presidente Aureliano Chaves para a disputa. Com o fraco desempenho de Aureliano, Maciel participou pouquíssimas vezes da campanha, e no segundo turno declarou apoio a Fernando Collor de Mello contra Luiz Inácio Lula da Silva, sendo o primeiro vitorioso.

Em 1990 numa dura disputa com José Queiroz para o Senado, sagrou-se vitorioso por uma diferença pequena de votos, e continuou em 1991 na Câmara Alta. E imediatamente assumiu a liderança do governo Collor no Senado, sendo responsável pelas articulações do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Diante das inúmeras denúncias de corrupção do governo Collor, em setembro de 1992, Marco Maciel entregou o posto de líder alegando não ter recebido do Planalto nenhuma prova que inocentasse o presidente na CPI que havia sido instaurada. Com a abertura do processo de impeachment, Collor seria afastado do cargo e assumiria o vice Itamar Franco, que recebeu o apoio de Marco Maciel para formar um governo de reestruturação do país.

Em fevereiro de 1994, Marco Maciel propôs que o PFL não tivesse candidato a presidente e estabeleceu diálogo com outros partidos, para lançar um nome apoiado por uma frente de vários segmentos políticos, porém seu partido chegou a um entendimento com o PSDB e o PTB, amparado pelo êxito do Plano Real liderado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. O nome de Maciel foi apresentado pelo PFL para integrar a chapa, porém por conta de receio quanto a sua ligação com os governos anteriores, a escolha recaiu sobre Guilherme Palmeira, senador de Alagoas.

O senador alagoano acabou alvejado por denúncias de corrupção, e teria que ser substituído na chapa de Fernando Henrique, que impulsionado pelo Plano Real, já liderava as pesquisas. Em agosto, Palmeira foi substituído por Marco Maciel, que desta vez não recebeu nenhuma objeção da cúpula tucana, que temia os efeitos da crise envolvendo Guilherme Palmeira na campanha presidencial.

Apesar das críticas que os adversários de Fernando Henrique fizeram, em especial Lula, sobre a escolha de Maciel, que apareceu poucas vezes no guia, a chapa acabou vitoriosa ainda no primeiro turno de 1994. Eleito vice-presidente da República, Marco Maciel foi substituído por Joel de Holanda no Senado Federal.

Pelo seu excelente trânsito no Congresso Nacional, Maciel foi escolhido pelo presidente FHC como articulador político do governo. Inicialmente contrário à reeleição, Maciel acabou aderindo ao posicionamento do seu partido e com a aprovação da emenda da reeleição, foi para a disputa em 1998 novamente como candidato a vice-presidente, sendo reeleito com Fernando Henrique Cardoso.

Durante os oito anos no cargo, Maciel ganhou a marca de vice ideal, devido a sua lealdade ao presidente da República, atuando sempre como um conciliador. Nas eleições de 2002, apoiou José Serra, então ministro da Saúde do governo FHC, e candidatou-se pela terceira vez ao Senado por Pernambuco apoiando a candidatura de Jarbas Vasconcelos. Naquele pleito, a União por Pernambuco elegeu Jarbas para o governo e Marco Maciel e Sérgio Guerra para o Senado. Aquela seria a última de suas grandes vitórias políticas. Passados oito anos do seu mandato, em 2010 foi candidato novamente ao Senado, na chapa de Jarbas, que enfrentaria Eduardo Campos, candidato a reeleição, Armando Monteiro e Humberto Costa, na disputa pelo Senado.

Com a abertura das urnas, que deu a Eduardo Campos a maior votação de um governador da história de Pernambuco, Maciel acabou derrotado para o Senado, encerrando uma brilhante trajetória política em Pernambuco e no Brasil de mandatos eletivos. Ao concluir seu mandato em janeiro de 2011, Maciel deixou a vida pública sem nenhuma mácula de corrupção envolvendo seu nome. Acometido pelo Alzheimer, o ex-vice-presidente da República mostrou ser um artífice do entendimento, sempre buscando o diálogo acima das divergências.

Marco Maciel foi um grande homem público de Pernambuco e sua brilhante passagem pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, pelos ministérios e pelo governo de Pernambuco, lhe possibilitaram ascender ao maior cargo obtido por um pernambucano com carreira política em nosso estado. Um verdadeiro marco em nossa história, portanto, nada mais justo do que ele ser considerado para sempre o Marco de Pernambuco.

Marco Maciel, Tancredo Neves e Roberto Magalhães
Marco Maciel, José Sarney, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães
Antônio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel e Michel Temer
Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel
Marco Maciel na tribuna do Senado Federal

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: armando monteiro, Aureliano Chaves, eduardo campos, Ernesto Geisel, fernando henrique cardoso, humberto costa, jarbas vasconcelos, João Figueiredo, José do Rego Maciel, josé sarney, lula, Marco Maciel, Margarida Cantarelli, Mário Andreazza, miguel arraes, roberto magalhães, sérgio guerra, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 11:48 am do dia 24 de maio de 2020 1.180 Comentários

O inesquecível Cali

Nascido em 11 de março de 1950, Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos iniciou sua vida pública em 1972 como assessor da presidência do INCRA, posteriormente seria nomeado, no biênio seguinte para a chefia de gabinete daquele órgão. Já em 1974 tentaria, com sucesso, seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados pela Aliança Renovadora Nacional, e assumiria em 1975, o mandato de deputado federal.

No ano de 1978 votou a favor da emenda que extinguia a figura do senador biônico, e atuou dentro do seu partido num grupo que tentava apressar a redemocratização no país. Reeleito naquele mesmo ano, no segundo mandato defendeu a legalização do Partido Comunista Brasileiro e o fim do bipartidarismo no Brasil.

Com a instauração do pluripartidarismo, Carlos Wilson filiou-se ao PP, na época era Partido Popular, para apoiar a candidatura de Tancredo Neves. Mais tarde o partido se fundiria ao MDB, e então Cali passou a integrar o círculo restrito de Ulysses Guimarães. No biênio 1981/1982 foi eleito segundo-secretário da Câmara dos Deputados e em novembro de 1982 seria reeleito para o terceiro mandato de deputado federal.

Apesar de votar a favor da emenda Dante de Oliveira, que estabelecia a volta das eleições diretas no Brasil, viu a tese não ser aprovada por 22 votos na Câmara dos Deputados e consequentemente não avançar para o Senado Federal, e no colégio eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Carlos Wilson votaria a favor de Tancredo Neves para a presidência da República, que viria a falecer em abril e antes o vice José Sarney assumiu interinamente o cargo, sendo efetivado com a morte de Tancredo.

Naquele mesmo ano seria eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados e apoiaria a candidatura de Jarbas Vasconcelos, juntamente com Fernando Lyra, a prefeito do Recife pelo PSB contra Sérgio Murilo, candidato do seu partido, afastando-se do senador Marcos Freire. Em 1986, Carlos Wilson foi convidado para ser candidato a vice-governador de Miguel Arraes e foi eleito junto com ele para o posto.

Em 1987, já no mandato de vice-governador foi cotado para o ministério do Interior, contudo o escolhido foi o então deputado federal Joaquim Francisco. Depois de ser sondado para vários ministérios, Cali foi convidado para assumir a superintendência da Sudene pelo presidente Sarney, mas acabou declinando do convite.

Em abril de 1990, com a renúncia de Miguel Arraes para disputar um mandato na Câmara dos Deputados, Carlos Wilson assumiu o governo de Pernambuco, ficando no cargo até a chegada do governador eleito daquele ano Joaquim Francisco, que assumiria em março de 1991.

Após deixar o Palácio do Campo das Princesas, Carlos Wilson assumiu a secretaria Nacional de Irrigação em 1992 no governo Itamar Franco, ficando no posto até 1993. Já no PSDB, Cali chegou à condição de tesoureiro nacional do partido e em 1994 seria candidato a senador. A chapa de Miguel Arraes era composta por Roberto Freire e Armando Monteiro Filho, mas a ligação na mente do eleitor da relação política de Cali com Arraes fez com que ele fosse um dos senadores eleitos daquele pleito como o mais votado, junto com Roberto Freire.

Já no Senado, cujo mandato foi de oito anos, Carlos Wilson disputou o governo de Pernambuco em 1998 pelo PSDB ficando em terceiro lugar, e em 2000 a prefeitura do Recife, já pelo PPS, numa aliança com o PSB. Na eleição de 2000, apesar de ter ficado novamente em terceiro lugar, a campanha de Cali foi fundamental para a derrota de Roberto Magalhães, foi no seu guia eleitoral que o ator Walmir Chagas protagonizou o Mané Chinês, que fazia duras críticas, mas bastante inteligentes, ao então prefeito. E na véspera do primeiro turno, o então prefeito, caindo na provocação de partidários de Carlos Wilson decidiu dar uma banana durante uma carreata na Avenida Boa Viagem.

Aquele episódio, associado ao crescimento de João Paulo, foi fundamental para que houvesse um segundo turno, e a oposição derrotasse, num pleito histórico, o então prefeito, considerado por muitos imbatível, Roberto Magalhães. Em 2002, já no PTB, Carlos Wilson tentou a reeleição para o Senado Federal, porém a força de Jarbas Vasconcelos e Marco Maciel puxou Sergio Guerra e com a abertura das urnas, Cali não conquistaria a reeleição para o Senado Federal.

Sem mandato, mas com uma relação muito próxima com Lula, Cali foi escolhido presidente da Infraero em 2003, sendo responsável pela modernização do aeroporto internacional do Recife, cujo legado persiste até hoje. O trabalho na Infraero o credenciou para ser, já pelo PT, candidato a deputado federal, e com a abertura das urnas foi o sexto mais votado com 141.203 votos.

Aquele seria o seu último mandato, pois em 11 de abril de 2009, vítima de complicações de câncer, viria a óbito com apenas 59 anos de idade, encerrando uma trajetória intensa de um importante homem público de Pernambuco, que foi deputado federal, vice-governador, senador e governador, cultivando muitos amigos e sendo respeitado  e admirado por quem lhe conheceu. Sua rápida partida não permitiu que ele realizasse um grande sonho, que era o de ser prefeito do Recife, porém esse detalhe não apaga a sua brilhante trajetória na política pernambucana e brasileira em pouco mais de 30 anos de vida pública.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Carlos Wilson, Fernando Lyra, Itamar Franco, jarbas vasconcelos, josé sarney, lula, Marco Maciel, miguel arraes, pernambuco, roberto magalhães, sérgio guerra, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães

Postado por Edmar Lyra às 9:32 am do dia 19 de maio de 2020 5 Comentários

A mente brilhante de Pernambuco

Nascido no Recife em 1947, Severino Sérgio Estelita Guerra veio de família tradicional de política, seu pai Pio Guerra e seu irmão José Carlos Guerra tinham sido deputados federais. Em 1981 filiou-se ao MDB e no ano seguinte tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo eleito naquele pleito, quatro anos mais tarde, já pelo PDT conseguiu seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 9.899 votos, sendo o penúltimo eleito daquele pleito.

Em 1989 ingressou no PSB e exerceu os cargos de secretário de Indústria, Comércio e Turismo e depois de Ciência e Tecnologia do governo Miguel Arraes. Em 1990 tentaria seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e numa chapinha montada com Arraes, foi eleito com 23.999 votos juntamente com Renildo Calheiros, Luiz Piauhylino, Alvaro Ribeiro e Roberto Franca, todos com baixíssima votação arrastados pela força eleitoral de Miguel Arraes, que foi o mais votado daquele pleito. Nas eleições seguintes, ele foi reeleito deputado federal em 1994 e 1998, ambas pelo PSB, e foi novamente secretário de Miguel Arraes.

Com a chegada de Jarbas Vasconcelos ao Palácio do Campo das Princesas, Sergio Guerra se aproximou do então governador, com quem nutria uma excelente relação pessoal e filiou-se ao PSDB. Chegou a ser secretário extraordinário de Jarbas e foi candidato a vice-prefeito de Roberto Magalhães, que tentando a reeleição, acabou derrotado.

Na eleição seguinte, contrariando todos os prognósticos, Jarbas colocou Sergio Guerra na sua chapa, juntamente com Marco Maciel. A escolha de Jarbas criou arestas na União por Pernambuco, que depois culminariam na saída de deputados federais da base de sustentação do então governador.

Durante o processo eleitoral, Jarbas confirmou seu favoritismo, assim como Marco Maciel. Já Sergio Guerra teve um osso duro de roer que foi Carlos Wilson, que tentava a reeleição e mostrava que tinha condições de garantir mais um mandato, porém na reta final, comprovando o histórico de eleições no estado onde o governador geralmente puxa os senadores, Sergio Guerra foi eleito com 1.675.779 votos.

Já no Senado Federal, Sergio Guerra atendeu prefeitos, como sempre fez quando era deputado, e destravou recursos e obras importantes para Pernambuco. Seus oito anos na Câmara Alta resultaram e muitos investimentos para o estado, e mesmo integrando um partido de oposição, o PSDB, Sergio Guerra nutria excelente relação com o então presidente Lula, e por diversas vezes foi procurado pelo presidente para desatar alguns nós de governabilidade.

Os primeiros quatro anos no Senado fizeram de Sergio Guerra um potencial candidato ao Palácio do Campo das Princesas na sucessão de Jarbas Vasconcelos. Diversos prefeitos desejavam que Jarbas o escolhesse para a sua sucessão, inclusive considerando a hipótese do lançamento de duas candidaturas, porém Jarbas cumpriu o acordo e optou por Mendonça Filho. Fora do páreo, Sergio liberou suas bases para Eduardo Campos, que só foi candidato competitivo graças a não candidatura de Guerra, com o sinal verde e o apoio de Inocêncio Oliveira, Eduardo fincou um projeto competitivo que viria a ser vitorioso em 2006.

Ainda no Senado, associado à condição de presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra tornou-se um dos políticos mais influentes do Brasil, integrando importantes comissões e ao mesmo tempo descascando os pepinos do mais importante partido de oposição ao PT. Sergio foi o mais longevo presidente nacional do PSDB, ficando no cargo até março de 2013, quando entregou a presidência ao então senador Aécio Neves.

Em 2010 voltou à Câmara dos Deputados como o sexto mais votado, seria o quarto e último mandato eletivo exercido por ele. Durante os oito anos do governo Eduardo Campos, Sergio Guerra manteve uma relação extremamente cordial e afável com o governador, de quem era muito próximo desde os tempos de Arraes, e acabou se afastando de Jarbas Vasconcelos, que ficou muito chateado com a relação próxima que Sergio e Eduardo tinham.

Em seus mais de trinta anos de mandatos eletivos, Sergio construiu uma trajetória de manter aliados importantes, como Duffles Pires, que foi vice-prefeito de Paulista, Ricardo Teobaldo, que chegaram a romper mas fizeram importantes dobradinhas, Joaquim Neto, prefeito de Gravatá, a ex-deputada Terezinha Nunes e tantos outros nomes que tinham em Sergio um importante líder.

Apesar de parecer carrancudo, Sergio Guerra era bom de conviver, aqueles que tiveram a oportunidade de uma mínima proximidade com ele puderam perceber não só a sua inteligência como a sua capacidade de pensar e executar política todos os dias. Ele sabia ser implacável com adversários, mas também sabia como poucos construir laços que suplantavam a política.

Pelas suas idas e vindas na política, a ex-deputada Cristina Tavares o classificou como uma inteligência à procura de um caráter, tamanha a sua capacidade de agir sem qualquer culpa quando fosse necessário. Também chamava a atenção o fato de Guerra ser afeito a coisas de grife, que a maioria da população jamais terá acesso, como por exemplo colecionar cavalos de raça, sapatos e roupas das mais caras, e um gosto excêntrico que eram as lutas de UFC que ele fazia questão de viajar para assisti-las. Quem era seu companheiro nessas empreitadas foi o jovem deputado Claudiano Filho, que até hoje relembra o seu líder político.

Em 2014, quando se preparava para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Sergio Guerra veio a óbito no dia 6 de março em decorrência de um câncer de pulmão, ele tinha 66 anos. Apesar de não ser conhecido do grande público, ele se mostrou uma figura ímpar nas articulações políticas de Pernambuco e de Brasília, fazendo muita falta a quem vive o dia a dia da política.

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: aécio neves, Carlos Wilson, Cristina Tavares, eduardo campos, jarbas vasconcelos, lula, mendonça filho, miguel arraes, política, psdb, renildo calheiros, ricardo teobaldo, sérgio guerra, terezinha nunes

Postado por Edmar Lyra às 9:00 am do dia 12 de maio de 2020 12 Comentários

O surfista esverdeado

A história política deste personagem começa na década de 80 com o seu pai, João Ramos Coelho. Eleito vereador em 1982, João Coelho foi candidato do PDT nas eleições de 1985, que foi polarizada entre Jarbas Vasconcelos e Sérgio Murilo. João não conseguiu quebrar a polarização mas tornou-se a grande sensação daquela eleição. No ano seguinte ele tentou o mandato de deputado estadual e foi o parlamentar mais votado das eleições daquele ano.

Investido na condição de deputado estadual, João Coelho tentou novamente a prefeitura do Recife em 1988, mas foi novamente derrotado, desta vez para Joaquim Francisco, o vitorioso, e Marcus Cunha, o segundo colocado. Nas eleições de 1994, já no PMDB, João Coelho tentou o Senado, sendo novamente derrotado. Até que em 1996 quando tentou, sem sucesso, o mandato de vereador do Recife, João Coelho decidiu abandonar a vida pública.

Passados oito anos, Daniel Coelho, que havia estudado na Inglaterra até a véspera do ano eleitoral, decidiu ser candidato pelo PV. Uma bela campanha fez com que o filho de João devolvesse a família a cadeira na Casa José Mariano, deixada com a ida do genitor para a Alepe. Investido no mandato de vereador, Daniel fez um mandato impecável, sendo um ferrenho opositor do então prefeito João Paulo.

Na reeleição, Daniel amplia sua votação e ganha ainda mais notoriedade. Tanto que sentiu que era chegada a hora de mudança de ares e foi para a disputa pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. Novamente uma grande votação e a chegada à Casa Joaquim Nabuco. Quis ser o líder da oposição ao governador Eduardo Campos, mas o seu partido, o PV, lhe negou o posto, e este foi o início da sua saída do partido para uma nova sigla, o PSDB.

Já ambientado no ninho tucano, Daniel Coelho foi oficializado como candidato do PSDB a prefeito do Recife sob as bençãos de Sergio Guerra. Na disputa, superando todas as expectativas, ficou em segundo lugar com 245.120 votos contra Geraldo Julio, eleito no primeiro turno. Daniel deixou uma sensação positiva ao eleitorado recifense, e ficou a expectativa de que em uma próxima ocasião ele pudesse ascender ao mandato. Nas eleições de 2014, mesmo sendo oposição a Eduardo Campos, Geraldo Julio e Paulo Câmara, Daniel Coelho não deu um pio sobre a aliança do seu partido com o PSB. Também pudera, sem uma coligação competitiva, talvez Daniel não conseguisse ascender à Câmara dos Deputados. Então Daniel elegeu-se pela Frente Popular como o sexto deputado federal mais votado daquele pleito. O seu silêncio sobre o PSB não se restringiu a 2014 quando lhe foi conveniente, na cidade de Paulista, por exemplo, Daniel mantém uma relação política com o prefeito Júnior Matuto em troca de cargos para aliados, na pura e simples velha política que ele tanto diz criticar. O PSB de Pernambuco e do Recife, na ótica do surfista esverdeado, são diferentes do PSB de Paulista. Claro, a diferença é que em Paulista ele participa do bolo do poder.

Mesmo abandonando o PV, e entrando no ninho tucano, Daniel não quis abdicar do verde. Todas as suas campanhas foram amparadas na cor verde, para dar um tom clean ao seu projeto de poder. Veio a eleição de 2016 e havia um sentimento de que o PSDB poderia tirá-lo do jogo para formalizar uma aliança com o PSB na reeleição de Geraldo Julio. Comandante do partido, Bruno Araújo investido na condição de ministro das Cidades, bancou sua candidatura a prefeito, perdendo espaços na gestão socialista em prol de uma unidade partidária. Foi um gesto e tanto de Bruno, que nunca seria reconhecido por Daniel.

Daniel foi para a eleição, não atraiu muitos partidos, mesmo tendo um resultado extraordinário quatro anos antes, por uma séria dificuldade de conquistar aliados. Durante o processo eleitoral perdeu a condição de antagonista de Geraldo Julio, dada a João Paulo, que ficou em segundo lugar. Sem a aura de novidade, o surfista esverdeado perdeu capital político e eleitoral e ficou em terceiro lugar, repetindo a história do seu genitor, que encantou o eleitorado recifense na primeira disputa, e perdeu fôlego na segunda.

Chega 2018 e mais uma mudança de partido de Daniel. Antes tentou encampar um projeto chamado Livres que mudaria o nome do PSL e ele apostava em ter o comando do partido em Pernambuco. A chegada de Jair Bolsonaro ao partido pelas mãos de Luciano Bivar inviabilizou o projeto de Daniel, que teve que procurar outro abrigo por não ter mais nenhum clima de continuar no PSDB depois de espinafrar Bruno Araújo em uma reunião porque queria a chave do cofre do PSDB de Pernambuco e teve seu desejo negado.

Nosso surfista acabou optando pelo nanico PPS e foi para a reeleição de deputado federal. Com a abertura das urnas, mais uma frustração. Caiu dos quase 140 mil votos em 2018 para menos de 100 mil. Sua votação no Recife teve uma queda abrupta que o deixou numa condição de fragilidade eleitoral. A sanha de Daniel de querer parecer diferente sem ser incentivou o PPS a trocar de nome, agora o nanico que era pós-comunista virou Cidadania.

É chegada a hora de uma nova eleição municipal, Daniel do nanico Cidadania quer o apoio de outros partidos para o seu projeto, porque sabe que com a sua legenda não vai a lugar nenhum. Mas a sua forma de criar arestas junto aos seus correligionários dificulta muito um entendimento da oposição em torno do seu nome. O surfista esverdeado chega em 2020 numa condição de vida ou morte. Sabe que se disputar e vencer a eleição dá uma guinada na sua vida pública, mas se for novamente derrotado, terá sérias dificuldades de reeleição em 2022, podendo ter que abandonar a sua precoce carreira política.

 

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: Bruno Araújo, cidadania, daniel coelho, Eleições 2020, jair Bolsonaro, João Coelho, junior matuto, política, pps, psdb, sérgio guerra

Postado por Edmar Lyra às 9:00 am do dia 2 de fevereiro de 2020 Deixe um comentário

Blog na História: A eleição que iniciou o afastamento de Jarbas e Arraes em 1990

Posse de Joaquim Francisco como governador de Pernambuco

Nas eleições de 1986, Miguel Arraes venceu José Múcio Monteiro, levando consigo seus dois senadores Mansueto de Lavor e Antônio Farias. A vitória de Arraes foi importante depois de Jarbas Vasconcelos ter sido eleito prefeito do Recife em 1985.

Jarbas, que havia deixado a prefeitura em 1989, decidiu disputar o governo de Pernambuco em 1990 na sucessão de Arraes e acreditava que teria o irrestrito apoio do então governador. Arraes, por sua vez, deixou o governo e não quis disputar o Senado na chapa de Jarbas Vasconcelos, sendo candidato a deputado federal e sagrou-se o mais votado daquele pleito.

Joaquim Francisco, que havia sido eleito prefeito do Recife em 1988, decidiu renunciar ao cargo, entregando a prefeitura ao vice Gilberto Marques Paulo e foi para a disputa, mas antes de ser indicado pelo PFL, sofreu questionamentos internos por aliados que queriam lançar Osvaldo Coelho para o cargo de governador. Na sua chapa tinha Marco Maciel que tentava a reeleição para o Senado. Na chapa de Jarbas Vasconcelos, o candidato foi José Queiroz. O vice de Joaquim Francisco foi Roberto Fontes, enquanto o de Jarbas foi o empresário Paulo Coelho, pai do hoje senador Fernando Bezerra Coelho.

Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes durante caminhada

A relação de Jarbas e Arraes começou a se desmantelar nesta eleição, uma vez que Arraes na condição de favoritíssimo ao Senado preferiu disputar um mandato de federal, o que dificultou a vida de Jarbas, que sonhava com o Palácio do Campo das Princesas. No decorrer da eleição, Joaquim Francisco deixou a célebre frase: “Vou desmistificar você, Jarbas Vasconcelos”, mostrando o caráter bastante acirrado da disputa.

Debate entre os candidatos a governador

O resultado, favorável a Joaquim, foi bastante apertado, onde o governador eleito teve 1.288.326 votos contra 1.088.365 votos do seu principal adversário, equivalendo a 50,95% dos votos válidos. Já para o Senado, José Queiroz quase surpreendeu o favorito Marco Maciel, ficando com 840.866 votos contra 910.802 votos do vitorioso, uma diferença de menos de 70 mil votos.

Paulo Rubem Santiago e Lula em evento de campanha

Para o governo, também foram candidatos Paulo Rubem Santiago (PT), José Batista (PTB) e Alexandre Santos (PSL). Enquanto na disputa pelo Senado foram candidatos Homero Lacerda (PTB), Marcus Martinez (PSL) e José Ailton (PT).

Miguel Arraes saiu do MDB para ser candidato a deputado federal pelo PSB, e montou uma chapinha com o PCdoB, e seus 339.158 votos ajudaram a levar consigo mais cinco deputados federais, dentre eles Sérgio Guerra, Luiz Piauhylino, Renildo Calheiros, Roberto França e Alvaro Ribeiro, estes três últimos com menos de cinco mil votos cada um. Esta eleição também marcou a derrota de Fernando Lyra, Cristina Tavares e Egídio Ferreira Lima, que não migraram para a chapinha de Arraes e acabaram sem mandato.

Foi a partir desta eleição que a relação entre Arraes e Jarbas não seria a mesma, e dois anos depois, em 1992, ao negar a vice a Eduardo Campos, neto de Arraes, Jarbas se afastaria de vez do seu mentor e somente 20 anos depois voltaria a ter relação com Eduardo Campos.

Jarbas Vasconcelos ladeado por Carlos Wilson, José Queiroz, Miguel Arraes e Fernando Lyra
Encontro entre os candidatos Joaquim Francisco e Jarbas Vasconcelos ladeados por Roldão Joaquim, Sérgio Guerra e Fernando Bezerra Coelho

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: Eleições 1990, Homero Lacerda, jarbas vasconcelos, joaquim francisco, josé queiroz, lula, Marco Maciel, miguel arraes, Osvaldo Coelho, Paulo Rubem Santiago, sérgio guerra

Postado por Edmar Lyra às 13:57 pm do dia 18 de agosto de 2017 Deixe um comentário

A falta que Sergio Guerra faz ao PSDB

O PSDB vive uma grave crise de identidade desde que Michel Temer assumiu a presidência da República em 2016, que se agravou com a saída de Aécio Neves da presidência após o seu envolvimento no caso Joesley Batista.

O partido ficou a cargo do senador Tasso Jereissati, que apesar de ser um homem íntegro e sério, não consegue unificar o partido, pois tem tomado decisões que afrontam todo o partido como o programa partidário veiculado recentemente reconhecendo os erros do partido e se posicionando contra Michel Temer.

Os tucanos seguem numa grave dificuldade porque Aécio perdeu as condições morais e políticas de presidir o partido, Tasso não agrega ninguém e não há nenhum nome consensual que demonstre capacidade de aglutinação.

No momento como o atual, a falta do ex-senador Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB por um longo período, fica cada vez mais latente, pois ele conseguia agradar os gregos e troianos da tucanada.

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: aécio neves, psdb, sérgio guerra, Tasso Jereissati

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 24 de julho de 2015

Coluna do blog desta sexta-feira

Sileno deu a senha: PSB quer reciprocidade do PSDB 

Desde que se candidatou a governador de Pernambuco em 2006, Eduardo Campos sempre nutriu uma relação de cordialidade com o então senador Sérgio Guerra, que almejava ser candidato ao governo pelo PSDB e acabou sendo obrigado a desistir do projeto para a União por Pernambuco lançar Mendonça Filho, que foi derrotado por Eduardo Campos naquele pleito.

Ao longo dos governos de Eduardo Campos, integrantes da União por Pernambuco cobravam de Sergio Guerra e do seu PSDB uma oposição mais incisiva ao socialista, o que não aconteceu. E sempre ficou evidente que Eduardo Campos e Sergio Guerra tinham uma aliança branca, que não permitia agressões mútuas.

Para 2014, Eduardo e Sergio articularam a entrada do PSDB oficialmente no governo de Pernambuco e o consequente apoio do partido à candidatura de Paulo Câmara. Ainda no governo João Lyra Neto o PSDB foi contemplado com a secretaria das Cidades, ocupada por Evandro Avelar, que foi mantido no secretariado do governador Paulo Câmara.

Sergio Guerra e Eduardo Campos morreram em 2014, mas a aliança costurada por eles foi mantida e tucanos e socialistas estão juntos na maioria das cidades de Pernambuco, dentre elas Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca e Camaragibe, todas governadas pelo PSDB. No Recife o PSDB ocupa a secretaria de combate às drogas com Aline Mariano.

É no Recife onde está o xis da questão. Porque no pacote de Recife estará em jogo o futuro da aliança dos dois partidos em Jaboatão, Olinda, Camaragibe, Ipojuca, Cabo de Santo Agostinho e muitas outras cidades. O presidente do PSB de Pernambuco Sileno Guedes, que também é secretário de governo da prefeitura do Recife, afirmou ontem que não existem dois PSBs e que o apoio do PSDB ao governador Paulo Câmara será verticalizado para o prefeito do Recife Geraldo Julio.

É de interesse de Elias Gomes, prefeito de Jaboatão, que o PSB esteja na coligação do candidato ou candidata apoiado por ele. Também é do interesse dos prefeitos Jorge Alexandre (Camaragibe) e Carlos Santana (Ipojuca) ter o governador Paulo Câmara como seu cabo eleitoral. E por isso os tucanos de alta plumagem tentarão sacrificar a candidatura de Daniel Coelho no Recife, em prol dos seus projetos pessoais. 

A cobrança está feita por Sileno Guedes, resta saber o que vai prevalecer no PSDB: o projeto do partido de lançar candidatos competitivos em capitais e viabilizar a candidatura de Daniel Coelho no Recife ou alinhar com a reeleição do prefeito Geraldo Julio e garantir os cargos que o partido ocupa nas gestões do PSB, bem como o apoio dos socialistas aos projetos tucanos nos outros municípios. Uma coisa está clara depois da cobrança de Sileno: não dá pra conciliar as duas alternativas. 

São Bento do Una – O senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) esteve ontem acompanhado da prefeita de São Bento do Una Débora Almeida (PSB) para discutir obras e projetos para o município. O deputado estadual Miguel Coelho (PSB) também esteve no evento.

Fernando Monteiro – O deputado federal Fernando Monteiro (PP) acompanhou o governador Paulo Câmara na inauguração do ginásio poliesportivo governador Eduardo Campos no município de Amaraji, que fica na Mata Sul e comemorou ontem 147 anos de emancipação política. 

João Lyra Neto – O ex-governador João Lyra Neto, ao lado da sua filha, a deputada Raquel Lyra, recebeu a visita do senador Fernando Bezerra Coelho em Caruaru. Eles discutiram o Pacto Federativo, o futuro do PSB nas eleições do ano que vem e as crises que o Brasil vem enfrentando. 

Audiência – O deputado estadual Rodrigo Novaes (PSD) solicitou uma audiência pública para verificar as condições da faculdade Faexpe que estaria realizando aulas sem o credenciamento do MEC. A Instituição de Ensino Superior funciona em municípios como Petrolândia, Floresta, Tacaratu, Jatobá, Itacuruba, Serra Talhada, Belmonte e Triunfo.

RÁPIDAS 

Reuniões – O presidente estadual do PSD, deputado federal licenciado e secretário das Cidades André de Paula tem se reunido todas segundas-feiras com a executiva estadual do partido para traçar as estratégias visando as eleições de 2016. 

Defesa – O ministro do TCU Augusto Nardes, que é relator do processo contra a presidente Dilma Rousseff sobre as pedaladas fiscais, não gostou do calhamaço que recebeu da AGU com a defesa da presidente. O documento tem nada menos que 1.113 páginas. 

Inocente quer saber – O que fez Lula recorrer a FHC para tentar evitar o impeachment de Dilma?

Arquivado em: Coluna diária, destaque, Jaboatão, Outras Regiões, Pernambuco, Política, Recife Marcados com as tags: eduardo campos, eleições 2016, psb, psdb, sérgio guerra

Postado por Edmar Lyra às 0:24 am do dia 20 de maio de 2013 1 comentário

Sérgio Guerra e o futuro do PSDB em Pernambuco.

Sérgio Guerra tem o desafio de fortalecer o PSDB em Pernambuco.

O deputado federal Sérgio Guerra que já foi senador por Pernambuco e presidente nacional do PSDB, agora será presidente do Instituto Teotônio Vilela e do diretório estadual do partido. Desde que o PSDB saiu do governo federal em 2003 e do governo do estado em 2007, o partido conseguiu resultados significativos sob o comando de Guerra.

Eleito senador em 2002 na chapa de Jarbas Vasconcelos, o tucano só fez ampliar a sua liderança política. Hoje é considerado um dos mais articulados políticos do Brasil. Para o futuro do PSDB, Sérgio sabe das dificuldades para se consolidar a nível local.

Vistando 2014, o partido não tem um candidato natural ao governo de Pernambuco, o próprio Sérgio Guerra, Daniel Coelho e Bruno Araújo tentarão disputar um mandato em Brasília. Apesar disso, o partido não tem nomes para fomentar uma cauda para viabilizar a eleição dos três. O único atrativo do partido hoje é o tempo de televisão, porque nenhum dos seus três candidatos a deputado federal é puxador de votos. Qualquer aliança que eles fizerem garantem as suas respectivas eleições sem puxar outros nomes.

Na chapa de deputado estadual, também já analisada, a situação também é complexa. Diferentemente de 2010 quando tinha dez candidatos competitivos para a Assembleia Legislativa, para as próximas eleições possui apenas cinco. Qualquer outro nome que se aventurar a uma disputa estará de fora dos eleitos. Por isso o partido tendo cinco competitivos e uma cauda, briga pra eleger três deputados estaduais num cenário realista e num otimista quatro.

O grande problema do PSDB é que não há perspectiva de poder nem a nível municipal, nem estadual nem federal. Mesmo que Aécio Neves seja um candidato com uma boa partida, terá dificuldades de chegada. Para o Palácio das Princesas não há um nome que aceite tamanho desafio, pelo menos dentre os mais consolidados do partido.

Resta ao PSDB lançar um candidato olímpico que pode ser o vereador André Régis ou apoiar Armando Monteiro (PTB), que já disse que não apoia em Pernambuco o projeto de Aécio Neves. Numa alternativa possível mas igualmente olímpica, seria a ida de Julio Lóssio prefeito de Petrolina para o partido e disputar o governo. Ele tem um bom discurso, tem um certo preparo, mas não é nome atualmente para vencer uma eleição tão complexa. Sua influência se restringe ao Sertão do São Francisco.

O que move os partidos é a expectativa de poder, e isso o PSDB não tem, pelo menos atualmente.

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: aécio neves, eleições 2014, psdb, sérgio guerra

  • 1
  • 2
  • Próxima página »

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

 

Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

Saiba mais

Posts Populares

Mendonça Filho critica aumento do IOF: “mais uma vez, Governo do PT aumenta imposto e sacrifica ainda mais o brasileiro”
Defesa de Bolsonaro pede a Moraes suspensão de audiências no STF
Mariana Nunes fortalece o Democracia Cristã em Pernambuco e amplia bases do partido visando 2026
Prefeitura de Arcoverde demonstra Transparência Fiscal em Audiência Pública sobre 1º Quadrimestre de 2025
Vitória de Raul Henry no MDB reforça influência de João Campos e amplia articulação para 2026
Emoção e gratidão marcam o Festival de Prêmios das Mães em Tracunhaém
Câmara de Vereadores aprova criação do Fundo Municipal de Turismo de Serra Talhada
Prefeitura do Recife anuncia polos, atrações e datas do São João 2025
Em Brasília, Léo do Ar oficializa pré-candidatura a deputado estadual com apoio de lideranças nacionais
Ministro Silvio Costa Filho debate cenário econômico com empresários pernambucanos

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

Lista de Links

  • Celebridades
  • Minha Saúde
  • Nocaute
  • Radar dos Concursos
  • Torcida

Copyright © 2025 · Atlas Escolar On Genesis Framework · WordPress · Login