Blog Edmar Lyra

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Postado por Edmar Lyra às 9:00 am do dia 12 de maio de 2020 14 Comentários

O surfista esverdeado

A história política deste personagem começa na década de 80 com o seu pai, João Ramos Coelho. Eleito vereador em 1982, João Coelho foi candidato do PDT nas eleições de 1985, que foi polarizada entre Jarbas Vasconcelos e Sérgio Murilo. João não conseguiu quebrar a polarização mas tornou-se a grande sensação daquela eleição. No ano seguinte ele tentou o mandato de deputado estadual e foi o parlamentar mais votado das eleições daquele ano.

Investido na condição de deputado estadual, João Coelho tentou novamente a prefeitura do Recife em 1988, mas foi novamente derrotado, desta vez para Joaquim Francisco, o vitorioso, e Marcus Cunha, o segundo colocado. Nas eleições de 1994, já no PMDB, João Coelho tentou o Senado, sendo novamente derrotado. Até que em 1996 quando tentou, sem sucesso, o mandato de vereador do Recife, João Coelho decidiu abandonar a vida pública.

Passados oito anos, Daniel Coelho, que havia estudado na Inglaterra até a véspera do ano eleitoral, decidiu ser candidato pelo PV. Uma bela campanha fez com que o filho de João devolvesse a família a cadeira na Casa José Mariano, deixada com a ida do genitor para a Alepe. Investido no mandato de vereador, Daniel fez um mandato impecável, sendo um ferrenho opositor do então prefeito João Paulo.

Na reeleição, Daniel amplia sua votação e ganha ainda mais notoriedade. Tanto que sentiu que era chegada a hora de mudança de ares e foi para a disputa pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. Novamente uma grande votação e a chegada à Casa Joaquim Nabuco. Quis ser o líder da oposição ao governador Eduardo Campos, mas o seu partido, o PV, lhe negou o posto, e este foi o início da sua saída do partido para uma nova sigla, o PSDB.

Já ambientado no ninho tucano, Daniel Coelho foi oficializado como candidato do PSDB a prefeito do Recife sob as bençãos de Sergio Guerra. Na disputa, superando todas as expectativas, ficou em segundo lugar com 245.120 votos contra Geraldo Julio, eleito no primeiro turno. Daniel deixou uma sensação positiva ao eleitorado recifense, e ficou a expectativa de que em uma próxima ocasião ele pudesse ascender ao mandato. Nas eleições de 2014, mesmo sendo oposição a Eduardo Campos, Geraldo Julio e Paulo Câmara, Daniel Coelho não deu um pio sobre a aliança do seu partido com o PSB. Também pudera, sem uma coligação competitiva, talvez Daniel não conseguisse ascender à Câmara dos Deputados. Então Daniel elegeu-se pela Frente Popular como o sexto deputado federal mais votado daquele pleito. O seu silêncio sobre o PSB não se restringiu a 2014 quando lhe foi conveniente, na cidade de Paulista, por exemplo, Daniel mantém uma relação política com o prefeito Júnior Matuto em troca de cargos para aliados, na pura e simples velha política que ele tanto diz criticar. O PSB de Pernambuco e do Recife, na ótica do surfista esverdeado, são diferentes do PSB de Paulista. Claro, a diferença é que em Paulista ele participa do bolo do poder.

Mesmo abandonando o PV, e entrando no ninho tucano, Daniel não quis abdicar do verde. Todas as suas campanhas foram amparadas na cor verde, para dar um tom clean ao seu projeto de poder. Veio a eleição de 2016 e havia um sentimento de que o PSDB poderia tirá-lo do jogo para formalizar uma aliança com o PSB na reeleição de Geraldo Julio. Comandante do partido, Bruno Araújo investido na condição de ministro das Cidades, bancou sua candidatura a prefeito, perdendo espaços na gestão socialista em prol de uma unidade partidária. Foi um gesto e tanto de Bruno, que nunca seria reconhecido por Daniel.

Daniel foi para a eleição, não atraiu muitos partidos, mesmo tendo um resultado extraordinário quatro anos antes, por uma séria dificuldade de conquistar aliados. Durante o processo eleitoral perdeu a condição de antagonista de Geraldo Julio, dada a João Paulo, que ficou em segundo lugar. Sem a aura de novidade, o surfista esverdeado perdeu capital político e eleitoral e ficou em terceiro lugar, repetindo a história do seu genitor, que encantou o eleitorado recifense na primeira disputa, e perdeu fôlego na segunda.

Chega 2018 e mais uma mudança de partido de Daniel. Antes tentou encampar um projeto chamado Livres que mudaria o nome do PSL e ele apostava em ter o comando do partido em Pernambuco. A chegada de Jair Bolsonaro ao partido pelas mãos de Luciano Bivar inviabilizou o projeto de Daniel, que teve que procurar outro abrigo por não ter mais nenhum clima de continuar no PSDB depois de espinafrar Bruno Araújo em uma reunião porque queria a chave do cofre do PSDB de Pernambuco e teve seu desejo negado.

Nosso surfista acabou optando pelo nanico PPS e foi para a reeleição de deputado federal. Com a abertura das urnas, mais uma frustração. Caiu dos quase 140 mil votos em 2018 para menos de 100 mil. Sua votação no Recife teve uma queda abrupta que o deixou numa condição de fragilidade eleitoral. A sanha de Daniel de querer parecer diferente sem ser incentivou o PPS a trocar de nome, agora o nanico que era pós-comunista virou Cidadania.

É chegada a hora de uma nova eleição municipal, Daniel do nanico Cidadania quer o apoio de outros partidos para o seu projeto, porque sabe que com a sua legenda não vai a lugar nenhum. Mas a sua forma de criar arestas junto aos seus correligionários dificulta muito um entendimento da oposição em torno do seu nome. O surfista esverdeado chega em 2020 numa condição de vida ou morte. Sabe que se disputar e vencer a eleição dá uma guinada na sua vida pública, mas se for novamente derrotado, terá sérias dificuldades de reeleição em 2022, podendo ter que abandonar a sua precoce carreira política.

 

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: Bruno Araújo, cidadania, daniel coelho, Eleições 2020, jair Bolsonaro, João Coelho, junior matuto, política, pps, psdb, sérgio guerra

Postado por Edmar Lyra às 9:01 am do dia 12 de janeiro de 2020 2.823 Comentários

Blog na História: A sangrenta eleição de 1985

Acervo pessoal Jarbas Vasconcelos

O ano de 1985 foi marcado pela emenda constitucional que possibilitaria a volta das eleições diretas nas capitais, fato que não ocorria há duas décadas. Naquela ocasião, os prefeitos eram nomeados pela ditadura militar, no Recife o prefeito era Joaquim Francisco.

Com a volta do exílio, Miguel Arraes não considerou a hipótese de disputar o Recife porque desacreditava que houvesse chances de ser aprovada uma eleição direta, então Jarbas Vasconcelos, na época deputado federal e impulsionado pelos 93 mil votos recebidos na eleição de 1982 teve informações de que prosperaria a volta das eleições diretas e se colocou como opção para a disputa.

O então deputado federal Sérgio Murilo venceu as prévias contra Jarbas Vasconcelos no MDB, reeditando a aliança que levara Tancredo Neves e José Sarney à presidência da República através do colégio eleitoral numa disputa contra Paulo Maluf com o PFL.

Acervo JC Imagem

Sem o apoio do seu partido, Jarbas deixou a sigla juntamente com Miguel Arraes e Pelópidas da Silveira para ingressar no PSB e disputar a prefeitura. Também foram candidatos o então vereador João Coelho pelo PDT, Roberto Freire pelo PCB, Augusto Lucena pelo PDS e Bruno Maranhão pelo PT.

A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1985, mas até lá o Recife conheceu uma das disputas mais agressivas da história. A polarização entre Sergio Murilo e Jarbas Vasconcelos se manteve durante o processo eleitoral, até que o então deputado Carlos Lapa fez uma denúncia contra Sergio Murilo de que ele havia matado uma pessoa. Com o acontecido, apoiadores de Jarbas espalharam pela cidade panfletos apócrifos chamando o candidato emedebista de assassino. Este episódio permitiu que Jarbas crescesse na disputa e tivesse chances reais de vencer a eleição.

Acervo JC Imagem

A campanha de Sergio Murilo decidiu contra-atacar com uma suposta denúncia de que Jarbas Vasconcelos havia agredido seu pai em Vicência. Uma carta, supostamente assinada pelo pai de Jarbas, dirigida ao ex-governador Moura Cavalcanti, denunciando a suposta agressão, foi explorada na campanha, porém sem sucesso porque havia pouco tempo para a disputa.

Com a eleição radical entre Jarbas e Sergio Murilo, o vereador João Coelho cresceu significativamente durante a eleição e consolidou-se como terceira via, porém não conseguiu quebrar a polarização da disputa que viria a eleger Jarbas Vasconcelos prefeito do Recife.

Como a eleição não tinha segundo turno, Jarbas obteve 149.937 votos, ficando com 35,19% dos votos, contra 125.503 votos de Sergio Murilo, equivalente a 29,45% dos votos. João Coelho chegou a 99.635 dos votos e 23,39%. Os demais candidatos, Augusto Lucena, Roberto Freire e Bruno Maranhão, somados, atingiram 11,97%.

Arquivado em: Sem categoria Marcados com as tags: Eleições 1985, jarbas vasconcelos, João Coelho, miguel arraes, Recife, Sérgio Murilo

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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