Blog Edmar Lyra

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Postado por Edmar Lyra às 10:34 am do dia 12 de junho de 2020 1 comentário

O deputado Sérgio Murilo Santa Cruz

Nascido em Carpina em 1931, Sérgio Murilo Santa Cruz e Silva bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1956, e no ano seguinte cursou doutorado em Direito na Universidade de Madri.

Em 1958, Sérgio Murilo tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco pelo PRT, chegando a ser líder da oposição ao governo Cid Sampaio. Nas eleições seguintes, em 1962, Sérgio Murilo tentou a reeleição mas ficou apenas na quarta suplência. Neste pleito, Miguel Arraes foi eleito governador de Pernambuco.

Sem mandato, Sérgio Murilo assumiu a assessoria jurídica do governador Miguel Arraes, chegando a dirigir a Penitenciária de Itamaracá e foi convidado pelo então ministro da Agricultura, Osvaldo Lima Filho, para ser seu chefe de gabinete. Em 1964 com a intervenção militar que depôs o presidente João Goulart, deixou o cargo no governo federal.

Dez anos depois, já com o bipartidarismo instituído, Sérgio Murilo tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e é eleito pela primeira vez em 1974 já pelo MDB como deputado federal.

Em 1977 chegou a ser vice-líder do MDB na Câmara dos Deputados e no ano seguinte foi reeleito para o segundo mandato como deputado federal. Sérgio Murilo chegou a integrar a Comissão de Constituição e Justiça e teve importante papel no MDB, tanto na secção estadual quanto nacional.

Com a extinção do bipartidarismo, Sérgio Murilo ingressou no PDT, sendo o presidente estadual do partido. Em 1982 apoiou a candidatura de Osvaldo Lima Filho a vice-governador, mas o PMDB negou legenda ao então deputado, que era seu líder político na época, Sérgio deixou o PDT e acabou ingressando no Partido Popular. Com a incorporação do PP ao PMDB, Sérgio disputou seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados, logrando êxito em sua tentativa.

Durante o movimento de abertura democrática no país, Sérgio Murilo teve atuação destacada, apoiando a emenda Dante de Oliveira que instituía as eleições diretas para presidente em 1985, mas acabou que não avançou, tendo então eleições indiretas e ele apoiou a candidatura de Tancredo Neves através da Aliança Democrática.

Com o êxito da Aliança Democrática que levou Tancredo e Sarney ao Planalto, o PMDB e a Frente Liberal decidiram apresentar um projeto conjunto no Recife, que teria depois de muitos anos eleições diretas para prefeito em 1985. O escolhido foi Sérgio Murilo numa composição com o então deputado Moacir André Gomes como vice.

Jarbas Vasconcelos, insatisfeito com a escolha do seu partido por Sérgio Murilo, decide filiar-se ao PSB para disputar a prefeitura, contando com o apoio de Miguel Arraes que tinha voltado do exílio. A eleição de 1985 foi considerada uma das mais sangrentas da história de Pernambuco, pois o então deputado Carlos Lapa denunciou Sérgio Murilo dizendo que ele havia matado uma pessoa.

Panfletos apócrifos tomaram conta do Recife, a campanha de Sérgio Murilo decidiu contra-atacar denunciando que Jarbas Vasconcelos tinha batido no próprio pai, através de uma suposta carta endereçada ao ex-governador Moura Cavalcanti, assinada pelo pai de Jarbas. Apesar do contra-ataque, as urnas deram vitória a Jarbas Vasconcelos naquele pleito.

Derrotado em 1985, Sérgio Murilo tentou em 1986 seu quarto mandato na Câmara dos Deputados já filiado ao PSC, mas os 20.527 votos foram insuficientes para continuar com seu mandato em Brasília, e em janeiro de 1987 deixou a vida pública e passou a se dedicar exclusivamente ao exercício da advocacia.

Em 2010, aos 78 anos de idade, Sérgio Murilo veio a óbito, encerrando uma trajetória importante na política pernambucana.  Sérgio Murilo durante quase trinta anos de vida pública conseguiu se destacar em Pernambuco como um importante parlamentar, seja como deputado estadual ou como deputado federal, nos quatro mandatos conquistados, mas foi a eleição de 1985 que o marcou na história de Pernambuco, sendo o antagonista de Jarbas Vasconcelos, que após aquele pleito venceria seis eleições majoritárias no estado. 

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Postado por Edmar Lyra às 9:01 am do dia 12 de janeiro de 2020 1 comentário

Blog na História: A sangrenta eleição de 1985

Acervo pessoal Jarbas Vasconcelos

O ano de 1985 foi marcado pela emenda constitucional que possibilitaria a volta das eleições diretas nas capitais, fato que não ocorria há duas décadas. Naquela ocasião, os prefeitos eram nomeados pela ditadura militar, no Recife o prefeito era Joaquim Francisco.

Com a volta do exílio, Miguel Arraes não considerou a hipótese de disputar o Recife porque desacreditava que houvesse chances de ser aprovada uma eleição direta, então Jarbas Vasconcelos, na época deputado federal e impulsionado pelos 93 mil votos recebidos na eleição de 1982 teve informações de que prosperaria a volta das eleições diretas e se colocou como opção para a disputa.

O então deputado federal Sérgio Murilo venceu as prévias contra Jarbas Vasconcelos no MDB, reeditando a aliança que levara Tancredo Neves e José Sarney à presidência da República através do colégio eleitoral numa disputa contra Paulo Maluf com o PFL.

Acervo JC Imagem

Sem o apoio do seu partido, Jarbas deixou a sigla juntamente com Miguel Arraes e Pelópidas da Silveira para ingressar no PSB e disputar a prefeitura. Também foram candidatos o então vereador João Coelho pelo PDT, Roberto Freire pelo PCB, Augusto Lucena pelo PDS e Bruno Maranhão pelo PT.

A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1985, mas até lá o Recife conheceu uma das disputas mais agressivas da história. A polarização entre Sergio Murilo e Jarbas Vasconcelos se manteve durante o processo eleitoral, até que o então deputado Carlos Lapa fez uma denúncia contra Sergio Murilo de que ele havia matado uma pessoa. Com o acontecido, apoiadores de Jarbas espalharam pela cidade panfletos apócrifos chamando o candidato emedebista de assassino. Este episódio permitiu que Jarbas crescesse na disputa e tivesse chances reais de vencer a eleição.

Acervo JC Imagem

A campanha de Sergio Murilo decidiu contra-atacar com uma suposta denúncia de que Jarbas Vasconcelos havia agredido seu pai em Vicência. Uma carta, supostamente assinada pelo pai de Jarbas, dirigida ao ex-governador Moura Cavalcanti, denunciando a suposta agressão, foi explorada na campanha, porém sem sucesso porque havia pouco tempo para a disputa.

Com a eleição radical entre Jarbas e Sergio Murilo, o vereador João Coelho cresceu significativamente durante a eleição e consolidou-se como terceira via, porém não conseguiu quebrar a polarização da disputa que viria a eleger Jarbas Vasconcelos prefeito do Recife.

Como a eleição não tinha segundo turno, Jarbas obteve 149.937 votos, ficando com 35,19% dos votos, contra 125.503 votos de Sergio Murilo, equivalente a 29,45% dos votos. João Coelho chegou a 99.635 dos votos e 23,39%. Os demais candidatos, Augusto Lucena, Roberto Freire e Bruno Maranhão, somados, atingiram 11,97%.

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista da Rádio Folha e de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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