Blog Edmar Lyra

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Postado por Edmar Lyra às 12:50 pm do dia 31 de maio de 2020 Deixe um comentário

Marília fala sobre Eduardo Campos

A deputada federal e pré-candidata à Prefeitura do Recife, Marília Arraes, vem apresentando nas suas redes sociais o que pensa sobre diversos temas da cidade, inclusive temas políticos. Neste domingo, o “Conheça Marília”, título dado à série de vídeos, é sobre o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Marília fala de gestão e também da diferença entre ambos.

Confira o vídeo:

https://www.instagram.com/tv/CA2zoyag8Ea/?igshid=e3ulxojq7k2s

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 30 de maio de 2020 7 Comentários

Coluna da Folha deste sábado

Avaliação de Bolsonaro indica piso firme para uma recuperação 

Eleito em 2018 em uma eleição atípica, o presidente Jair Bolsonaro assumiu o governo sob o prisma de uma mudança no establishment político. Apesar de ser um político tradicional, tendo mandatos há mais de trinta anos, Bolsonaro conseguiu construir uma narrativa de que representava o novo. 

Por ser uma eleição bastante acirrada com os ânimos acalorados, os eleitores bolsonaristas se tornaram tão fiéis ao presidente quanto o eleitorado petista ao ex-presidente Lula. Prova disso é o elevado nível de problemas que Bolsonaro enfrenta como presidente com a crise da Covid-19 e o eleitorado mantém quase 35% de ótimo/bom em alguns levantamentos.

Com a provável reabertura do comércio por parte dos estados e municípios e o agravamento da crise econômica, é possível que o eleitorado culpe os governadores e prefeitos isentando o presidente por ter defendido a abertura desde o início. O que lhe dá perspectivas de recuperação, mas esta não é a única variável.

Na esquerda, o protagonismo segue sendo do Partido dos Trabalhadores, e dificilmente algum nome de fora do PT conseguirá quebrar a polarização estabelecida com Bolsonaro no país. E para o PT não é interessante perder essa condição para outro partido de esquerda porque a hegemonia no seu campo ideológico é fundamental para uma eventual volta à presidência da República.

No cenário em que o PT se mantém como antagonista de Bolsonaro, a mínima recuperação econômica dará ao presidente boas chances de, enfrentando o PT na eleição de 2022, se recuperar eleitoralmente. É importante lembrar que todos os presidentes eleitos conseguiram a reeleição, o que leva a crer que Bolsonaro não pode ser considerado carta fora do baralho.

General – O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou ao procurador-geral da República pedidos, de deputados da oposição, para o general Augusto Heleno, ministro do GSI, ser enquadrado na Lei de Segurança Nacional. Na semana passada, outro encaminhamento gerou uma crise institucional. Foi o pedido de deputados da oposição para apreender o celular de Jair Bolsonaro. O STF, em nota, se defendeu dizendo que sempre que a Corte recebe uma denúncia tem que fazer o encaminhamento, sem conteúdo decisório, para o procurador-geral da República. É o chefe do Ministério Público que decide se leva as denúncias à frente ou não.

Contestado – O procurador geral da República, Augusto Aras, está sendo contestado dentro da própria casa, por supostamente estar protegendo demais o presidente Jair Bolsonaro. 590 Procuradores da República, o que corresponde a 52% dos membros do MPF, assinaram até agora um manifesto em defesa da lista tríplice e da independência do Ministério Público. O recolhimento de assinaturas prossegue. Aras foi nomeado sem passar pela lista tríplice, após Bolsonaro ignorar a lista votada pela categoria.

Hediondo – O deputado estadual Romero Albuquerque (PP) deu entrada em uma indicação aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, pedindo que o desvio de recursos públicos repassados para o combate à epidemias e pandemias seja considerado crime hediondo.

Inocente quer saber – Abraham Weintraub será demitido do ministério da Educação?

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Postado por Edmar Lyra às 10:36 am do dia 27 de maio de 2020 2.166 Comentários

O Marco de Pernambuco

Nascido em 21 de julho de 1940, Marco Antônio de Oliveira Maciel herdou o gosto pela política do pai, José do Rego Maciel, que foi deputado federal por Pernambuco entre 1955 e 1959. Marco Maciel ingressou na Faculdade de Direito do Recife, concluindo seu curso em 1963, mas foi lá que iniciou sua trajetória política sendo presidente do DCE e posteriormente da União dos Estudantes de Pernambuco. A atuação de Maciel se notabilizou por contrapor a narrativa de esquerda da União Nacional dos Estudantes, chegando a desligar-se dela com um manifesto público.

Naquela mesma época se alinhou com as forças que faziam oposição a Miguel Arraes, que governou Pernambuco pela primeira vez entre 1962 e 1964. Com a instauração do regime militar de 1964, que depôs Miguel Arraes do cargo, Marco Maciel foi convidado para integrar o secretariado do governador Paulo Guerra, como era muito jovem terminou sendo assessor do então governador.

Nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato eletivo, logrando êxito como deputado estadual, e na condição de parlamentar, torna-se líder do governo Nilo Coelho na Assembleia Legislativa de Pernambuco. A boa atuação o credenciou para ser candidato a deputado federal nas eleições de 1970, e igualmente Maciel sai vitorioso das urnas, sendo reeleito em 1974.

Seu nome foi cogitado para o governo de Pernambuco pelo ex-governador Nilo Coelho, enquanto seu pai, José do Rego Maciel, foi indicado pelo ex-governador Paulo Guerra para suceder Eraldo Gueiros, porém o vitorioso acabou sendo Moura Cavalcanti, eleito de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em 1976, no segundo mandato como deputado federal, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 1977 e 1978, mas em abril de 77 foi surpreendido com a decisão do presidente Ernesto Geisel de fechar o Congresso Nacional com o objetivo de implementar a reforma do Poder Judiciário, e vinha enfrentando dificuldade por conta da obstrução da oposição. O fechamento do Congresso durou 14 dias e culminou na decretação do chamado pacote de abril, que consistia em ampliar a hegemonia da ARENA na política nacional, que se sentiu ameaçada pelos resultados das eleições de 1974 e 1976, com um claro crescimento do Movimento Democrático Brasileiro, o MDB.

Indicado pelo presidente Geisel e pelo futuro presidente João Figueiredo, Marco Maciel foi eleito de forma indireta, através de votação pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, para o cargo de governador, em setembro de 1978, vindo a assumir o cargo em março de 1979. Com a extinção do bipartidarismo, Marco Maciel foi um dos líderes da criação do Partido Democrático Social, o PDS, que substituiu a Aliança Renovadora Nacional na sustentação do regime militar.

Investido no cargo de governador de Pernambuco, Marco Maciel ficou notabilizado pelo projeto Asa Branca, que tinha como objetivo desenvolver a região semiárida de Pernambuco através da perenização de rios, abertura de estradas vicinais e ampliação da eletrificação rural. Maciel também executou o projeto Viver, que apoiava a zona canavieira, financiado pela Sudene e pelo BNH, no intuito de evitar as tensões sociais consequentes da construção de casas e estradas naquela região.

Em abril de 1982, Marco Maciel deixou o governo para disputar a única vaga em jogo para o Senado Federal, quem assumiu em seu lugar foi José Muniz Ramos, então presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Com a abertura das urnas, tivemos a vitória de Roberto Magalhães sobre Marcos Freire e a de Marco Maciel sobre Cid Sampaio. Aquele pleito foi apertadíssimo e bastante questionado por conta das regras que obrigavam o eleitor a escolher candidatos do mesmo partido na cédula de votação. Foram disputados os cargos de vereador, prefeito, deputado estadual, federal, governador e senador no mesmo pleito.

Já na condição de senador da República, Marco Maciel se preparou para substituir João Figueiredo na disputa pela presidência da República, eleição que seria indireta em janeiro de 1985, dentro do partido ele tinha como adversários o então vice-presidente Aureliano Chaves, o ministro Mário Andreazza e o deputado Paulo Maluf. Em 1984, Maciel comunicou sua intenção de disputar a presidência ao presidente nacional do PDS, o senador José Sarney.

Como o PDS tinha maioria absoluta no Congresso Nacional, aquele que viesse a ser escolhido pelo partido teria grandes chances de vencer o pleito. Porém, se iniciou em 1984 um movimento chamado Diretas Já, que ensejava no restabelecimento das eleições diretas para presidente da República através da emenda do deputado Dante de Oliveira. A proposta ganhou adesão até entre os parlamentares do PDS, e então Maciel começou uma articulação para chegar-se a um meio termo, nem as eleições diretas em 1985, nem a manutenção do sistema que estava vigente, mantendo o calendário de eleições indiretas em 1985 e uma eleição direta prevista para 1988. A votação na Câmara dos Deputados derrubou a tese das eleições diretas, e evitou que a emenda Dante de Oliveira avançasse para o Senado. Com o resultado, voltaram-se as articulações para as eleições indiretas.

A disputa interna do PDS para a sucessão de Figueiredo polarizou entre Paulo Maluf e Mário Andreazza, então Maciel se integrou ao grupo de José Sarney, o qual fazia parte também Aureliano Chaves, que articulava apoio a um nome do PMDB para a disputa de 1985. Em maio daquele ano, Maciel retirou sua candidatura à presidência em busca de uma unidade entre governo e oposição que não deixasse traumas para a redemocratização. Em julho daquele mesmo ano, ao lado de Sarney, Maciel rompeu com o PDS para criar a Frente Liberal, concomitantemente a uma articulação que visava a unidade em torno de um candidato de consenso junto com o PMDB para disputar a eleição.

Esse entendimento resultou na Aliança Democrática que lançaria o então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, ao cargo de presidente da República e o senador José Sarney ao posto de vice-presidente. A chapa da Aliança Democrática derrotou o candidato do PDS, Paulo Maluf na eleição indireta que ocorreu em 15 de janeiro de 1985.

Com a vitória do projeto liderado por Tancredo, a Frente Liberal passou a ser o Partido da Frente Liberal, PFL, que seria presidido pelo próprio Marco Maciel em sua comissão provisória. A importante atuação de Maciel fez com que o presidente Tancredo o convidasse para o cargo de ministro da Educação, mesmo com a morte do presidente eleito, Maciel foi mantido no posto pelo presidente José Sarney.

Como ministro da Educação, a plataforma de Marco Maciel tinha como objetivo melhorar o ensino básico no país, tirando o ensino profissionalizante da obrigatoriedade nas escolas de segundo grau e deixando a cargo das escolas técnicas. Maciel também legalizou a União Nacional dos Estudantes, entidade que tinha sido colocada na ilegalidade durante o regime militar. Durante sua gestão, Marco Maciel ampliou o diálogo com professores e estudantes de todo o país e extinguiu o Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral), que durou 15 anos. Em substituição ao Mobral, Maciel criou a Fundação Educar, que ofertava alfabetização a jovens e adultos excluídos do acesso a alfabetização.

Com a ampliação do PFL no governo Sarney, Marco Maciel deixou o ministério da Educação para ser substituído por Jorge Bornhausen e assumiu o Ministério da Casa Civil, responsável por toda articulação do governo em 1986. Em fevereiro, o governo lançou o Plano Cruzado, que visava conter o crescimento inflacionário por meio do congelamento de preços e salários. O resultado momentâneo do Plano Cruzado fez com que a popularidade do presidente Sarney crescesse de forma significativa, o que possibilitou ao PMDB, partido do presidente vitória em 26 estados da federação, exceto em Sergipe, cujo eleito foi João Alves Filho, do PFL. Em Pernambuco, Miguel Arraes derrotou José Múcio e ainda levou consigo seus dois senadores, Mansueto de Lavor e Antonio Farias, derrotando a chapa apoiada por Maciel que tinha Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli para o Senado.

Com a força obtida pelo PMDB nas urnas e posterior esgarçamento do Plano Cruzado, Maciel começou a perder força na condição de chefe da Casa Civil, e em 1987 já de volta ao Senado, participou ativamente da criação da constituinte e afastado de Sarney, se opôs à prorrogação do mandato do presidente.

Em abril de 1989 colocou novamente seu nome para disputar pelo PFL a presidência da República, porém no mês seguinte o partido escolheu o então ministro de Minas e Energia e ex-vice-presidente Aureliano Chaves para a disputa. Com o fraco desempenho de Aureliano, Maciel participou pouquíssimas vezes da campanha, e no segundo turno declarou apoio a Fernando Collor de Mello contra Luiz Inácio Lula da Silva, sendo o primeiro vitorioso.

Em 1990 numa dura disputa com José Queiroz para o Senado, sagrou-se vitorioso por uma diferença pequena de votos, e continuou em 1991 na Câmara Alta. E imediatamente assumiu a liderança do governo Collor no Senado, sendo responsável pelas articulações do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Diante das inúmeras denúncias de corrupção do governo Collor, em setembro de 1992, Marco Maciel entregou o posto de líder alegando não ter recebido do Planalto nenhuma prova que inocentasse o presidente na CPI que havia sido instaurada. Com a abertura do processo de impeachment, Collor seria afastado do cargo e assumiria o vice Itamar Franco, que recebeu o apoio de Marco Maciel para formar um governo de reestruturação do país.

Em fevereiro de 1994, Marco Maciel propôs que o PFL não tivesse candidato a presidente e estabeleceu diálogo com outros partidos, para lançar um nome apoiado por uma frente de vários segmentos políticos, porém seu partido chegou a um entendimento com o PSDB e o PTB, amparado pelo êxito do Plano Real liderado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso. O nome de Maciel foi apresentado pelo PFL para integrar a chapa, porém por conta de receio quanto a sua ligação com os governos anteriores, a escolha recaiu sobre Guilherme Palmeira, senador de Alagoas.

O senador alagoano acabou alvejado por denúncias de corrupção, e teria que ser substituído na chapa de Fernando Henrique, que impulsionado pelo Plano Real, já liderava as pesquisas. Em agosto, Palmeira foi substituído por Marco Maciel, que desta vez não recebeu nenhuma objeção da cúpula tucana, que temia os efeitos da crise envolvendo Guilherme Palmeira na campanha presidencial.

Apesar das críticas que os adversários de Fernando Henrique fizeram, em especial Lula, sobre a escolha de Maciel, que apareceu poucas vezes no guia, a chapa acabou vitoriosa ainda no primeiro turno de 1994. Eleito vice-presidente da República, Marco Maciel foi substituído por Joel de Holanda no Senado Federal.

Pelo seu excelente trânsito no Congresso Nacional, Maciel foi escolhido pelo presidente FHC como articulador político do governo. Inicialmente contrário à reeleição, Maciel acabou aderindo ao posicionamento do seu partido e com a aprovação da emenda da reeleição, foi para a disputa em 1998 novamente como candidato a vice-presidente, sendo reeleito com Fernando Henrique Cardoso.

Durante os oito anos no cargo, Maciel ganhou a marca de vice ideal, devido a sua lealdade ao presidente da República, atuando sempre como um conciliador. Nas eleições de 2002, apoiou José Serra, então ministro da Saúde do governo FHC, e candidatou-se pela terceira vez ao Senado por Pernambuco apoiando a candidatura de Jarbas Vasconcelos. Naquele pleito, a União por Pernambuco elegeu Jarbas para o governo e Marco Maciel e Sérgio Guerra para o Senado. Aquela seria a última de suas grandes vitórias políticas. Passados oito anos do seu mandato, em 2010 foi candidato novamente ao Senado, na chapa de Jarbas, que enfrentaria Eduardo Campos, candidato a reeleição, Armando Monteiro e Humberto Costa, na disputa pelo Senado.

Com a abertura das urnas, que deu a Eduardo Campos a maior votação de um governador da história de Pernambuco, Maciel acabou derrotado para o Senado, encerrando uma brilhante trajetória política em Pernambuco e no Brasil de mandatos eletivos. Ao concluir seu mandato em janeiro de 2011, Maciel deixou a vida pública sem nenhuma mácula de corrupção envolvendo seu nome. Acometido pelo Alzheimer, o ex-vice-presidente da República mostrou ser um artífice do entendimento, sempre buscando o diálogo acima das divergências.

Marco Maciel foi um grande homem público de Pernambuco e sua brilhante passagem pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal, pelos ministérios e pelo governo de Pernambuco, lhe possibilitaram ascender ao maior cargo obtido por um pernambucano com carreira política em nosso estado. Um verdadeiro marco em nossa história, portanto, nada mais justo do que ele ser considerado para sempre o Marco de Pernambuco.

Marco Maciel, Tancredo Neves e Roberto Magalhães
Marco Maciel, José Sarney, Tancredo Neves e Ulysses Guimarães
Antônio Carlos Magalhães, Fernando Henrique Cardoso, Marco Maciel e Michel Temer
Fernando Henrique Cardoso e Marco Maciel
Marco Maciel na tribuna do Senado Federal

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Postado por Edmar Lyra às 9:25 am do dia 25 de maio de 2020 206 Comentários

O jurista Fernando Lyra

Nascido no Recife em 1938, Fernando Soares Lyra formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Caruaru. Filho de João Lyra Filho, que foi deputado federal e prefeito de Caruaru, Fernando começou sua vida pública como deputado estadual em 1966, quando tentou pelo MDB seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco aos 28 anos de idade.

Quatro anos mais tarde saltaria para a Câmara dos Deputados em 1970 e em Brasília iniciaria uma trajetória de sucesso. No mandato de deputado federal, Fernando Lyra tornou-se vice-líder do MDB, ficando no posto até 1973, o que lhe deu a condição de integrante dos chamados autênticos do MDB. Reeleito em 1974, Fernando voltou ao posto de vice-líder do partido, e continuou em 1979 após conquistar mais um mandato na Câmara dos Deputados no ano anterior.

Já no quarto mandato como deputado federal, passou a ocupar a primeira-secretaria da Câmara dos Deputados e ampliou a sua relevância em Brasília. Defensor da emenda Dante de Oliveira, que possibilitaria as eleições diretas no Brasil, ao ver a PEC derrotada, passou a articular a candidatura do então governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, à presidência da República via colégio eleitoral.

Fernando Lyra costurou a Aliança Democrática que possibilitou a vitória de Tancredo Neves e seu vice José Sarney contra Paulo Maluf, candidato governista, no dia 15 de janeiro de 1985. Com a atuação durante a campanha de Tancredo, Fernando foi convidado pelo presidente eleito para assumir o ministério da Justiça, e apesar da morte do presidente em abril daquele ano, o presidente José Sarney manteve o convite e ele assumiu o cargo.

Em sua passagem pelo ministério, Fernando Lyra criou o Conselho Político do Governo, que ficaria responsável por promover mudanças na legislação política, como por exemplo a extinção da fidelidade partidária e da sublegenda e a permissão das coligações partidárias. Em abril daquele ano foi extinto o Conselho Nacional de Censura e ainda promoveu a reformulação na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, inicialmente responsável para investigar casos de tortura, para atuar contra todo tipo de violência.

Os atritos com o presidente Sarney começaram a aparecer por conta do controle da Comissão de Reforma Constitucional que ficaria responsável pela elaboração de um anteprojeto da Constituição do país. Lyra queria que ficasse subordinada ao ministério da Justiça, enquanto o presidente Sarney defendia, juntamente com o presidente da Comissão, Afonso Arinos, que ela ficasse subordinada à presidência da República.

O desgaste entre presidente e ministro culminou na saída de Fernando Lyra do ministério em fevereiro de 1986, mas apesar de ter ficado menos de um ano no cargo, foi suficiente para deixar importantes iniciativas, como a nova Lei de Segurança Nacional e a Lei de Acesso à Informação.

De volta à Câmara dos Deputados, Fernando Lyra seria novamente reeleito, desta vez na condição de deputado constituinte. Naquele pleito, Fernando foi um dos mais votados. Em 1º de fevereiro de 1987, ele enfrentou Ulysses Guimarães para ser presidente da Assembleia Nacional Constituinte, mas foi derrotado por 299 a 155 votos. Mesmo não sendo o presidente, teve importante papel como membro titular da Comissão de Sistematização. Ainda em 87 deixou o PMDB para filiar-se ao PDT, partido liderado pelo ex-governador fluminense Leonel Brizola.

Nas eleições de 1989, Fernando Lyra foi vice de Leonel Brizola, mas a chapa acabou ficando em terceiro lugar. No segundo turno, seguiu seu partido e apoiou Lula, que foi derrotado por Fernando Collor. Já em 1990, tentando seu sexto mandato como deputado federal, Fernando Lyra foi convidado por Miguel Arraes para entrar na chapinha que seria formada para deputado federal, mas preferiu continuar na coligação do PDT com o PMDB que apoiou Jarbas Vasconcelos.

Com a abertura das urnas, Fernando Lyra obteve apenas 17.234 votos e ficaria na primeira suplência da sua coligação. Deputado federal, seu xará Fernando Bezerra Coelho disputou a prefeitura de Petrolina em 1992, sagrando-se vitorioso, com isso Lyra voltaria à Câmara dos Deputados em 1993. Ao retornar a Brasília deixou o PDT para ingressar no PSB de Miguel Arraes, e em 1994 conquistaria seu sétimo mandato como deputado federal.

Defensor de uma candidatura própria do PSB à presidência da República, após ter apoiado a emenda de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, Fernando Lyra não concordou com a aliança do seu partido com o PT nas eleições de 1998 e decidiu então não disputar mais a reeleição naquele ano.

Fora da política, com a ascensão de Lula à presidência da República em 2002, Fernando Lyra assumiu em 2003 a presidência da Fundação Joaquim Nabuco, ficando no posto até 2011. Neste ínterim, exerceu papel fundamental na construção da candidatura de Eduardo Campos a governador em 2006, chegando a gravar um vídeo explicando a operação dos Precatórios e ajudando o então deputado federal a eleger-se governador, a chapa tinha o seu irmão João Lyra Neto como vice.

Em 14 de fevereiro de 2013, após ser internado em janeiro daquele ano, acometido por uma insuficiência cardíaca, viria a falecer em São Paulo. A morte, aos 74 anos, encerrou um ciclo de um brilhante homem público, responsável por momentos históricos da nossa democracia, que ficou marcado pelo seu elevado espírito público.

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Postado por Edmar Lyra às 11:48 am do dia 24 de maio de 2020 1.180 Comentários

O inesquecível Cali

Nascido em 11 de março de 1950, Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos iniciou sua vida pública em 1972 como assessor da presidência do INCRA, posteriormente seria nomeado, no biênio seguinte para a chefia de gabinete daquele órgão. Já em 1974 tentaria, com sucesso, seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados pela Aliança Renovadora Nacional, e assumiria em 1975, o mandato de deputado federal.

No ano de 1978 votou a favor da emenda que extinguia a figura do senador biônico, e atuou dentro do seu partido num grupo que tentava apressar a redemocratização no país. Reeleito naquele mesmo ano, no segundo mandato defendeu a legalização do Partido Comunista Brasileiro e o fim do bipartidarismo no Brasil.

Com a instauração do pluripartidarismo, Carlos Wilson filiou-se ao PP, na época era Partido Popular, para apoiar a candidatura de Tancredo Neves. Mais tarde o partido se fundiria ao MDB, e então Cali passou a integrar o círculo restrito de Ulysses Guimarães. No biênio 1981/1982 foi eleito segundo-secretário da Câmara dos Deputados e em novembro de 1982 seria reeleito para o terceiro mandato de deputado federal.

Apesar de votar a favor da emenda Dante de Oliveira, que estabelecia a volta das eleições diretas no Brasil, viu a tese não ser aprovada por 22 votos na Câmara dos Deputados e consequentemente não avançar para o Senado Federal, e no colégio eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Carlos Wilson votaria a favor de Tancredo Neves para a presidência da República, que viria a falecer em abril e antes o vice José Sarney assumiu interinamente o cargo, sendo efetivado com a morte de Tancredo.

Naquele mesmo ano seria eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados e apoiaria a candidatura de Jarbas Vasconcelos, juntamente com Fernando Lyra, a prefeito do Recife pelo PSB contra Sérgio Murilo, candidato do seu partido, afastando-se do senador Marcos Freire. Em 1986, Carlos Wilson foi convidado para ser candidato a vice-governador de Miguel Arraes e foi eleito junto com ele para o posto.

Em 1987, já no mandato de vice-governador foi cotado para o ministério do Interior, contudo o escolhido foi o então deputado federal Joaquim Francisco. Depois de ser sondado para vários ministérios, Cali foi convidado para assumir a superintendência da Sudene pelo presidente Sarney, mas acabou declinando do convite.

Em abril de 1990, com a renúncia de Miguel Arraes para disputar um mandato na Câmara dos Deputados, Carlos Wilson assumiu o governo de Pernambuco, ficando no cargo até a chegada do governador eleito daquele ano Joaquim Francisco, que assumiria em março de 1991.

Após deixar o Palácio do Campo das Princesas, Carlos Wilson assumiu a secretaria Nacional de Irrigação em 1992 no governo Itamar Franco, ficando no posto até 1993. Já no PSDB, Cali chegou à condição de tesoureiro nacional do partido e em 1994 seria candidato a senador. A chapa de Miguel Arraes era composta por Roberto Freire e Armando Monteiro Filho, mas a ligação na mente do eleitor da relação política de Cali com Arraes fez com que ele fosse um dos senadores eleitos daquele pleito como o mais votado, junto com Roberto Freire.

Já no Senado, cujo mandato foi de oito anos, Carlos Wilson disputou o governo de Pernambuco em 1998 pelo PSDB ficando em terceiro lugar, e em 2000 a prefeitura do Recife, já pelo PPS, numa aliança com o PSB. Na eleição de 2000, apesar de ter ficado novamente em terceiro lugar, a campanha de Cali foi fundamental para a derrota de Roberto Magalhães, foi no seu guia eleitoral que o ator Walmir Chagas protagonizou o Mané Chinês, que fazia duras críticas, mas bastante inteligentes, ao então prefeito. E na véspera do primeiro turno, o então prefeito, caindo na provocação de partidários de Carlos Wilson decidiu dar uma banana durante uma carreata na Avenida Boa Viagem.

Aquele episódio, associado ao crescimento de João Paulo, foi fundamental para que houvesse um segundo turno, e a oposição derrotasse, num pleito histórico, o então prefeito, considerado por muitos imbatível, Roberto Magalhães. Em 2002, já no PTB, Carlos Wilson tentou a reeleição para o Senado Federal, porém a força de Jarbas Vasconcelos e Marco Maciel puxou Sergio Guerra e com a abertura das urnas, Cali não conquistaria a reeleição para o Senado Federal.

Sem mandato, mas com uma relação muito próxima com Lula, Cali foi escolhido presidente da Infraero em 2003, sendo responsável pela modernização do aeroporto internacional do Recife, cujo legado persiste até hoje. O trabalho na Infraero o credenciou para ser, já pelo PT, candidato a deputado federal, e com a abertura das urnas foi o sexto mais votado com 141.203 votos.

Aquele seria o seu último mandato, pois em 11 de abril de 2009, vítima de complicações de câncer, viria a óbito com apenas 59 anos de idade, encerrando uma trajetória intensa de um importante homem público de Pernambuco, que foi deputado federal, vice-governador, senador e governador, cultivando muitos amigos e sendo respeitado  e admirado por quem lhe conheceu. Sua rápida partida não permitiu que ele realizasse um grande sonho, que era o de ser prefeito do Recife, porém esse detalhe não apaga a sua brilhante trajetória na política pernambucana e brasileira em pouco mais de 30 anos de vida pública.

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 21 de maio de 2020 6 Comentários

Coluna da Folha desta quinta-feira

Lula e Bolsonaro são faces de uma mesma moeda 

No momento em que o Brasil aproximou-se de 20 mil óbitos pela Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro fez uma declaração polêmica sobre o uso da hidroxicloroquina, dizendo que quem fosse de direita tomasse a medicação e quem fosse de esquerda tomasse tubaína, num claro desrespeito com os brasileiros que estão sofrendo com o impacto da doença.

O ex-presidente Lula não fez muito diferente, durante uma entrevista afirmou: “Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos comecem a enxergar que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises.”

Lula e Bolsonaro são duas lideranças políticas de essência popular que ascenderam à presidência da República amparados num forte clamor da sociedade por uma mudança estrutural na política brasileira, porém eles apenas se antagonizam no espectro ideológico, no mais, são iguais, duas faces de uma mesma moeda.

Enquanto o Brasil ficar neste Fla x Flu de Lula e Bolsonaro, ambos crescerão junto aos seus respectivos simpatizantes, mas nenhum dos dois apresentará as alternativas que o país precisa para vencer não só a Covid-19 como outros problemas estruturais que são consequências de uma política patrimonialista e que nunca mudou efetivamente a forma de funcionar o país.

Precisamos de mais do que isso, porém é pouco provável que no médio prazo tenhamos alternativas capazes de suplantar essa dicotomia que tanto mal faz ao Brasil. Lula e Bolsonaro se retroalimentam de tudo o que estamos enfrentando e seguirão dessa forma enquanto tiver quem empunhe suas bandeiras.

Reeleito – O defensor José Fabrício de Lima foi reeleito para um novo mandato de dois anos como chefe da Defensoria Pública do Estado, nesta terça (19). Ele teve 94% dos votos dos 284 defensores que votaram, um recorde de percentual. O nome do defensor foi encaminhado ao governador Paulo Câmara (PSB), a quem cabe a nomeação. A eleição foi feita de forma eletrônica para evitar aglomerações pela pandemia. Foi a primeira vez que a Defensoria fez uma eleição não presencial.

Verba – O Supremo Tribunal Federal homologou, nesta quarta (20), um acordo entre a União e Estados, sobre os repasses previstos na Lei Kandir para compensar os Estados pela perda de ICMS de produtos exportados. O acordo prevê o repasse de R$ 65,6 bilhões da União para os Estados. Pernambuco, pelo acordo, terá direito a 1,48% deste montante, que será pago de forma parcelada até 2037. O Governo Federal terá 60 dias para apresentar um projeto de lei complementar nos termos do acordo e encaminhar para o Congresso Nacional.

Presença – Apesar de estar acometido pela Covid-19, o governador Paulo Câmara confirmou presença na reunião por videoconferência dos governadores com o presidente Jair Bolsonaro. O encontro será a partir das 10 horas desta quinta-feira.

Live – O nosso convidado desta quinta-feira para a live no Instagram é o deputado federal Fernando Filho (DEM), ex-ministro de Minas e Energia do Brasil. O encontro irá ao ar às 19:30 horas no nosso perfil @edmarlyra.

Inocente quer saber – O que o presidente Jair Bolsonaro dirá aos governadores?

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Postado por Edmar Lyra às 10:14 am do dia 20 de maio de 2020 Deixe um comentário

Lula comemora existência do coronavírus

O ex-presidente Lula durante uma live afirmou que ainda bem que a natureza criou o coronavírus para que as pessoas possam enxergar as coisas.

Veja a declaração:

“Ainda bem”, Lula? “Ainda bem”? Sério que você acha isso. Mais um “e daí “ na cara da sociedade brasileira… triste.pic.twitter.com/ERqKpqZxfx

— Fernando Galvão (@fernandogalvaof) May 20, 2020

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Postado por Edmar Lyra às 9:32 am do dia 19 de maio de 2020 5 Comentários

A mente brilhante de Pernambuco

Nascido no Recife em 1947, Severino Sérgio Estelita Guerra veio de família tradicional de política, seu pai Pio Guerra e seu irmão José Carlos Guerra tinham sido deputados federais. Em 1981 filiou-se ao MDB e no ano seguinte tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo eleito naquele pleito, quatro anos mais tarde, já pelo PDT conseguiu seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 9.899 votos, sendo o penúltimo eleito daquele pleito.

Em 1989 ingressou no PSB e exerceu os cargos de secretário de Indústria, Comércio e Turismo e depois de Ciência e Tecnologia do governo Miguel Arraes. Em 1990 tentaria seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e numa chapinha montada com Arraes, foi eleito com 23.999 votos juntamente com Renildo Calheiros, Luiz Piauhylino, Alvaro Ribeiro e Roberto Franca, todos com baixíssima votação arrastados pela força eleitoral de Miguel Arraes, que foi o mais votado daquele pleito. Nas eleições seguintes, ele foi reeleito deputado federal em 1994 e 1998, ambas pelo PSB, e foi novamente secretário de Miguel Arraes.

Com a chegada de Jarbas Vasconcelos ao Palácio do Campo das Princesas, Sergio Guerra se aproximou do então governador, com quem nutria uma excelente relação pessoal e filiou-se ao PSDB. Chegou a ser secretário extraordinário de Jarbas e foi candidato a vice-prefeito de Roberto Magalhães, que tentando a reeleição, acabou derrotado.

Na eleição seguinte, contrariando todos os prognósticos, Jarbas colocou Sergio Guerra na sua chapa, juntamente com Marco Maciel. A escolha de Jarbas criou arestas na União por Pernambuco, que depois culminariam na saída de deputados federais da base de sustentação do então governador.

Durante o processo eleitoral, Jarbas confirmou seu favoritismo, assim como Marco Maciel. Já Sergio Guerra teve um osso duro de roer que foi Carlos Wilson, que tentava a reeleição e mostrava que tinha condições de garantir mais um mandato, porém na reta final, comprovando o histórico de eleições no estado onde o governador geralmente puxa os senadores, Sergio Guerra foi eleito com 1.675.779 votos.

Já no Senado Federal, Sergio Guerra atendeu prefeitos, como sempre fez quando era deputado, e destravou recursos e obras importantes para Pernambuco. Seus oito anos na Câmara Alta resultaram e muitos investimentos para o estado, e mesmo integrando um partido de oposição, o PSDB, Sergio Guerra nutria excelente relação com o então presidente Lula, e por diversas vezes foi procurado pelo presidente para desatar alguns nós de governabilidade.

Os primeiros quatro anos no Senado fizeram de Sergio Guerra um potencial candidato ao Palácio do Campo das Princesas na sucessão de Jarbas Vasconcelos. Diversos prefeitos desejavam que Jarbas o escolhesse para a sua sucessão, inclusive considerando a hipótese do lançamento de duas candidaturas, porém Jarbas cumpriu o acordo e optou por Mendonça Filho. Fora do páreo, Sergio liberou suas bases para Eduardo Campos, que só foi candidato competitivo graças a não candidatura de Guerra, com o sinal verde e o apoio de Inocêncio Oliveira, Eduardo fincou um projeto competitivo que viria a ser vitorioso em 2006.

Ainda no Senado, associado à condição de presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra tornou-se um dos políticos mais influentes do Brasil, integrando importantes comissões e ao mesmo tempo descascando os pepinos do mais importante partido de oposição ao PT. Sergio foi o mais longevo presidente nacional do PSDB, ficando no cargo até março de 2013, quando entregou a presidência ao então senador Aécio Neves.

Em 2010 voltou à Câmara dos Deputados como o sexto mais votado, seria o quarto e último mandato eletivo exercido por ele. Durante os oito anos do governo Eduardo Campos, Sergio Guerra manteve uma relação extremamente cordial e afável com o governador, de quem era muito próximo desde os tempos de Arraes, e acabou se afastando de Jarbas Vasconcelos, que ficou muito chateado com a relação próxima que Sergio e Eduardo tinham.

Em seus mais de trinta anos de mandatos eletivos, Sergio construiu uma trajetória de manter aliados importantes, como Duffles Pires, que foi vice-prefeito de Paulista, Ricardo Teobaldo, que chegaram a romper mas fizeram importantes dobradinhas, Joaquim Neto, prefeito de Gravatá, a ex-deputada Terezinha Nunes e tantos outros nomes que tinham em Sergio um importante líder.

Apesar de parecer carrancudo, Sergio Guerra era bom de conviver, aqueles que tiveram a oportunidade de uma mínima proximidade com ele puderam perceber não só a sua inteligência como a sua capacidade de pensar e executar política todos os dias. Ele sabia ser implacável com adversários, mas também sabia como poucos construir laços que suplantavam a política.

Pelas suas idas e vindas na política, a ex-deputada Cristina Tavares o classificou como uma inteligência à procura de um caráter, tamanha a sua capacidade de agir sem qualquer culpa quando fosse necessário. Também chamava a atenção o fato de Guerra ser afeito a coisas de grife, que a maioria da população jamais terá acesso, como por exemplo colecionar cavalos de raça, sapatos e roupas das mais caras, e um gosto excêntrico que eram as lutas de UFC que ele fazia questão de viajar para assisti-las. Quem era seu companheiro nessas empreitadas foi o jovem deputado Claudiano Filho, que até hoje relembra o seu líder político.

Em 2014, quando se preparava para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Sergio Guerra veio a óbito no dia 6 de março em decorrência de um câncer de pulmão, ele tinha 66 anos. Apesar de não ser conhecido do grande público, ele se mostrou uma figura ímpar nas articulações políticas de Pernambuco e de Brasília, fazendo muita falta a quem vive o dia a dia da política.

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:46 am do dia 15 de maio de 2020 1.181 Comentários

A metamorfose ambulante

O nosso personagem começou sua trajetória eleitoral em 2002, portanto há dezoito anos, quando tentou sem sucesso o mandato de deputado federal pelo então PL. Candidato pela Frente de Esquerda de Pernambuco, que deu sustentação a candidatura de Humberto Costa a governador pelo PT, Alberto Feitosa teve 49.320 votos e ficou na suplência da sua coligação.

Posteriormente, por indicação de Carlos Wilson que aproximara-se de Lula, Feitosa ficou responsável pela superintendência do Aeroporto Internacional do Recife, Cali era o presidente da Infraero à época, e coube a Feitosa a gestão da reforma que deu ao aeroporto recifense uma modernização e a sua colocação no rol dos melhores aeroportos do país.

Em 2006, Feitosa continuou no PL, que viraria Partido da República presidido em Pernambuco pelo lendário Inocêncio Oliveira, que teve papel fundamental na viabilização do projeto de Eduardo Campos. O PR foi um dos cinco partidos que sustentaram o projeto do PSB naquela ocasião. Feitosa foi candidato a deputado estadual pela Frente Popular e obteve 26.993 votos, ficando na segunda suplência da sua coligação.

Como apoiou o governador eleito, Feitosa ascendeu à Alepe, e viria a ser efetivado dois anos depois com a eleição de alguns prefeitos em 2008. E a relação com o PSB se tornou cada vez mais forte, tanto que em 2011 após ser reeleito para a Casa Joaquim Nabuco, foi convidado para assumir a secretaria de Turismo pelo então governador Eduardo Campos. A relação próxima com o PSB e sua competência, é preciso reconhecer, fez dele um dos deputados estaduais mais votados de 2014 após a exitosa passagem pela Setur.

Em 2015 foi convidado pelo prefeito Geraldo Julio para assumir a secretaria de Saneamento do Recife, ficando no posto até 2018 quando desincompatibilizou-se para disputar a reeleição para a Casa Joaquim Nabuco. As urnas apontaram uma queda significativa na votação de Feitosa, caindo de 62.332 votos para 42.303 votos, perdendo cerca de vinte mil de um pleito pelo outro. É importante frisar que neste ínterim, Feitosa trocou o PL pelo Solidariedade.

No processo eleitoral de 2018, Alberto Feitosa foi reeleito novamente pela Frente Popular e não se viu nenhuma crítica ao governador Paulo Câmara e ao prefeito Geraldo Julio. O silêncio se manteve até meados de 2019, quando decidiu adotar uma postura de maior independência em relação ao PSB, de aos poucos, Feitosa que era um expoente do socialismo em Pernambuco mesmo sem ser filiado ao PSB, foi se tornando o mais fervoroso bolsonarista do estado.

Esse ano trocou o Solidariedade pelo PSC na expectativa de ser ungido pelo partido de André Ferreira como nome para a prefeitura do Recife, mais do que isso, sonha em ser o nome apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro nas eleições deste ano. Em dezoito anos na política, Feitosa está no seu quarto partido, tendo servido a Lula, Eduardo Campos, Geraldo Julio e agora a Bolsonaro. O prefeiturável preferiu ser uma espécie de metamorfose ambulante do que ter a velha opinião formada sobre tudo!

 

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 7 de maio de 2020 Deixe um comentário

Coluna da Folha desta quinta-feira

Petrolina dá exemplo ao Brasil em tempos de Covid-19

Situada a 712 quilômetros da capital pernambucana, banhada pelas águas do São Francisco, e dialogando permanentemente com o estado da Bahia, com quem faz fronteira, a cidade de Petrolina vem se configurando ao longo dos últimos anos como um oásis de desenvolvimento no sertão do São Francisco, fazendo um contraponto surreal com a sua vizinha Juazeiro, na Bahia, separadas apenas por uma ponte e pelo Velho Chico.

Não bastasse o exemplo na fruticultura irrigada, que gera anualmente milhares de reais e de empregos na cidade, aproximando-se antes da Covid-19 do pleno emprego, Petrolina serviu de case para o Brasil, quando o jovem prefeito Miguel Coelho, de apenas 29 anos, fez o básico para um problema ocasionado pela liberação do auxílio emergencial, que foi a proliferação de filas ao redor das agências da Caixa Econômica Federal.

Bastou apenas enxergar o óbvio e imprimir ações efetivas de boa gestão, que as filas foram totalmente organizadas, evitando o contato físico entre os beneficiários do auxílio emergencial e consequentemente a proliferação da Covid-19 no país.

Com uma população de cerca de 350 mil habitantes, configurando-se no quinto município mais populoso do estado, Petrolina possui apenas 52 casos confirmados de Covid-19, estando bem abaixo dos municípios mais populosos do estado e atrás de outros que possuem menor população do que o município.  Além disso, o prefeito Miguel Coelho tem intensificado o número de testes rápidos, com medidas que contribuem para o diagnóstico e tratamento do problema que tem deixado outros gestores com as mãos na cabeça por não saberem como responder ao avanço da doença em seus estados e municípios.

Repúdio Supremo
– Na abertura da sessão plenária de quarta (6), o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, expressou o repúdio da Corte pelos ataques a profissionais de imprensa na manifestação realizada na Praça dos Três Poderes, no último domingo (3). “Sem imprensa livre, não há democracia”, afirmou Toffoli.

Sítio – O TRF4, em Porto Alegre, negou por unanimidade recurso apresentado pelo ex-presidente Lula e manteve condenação do petista a 17 anos de prisão, no caso do sítio de Atibaia. Lula segue livre, pois o STF só permite o cumprimento da pena após a confirmação da condenação em última instância, ou seja, no próprio STF. Lula tem outra condenação, no caso do triplex, que está sendo analisada pelo STJ, em Brasília.

Justa Causa – A deputada federal Lauriete Malta, do Espírito Santo, conseguiu que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconhecesse a “justa causa” para ela se desfiliar do PL, sem perder o mandato. A parlamentar acusou seu ex-marido, presidente regional do partido e ex-senador Magno Malta, de “gerar um clima de notória perseguição” contra ela.

Live – Nesta quinta-feira é a vez do presidente do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco, conselheiro Dirceu Rodolfo, participar de mais uma live que estamos realizando pelo Instagram. Será a partir das 19:30 no @edmarlyra. Conto com sua audiência!

Inocente quer saber – As eleições serão adiadas para os dias 15 e 29 de novembro deste ano?

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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