Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 11:48 am do dia 24 de maio de 2020 1.172 Comentários

O inesquecível Cali

Nascido em 11 de março de 1950, Carlos Wilson Rocha de Queiroz Campos iniciou sua vida pública em 1972 como assessor da presidência do INCRA, posteriormente seria nomeado, no biênio seguinte para a chefia de gabinete daquele órgão. Já em 1974 tentaria, com sucesso, seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados pela Aliança Renovadora Nacional, e assumiria em 1975, o mandato de deputado federal.

No ano de 1978 votou a favor da emenda que extinguia a figura do senador biônico, e atuou dentro do seu partido num grupo que tentava apressar a redemocratização no país. Reeleito naquele mesmo ano, no segundo mandato defendeu a legalização do Partido Comunista Brasileiro e o fim do bipartidarismo no Brasil.

Com a instauração do pluripartidarismo, Carlos Wilson filiou-se ao PP, na época era Partido Popular, para apoiar a candidatura de Tancredo Neves. Mais tarde o partido se fundiria ao MDB, e então Cali passou a integrar o círculo restrito de Ulysses Guimarães. No biênio 1981/1982 foi eleito segundo-secretário da Câmara dos Deputados e em novembro de 1982 seria reeleito para o terceiro mandato de deputado federal.

Apesar de votar a favor da emenda Dante de Oliveira, que estabelecia a volta das eleições diretas no Brasil, viu a tese não ser aprovada por 22 votos na Câmara dos Deputados e consequentemente não avançar para o Senado Federal, e no colégio eleitoral, reunido em 15 de janeiro de 1985, Carlos Wilson votaria a favor de Tancredo Neves para a presidência da República, que viria a falecer em abril e antes o vice José Sarney assumiu interinamente o cargo, sendo efetivado com a morte de Tancredo.

Naquele mesmo ano seria eleito vice-presidente da Câmara dos Deputados e apoiaria a candidatura de Jarbas Vasconcelos, juntamente com Fernando Lyra, a prefeito do Recife pelo PSB contra Sérgio Murilo, candidato do seu partido, afastando-se do senador Marcos Freire. Em 1986, Carlos Wilson foi convidado para ser candidato a vice-governador de Miguel Arraes e foi eleito junto com ele para o posto.

Em 1987, já no mandato de vice-governador foi cotado para o ministério do Interior, contudo o escolhido foi o então deputado federal Joaquim Francisco. Depois de ser sondado para vários ministérios, Cali foi convidado para assumir a superintendência da Sudene pelo presidente Sarney, mas acabou declinando do convite.

Em abril de 1990, com a renúncia de Miguel Arraes para disputar um mandato na Câmara dos Deputados, Carlos Wilson assumiu o governo de Pernambuco, ficando no cargo até a chegada do governador eleito daquele ano Joaquim Francisco, que assumiria em março de 1991.

Após deixar o Palácio do Campo das Princesas, Carlos Wilson assumiu a secretaria Nacional de Irrigação em 1992 no governo Itamar Franco, ficando no posto até 1993. Já no PSDB, Cali chegou à condição de tesoureiro nacional do partido e em 1994 seria candidato a senador. A chapa de Miguel Arraes era composta por Roberto Freire e Armando Monteiro Filho, mas a ligação na mente do eleitor da relação política de Cali com Arraes fez com que ele fosse um dos senadores eleitos daquele pleito como o mais votado, junto com Roberto Freire.

Já no Senado, cujo mandato foi de oito anos, Carlos Wilson disputou o governo de Pernambuco em 1998 pelo PSDB ficando em terceiro lugar, e em 2000 a prefeitura do Recife, já pelo PPS, numa aliança com o PSB. Na eleição de 2000, apesar de ter ficado novamente em terceiro lugar, a campanha de Cali foi fundamental para a derrota de Roberto Magalhães, foi no seu guia eleitoral que o ator Walmir Chagas protagonizou o Mané Chinês, que fazia duras críticas, mas bastante inteligentes, ao então prefeito. E na véspera do primeiro turno, o então prefeito, caindo na provocação de partidários de Carlos Wilson decidiu dar uma banana durante uma carreata na Avenida Boa Viagem.

Aquele episódio, associado ao crescimento de João Paulo, foi fundamental para que houvesse um segundo turno, e a oposição derrotasse, num pleito histórico, o então prefeito, considerado por muitos imbatível, Roberto Magalhães. Em 2002, já no PTB, Carlos Wilson tentou a reeleição para o Senado Federal, porém a força de Jarbas Vasconcelos e Marco Maciel puxou Sergio Guerra e com a abertura das urnas, Cali não conquistaria a reeleição para o Senado Federal.

Sem mandato, mas com uma relação muito próxima com Lula, Cali foi escolhido presidente da Infraero em 2003, sendo responsável pela modernização do aeroporto internacional do Recife, cujo legado persiste até hoje. O trabalho na Infraero o credenciou para ser, já pelo PT, candidato a deputado federal, e com a abertura das urnas foi o sexto mais votado com 141.203 votos.

Aquele seria o seu último mandato, pois em 11 de abril de 2009, vítima de complicações de câncer, viria a óbito com apenas 59 anos de idade, encerrando uma trajetória intensa de um importante homem público de Pernambuco, que foi deputado federal, vice-governador, senador e governador, cultivando muitos amigos e sendo respeitado  e admirado por quem lhe conheceu. Sua rápida partida não permitiu que ele realizasse um grande sonho, que era o de ser prefeito do Recife, porém esse detalhe não apaga a sua brilhante trajetória na política pernambucana e brasileira em pouco mais de 30 anos de vida pública.

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Postado por Edmar Lyra às 11:14 am do dia 23 de maio de 2020 Deixe um comentário

O amante do Recife

Nascido em 11 de abril de 1918, Liberato Costa Júnior estudou na Escola Normal do Recife, que depois, em 1962 tornaria-se a sede da Câmara Municipal, portanto sua história com a Casa José Mariano iniciou antes mesmo de ser vereador.

Seu primeiro mandato aconteceu em 1955, e de lá até 2008, ele exerceu dez mandatos como vereador do Recife, neste ínterim, na condição de presidente da Câmara, assumiu a prefeitura do Recife em 1963 quando Miguel Arraes elegeu-se governador de Pernambuco, e o vice, Arthur Lima, foi eleito deputado federal. Liba foi prefeito do Recife por pouco tempo, até ser sucedido por Pelópidas da Silveira, eleito em 1963.

Como prefeito do Recife, apesar do curto período, construiu a Ponte do Limoeiro, alargou a Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes na Imbiribeira e deu início a obras de revitalização na cidade. Liberato também foi eleito deputado estadual mas foi cassado e preso pelo regime militar em 1969.

Ele voltaria a ser vereador do Recife em 1982, ficando no cargo até 2008 quando não conquistou a reeleição. Apesar de ter sido prefeito e deputado estadual, foi no cargo de vereador que Liberato Costa Júnior ganhou notoriedade e entrou para a história como um dos principais políticos da cidade do Recife.

São de sua autoria o projeto que marca 12 de março como o aniversário da cidade do Recife, a criação da Rádio Frei Caneca e o projeto que cria o Diário Oficial do Recife. Além de ter sido um atuante vereador, Liberato Costa Júnior ficou marcado pela sua inteligência aguçada sobre política e eleição, a sua paixão pelo Recife e o seu posicionamento político de sempre estar do mesmo lado.

Uma de suas características foi a criação do DataLiba, um instituto extraoficial que levantava as chances de candidatos a vereador e deputado. Durante anos, Liba fazia as contas e apontava quem tinha melhores condições de ser eleito, o prognóstico era quase que uma revelação da abertura das urnas.

Com excelente relação com os pares e com os eleitores, Liberato ficou marcado por proferir diversas vezes a frase: “Gratidão é dívida que não prescreve”, também ficou marcado pela sua memória de elefante, pois era uma enciclopédia viva da política e do Recife. Sua partida, em 13 de janeiro de 2016, aos 98 anos, encerrou um caso de amor entre um homem e uma cidade. Mas sua existência será sempre lembrada por quem, assim como ele, gosta da política e da capital pernambucana.

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Postado por Edmar Lyra às 8:54 am do dia 21 de maio de 2020 804 Comentários

O cometa Antônio Farias

Nascido em 1932, na cidade de Surubim, Antônio Arruda de Farias começou sua trajetória na unidade de beneficiamento de algodão do seu pai, Severino Farias, um pecuarista que tinha muito prestígio na região. Ainda no ramo empresarial atuou no setor sucroalcooleiro, mais especificamente na Usina Pedroza, em Cortês, na Mata Sul. O grande destaque é que a sua esposa Geralda Farias sempre se fez presente nas empreitadas econômicas, mas nunca abandonou o lado social, fazendo do Grupo Farias um dos mais respeitados em Pernambuco e no Nordeste, haja vista seus empreendimentos suplantaram as fronteiras do nosso estado. No Rio Grande do Norte, o grupo criou a Destilaria Baía Formosa.

Apesar do tino empresarial e sua formação acadêmica em economia, foi na política que Antonio Farias se tornou conhecido e fez história em Pernambuco. Foi como vereador de Surubim que ele iniciou sua trajetória em 1955, sendo também deputado estadual, prefeito do Recife, deputado federal e senador da República.

Quando prefeito do Recife, entre 1975 e 1979, realizou uma gestão moderna e austera, ampliando a estrutura de arrecadação do município sem aumentar impostos, com isso o município melhorou seu fluxo de caixa, também foi responsável pela modernização do prédio da prefeitura, que leva seu nome, climatizou o Teatro Santa Isabel, construiu as Avenidas Recife e Mário Melo, fazendo também o elevado da Avenida Agamenon Magalhães, na Zona Sul urbanizou a praia do Pina e trocou a iluminação da Avenida Boa Viagem.

Durante sua gestão enfrentou a fatídica cheia de 1975, que obrigou a prefeitura a realizar investimentos em infraestrutura de alagados e morros e realizar ações sociais para minimizar o impacto dela na vida dos recifenses. Como gestor público ou privado, Antônio Farias se mostrou bastante arrojado e deixou importante legado para a cidade do Recife.

Com trajetória política na direita, tendo exercido seus cargos pela ARENA e PDS, Antônio Farias foi convidado por Miguel Arraes para, ao lado de Mansueto de Lavor, compor a chapa majoritária de 1986. Antonio Farias trocou o PDS pelo PMB para a disputa. Não era tarefa fácil, pois ele enfrentaria o então favorito Roberto Magalhães, porém com a abertura das urnas, Farias obteve 1.204.869 votos, suplantando Roberto Magalhães e sendo eleito juntamente com o mais votado Mansueto de Lavor.

Ao assumir o mandato de senador da República em 1987 aos 55 anos, esperava-se que Antônio Farias construísse uma bela trajetória que lhe levasse a cargos ainda maiores, como o de governador de Pernambuco, porém em 1988, mais precisamente em 13 de abril, ele sofreria um infarto e viria a óbito, encerrando uma carreira vitoriosa de trinta anos de vida pública, sendo não só um gestor renomado como um grande empresário.

Apesar da sua curta trajetória, Antônio Farias ficou na história de Pernambuco como um grande homem público, que nunca se envolveu em qualquer escândalo de corrupção e provou que é possível, quando se quer, fazer a coisa certa. Rápido como um cometa, Antônio Farias em sua breve existência entrou para o rol dos grandes políticos pernambucanos.

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:32 am do dia 19 de maio de 2020 5 Comentários

A mente brilhante de Pernambuco

Nascido no Recife em 1947, Severino Sérgio Estelita Guerra veio de família tradicional de política, seu pai Pio Guerra e seu irmão José Carlos Guerra tinham sido deputados federais. Em 1981 filiou-se ao MDB e no ano seguinte tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo eleito naquele pleito, quatro anos mais tarde, já pelo PDT conseguiu seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 9.899 votos, sendo o penúltimo eleito daquele pleito.

Em 1989 ingressou no PSB e exerceu os cargos de secretário de Indústria, Comércio e Turismo e depois de Ciência e Tecnologia do governo Miguel Arraes. Em 1990 tentaria seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e numa chapinha montada com Arraes, foi eleito com 23.999 votos juntamente com Renildo Calheiros, Luiz Piauhylino, Alvaro Ribeiro e Roberto Franca, todos com baixíssima votação arrastados pela força eleitoral de Miguel Arraes, que foi o mais votado daquele pleito. Nas eleições seguintes, ele foi reeleito deputado federal em 1994 e 1998, ambas pelo PSB, e foi novamente secretário de Miguel Arraes.

Com a chegada de Jarbas Vasconcelos ao Palácio do Campo das Princesas, Sergio Guerra se aproximou do então governador, com quem nutria uma excelente relação pessoal e filiou-se ao PSDB. Chegou a ser secretário extraordinário de Jarbas e foi candidato a vice-prefeito de Roberto Magalhães, que tentando a reeleição, acabou derrotado.

Na eleição seguinte, contrariando todos os prognósticos, Jarbas colocou Sergio Guerra na sua chapa, juntamente com Marco Maciel. A escolha de Jarbas criou arestas na União por Pernambuco, que depois culminariam na saída de deputados federais da base de sustentação do então governador.

Durante o processo eleitoral, Jarbas confirmou seu favoritismo, assim como Marco Maciel. Já Sergio Guerra teve um osso duro de roer que foi Carlos Wilson, que tentava a reeleição e mostrava que tinha condições de garantir mais um mandato, porém na reta final, comprovando o histórico de eleições no estado onde o governador geralmente puxa os senadores, Sergio Guerra foi eleito com 1.675.779 votos.

Já no Senado Federal, Sergio Guerra atendeu prefeitos, como sempre fez quando era deputado, e destravou recursos e obras importantes para Pernambuco. Seus oito anos na Câmara Alta resultaram e muitos investimentos para o estado, e mesmo integrando um partido de oposição, o PSDB, Sergio Guerra nutria excelente relação com o então presidente Lula, e por diversas vezes foi procurado pelo presidente para desatar alguns nós de governabilidade.

Os primeiros quatro anos no Senado fizeram de Sergio Guerra um potencial candidato ao Palácio do Campo das Princesas na sucessão de Jarbas Vasconcelos. Diversos prefeitos desejavam que Jarbas o escolhesse para a sua sucessão, inclusive considerando a hipótese do lançamento de duas candidaturas, porém Jarbas cumpriu o acordo e optou por Mendonça Filho. Fora do páreo, Sergio liberou suas bases para Eduardo Campos, que só foi candidato competitivo graças a não candidatura de Guerra, com o sinal verde e o apoio de Inocêncio Oliveira, Eduardo fincou um projeto competitivo que viria a ser vitorioso em 2006.

Ainda no Senado, associado à condição de presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra tornou-se um dos políticos mais influentes do Brasil, integrando importantes comissões e ao mesmo tempo descascando os pepinos do mais importante partido de oposição ao PT. Sergio foi o mais longevo presidente nacional do PSDB, ficando no cargo até março de 2013, quando entregou a presidência ao então senador Aécio Neves.

Em 2010 voltou à Câmara dos Deputados como o sexto mais votado, seria o quarto e último mandato eletivo exercido por ele. Durante os oito anos do governo Eduardo Campos, Sergio Guerra manteve uma relação extremamente cordial e afável com o governador, de quem era muito próximo desde os tempos de Arraes, e acabou se afastando de Jarbas Vasconcelos, que ficou muito chateado com a relação próxima que Sergio e Eduardo tinham.

Em seus mais de trinta anos de mandatos eletivos, Sergio construiu uma trajetória de manter aliados importantes, como Duffles Pires, que foi vice-prefeito de Paulista, Ricardo Teobaldo, que chegaram a romper mas fizeram importantes dobradinhas, Joaquim Neto, prefeito de Gravatá, a ex-deputada Terezinha Nunes e tantos outros nomes que tinham em Sergio um importante líder.

Apesar de parecer carrancudo, Sergio Guerra era bom de conviver, aqueles que tiveram a oportunidade de uma mínima proximidade com ele puderam perceber não só a sua inteligência como a sua capacidade de pensar e executar política todos os dias. Ele sabia ser implacável com adversários, mas também sabia como poucos construir laços que suplantavam a política.

Pelas suas idas e vindas na política, a ex-deputada Cristina Tavares o classificou como uma inteligência à procura de um caráter, tamanha a sua capacidade de agir sem qualquer culpa quando fosse necessário. Também chamava a atenção o fato de Guerra ser afeito a coisas de grife, que a maioria da população jamais terá acesso, como por exemplo colecionar cavalos de raça, sapatos e roupas das mais caras, e um gosto excêntrico que eram as lutas de UFC que ele fazia questão de viajar para assisti-las. Quem era seu companheiro nessas empreitadas foi o jovem deputado Claudiano Filho, que até hoje relembra o seu líder político.

Em 2014, quando se preparava para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Sergio Guerra veio a óbito no dia 6 de março em decorrência de um câncer de pulmão, ele tinha 66 anos. Apesar de não ser conhecido do grande público, ele se mostrou uma figura ímpar nas articulações políticas de Pernambuco e de Brasília, fazendo muita falta a quem vive o dia a dia da política.

 

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Postado por Edmar Lyra às 10:06 am do dia 16 de maio de 2020 1.695 Comentários

A baraúna do agreste

Nascido em 1936 na cidade de Belo Jardim, José Mendonça Bezerra formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife no ano de 1963, e após sua formação, decidiu ingressar na vida pública participando da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em 1966 quando decidiu disputar seu primeiro mandato eletivo, o de deputado estadual. Mendonção, como ficou conhecido, exerceu três mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco, até que em 1978 disputou seu primeiro mandato na Câmara Federal ficando até 2010, quando deixou Brasília pensando em ser prefeito de Belo Jardim, sua terra natal, na eleição seguinte.

Na bela trajetória de 44 anos de mandatos eletivos ininterruptos, Mendonção construiu uma imagem de brilhante articulador político, sua família conseguiu por duas vezes, sob sua liderança, a façanha de eleger dois deputados federais. Foi assim em 1994, quando ele e Mendonça Filho foram eleitos juntos para a Câmara Federal e em 2010, quando emplacou o próprio Mendonça Filho e o seu genro Augusto Coutinho para mandatos em Brasília.

Uma característica marcante de Mendonção foi o seu posicionamento político, nos mais de quarenta anos de vida pública nunca trocou de lado, ficando na ARENA, PDS, PFL e Democratas até seu falecimento. Foi dele a articulação que viabilizou a União por Pernambuco que em 1998 derrotaria Miguel Arraes sob a liderança de Jarbas Vasconcelos. As costuras do cacique pefelista possibilitaram que Mendonça Filho fosse vice-governador e José Jorge se elegesse senador naquele pleito.

Nunca afeito a holofotes, Mendonção sempre atuou em defesa dos interesses de Pernambuco, sua cidade Belo Jardim recebeu importantes empreendimentos que lhe diferenciaram dos demais municípios graças a sagacidade de Mendonção, que notabilizou-se como um grande construtor do futuro do agreste. Baraúna é uma árvore frondosa, que protege seu entorno, Mendonção agiu como uma árvore que trouxe muitos frutos para a política, para sua cidade e para Pernambuco.

Torcedor apaixonado do Santa Cruz, Mendonção aceitou ser presidente do seu clube do coração, e foi lá que ele teve uma dura experiência que costumava contar aos próximos. Acostumado com as demandas dos vereadores, mais duras em época de eleição, ele pôde diagnosticar que existia uma categoria mais complicada do que vereador, o tal do jogador de futebol. Durante sua passagem pela presidência do clube no biênio 2001/2002, Mendonção não conseguiu títulos, porém foi ele quem trouxe o desconhecido Grafite que depois tornara-se um dos maiores ídolos do clube tricolor.

Voltando para a política, na eleição de 2006, Mendonção fez de tudo para que Inocêncio Oliveira, que chegou a ser seu desafeto por um tempo, pudesse continuar na União por Pernambuco, chegando a conversar com o cacique de Serra Talhada e colega de bancada na Câmara Federal para continuar na coligação. O espaço que Inocêncio queria eram duas secretarias, que acabaram negadas pelos governistas, o que culminou na saída de Inocêncio da União por Pernambuco e no seu consequente apoio a Eduardo Campos, que viria a ser governador naquele pleito derrotando Mendonça Filho.

Noveleiro de mão cheia, sempre que podia, Mendonção gostava de acompanhar as novelas da Globo, e em 2006 durante a campanha eleitoral para o governo de Pernambuco, ele chamava Eduardo Campos de Renato Mendes, personagem vivido pelo ator Fábio Assunção na novela Celebridade, que era um vilão e que assim como Eduardo, tinha os olhos azuis. Isso mostra a faceta inteligente e perspicaz de Mendonção, capaz de unir a realidade com a ficção.

Durante seus oito mandatos em Brasília, o apartamento funcional de Mendonção virou ponto de encontro dos colegas não só da bancada pernambucana como de outros estados. Nas conversas de Brasília, Mendonção viabilizava não só projetos legislativos como também políticos, era um construtor de pontes e artífice do entendimento. Apesar dessa característica conciliatória, era implacável com adversários quando necessário, habilidade fundamental para quem precisa se manter na política.

Motorista de Mendonção em boa parte do período em que ele esteve em Brasília, Clóvis que era do Recife e até hoje mora na capital federal, relembra com saudade do período em que acompanhava Mendonção e Dona Fana, ficando com os olhos marejados ao lembrar da figura de Mendonção, que o levou para Brasília. Hoje Clóvis trabalha com o genro de Mendonção, Augusto Coutinho, um de seus herdeiros políticos.

Chefe de gabinete do senador Jarbas Vasconcelos, Aristeu Plácido também relembra com alegria a forma em que Mendonção tratava as pessoas, em especial as mais próximas, e sublinha a falta que a baraúna faz à política pernambucana.

Falecido em abril de 2011, Mendonção não conseguiu realizar seu sonho, que era ser prefeito de Belo Jardim em 2012, mas sua trajetória ficou marcada na política pernambucana como um dos grandes personagens da nossa história. A baraúna deixou frutos, o filho Mendonça Filho, que teve exitosa passagem pelo ministério da Educação, considerado por muitos um dos melhores que passaram pela pasta, o genro Augusto Coutinho, que virou seu sexto filho, e assim como o sogro, um grande construtor de pontes na política pernambucana e o seu neto Rodrigo Coutinho que está no seu primeiro mandato como vereador do Recife e assim como o avô e o pai, também é muito querido pelos seus pares.

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Postado por Edmar Lyra às 11:00 am do dia 11 de maio de 2020 1 comentário

A petista rejeitada

Neta de Miguel Arraes, Marília elegeu-se vereadora do Recife amparada no sobrenome e na força do primo Eduardo Campos, então governador, em 2008. Foi reeleita sob a mesma condição, chegando a ser secretária de Juventude da gestão de Geraldo Julio. Sua passagem pelo executivo foi bastante questionável, pois além de apagada, não trouxe nada efetivo para a população recifense. Essa experiência colocou em xeque o futuro político de Marília, que depois viria a romper com o primo por causa de uma candidatura a deputada federal negada pelo então governador.

Ao deixar o PSB em 2016 por divergências com o primo e seus sucessores, Marília buscou abrigo no PT, que na época era oposição aos socialistas e apresentou a candidatura de João Paulo a prefeito contra Geraldo Julio, que acabou reeleito. Na eleição teve uma expressiva votação, figurando entre os mais votados. O resultado provou que a prima de Eduardo poderia andar com as próprias pernas e a colocou na condição de pré-candidata a governadora pelo PT.

O projeto inicialmente foi gestado por Humberto Costa, cujo objetivo sempre foi reaproximar-se do PSB. Fato consumado em agosto de 2018 quando a pré-candidatura de Marília Arraes ao governo de Pernambuco foi efetivamente retirada. Marília teve que se contentar com o mandato de deputada federal, aquele que foi o motivo do seu rompimento com Eduardo Campos quatro anos antes. Há quem diga que se fosse lhe dada a oportunidade de disputa, ela não teria rompido com o primo. Humberto, por sua vez, mostrou quem manda no PT e comprovou que estava certo ao se aliar ao governador Paulo Câmara.

Em 2020, a história se repete. Marília, que não conseguiu ser governadora, terá que se contentar com uma pré-candidatura a prefeita do Recife, enfrentando o primo João Campos, sucessor de Eduardo, porém enfrentará uma série de obstáculos para construir um projeto competitivo, uma vez que sua postulação é rejeitadíssima pela cúpula petista no estado. Ainda que ela venha a se consolidar como nome do PT a prefeita do Recife, fato cada vez mais provável, terá que enfrentar o “fogo amigo” que arde e queima na fogueira de vaidades que é o PT de Pernambuco.

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Postado por Edmar Lyra às 9:00 am do dia 2 de fevereiro de 2020 Deixe um comentário

Blog na História: A eleição que iniciou o afastamento de Jarbas e Arraes em 1990

Posse de Joaquim Francisco como governador de Pernambuco

Nas eleições de 1986, Miguel Arraes venceu José Múcio Monteiro, levando consigo seus dois senadores Mansueto de Lavor e Antônio Farias. A vitória de Arraes foi importante depois de Jarbas Vasconcelos ter sido eleito prefeito do Recife em 1985.

Jarbas, que havia deixado a prefeitura em 1989, decidiu disputar o governo de Pernambuco em 1990 na sucessão de Arraes e acreditava que teria o irrestrito apoio do então governador. Arraes, por sua vez, deixou o governo e não quis disputar o Senado na chapa de Jarbas Vasconcelos, sendo candidato a deputado federal e sagrou-se o mais votado daquele pleito.

Joaquim Francisco, que havia sido eleito prefeito do Recife em 1988, decidiu renunciar ao cargo, entregando a prefeitura ao vice Gilberto Marques Paulo e foi para a disputa, mas antes de ser indicado pelo PFL, sofreu questionamentos internos por aliados que queriam lançar Osvaldo Coelho para o cargo de governador. Na sua chapa tinha Marco Maciel que tentava a reeleição para o Senado. Na chapa de Jarbas Vasconcelos, o candidato foi José Queiroz. O vice de Joaquim Francisco foi Roberto Fontes, enquanto o de Jarbas foi o empresário Paulo Coelho, pai do hoje senador Fernando Bezerra Coelho.

Jarbas Vasconcelos e Miguel Arraes durante caminhada

A relação de Jarbas e Arraes começou a se desmantelar nesta eleição, uma vez que Arraes na condição de favoritíssimo ao Senado preferiu disputar um mandato de federal, o que dificultou a vida de Jarbas, que sonhava com o Palácio do Campo das Princesas. No decorrer da eleição, Joaquim Francisco deixou a célebre frase: “Vou desmistificar você, Jarbas Vasconcelos”, mostrando o caráter bastante acirrado da disputa.

Debate entre os candidatos a governador

O resultado, favorável a Joaquim, foi bastante apertado, onde o governador eleito teve 1.288.326 votos contra 1.088.365 votos do seu principal adversário, equivalendo a 50,95% dos votos válidos. Já para o Senado, José Queiroz quase surpreendeu o favorito Marco Maciel, ficando com 840.866 votos contra 910.802 votos do vitorioso, uma diferença de menos de 70 mil votos.

Paulo Rubem Santiago e Lula em evento de campanha

Para o governo, também foram candidatos Paulo Rubem Santiago (PT), José Batista (PTB) e Alexandre Santos (PSL). Enquanto na disputa pelo Senado foram candidatos Homero Lacerda (PTB), Marcus Martinez (PSL) e José Ailton (PT).

Miguel Arraes saiu do MDB para ser candidato a deputado federal pelo PSB, e montou uma chapinha com o PCdoB, e seus 339.158 votos ajudaram a levar consigo mais cinco deputados federais, dentre eles Sérgio Guerra, Luiz Piauhylino, Renildo Calheiros, Roberto França e Alvaro Ribeiro, estes três últimos com menos de cinco mil votos cada um. Esta eleição também marcou a derrota de Fernando Lyra, Cristina Tavares e Egídio Ferreira Lima, que não migraram para a chapinha de Arraes e acabaram sem mandato.

Foi a partir desta eleição que a relação entre Arraes e Jarbas não seria a mesma, e dois anos depois, em 1992, ao negar a vice a Eduardo Campos, neto de Arraes, Jarbas se afastaria de vez do seu mentor e somente 20 anos depois voltaria a ter relação com Eduardo Campos.

Jarbas Vasconcelos ladeado por Carlos Wilson, José Queiroz, Miguel Arraes e Fernando Lyra
Encontro entre os candidatos Joaquim Francisco e Jarbas Vasconcelos ladeados por Roldão Joaquim, Sérgio Guerra e Fernando Bezerra Coelho

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Postado por Edmar Lyra às 9:00 am do dia 26 de janeiro de 2020 3.146 Comentários

Blog na História: A derrota que projetou José Múcio em 1986

José Múcio em caminhada no centro do Recife

A eleição de 1986 para o governo de Pernambuco foi marcada pela previsibilidade, com a vitória de Miguel Arraes sobre José Múcio Monteiro. O contexto daquela eleição remete ao ano anterior quando Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos conquistaram uma vitória representativa para a prefeitura do Recife derrotando uma aliança entre o PFL e o PMDB com Jarbas filiado ao PSB. A eleição de 1985 serviu para mostrar a força de Arraes, que abdicou de disputar o governo em 1982, pouco depois de voltar do exílio em 1979.

O PFL, sucedâneo da Arena e do PDS, tinha três nomes para a disputa, o primeiro era Gustavo Krause, que sabendo da dificuldade da eleição, não quis entrar na disputa. E avançou a possibilidade de ser Joaquim Francisco, que havia sido prefeito do Recife e voltaria a ser dois anos depois, em 1988. Porém, o partido preferiu lançar o jovem José Múcio Monteiro,  de apenas 38 anos, que tinha sido vice-prefeito de Rio Formoso e depois fora eleito prefeito da cidade, porém optou por presidir a Celpe. Múcio também tinha sido secretário de Transporte entre 1982 e 1985.

Então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães renunciou o mandato para disputar o Senado e tinha amplo favoritismo naquela disputa, pois deixava o governo bem-avaliado. Magalhães sonhava em ser senador constituinte, fato que não se confirmou com a abertura das urnas. Franco favorito, Arraes, então com 70 anos de idade, era tido como o novo, foi o candidato dos jovens e da esquerda na época, enquanto Múcio, de apenas 38 anos, era tido como o candidato dos velhos. Essa inversão de valores mostrava o quanto Miguel Arraes era uma figura icônica e por quê ele cravou seu nome na história de Pernambuco.

A campanha, de alto nível, vale salientar, não teve muitas surpresas para o governo, uma vez que Arraes confirmou seu favoritismo, enquanto Múcio entrou para a história como o derrotado mais vitorioso da história de Pernambuco, pois foi a partir dali que ele viria a ser cinco vezes deputado federal, ministro das Relações Institucionais de Lula e presidente do Tribunal de Contas da União. A bela campanha de Múcio deixou muitos saudosos acreditando que ele poderia em algum momento ser governador de Pernambuco. O próprio Eduardo Campos, neto de Arraes, sondou Múcio para disputar a sua sucessão em 2014, e quatro anos antes quis tê-lo em sua chapa para o Senado na vaga que posteriormente foi destinada a Armando Monteiro, primo de Múcio.

Miguel Arraes e Carlos Wilson em evento de campanha com a presença de Ulysses Guimarães

O resultado final daquela disputa de 1986 deu a Miguel Arraes 1.587.726 votos, o equivalente a 60,91%, que teve como vice Carlos Wilson, contra 1.018.800 votos (39,09%) de José Múcio Monteiro, que teve como vice José Ramos. Já para o Senado, como falamos anteriormente, o favoritismo de Roberto Magalhães não se confirmou com a abertura das urnas, pois Miguel Arraes lançou na sua chapa o então deputado federal Mansueto de Lavor, pelo PMDB e trouxe o deputado federal Antônio Farias, que era do PDS mas trocou pelo PMB para poder aliar-se a Arraes e ser candidato em sua chapa.

José Ramos, Roberto Magalhães, Margarida Cantarelli, Gustavo Krause e José Múcio Monteiro

A chapa do PFL teve, além de José Múcio, que disputou o governo, Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli que tentaram o Senado. Roberto Magalhães dormiu senador e acordou sem mandato, pois Arraes deu a Mansueto de Lavor 1.280.388 votos, enquanto Antônio Farias alcançou 1.204.869. Magalhães por sua vez amargou o terceiro lugar com 1.015.328 votos. Ainda foram candidatos ao Senado, Cid Sampaio (PL), Ivan Maurício (PSB) e Jacob Nouri (PDT).

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Postado por Edmar Lyra às 9:01 am do dia 12 de janeiro de 2020 2.338 Comentários

Blog na História: A sangrenta eleição de 1985

Acervo pessoal Jarbas Vasconcelos

O ano de 1985 foi marcado pela emenda constitucional que possibilitaria a volta das eleições diretas nas capitais, fato que não ocorria há duas décadas. Naquela ocasião, os prefeitos eram nomeados pela ditadura militar, no Recife o prefeito era Joaquim Francisco.

Com a volta do exílio, Miguel Arraes não considerou a hipótese de disputar o Recife porque desacreditava que houvesse chances de ser aprovada uma eleição direta, então Jarbas Vasconcelos, na época deputado federal e impulsionado pelos 93 mil votos recebidos na eleição de 1982 teve informações de que prosperaria a volta das eleições diretas e se colocou como opção para a disputa.

O então deputado federal Sérgio Murilo venceu as prévias contra Jarbas Vasconcelos no MDB, reeditando a aliança que levara Tancredo Neves e José Sarney à presidência da República através do colégio eleitoral numa disputa contra Paulo Maluf com o PFL.

Acervo JC Imagem

Sem o apoio do seu partido, Jarbas deixou a sigla juntamente com Miguel Arraes e Pelópidas da Silveira para ingressar no PSB e disputar a prefeitura. Também foram candidatos o então vereador João Coelho pelo PDT, Roberto Freire pelo PCB, Augusto Lucena pelo PDS e Bruno Maranhão pelo PT.

A eleição ocorreu em 15 de novembro de 1985, mas até lá o Recife conheceu uma das disputas mais agressivas da história. A polarização entre Sergio Murilo e Jarbas Vasconcelos se manteve durante o processo eleitoral, até que o então deputado Carlos Lapa fez uma denúncia contra Sergio Murilo de que ele havia matado uma pessoa. Com o acontecido, apoiadores de Jarbas espalharam pela cidade panfletos apócrifos chamando o candidato emedebista de assassino. Este episódio permitiu que Jarbas crescesse na disputa e tivesse chances reais de vencer a eleição.

Acervo JC Imagem

A campanha de Sergio Murilo decidiu contra-atacar com uma suposta denúncia de que Jarbas Vasconcelos havia agredido seu pai em Vicência. Uma carta, supostamente assinada pelo pai de Jarbas, dirigida ao ex-governador Moura Cavalcanti, denunciando a suposta agressão, foi explorada na campanha, porém sem sucesso porque havia pouco tempo para a disputa.

Com a eleição radical entre Jarbas e Sergio Murilo, o vereador João Coelho cresceu significativamente durante a eleição e consolidou-se como terceira via, porém não conseguiu quebrar a polarização da disputa que viria a eleger Jarbas Vasconcelos prefeito do Recife.

Como a eleição não tinha segundo turno, Jarbas obteve 149.937 votos, ficando com 35,19% dos votos, contra 125.503 votos de Sergio Murilo, equivalente a 29,45% dos votos. João Coelho chegou a 99.635 dos votos e 23,39%. Os demais candidatos, Augusto Lucena, Roberto Freire e Bruno Maranhão, somados, atingiram 11,97%.

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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 8 de janeiro de 2020 Deixe um comentário

Coluna do blog desta quarta-feira

Ana Arraes expõe fratura entre herdeiros de Eduardo e Miguel Arraes 

A ministra do Tribunal de Contas da União, Ana Arraes, fez declarações bastante contundentes que trouxeram muita confusão na política estadual e nacional. A declaração com efeito bombástico foi admitir a hipótese de seu filho Eduardo Campos ter sido sabotado naquele fatídico 13 de agosto de 2014 que culminou na morte de seis pessoas que estavam no voo do Rio de Janeiro a Santos.

Até agora, apesar de muita gente reconhecer a possibilidade de sabotagem, somente Ana Arraes e Antônio Campos admitiram falar publicamente sobre esta hipótese. O fato é que as conclusões dadas pelo Cenipa, órgão que investiga as causas de acidentes aéreos, sinalizando falha humana não possuem muita fundamentação técnica. Porém, se Antônio Campos e Ana Arraes consideram a hipótese, seria importante eles declararem de quem suspeitam a origem do atentado contra o ex-governador Eduardo Campos.

Além da declaração sobre a morte de Eduardo, pelo menos dois pontos foram polêmicos durante as falas de Ana Arraes. O primeiro em relação a possibilidade de voltar a disputar mandato eletivo, no caso o governo de Pernambuco. É importante salientar que Ana Arraes teve seu nome ventilado para disputar o Senado na chapa da oposição ao PSB em 2018, fato que não se concretizou. Mas a declaração da ministra de que pode voltar a disputar mandatos eletivos para continuar o que seu pai e seu filho fizeram é sem sombra de dúvidas um grande fato político que pode embolar o quadro da sucessão do governador Paulo Câmara em 2022.

Por fim, as duras críticas direcionadas ao neto João Campos foram igualmente explosivas. Enquanto as palavras contra João vinham de Antônio a relevância era menor, mas o efeito de uma avó atacando o neto é devastador e expõe uma situação familiar que pode comprometer a competitividade de João na disputa pela prefeitura do Recife em outubro. A fratura exposta por Ana Arraes não é interessante para o PSB, que precisará mais do que nunca recorrer aos bombeiros para que o projeto de poder do partido em Pernambuco não seja ameaçado por querelas familiares.

Geraldo Julio – Nesta quarta-feira, o prefeito Geraldo Julio entrega mais uma obra concluída do Programa Parceria, no Alto das Pedrinhas, em Nova Descoberta. Realizada pela Secretaria executiva de Defesa Civil, em conjunto com os próprios moradores, foi construído um muro de contenção em alvenaria armada protegendo as famílias que moram no local para o período de chuvas.

Copergás – A Companhia Pernambucana de Gás – Copergás definiu o seu plano de investimentos para o período 2020-2024, quando serão destinados R$ 323 milhões na expansão e interligação da rede de distribuição. Entre os municípios a serem beneficiados estão: Caruaru, Camaragibe, Carpina, Igarassu, Moreno, Ipojuca, Carpina, São Lourenço da Mata, Paudalho e Petrolina. A Copergás sairá de cerca de 800 quilômetros de dutos em 2019 para 1.200 quilômetros em 2024.

Sem descanso – O deputado estadual Aglailson Victor (PSB) mantém o ritmo acelerado de visita às suas bases. Em plena segunda-feira esteve nas cidades de Brejão, São Bento do Una e Sanharó, onde conta com o apoio das prefeitas Beta Cadengue, Débora Almeida e do prefeito Heraldo Oliveira, respectivamente.

Conquista – O deputado estadual Sivaldo Albino, pré-candidato do PSB à prefeitura de Garanhuns, conquistou o apoio da vereadora Betânia da Ação Social, que era aliada do atual prefeito Izaías Régis. Sivaldo é um dos nomes mais fortes na disputa pela prefeitura em outubro.

RÁPIDAS

Prefeito – Após viagem da prefeita Raquel Lyra (PSDB) durante suas férias o vice-prefeito Rodrigo Pinheiro (PSDB) assumiu o cargo de prefeito de Caruaru. Ele fica no cargo até o próximo dia 14, quando Raquel estará de volta.

Volta – Depois de uma longa disputa na justiça, o vereador Belarmino Sousa (Podemos) retomou seu mandato na Câmara Municipal de Jaboatão dos Guararapes. Ele foi empossado ontem no cargo.

Inocente quer saber – Renata Campos irá se pronunciar sobre as declarações da sogra sobre seu filho?

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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