Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

  • Início
  • Sobre
  • Pernambuco
  • Brasil
  • Contato

Postado por Edmar Lyra às 9:23 am do dia 11 de junho de 2020 258 Comentários

O Barão de Lucena

Nascido em Limoeiro em 1835, Henrique Pereira de Lucena concluiu seus estudos no Imperial Colégio de Pedro II, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. De volta a Pernambuco em 1853 ingressa na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1858.

Henrique Lucena iniciou sua vida profissional como delegado de polícia na capital pernambucana e se notabilizou após participar de movimentos que pacificaram Ouricuri, onde facções lutavam pelo poder local, então tornou-se juiz municipal de Goiana, na região da Mata Norte ficando no posto até 1869.

Lucena ainda foi nomeado para as comarcas de Teixeira (PB), Palmares e Jaboatão dos Guararapes até 1872, quando foi nomeado presidente da província do Rio Grande do Norte, e em 5 de novembro do mesmo ano foi nomeado presidente da província de Pernambuco, ficando no posto até 1875.

Algumas de suas realizações no comando de Pernambuco foram a construção do Campo das Princesas, atual Praça da República, o Mercado São José, a conclusão das obras do Teatro Santa Isabel, atingido por um incêndio, diversas estradas foram melhoradas ou construídas durante seu governo, e ainda lançou a pedra fundamental para o Hospital da Tamarineira. Ele ainda criou a Escola Normal, no sentido de expandir o ensino para mulheres no estado, e  elaborou uma política de expansão e modernização do parque açucareiro de Pernambuco.

Após deixar o cargo, Lucena ainda foi presidente das províncias da Bahia e do Rio Grande do Sul, até 1878, quando elegeu-se deputado geral em 1886. Já no posto foi eleito presidente da Câmara dos Deputados e comandou a discussão e votação da Lei Áurea, assinada pela regente Princesa Isabel em 13 de maio de 1888. No mesmo ano, Henrique ganhou da princesa o título de Barão de Lucena.

Já no posto de Barão de Lucena, ele seguiu como deputado geral até 1889, quando o Marechal Deodoro da Fonseca proclamou a república. Ele retornou à magistratura no Rio de Janeiro como juiz da vara dos Feitos da Fazenda Nacional, mas ficou por pouco tempo, quando o Marechal Deodoro o nomeou para o governo de Pernambuco, ficando no posto entre agosto e outubro de 1890.

Em dezembro do mesmo ano é nomeado para o cargo de ministro do Supremo Tribunal Federal, órgão criado nos moldes da Suprema Corte Americana. Ele ainda assumiu os ministérios da Justiça e da Agricultura, Comércio, Obras e Públicas. Em 28 de fevereiro de 1891, com a instalação do STF assumiu o posto de ministro daquela Corte.

O Barão de Lucena chegou a assumir também o ministério da Fazenda até a renúncia de Deodoro da Fonseca. Com a chegada de Floriano Peixoto à presidência da República, Henrique deixou o ministério da Fazenda e acabou aposentado em 1892 do Supremo Tribunal Federal.

Com sua aposentadoria do STF, recolheu-se à vida privada, mas ainda participou, já idoso, das eleições de 1910 apoiando Dantas Barreto contra Rosa e Silva no pleito que elegeu o primeiro para a presidência de Pernambuco. Em 10 de dezembro de 1913, aos 78 anos, veio a óbito no Rio de Janeiro.

O Barão de Lucena era tio de Epitácio Pessoa, que chegou a ser presidente da República entre 1919 e 1922, e parente de João Pessoa, que foi candidato a vice-presidente em 1929 e sua morte foi o estopim da revolução de 1930.

A vida do Barão de Lucena, que passou pelos três poderes, judiciário, executivo e legislativo, além de altos cargos no nosso país como presidente da Câmara dos Deputados e ministro do Supremo Tribunal Federal, teve grande contribuição para Pernambuco, seu estado natal, e outros estados onde teve a oportunidade de governar, sua existência foi intensa e contribuiu diretamente para os dias que vivemos hoje.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Barão de Lucena, Epitácio Pessoa, Floriano Peixoto, Henrique Pereira de Lucena, João Pessoa, Marechal Deodoro da Fonseca, Praça da República, stf

Postado por Edmar Lyra às 9:19 am do dia 10 de junho de 2020 1.215 Comentários

O juiz Herculano Bandeira de Melo

Nascido na cidade de Nazaré da Mata, mais precisamente no Engenho Tamataupe, em 1850, Herculano Bandeira de Melo ficou órfão de pai ainda na infância, quando foi educado pela sua mãe que o direcionou para um curso preparatório no Colégio do Recife. Em 1866 ingressou na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1870.

Em 1872 iniciou sua vida pública como vereador de Nazaré da Mata, depois deputado provincial em 1876 e em 1888 tornou-se juiz substituto da comarca de sua cidade. Com a proclamação da república em 15 de novembro de 1889, participou da Assembleia Constituinte de Pernambuco em 1891. Herculano também chegou a ser senador estadual. Na proclamação da República alguns estados fizeram a opção de criar seu parlamento bicameral e por isso ele ocupou este posto em 1895.

No mesmo ano, Herculano foi eleito deputado federal, sendo reeleito para o posto em 1897 e 1900. Em 1901, renuncia ao mandato de deputado federal após ser eleito senador da República. Ele exerceu o mandato até 1908, quando foi eleito, com o apoio de Rosa e Silva, para o cargo de presidente de Pernambuco.

O governo Herculano Bandeira de Melo foi marcado por diversas ações voltadas para o desenvolvimento de Pernambuco, como por exemplo, a universalização da rede de esgoto do Recife e a construção de avenidas para escoar a produção ao Porto do Recife. Herculano também se preocupou com a poluição dos cursos de água, devido ao aumento do número de usinas em Pernambuco. No governo, também criou um imposto de mercadorias comercializadas entre estados, uma vez que era muito intenso o comércio entre Pernambuco e o Rio Grande do Sul, com a venda de açúcar e álcool e a compra de charque, importante alimento da época.

Proprietário de usinas, Herculano Bandeira detinha grande poder econômico, e por isso andava com jagunços. Durante seu governo, levou para o Palácio do Campo das Princesas sua equipe de jagunços, uma vez que a segurança do palácio na época não era tão numerosa. Como governador ele seguiu tocando suas usinas, chegando a despachar sobre elas em seu gabinete.

Liderado por Rosa e Silva, Herculano Bandeira enfrentou dificuldades no final do seu governo, devido o interesse do então presidente Hermes da Fonseca na eleição de Dantas Barreto. Herculano chegou a renunciar ao cargo, sendo substituído na reta final do seu governo pelo presidente da Alepe, Estácio Coimbra.

A saída de Herculano pôs fim à hegemonia de Rosa e Silva em Pernambuco, quando o próprio líder político enfrentou e foi derrotado por Dantas Barreto. Após este processo, Herculano retirou-se da vida pública, vindo a falecer em 19 de março de 1916.

Além das usinas e da política, Herculano Bandeira tinha hábitos refinados, gostava de ópera e teatro, toda vez que tinha peça nova, ele pedia uma sessão de pré-estreia no Teatro Santa Isabel para ele e sua esposa. Herculano também era tio de Assis Chateubriand Bandeira de Melo, que foi deputado federal, senador, embaixador do Brasil em Londres e dono de um império das comunicações no país, tendo Herculano grande importância na formação de Chatô.

Como empresário, juiz, vereador, deputado, senador e governador, Herculano Bandeira de Melo construiu páginas importantes na história de Pernambuco, sendo um de seus conceituados homens públicos, dando nome a uma das principais de acesso ao bairro do Pina e à Zona Sul do Recife.

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Assis Chateubriand, Dantas Barreto, Estácio Coimbra, Herculano Bandeira, Rosa e Silva

Postado por Edmar Lyra às 9:39 am do dia 9 de junho de 2020 1 comentário

O Conde da Boa Vista

Nascido em 1802 no Cabo de Santo Agostinho, Francisco do Rego Barros iniciou sua vida no Engenho Trapiche, de propriedade de sua família, que era muito tradicional na época. Seus estudos foram com professores particulares no engenho onde morava e aos 15 anos, em 1817, iniciou sua carreira militar no Regimento de Artilharia do Recife.

Em 1821 recebeu o título de alferes, e após atuar na Revolução de Goiana, Francisco acaba indo para Lisboa, ficando preso na fortaleza de São João da Barra. Em 1823, muda-se para Paris onde conclui o curso de Matemático. Já de volta a Pernambuco, Francisco do Rego Barros é eleito deputado geral e aos 35 anos é nomeado presidente da província de Pernambuco, cargo que equivalia ao de governador na época. Ele fica no posto entre 1837 e 1844, com pequenas interrupções de mandato.

Como presidente da província, Francisco realizou uma série de intervenções que tiveram papel importante no que conhecemos em Pernambuco e no Recife, como a construção de estradas que ligavam a área açucareira à zona portuária do Recife. Foi responsável pela construção de uma ponte pênsil sobre o Rio Capibaribe, na Caxangá, sendo a primeira do Brasil.

Ele ainda reconstruiu a Ponte Santa Isabel, a Ponte Maurício de Nassau e a Ponte da Boa Vista, responsável pela ligação entre o aterro da Boa Vista, hoje Rua da Imperatriz, e a Rua Nova.

No Largo do Erário construiu o Palácio do Governo, que depois receberia nova reforma e hoje é o Palácio do Campo das Princesas, ainda foi responsável pela construção do Edifício da Alfândega, do Teatro Santa Isabel e da Casa de Detenção, hoje Casa da Cultura de Pernambuco, do Cemitério de Santo Amaro e de uma rua que dava continuidade à Rua da Aurora, a princípio era chamada de Rua Formosa, mas depois se tornaria Avenida Conde da Boa Vista.

Em 18 de de junho de 1841 foi agraciado com o título de barão, tornando-se visconde em 1858 e chegando ao posto de conde em 28 de agosto de 1860. Francisco chegou a ser também senador do Império entre 1850 e 1870 e presidente da província do Rio Grande do Sul, tendo participado como comandante de armas da Guerra do Paraguai.

No início de 1870 retornou ao Recife e acabou falecendo em sua residência, na Rua da Aurora, número 405, hoje sede da Polícia Civil de Pernambuco. A morte de Francisco do Rego Barros encerrou sua trajetória como importante homem público, mas sua história continuará na mente dos pernambucanos nas obras e benfeitorias que realizou quando comandou o estado de Pernambuco.

A Avenida Conde da Boa Vista o imortalizou e traz para para os pernambucanos a lembrança de alguém que muito contribuiu para a trajetória do nosso estado e os dias que vivenciamos atualmente.

 

Residência do Conde da Boa Vista, hoje sede da Polícia Civil de Pernambuco. Foto: Ashley Melo
Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, construído por Francisco do Rego Barros. Foto: Ashley Melo

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Conde da Boa Vista, Francisco do Rego Barros, Palácio do Campo das Princesas, Teatro Santa Isabel

Postado por Edmar Lyra às 9:26 am do dia 8 de junho de 2020 1.200 Comentários

O conselheiro Rosa e Silva

Foto: Diário de Pernambuco

Nascido no Recife em 1857, Francisco de Assis Rosa e Silva bacharelou-se na Faculdade de Direito do Recife em 1878, e no ano seguinte conquistou o título de Doutor pela mesma instituição.

Ainda no período imperial, filiou-se ao Partido Conservador, e destacou-se como jornalista, sendo colaborador do jornal O Tempo. Tornou-se deputado provincial, ficando no cargo por três legislaturas consecutivas de 1882 a 1887. Em 1889 virou ministro da Justiça na gestão do conselheiro João Alfredo.

Em 1890, Rosa e Silva vira deputado constituinte e assinou a Constituição, que foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891, em 15 de novembro daquele ano seria proclamada a República, e Rosa e Silva daria apoio ao novo regime. Em 1894 ajudou a fundar o Partido Republicano Federal (PRF), liderado pelo deputado paulista Francisco Glicério.

No ano de 1894, o PRF lança Prudente de Morais, que derrotou Afonso Pena, enquanto Rosa e Silva é eleito deputado federal e também presidente da Câmara dos Deputados. Em 1896 deixou a Câmara dos Deputados para substituir Joaquim Correia de Araújo, eleito para o governo de Pernambuco, no Senado Federal, seu mandato iria até 1902, mas foi convidado para ser candidato a vice-presidente na chapa de Campos Sales, que foi eleito.

Rosa e Silva, primeiro pernambucano eleito para a vice-presidência da República, renunciou seu mandato no Senado mas a Constituição da época permitia que o vice-presidente fosse o presidente da Casa. Em novembro de 1900, durante viagem do presidente Campos Sales à Argentina, Rosa e Silva assumiu a presidência da República por vinte dias.

Com o término do mandato do presidente Campos Sales, Rosa e Silva é novamente eleito para o Senado Federal, desta vez para um mandato de nove anos. Antes, adquire o Diário de Pernambuco em 1901. Ao longo deste período, como um dos principais líderes políticos de Pernambuco, Rosa e Silva teve governadores aliados, além de Correia de Araújo, Sigismundo Gonçalves por duas vezes, Antônio Gonçalves Ferreira e Herculano Bandeira de Melo, mantendo uma hegemonia política de quase duas décadas em Pernambuco, como o principal líder do estado.

Em 1911, na sucessão de Herculano Bandeira, Rosa e Silva decide então ser candidato ao governo de Pernambuco, e enfrenta Emygdio Dantas Barreto. Numa dura disputa, que teve seu resultado contestado e somente validado pelo presidente da Assembleia, Estácio Coimbra, Dantas Barreto acaba eleito. A eleição ficou marcada pelos rosistas e dantistas, configurando-se em uma das disputas mais acirradas da história de Pernambuco.

Pelo vínculo com Rosa e Silva, o Diário de Pernambuco teve sua sede apedrejada e invadida, ficando sem circular por 14 dias. Nas eleições de 1915, Rosa e Silva é novamente eleito senador da República, ficando até 1º de julho de 1929, quando faleceu no Rio de Janeiro, então capital federal.

Quando ministro da Justiça no período imperial, Rosa e Silva recebeu o título de conselheiro, e por isso um dos logradouros mais importantes dos Aflitos, a Avenida Conselheiro Rosa e Silva, leva seu nome.

Com 71 anos de idade, Rosa e Silva construiu uma brilhante trajetória na política pernambucana e nacional, sendo ministro, senador e até mesmo vice-presidente da República, faltou-lhe o cargo de governador de Pernambuco nas eleições de 1911, mas a sua trajetória tem imprescindível contribuição para Pernambuco e para o Brasil.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Afonso Pena, Antônio Gonçalves Ferreira, Campos Sales, Dantas Barreto, Diário de Pernambuco, Herculano Bandeira, João Alfredo, Joaquim Correia de Araújo, Prudente de Morais, Rosa e Silva, Sigismundo Gonçalves

Postado por Edmar Lyra às 12:22 pm do dia 7 de junho de 2020 616 Comentários

O marechal Dantas Barreto

Nascido em 1850 na cidade de Bom Conselho, Emygdio Dantas Barreto iniciou sua trajetória aos 15 anos como voluntário na Guerra do Paraguai, sendo promovido a alferes, um ano antes do final da guerra em 1869. Durante sua carreira militar fez cursos de artilharia, cavalaria e infantaria, sendo promovido a tentente em 1879 e a capitão em 1882.

Dantas Barreto, já com novas patentes, teve atuação destacada na Revolta Armada de 1894 e na Guerra de Canudos em 1897. Durante o governo do Marechal Hermes da Fonseca, no período republicano, foi nomeado ministro da Guerra em 1910, ficando no cargo até 1911, quando decidiu ser candidato a “presidente” de Pernambuco, cargo que equivalia a governador na época, na sucessão de Herculano Bandeira de Melo.

Apoiado pelos militares, Dantas Barreto enfrentou um importante político da época, Francisco de Assis Rosa e Silva, que chegara a ser vice-presidente, presidente do Senado, e conhecido por todos nós como Conselheiro Rosa e Silva, que dá nome a uma das principais vias do bairro dos Aflitos.

A disputa foi bastante contestada, com brigas entre os dantistas e rosistas, mas acabou que Dantas Barreto foi oficializado vencedor, após uma intervenção de Estácio Coimbra, e tomou posse em 21 de novembro de 1911. Seu governo ficou marcado pelo forte combate ao cangaço, enviando forças militares ao interior do estado.

Em 1915 passa o governo para Manuel Antônio Pereira Borba, e elegeu-se senador da República. Em março de 1921 torna-se deputado federal, ficando no cargo até 1923. Por ser o Rio de Janeiro a capital federal na época, mudou-se para a cidade maravilhosa, quando tornou-se marechal.

Dantas Barreto faleceu em 8 de março de 1931, formando uma carreira como militar, político e escritor, chegando a integrar a Academia Brasileira de Letras na cadeira de número 27, substituindo Joaquim Nabuco, falecido em 1910.

 

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Emygdio Dantas Barreto, Francisco de Assis Rosa e Silva, Herculano Bandeira, Hermes da Fonseca, Joaquim Nabuco, Manuel Borba

Postado por Edmar Lyra às 12:50 pm do dia 6 de junho de 2020 Deixe um comentário

O ministro Osvaldo Lima Filho

Nascido no Cabo de Santo Agostinho em 1921, Osvaldo Cavalcanti da Costa Lima Filho, que era filho de um ex-deputado com forte atuação, elegendo-se em 1934 e constituinte em 1945. Seu pai era defensor de Getúlio Vargas, candidato à presidência e de João Pessoa à vice-presidência em 1929, quando mandou a família para o Recife.

Em 1939 ingressa na Faculdade de Direito do Recife e é nomeado pelo interventor Agamenon Magalhães como secretário do Museu do Estado de Pernambuco, cargo que ficaria até 1943, quando bacharelou-se. Antes disso foi colaborador do jornal Folha da Manhã entre 1940 e 1942.

Em 1944, Osvaldo Lima Filho é nomeado pelo então governador Agamenon Magalhães como promotor público de Surubim, em outubro deste mesmo ano, é convidado para assumir a delegacia de Ordem Política e Social de Pernambuco, sendo um elo entre seu pai, Oswaldo Lima e o então secretário de Segurança, Etelvino Lins.

Já em 1945, passou a articular a criação do Partido Social Democrático, contando com a anuência de Agamenon, que voltara a ser ministro de Vargas e de Etelvino, que substituiu Agamenon no cargo de interventor de Pernambuco. Osvaldo Lima Filho fez campanha para o general Eurico Gaspar Dutra, que tinha como adversário o brigadeiro Eduardo Gomes, apoiado em Pernambuco pelo líder das ligas camponesas, Francisco Julião.

Com a deposição de Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945, Osvaldo Lima Filho foi afastado do cargo que ocupava na delegacia, mas tão logo o presidente Dutra assumiu, ele foi nomeado delegado do Instituto de Aposentadoria dos Comerciários (IAPC).

Em 1946, Osvaldo lança-se, com o apoio de Agamenon, a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, apoiando Barbosa Lima Sobrinho, que seria eleito naquele pleito. Também eleito deputado estadual, Osvaldo teve destacada atuação na Alepe, chegando a presidir a Comissão de Orçamento, e com forte presença nas discussões sobre o petróleo.

Nas eleições de 1950, Osvaldo e seu pai romperam com Agamenon, que apoiou Cristiano Machado, e ficaram na campanha vitoriosa de Getúlio Vargas. Reeleito, Osvaldo Lima Filho continuou com um mandato destacado na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em 1954 busca, por recomendação de Vargas, ser candidato a deputado federal, mas o PTB não lhe garantiu a legenda para não tomar a vaga de outros parlamentares do partido, então lança-se candidato a deputado federal pela Frente Democrática Pernambucana, composta por PSD, PSP, PDC e PRP, apoiando Cordeiro de Farias para governador. Então é eleito deputado federal, enquanto Cordeiro se elege governador.

Como deputado federal, integrou importantes comissões, como a de Economia e de Constituição e Justiça da Câmara, participando de um grupo que comporia a Frente Parlamentar Nacionalista, já no governo Juscelino Kubitscheck. Em 1958 tenta seu segundo mandato, novamente pela Frente Democrática de Pernambuco e apoia Jarbas Maranhão para o governo, porém o vitorioso foi Cid Sampaio.

Nas eleições de 1960, Osvaldo apoiou as candidaturas do marechal Henrique Teixeira Lott a presidente e de João Goulart a vice-presidente, porém as urnas deram vitória a Jânio Quadros e a Goulart, uma vez que nesta época as pessoas poderiam escolher presidente e vice de chapas distintas.

Com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, Osvaldo Lima Filho teve papel determinante  na construção de um entendimento em torno de uma Emenda Constitucional que garantiu a ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República. Em 1962, já no PTB, Osvaldo é eleito deputado federal para o seu terceiro mandato, tornando-se também vice-presidente da Câmara dos Deputados, e em 1963 é escolhido por João Goulart para o ministério da Agricultura, substituindo José Ermírio de Moraes.

Como ministro, fez campanhas contra a febre aftosa e pela mecanização agrícola, e chegou a ter o orçamento do seu ministério dobrado, porém a sua atuação gerou algumas insatisfações na época de setores produtivos, devido a sua legalidade no trato das ações do ministério. Com a experiência de quem estava no terceiro mandato como deputado federal, advertiu por duas vezes o presidente João Goulart do risco de golpe que ele sofria, sem sucesso.

Com a queda de Jango, Lima Filho voltou para a Câmara dos Deputados e diante do Ato Institucional Número 2, que instaurou o bipartidarismo no Brasil, trocou o PTB pelo MDB, sendo reeleito em 1966. No ano de 1967, passou a atuar em movimentos que buscavam a redemocratização, ao lado de nomes ligados a lideranças como Juscelino Kubitscheck, Carlos Lacerda e Jânio Quadros.

Em 1968, por ser um dos articuladores da Frente Ampla, Osvaldo Lima Filho teve seu mandato cassado após o Ato Institucional Número 5, editado pelo presidente Costa e Silva, tendo seus direitos políticos retirados, o que o afastou da vida pública. Com o fim do bipartidarismo, Lima Filho filiou-se ao PMDB em 1979, e em 1982 tentou mais um mandato na Câmara dos Deputados, sagrando-se vitorioso e conquistando o quarto mandato em Brasília.

Com o processo de redemocratização, ele teve atuação destacada na ascensão de Tancredo Neves à presidência da República em 1985 nas eleições indiretas, mas em 1986, quando tentava seu quinto mandato, não conseguiu se eleger. Apesar disso, assumiu o mandato como suplente, atuando de forma decisiva na constituinte. Com a volta do titular, Marcos Queiroz ao mandato, Osvaldo voltou à suplência, mas depois com a vitória de Geraldo Melo para prefeito de Jaboatão dos Guararapes, ele é novamente efetivado deputado federal.

Nas eleições de 1990 tenta mais um mandato na Câmara dos Deputados, mas acaba ficando na suplência e em 1991 encerra sua trajetória política. Em 11 de novembro de 1994, aos  73 anos de idade, vem a óbito, encerrando uma história de luta em defesa da democracia e do nosso país. Ao longo de seus dois mandatos como deputado estadual, seus cinco mandatos como deputado federal e como ministro da Agricultura, Osvaldo Lima Filho ficou marcado na história de Pernambuco como uma importante personalidade do nosso estado.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: alepe, câmara dos deputados, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, Juscelino Kubitscheck, Osvaldo Lima Filho, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 11:09 am do dia 5 de junho de 2020 Deixe um comentário

O estadista e abolicionista Joaquim Nabuco

Nascido no Recife em 1849, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo vem de uma família tradicional, cujo pai era juiz vindo da Bahia para morar em Pernambuco e a mãe era sobrinha do Marquês do Recife. Seu pai, José Tomás Nabuco de Araújo, foi responsável pelo julgamento da Revolução Liberal de 1848, condenando seus líderes à prisão perpétua.

Três integrantes da linha paterna de Joaquim Nabuco foram senadores vitalícios do Império, seu pai também foi deputado. O que inspirou Joaquim Nabuco e seguir carreira política. Com poucos meses de nascido, Joaquim Nabuco ficou com sua madrinha no engenho Massangana até a morte dela, quando mudou-se para o Rio de Janeiro para morar com sua família.

Em 1859, seu pai decide colocá-lo num colégio interno em Friburgo, onde teve sólida formação. Posteriormente foi para o colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, onde estudou por cinco anos, concluindo seu curso ao lado de Rodrigues Alves, que viria a ser presidente da República.

Em 1866, Nabuco ingressa na Faculdade de Direito de São Paulo, cuja turma era composta por alguns expoentes da nossa história, como Castro Alves, Rui Barbosa, Afonso Pena e o próprio Rodrigues Alves. Nabuco teve forte influência das ideias de Rui Barbosa, que ajudaram na sua formação como político liberal.

Já no quarto ano do seu curso de Direito, transferiu-se para Recife, onde se prepararia para a vida parlamentar. Nesta época, Nabuco começaria a aprofundar no que seria a maior causa da sua existência, que era a luta contra a escravidão. Em 1870, aos 21 anos, Joaquim Nabuco conclui seu curso de Direito e começa a se preparar para tornar-se parlamentar.

Entre a conclusão do curso em 1870 e sua primeira eleição para deputado, houve um interregno de oito anos, suficientes para que Joaquim Nabuco realizasse viagens ao exterior e se aperfeiçoasse também como jornalista, através de um aprendizado crítico sobre as causas da época. As viagens a Londres e a Washington tiveram papel determinante para Nabuco, que se relacionou com diversos pensadores e intelectuais da época e lhe fez tomar gosto pela diplomacia.

Em 1878, com a morte do seu pai, senador Nabuco de Araújo, Joaquim Nabuco foi indicado para a lista de deputados no último lugar do Partido Liberal. Já como deputado, Joaquim Nabuco ganhou notoriedade após a ida de José Bonifácio para o Senado, uma vez que Nabuco se tornou um eloquente defensor da eleição direta, do direito de candidatura dos não-católicos e da emancipação dos escravos, virando um líder da composição da Câmara na época.

A abolição da escravatura passou a ganhar força, tendo Joaquim Nabuco como um de seus expoentes, defendendo a Lei do Ventre Livre de 1871, até chegar a Abolição em 13 de maio de 1888. Com a dissolução da Câmara em 1880, e perda de apoio em Pernambuco por conta das suas teses abolicionistas, Joaquim Nabuco candidata-se pela Corte mas não consegue se eleger, o que já era esperado por ele. Então, Nabuco, já sem mandato refugia-se em Londres, ficando lá entre 1882 e 1884, sendo correspondente do Jornal do Commercio e consultor jurídico, enquanto escrevia O Abolicionismo, de 1883.

Já de volta ao Brasil e a Pernambuco, com as teses abolicionistas ganhando força, Nabuco candidata-se em 1887 por conta da nomeação do conselheiro Portela para o cargo de ministro e acaba eleito com consagradora votação. Nabuco vivenciou não só a abolição da escravatura em 1888 após a ascensão da Princesa Isabel, como também a Proclamação da República em 1889, da qual ele não tinha grandes esperanças de mudanças no país, devido ao feudalismo e a vassalagem que eram muito fortes ainda no nosso território.

Nabuco elegeu-se pela última vez como deputado mas antes recusara, assim como seu pai, o título de visconde. A legislatura se iniciaria em 20 de novembro 1889, mas jamais se reuniu, por conta da proclamação. Joaquim Nabuco já fora da política de mandatos eletivos, acompanhou a transição de monarquia para a república, sendo colaborador de diversos jornais e revistas da época, e fundou, ao lado de Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras, sendo o secretário-geral.

Em 1899, Joaquim Nabuco decide morar no exterior, seguindo carreira diplomática em Londres inicialmente e posteriormente em Washington, sendo responsável pela diplomacia brasileira na Inglaterra e nos Estados Unidos, vindo a falecer no dia 17 de janeiro de 1910 aos 60 anos de idade em Washington.

A vida de Joaquim Nabuco teve três vertentes importantes para o nosso país, a de político abolicionista, a de historiador dos momentos emblemáticos do nosso país e a de diplomata. Nas três frentes, Nabuco teve grande contribuição não só a Pernambuco, seu estado natal, como ao Brasil como um todo.

É de longe um dos maiores pernambucanos de nossa história, sendo patrono da Assembleia Legislativa de Pernambuco e um dos maiores estadistas de nosso Brasil, cuja história merece ser lembrada e reconhecida, como afirmou Gilberto Freire em discurso na Câmara dos Deputados em 1947.  Num momento em que se discute racismo, luta de classes e problemas sociais, evocar a memória de quem escreveu e defendeu importantes ideias, como Joaquim Nabuco, é salutar para o nosso país.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Afonso Pena, Castro Alves, Império, Joaquim Nabuco, José Bonifácio, Machado de Assis, Princesa Isabel, Rodrigues Alves, Rui Barbosa

Postado por Edmar Lyra às 10:33 am do dia 4 de junho de 2020 1.266 Comentários

O senador Wilson Campos

Nascido em Brejo da Madre de Deus em 1924, Wilson de Queiroz Campos formou-se em economia pela Universidade Católica de Pernambuco no ano de 1950, pouco antes filiou-se a União Democrática Nacional (UDN) e iniciou sua militância política. Comerciante, ele integrou entidades de classe como a Fecomercio e o Sesc. Também atuou na Confederação Nacional do Comércio como diretor.

Nas eleições de 1970, Wilson Campos tenta seu primeiro mandato, disputa o Senado Federal pela Aliança Renovadora Nacional, ao lado do ex-governador Paulo Guerra, eleito como o mais votado do pleito, Wilson conquista a segunda vaga derrotando José Ermírio de Moraes, do MDB.

Ao assumir o mandato como senador em 1971, se destacou em comissões importantes voltadas para o desenvolvimento regional, chegando a representar o Senado em missões oficiais no exterior. Em 1975, Wilson Campos se viu envolvido num escândalo que ficaria conhecido como o Caso Moreno, quando um empresário denunciou um diretor do Bandepe na liberação de um empréstimo para evitar a falência do Cotonifício de Moreno. De acordo com este denunciante, que era diretor da empresa de manufatura de tecidos, o então senador teria pedido 1% de propina e ajuda para a campanha eleitoral no sentido de apressar a liberação do empréstimo. O empresário gravou a conversa que foi divulgada em 4 de janeiro daquele ano.

O áudio não comprovou pedido de dinheiro para a campanha eleitoral de Carlos Wilson, mas ficou subentendido a existência de irregularidades no diálogo entre os dois. O próprio senador Wilson Campos, diante das denúncias, pediu que fosse aberta uma investigação pelo Senado para apurar o acontecido.

O processo de investigação seguiu no Senado até a absolvição da comissão presidida pelo senador Itamar Franco ao pernambucano por falta de provas contundentes. Em 29 de julho daquele ano, o plenário do Senado rejeitou a cassação de Wilson Campos por 29 votos a 21. O senador sofreu pressões para renunciar mas ele preferiu continuar no mandato para provar sua inocência.

Porém, menos de 48 horas depois da decisão do Senado, o presidente Ernesto Geisel decidiu em 1º de julho daquele ano cassar o mandato de Wilson Campos, tornando o pernambucano a ser o único senador da ARENA cassado pela ditadura. Já filiado ao PMDB, nas eleições de 1982, Wilson tenta um mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco e acaba eleito, tornando-se um importante opositor do então governador Roberto Magalhães.

Nas eleições de 1986, com a ida de Carlos Wilson para a vice de Miguel Arraes, Wilson Campos tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados e torna-se deputado constituinte, sendo reeleito nos pleitos seguintes de 1990 e 1994 e tendo atuação destacada na Câmara Federal.

Nas eleições de 1998, tentando seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, já pelo PSDB, Wilson Campos obtém 21.885 votos e não renova seu mandato em Brasília, deixando a política no ano seguinte. Com sua saída da vida pública, passou o bastão para os filhos Carlos Wilson, que também foi senador e governador, e André Campos, que foi vereador do Recife e de Jaboatão e deputado estadual.

Em 5 de junho de 2001, vítima de um ataque cardíaco, Wilson Campos encerrou uma trajetória controversa, mas importante na história política de Pernambuco. Além da paixão pela política, Wilson Campos também tinha outra grande paixão, o Clube Náutico Capibaribe, do qual foi presidente no período do hexacampeonato pernambucano.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: andré campos, Carlos Wilson, Ernesto Geisel, Náutico, senado, Wilson Campos

Postado por Edmar Lyra às 9:20 am do dia 3 de junho de 2020 727 Comentários

O promotor Sérgio Loreto

Nascido na cidade de Águas Belas em 1870, Sérgio Teixeira Lins de Barros Loreto começou sua carreira como funcionário dos Correios através de concurso público. Em 1892 bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, ao concluir o curso, transferiu-se para o Espírito Santo a convite de um irmão.

Naquele estado foi promotor, chefe de polícia e procurador-geral, até que foi demitido e mudou-se para o Rio de Janeiro onde decidiu advogar. Novamente presta concurso público e assume o cargo de juiz federal no Espírito Santo, de volta à capital capixaba em 1904.

No ano seguinte, desejoso de voltar a sua terra natal, Sérgio Loreto decide prestar concurso para o mesmo cargo de juiz federal, sendo que em nosso estado, e acaba aprovado em 1905. De volta a Pernambuco como juiz federal, Sérgio Loreto se viu diante de uma crise em 1922.

O gatilho da crise foi a morte do então presidente de Pernambuco, cargo que equivalia ao de governador na época, José Rufino Bezerra Cavalcanti. Tão logo faleceu José Rufino em março daquele ano, se deflagrou a eleição para o cargo. A disputa aconteceu entre o senador José Henrique Carneiro da Cunha, apoiado pelo também senador Manuel Borba, contra o candidato oposicionista Eduardo de Lima Castro.

A eleição ocorreu sem maiores problemas e teve como vitorioso o senador Carneiro da Cunha, porém a oposição contestou o resultado do pleito, acusando de fraude no processo eleitoral, com desordens de todos os lados. Com a temperatura elevada, Pernambuco sofreu um risco real de intervenção, o que acabou acalmando os ânimos e a busca por um tercius.

Promovendo a paz entre os dois lados, Sérgio Loreto acabou escolhido para evitar a intervenção no estado e foi empossado em 18 de outubro de 1922. No início do governo, muitos apostavam na sua inexperiência política, e queriam dar pitacos no governo, porém Loreto tomou as rédeas da situação e começou a imprimir sua marca como presidente de Pernambuco.

Sua plataforma, além de conter zelo com a coisa pública, tinha também diretrizes bem fundamentadas, e para prefeito do Recife nomeou o engenheiro Antônio de Góis Cavalcanti, dando-lhe carta branca para desempenhar as funções necessárias.

Houve a conclusão do Quartel do Derby, com a construção da Praça do Derby, construíram e iluminaram ruas da cidade, concluíram a Ponte do Pina e iniciaram a construção da Avenida Boa Viagem. Ainda no Recife, o governo construiu ou reparou armazéns do cais, de modo a possibilitar a entrada de grandes navios.

As ações do governo Sérgio Loreto não se restringiram à capital, no tocante ao abastecimento d’água, criou a segunda linha do Grujaú, e iniciou a construção do Palácio da Justiça. Na Saúde, confiou o cargo ao genro Amauri de Medeiros, que fez diversas ações de higiene e melhoramento da saúde dos pernambucanos. Na infraestrutura construiu estradas em diversas cidades como Floresta, Salgueiro, Cabrobó e Ouricuri.

Ao término do seu mandato em outubro de 1926, Loreto passou o cargo para o presidente da Câmara à época, Julio Belo, que faria uma transição para Estácio Coimbra, que assumiria o cargo. Em 1927, Sérgio Loreto, eleito deputado federal, assumiu seu mandato, até a revolução de 1930, quando decidiu abandonar a política.

Em 6 de março de 1937, Sérgio Loreto encerrava uma trajetória de alguém que promoveu o desenvolvimento do Recife e de Pernambuco, sendo um importante canal para evitar intervenções em nosso estado. Seus feitos perduram até hoje e seu legado está marcado na história do nosso estado como um dos importantes homens públicos que desempenharam bem suas funções.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Amauri de Medeiros, Antônio de Góis, Carneiro da Cunha, Estácio Coimbra, José Rufino, Júlio Belo, Manuel Borba, Sérgio Loreto

Postado por Edmar Lyra às 9:28 am do dia 2 de junho de 2020 1.280 Comentários

O conservador Paulo Guerra

Nascido em Nazaré da Mata em 1916, Paulo Pessoa Guerra iniciou sua trajetória profissional em 1935 quando ingressou na Faculdade de Direito do Recife, vindo a bacharelar-se em 1939.  No ano de 1938, já sob a vigência do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas, é nomeado prefeito de Orobó pelo interventor Agamenon Magalhães em 1939, já em 1940 é nomeado para o cargo de prefeito de Bezerros.

Em 29 de outubro de 1945 houve a deposição de Getúlio Vargas e em dezembro aconteceu o pleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde Paulo Guerra foi eleito deputado federal pelo PSD. Nesta época o partido era liderado por Agamenon Magalhães em Pernambuco. Como deputado constituinte, Paulo Guerra teve atuação destacada em comissões na constituição de 1946.

Nas eleições de 1950, é novamente eleito deputado federal e acompanhou como parlamentar a volta de Getúlio Vargas e seu posterior suicídio em 24 de agosto de 1954. Nas eleições daquele mesmo ano, Paulo Guerra decide ser candidato a deputado estadual e é eleito para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na Alepe, é reeleito em 1958 para o seu segundo mandato e em 1961 assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Já no cargo, assistiu a crise envolvendo o governo Jânio Quadros que culminou na sua renúncia e na ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República.

Nas eleições de 1962 disputa o mandato de vice-governador pelo Partido Republicano com o apoio do PSB e do PSD e acaba sendo o mais votado do pleito. Miguel Arraes, por sua vez, é eleito pelo PST para o cargo de governador. Ambos são empossados em 31 de janeiro de 1963.

A relação entre governador e vice sempre foi de muita divergência e desconfiança, o que levou Paulo Guerra a montar uma espécie de governo paralelo. Já em 1964 insatisfeito com os rumos adotados por Miguel Arraes, Paulo Guerra aproximou-se do general Humberto de Alencar Castelo Branco, que na época era chefe do estado-maior do Exército e um dos principais articuladores da deposição do presidente João Goulart.

Com a queda de Jango, a Junta Militar assumiu a presidência da República em 31 de março de 1964, e no Ato Institucional Número 1, os direitos políticos de governos anteriores foram cassados, dentre eles o de Miguel Arraes. Pela relação com Castelo Branco, Paulo Guerra não só foi poupado da cassação de seus direitos políticos como assumiu o mandato de governador de Pernambuco sem maiores problemas.

Com a extinção dos partidos políticos através do Ato Institucional Número 2, em 1965, Paulo Guerra filia-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), e como governador fez uma série de ações como a construção de rodovias, estimulou a indústria, ampliou a rede de abastecimento, também ampliou a rede de ensino, construindo a FESP que viria a se tornar a UPE, construiu o Hospital de Pronto-Socorro que hoje é o Hospital da Restauração.

Em 1967 passa o governo para Nilo Coelho, eleito pela Assembleia Legislativa, e dedica-se às atividades agropecuárias, tornando-se um dos maiores proprietários de terras do Nordeste. Em 1970, Paulo Guerra tenta o mandato no Senado Federal e torna-se o mais votado daquele pleito, elegendo-se junto com Wilson Campos. Naquele pleito indireto, Eraldo Gueiros acaba eleito pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Ao assumir o mandato de senador da República, Paulo Guerra chegou a ser vice-líder da Arena e do governo no Senado e participou de diversas comissões importantes da Casa. Em 1977, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, editou uma série de medidas conhecida como Pacote de Abril, nele estava a reformulação que criava a figura do senador biônico. Paulo Guerra, já doente, aceitou a proposta e caminhava para tentar novo mandato no ano seguinte, desta vez de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém em 9 de julho de 1977, Paulo Guerra viria a óbito e seu mandato seria substituído por Murilo Paraíso, seu suplente. Na eleição seguinte, o mandato de senador biônico acabou ficando com Aderbal Jurema.

Ao falecer aos 61 anos de idade, Paulo Guerra pôs fim a uma importante história na política pernambucana de deputado federal por dois mandatos, deputado estadual por dois mandatos, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, vice-governador, governador de Pernambuco e senador da República. Suas ações como governador deixaram importante legado para Pernambuco, em especial na Saúde com a Restauração, e na educação com a Universidade de Pernambuco e sua trajetória foi fundamental para o nosso estado.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Aderbal Jurema, Agamenon Magalhães, bezerros, Castelo Branco, Eraldo Gueiros, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, miguel arraes, Murilo Paraíso, Nilo Coelho, orobó, Paulo Guerra, Wilson Campos

  • « Página anterior
  • 1
  • …
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • Próxima página »

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

 

Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

Saiba mais

Posts Populares

Estudantes do Recife no Mundo receberão smartphones e mochilas em parceria da Prefeitura com a Receita Federal
Prefeitura de Araripina inicia curso de inglês na CNA para recepcionistas de hotéis, pousadas e associações de artesanato
PSB promove congresso que elegerá João Campos presidente nacional do partido
Governadora Raquel Lyra entrega Parque Janelas para o Rio em Caruaru, garantindo lazer e reforçando a política de prevenção a enchentes no Agreste
João Paulo Costa participa da maior Cavalgada à Pedra do Reino de todos os tempos
Catamaran inicia temporada junina com arrasta-pé flutuante pelo Recife
Recife foi a capital que mais criou empregos no Nordeste em abril, aponta CAGED
Dez anos da epidemia de microcefalia serão lembrados em solenidade na Alepe
Lula prestigia a posse de João Campos como presidente Nacional do PSB
“Pernambuco precisa recuperar o seu protagonismo no Nordeste”, diz Silvio Costa Filho a empresários do Lide-PE

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

Lista de Links

  • Celebridades
  • Minha Saúde
  • Nocaute
  • Radar dos Concursos
  • Torcida

Copyright © 2025 · Atlas Escolar On Genesis Framework · WordPress · Login