Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

  • Início
  • Sobre
  • Pernambuco
  • Brasil
  • Contato

Postado por Edmar Lyra às 11:14 am do dia 25 de junho de 2020 8 Comentários

O mito Miguel Arraes

Nascido em 1916 na cidade de Araripe, no Ceará, Miguel Arraes de Alencar vem de uma família tradicional cearense, tendo como parentes José de Alencar, escritor, e Humberto de Alencar Castelo Branco, que foi presidente da República durante o regime militar. Seu pai era comerciante na sua cidade.

Miguel Arraes fez seu curso primário no Crato, e após concluir seus estudos, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Direito e morar na residência de um tio materno. Diante das dificuldades financeiras de se manter na então capital federal, Arraes mudou-se para Recife, onde conseguiu um emprego no Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) e prosseguiu seu curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, concluindo em 1937.

Destacando-se no IAA, Arraes ascendeu de cargo, tornando-se delegado em 1943, antes participou da elaboração do Estatuto da Lavoura Canavieira, que foi transformado em Lei em 1941. Com a chegada de Alexandre Barbosa Lima Sobrinho ao governo de Pernambuco, tornou-se secretário da Fazenda em 1947, ficando no posto até 1950, quando tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, ficando apenas na primeira suplência pelo PSD.

Quatro anos mais tarde, Arraes tenta, desta vez pelo PST, o mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sagrando-se vitorioso. No pleito apoiou a candidatura de João Cleofas de Oliveira, que acabou derrotado por Osvaldo Cordeiro de Farias. Já no mandato, Arraes tornou-se um dos principais opositores do governador e atuou na articulação da Frente do Recife para apoiar a candidatura de Pelópidas da Silveira em 1955, que acabou vitorioso.

Nas eleições de 1958, Arraes apoiou Cid Sampaio, que sagrou-se vitorioso, enquanto o próprio Arraes não se reelegeu para a Assembleia Legislativa de Pernambuco. Com a chegada de Cid ao governo, Arraes tornou-se secretário da Fazenda e começou a ter seu nome ventilado para disputar a prefeitura do Recife em 1959.

Oficializado como candidato de uma frente política, Arraes acaba vitorioso, conseguindo seu primeiro cargo majoritário, assumindo em 15 de novembro daquele ano. Já no cargo, Arraes iniciou uma série de medidas, como a ampliação do sistema de abastecimento de água e de energia elétrica, bem como a urbanização do bairro de Boa Viagem, pavimentou e iluminou diversas ruas na cidade e instalou uma rede de ônibus elétricos.

Em 1960, Arraes e Cid Sampaio divergiram sobre o pleito presidencial, uma vez que o primeiro apoiou Henrique Teixeira Lott, enquanto Cid optou por Jânio Quadros, que acabou vitorioso. Com a renúncia de Jânio em 1961, Arraes defendeu a posse de João Goulart, que necessitava de uma emenda constitucional para ascender ao cargo.

Ainda em 1961, Arraes se fortaleceu para suceder Cid Sampaio, e com o apoio da Frente do Recife, disputou o governo de Pernambuco tendo Paulo Guerra como vice. Arraes transmitiu o cargo para o vice-prefeito Arthur de Lima Cavalcanti e enfrentou João Cleofas e Armando Monteiro Filho, sagrando-se vitorioso.

Assumindo o governo de Pernambuco em 1963, Miguel Arraes ganhou grande destaque, chegando a ofuscar o então presidente João Goulart, a liderança nacional que Arraes vinha conquistando ameaçava líderes trabalhistas como o próprio Goulart e o então deputado Leonel Brizola.

Em 1964, com a grave crise institucional de João Goulart, o Brasil teve em 31 de março de 1964 a deposição do presidente e instauração do regime militar. Arraes, no mês seguinte, também teve seu mandato cassado pelo regime no dia 10. No dia 15 de abril, Castelo Branco assumiu a presidência da República, enquanto Arraes foi removido para a fortaleza de Santa Cruz, no estado da Guanabara.

Posto em liberdade em 21 de abril de 1965, Arraes foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional em 20 de maio do mesmo ano, até que em 25 do mesmo mês exilou-se na embaixada da Argélia, viajando para aquele país em junho. Arraes ficou em Argel até 1979, quando em 15 de setembro voltou ao Brasil em definitivo.

Nas eleições de 1982, já filiado ao PMDB, disputou um mandato de deputado federal, elegendo-se com a maior votação já registrada naquela época. Em 1984 votou a favor da emenda Dante de Oliveira que instituía a volta das eleições diretas, com a proposta derrotada, deu sustentação à candidatura de Tancredo Neves, que sagrou-se vitorioso. Com a impossibilidade de Tancredo assumir por motivos de saúde, Arraes defendeu a posse de José Sarney, pois considerava ser a única opção legítima, fato que ocorreu.

Nas eleições de 1985 para prefeito do Recife, Arraes era vice-presidente nacional do PMDB, e defendia a candidatura de Jarbas Vasconcelos a prefeito, porém a Aliança Democrática entre PMDB e PFL que deu sustentação a Tancredo foi reproduzida no Recife, e então Arraes apoiou a candidatura de Jarbas Vasconcelos pelo PSB, que acabou vitorioso derrotando Sérgio Murilo.

Em 1986 decidiu ser candidato a governador pelo PMDB, tendo como seu vice o então deputado federal Carlos Wilson, pela Frente Popular de Pernambuco, apoiados por PSB, PCB e o PCdoB. Enfrentou José Múcio Monteiro e teve como seus candidatos ao Senado, Antônio Farias e Mansueto de Lavor.

Com a abertura das urnas, Arraes sagrou-se vitorioso com uma diferença de meio milhão de votos sobre Múcio, levando consigo seus dois senadores e derrotando o favorito Roberto Magalhães, que tinha deixado o governo para disputar o Senado.

De volta ao Palácio do Campo das Princesas, Miguel Arraes instituiu uma série de projetos sociais como a eletrificação rural, o programa Chapéu de Palha, Vaca na corda e água na roça, que lhe garantiram enorme popularidade perante a população.

Nas eleições de 1989, Arraes atuou para que o PMDB não lançasse candidatura própria e apoiasse um projeto de centro-esquerda para o país, inclusive defendeu a retirada da candidatura de Ulysses Guimarães. Junto com diversos prefeitos do PMDB, Arraes rompeu com seu partido e considerou apoiar a candidatura de Leonel Brizola, desde que representasse um projeto de mudança do modelo social e econômico do país.

No segundo turno entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, Arraes apoiou o segundo, que acabou derrotado. Nas eleições de 1990 teve seu nome cogitado para disputar o Senado, mas preferiu tentar a Câmara dos Deputados, rompendo com o PMDB e filiando-se ao PSB. Jarbas, que esperava o apoio de Arraes na sua chapa, acabou derrotado por Joaquim Francisco.

Com a abertura das urnas, Arraes atingiu 339.197 votos, o equivalente a 10,47% dos votos válidos do estado, sendo novamente o mais votado da história de Pernambuco, levando consigo cinco deputados federais na chapinha que formou. Em 1992, como deputado federal, votou a favor do impeachment de Fernando Collor de Mello.

Arraes tornou-se então presidente nacional do PSB em 1992, sendo reeleito para o posto em 1993 e em 1994 apoiou a candidatura de Lula a presidência da República, em Pernambuco voltou a disputar o governo, sagrando-se vitorioso derrotando Gustavo Krause, candidato do PFL.

Governando Pernambuco pela terceira vez, Miguel Arraes viu Fernando Henrique Cardoso ascender à presidência da República e a situação do seu terceiro governo não seria nada boa. Além da oposição ao governo federal, Arraes se deparou com o escândalo dos precatórios, que foi a emissão de títulos públicos para arrecadar recursos para pagamento de dívidas judiciais. Seu neto, então secretário da Fazenda, Eduardo Campos garantira que a operação era legal e Arraes alegou em sua defesa que o dinheiro obtido serviu para realizar obras em Pernambuco.

Como detinha maioria na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Arraes barrou um pedido de CPI apresentado pelo então deputado Paulo Rubem (PT), mas apesar de não avançarem as investigações, Arraes ficou muito desgastado, tanto que cogitou-se a possibilidade de não disputar a reeleição em 1998, que havia sido permitida em 1997. Porém acabou tentando o segundo mandato.

Na disputa, o caso dos Precatórios teve forte presença, o que beneficiou Jarbas Vasconcelos, que acabou vitorioso por uma diferença de mais de um milhão de votos contra Arraes, que no plano nacional apoiou a candidatura de Lula contra Fernando Henrique, que acabou vitorioso.

Quatro anos mais tarde, tentou o mandato de deputado federal, sendo candidato junto com seu neto Eduardo Campos, e sagrou-se vitorioso como o quarto deputado mais votado. Eduardo também foi eleito com uma baixa votação.

Em 2005, Arraes que seguia presidente nacional do PSB, foi internado com suspeita de dengue, ficando por 57 dias até que veio a óbito em 13 de agosto daquele ano. Seu sepultamento no cemitério de Santo Amaro reuniu uma multidão, e trouxe diversos nomes da política nacional.

No ano seguinte, Eduardo Campos, seu neto, que havia sido ministro da Ciência e Tecnologia de Lula, sairia vitorioso ainda com o apelo da sua história como um dos maiores líderes da política pernambucana. A morte de Arraes, aos 88 anos, encerrou uma trajetória vitoriosa de um homem que se transformou num mito, e que para sempre será lembrado por Pernambuco e pelo Brasil como um dos maiores líderes da nossa história.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco Marcados com as tags: ceará, eduardo campos, jarbas vasconcelos, josé sarney, lula, miguel arraes, pernambuco, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 10:08 am do dia 22 de junho de 2020 1.951 Comentários

O Frei Caneca

Nascido em 1779, Joaquim da Silva Rabelo era filho de um tanoeiro português e ingressou no Convento Carmelita em 1795 e foi ordenado frei em 1801, passando a lecionar filosofia, retórica, poesia e geometria.

Ele passou a se chamar Joaquim do Amor Divino Rabelo, e ganhou o apelido de Caneca em homenagem ao seu pai, que fabricava barris de vinhos e também por vender canecas quando criança. O Frei Caneca tornou-se um dos principais intelectuais do Recife naquela época e teve papel fundamental na Revolução Pernambucana de 1817, atuando ao lado do Padre Roma e de outros líderes.

O contexto da Revolução Pernambucana, que também ficou conhecida como Revolta dos Padres, se deu no sentido de que havia uma insatisfação da população com os privilégios dos portugueses, incluindo monopólio e vultosas quantias auferidas com impostos.

Os líderes da revolução preparavam um levante para 4 de abril de 1817, mas o então governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro tomou conhecimento da intenção dos líderes do movimento, e mandou prendê-los. Na tentativa de prisão, o capitão José de Barros Lima, mais conhecido como Leão Coroado, matou o oficial português que tentou prendê-lo. O que antecipou o movimento para 6 de março de 1817.

Os líderes tiveram êxito na empreitada, o que culminou na deposição de Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que fugiu para o Rio de Janeiro. O movimento reverberou em outros estados nordestinos como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Pernambuco então tornou-se um país naquele momento, que durou 75 dias, tendo um governo provisório.

Até que Recife foi cercado pelo mar e pela terra, quando Frei Caneca e outros revoltosos foram presos e arrastados por correntes até o Porto do Recife. A coroa portuguesa fez questão de expor os prisioneiros para que todos vissem o destino de quem ousasse romper com a coroa. Ao chegar ao Porto do Recife, embarcaram no porão de um navio rumo a Salvador.

Em Pernambuco, alguns líderes da revolução como Domingos Teotônio e o Padre Miguelinho acabaram executados. O Frei Caneca, que escapou da execução, obteve o perdão da coroa quatro anos depois e voltou a Pernambuco em 1821.

Apesar da proclamação da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, a relação com a coroa portuguesa continuava muito ruim, o que acabou mantendo outros movimentos revolucionários, como a Confederação do Equador em 1824, o que foi considerada para alguns a continuação da Revolução Pernambucana.

O Frei Caneca fundou um jornal em 1823, o Tífis Pernambucano, que tinha um caráter libertário, cuja frase ficou imortalizada: “Quem bebe da minha caneca, tem sede de liberdade”. E teve como objetivo difundir as ideias de liberdade em Pernambuco.

No dia 2 de julho de 1824, os líderes lançaram um manifesto rompendo com o Rio de Janeiro, então capital federal, para a formação de uma república, que foi a Confederação do Equador, Frei Ceneca então começou a publicar as bases para a formação de um pacto social que era o início da constituição do novo estado.

Com influência em outros estados nordestinos, os mesmos que tiveram impacto da revolução pernambucana, a Confederação do Equador começa a sofrer algumas derrotas. Um grupo que disseminava as teses do movimento no interior de Pernambuco ganhou a participação do Frei Caneca, mas encontrou 150 cadáveres em Juazeiro do Norte, e em 29 de novembro de 1824 o grupo é cercado e rendido pelas tropas legalistas.

Frei Caneca, ao lado de outros seis integrantes do grupo revolucionário, é levado para a Casa de Detenção, no dia 25 de dezembro do mesmo ano ficou preso numa sala até 10 de janeiro de 1825 quando teve sua sentença: condenado à forca. Mesmo com vários pedidos de clemência, a corte não aceitou e manteve a sentença. Porém, ninguém quis ser o algoz do Frei Caneca. O comandante então desistiu, trocou a sentença para fuzilamento.

No dia 13 de janeiro de 1825, diante dos muros do Forte das Cinco Pontas, o Frei Caneca e mais onze confederados, dos quais três no Rio de Janeiro, foram executados. Aos 45 anos, Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca, encerrou sua trajetória de defesa dos interesses de Pernambuco, entrando para a história como um dos homens mais importantes da existência do nosso estado.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Confederação do Equador, frei caneca, Joaquim do Amor Divino Rabelo, Revolução Pernambucana de 1817

Postado por Edmar Lyra às 12:18 pm do dia 20 de junho de 2020 1.535 Comentários

O governador Carlos de Lima Cavalcanti

Nascido em Amaraji em 1892, Carlos de Lima Cavalcanti iniciou sua trajetória na Faculdade de Direito do Recife, onde cursou até o segundo ano, posteriormente concluiu seu curso em São Paulo. Em 1911 atuou, ao lado de Estácio Coimbra, na campanha de Rosa e Silva contra Dantas Barreto, vencida pelo segundo.

Em São Paulo, ao concluir seu curso de Direito, Carlos de Lima Cavalcanti foi nomeado delegado de política no interior daquele estado, depois mudou-se para o Rio de Janeiro, ficando na capital federal por um tempo até voltar a Pernambuco em para tomar conta da Usina Pedrosa em Cortês, com a morte do seu pai em 1918, assumiu em definitivo o comando da usina ficando até 1937.

Carlos de Lima vinculou-se ao Partido Republicano Democrático (PRD) de Dantas Barreto, que havia derrotado Rosa e Silva, apoiando depois Manuel Borba e José Rufino Cavalcanti, ambos eleitos governadores de Pernambuco. Nas eleições de 1922, Carlos de Lima apoiou as candidaturas de Nilo Peçanha e J.J. Seabra a presidente e vice, respectivamente, que foram derrotados por Arthur Bernardes e Urbano Santos, mas foram vitoriosos em Pernambuco. Nesta eleição Carlos de Lima alcançou seu primeiro mandato como deputado estadual.

Com a morte de José Rufino, antes do fim do seu mandato em 1922, desencadeou uma disputa acirrada pelo comando estadual entre os partidários de Carlos de Lima Castro, então prefeito do Recife, apoiado por Estácio Coimbra, Dantas Barreto e pelos Pessoa de Queiroz, sobrinhos do presidente Epitácio Pessoa e José Henrique Carneiro da Cunha, então senador e apoiado por Manuel Borba e por Carlos de Lima Cavalcanti. Carneiro da Cunha acabou vitorioso e ficou com incumbência de pacificar o estado, em ebulição por conta da acirrada eleição. No fim das contas acabou que Sérgio Loreto, então juiz, foi escolhido para governar Pernambuco devido a briga entre os dois grupos.

Reeleito em 1925 para a Assembleia Legislativa de Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti permaneceu na oposição com a chegada de Estácio Coimbra ao governo de Pernambuco, fazendo-lhe um contraponto feroz. Em 1927 decidiu abandonar as atividades parlamentares para, ao lado do seu irmão, Caio de Lima Cavalcanti, fundar o Diário da Manhã, que passou a defender os ideais revolucionários da Coluna Prestes. Mais tarde, Carlos de Lima fundou o Diário da Tarde, e os dois jornais passaram a fazer forte oposição aos governos federal e estadual constituídos.

Com a fundação do Partido Democrático Nacional (PDN), Carlos de Lima Cavalcanti passou a integrar a seccional estadual ao lado do seu irmão Caio e de Dantas Barreto. Já o Partido Republicano Democrático (PRD) foi fundado por Manuel Borba. Em 1929 os dois partidos se fundiram e formaram a Frente Liberal que apoiou a Aliança Liberal composta pelo então governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, e de João Pessoa, que governava a Paraíba, na disputa presidencial como candidato a presidente e vice, respectivamente.

Em março de 1930, Julio Prestes e Vital Soares acabaram vitoriosos contra Getúlio e João Pessoa. A vitória de ambos deixou o país em muita confusão, até que em julho do mesmo ano, João Pessoa que havia sido vice de Vargas foi assassinado no Recife o que deflagrou a revolução de 1930, que culminou no afastamento do então governador Estácio Coimbra e nomeação de Carlos de Lima Cavalcanti como interventor de Pernambuco, enquanto no plano federal Getúlio Vargas tomou o poder.

Como interventor de Pernambuco, Carlos de Lima Cavalcanti afastou e mandou prender aliados do então governador Estácio Coimbra, e consolidou algumas políticas públicas no estado como a criação do Instituto de Pesquisas Agronômicas, o Serviço de Higiene Mental e a Escola Rural Modelo, também criou a Diretoria de Produção Animal, vinculada à secretaria de Agricultura e Viação Pública.

Carlos de Lima Cavalcanti atuou para que os interventores pudessem disputar as eleições em 1934 e apoiou a eleição constitucional de Vargas à presidência da República. Com o governo constitucional, Carlos de Lima Cavalcanti indicou Agamenon Magalhães para ser ministro do Trabalho de Getúlio Vargas, que passou a ser o grande interlocutor entre Carlos de Lima Cavalcanti e Getúlio Vargas.

Em março de 1935, Carlos de Lima Cavalcanti enfrentou João Alberto na Assembleia estadual e venceu por esmagadora maioria. Com a implantação do Estado Novo em 1937, Carlos de Lima Cavalcanti acabou afastado do governo de Pernambuco, sendo substituído por Agamenon Magalhães como interventor federal.

Vargas concedeu-lhe a condição de embaixador do Brasil na Colômbia, e depois exerceu a função no México e em Cuba. Com a redemocratização em 1945, Carlos de Lima Cavalcanti volta a disputar eleições, desta vez para a Assembleia Nacional Constituinte, como deputado federal e acaba eleito, tendo atuado na formação da União Democrática Nacional (UDN) e no apoio a Eduardo Gomes para presidente naquela eleição, que foi derrotado por Gaspar Dutra.

Carlos de Lima Cavalcanti teve seu mandato estendido até 1951, sendo reeleito em 1950 ficando na Câmara até 1954 quando foi nomeado pelo presidente Café Filho para o cargo de presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool, função que ficaria até 1955.

Nas eleições de 1954 tentou a reeleição para a Câmara dos Deputados mas ficou apenas na primeira suplência, chegando a assumir o mandato em 1956, ficando na Câmara Federal até 1959 quando encerrou seu mandato. Com o regime militar em 1964, Carlos de Lima Cavalcanti voltou a exercer funções públicas na condição de membro do conselho superior das caixas econômicas.

Estava no exercício da função quando veio a óbito, aos 75 anos, no Rio de Janeiro, em 19 de setembro de 1967, encerrando uma conturbada trajetória mas importante na história política de Pernambuco e do Brasil.

Carlos de Lima Cavalcanti quando governador

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Agamenon Magalhães, Carlos de Lima Cavalcanti, Dantas Barreto, Epitácio Pessoa, Getúlio Vargas, João Pessoa, José Rufino, Manuel Borba, Rosa e Silva

Postado por Edmar Lyra às 10:59 am do dia 19 de junho de 2020 1.504 Comentários

O Padre Carapuceiro

Nascido no Recife em 1793, Miguel do Sacramento Lopes Gama dedicou-se a vida religiosa, entrando para o Mosteiro de São Bento em 1805, em Olinda. Logo depois seguiu para o Mosteiro de São Bento na Bahia, onde foi ordenado padre. Após sua ordenação, recolheu-se em Pernambuco.

Em 1817, ano da Revolução Pernambucana que tornou Pernambuco um país e como consequência o estado perdeu diversos territórios para Alagoas e Paraíba, Miguel foi nomeado pelo então governador Luiz do Rego Barreto como professor de retórica do Seminário de Olinda, em 1823 foi nomeado redator do Diário do Governo e no ano seguinte diretor da Topografia Nacional. Miguel acompanhou de perto aquela que seria também conhecida como Revolta dos Padres, com nomes conhecidos como Frei Caneca e Frei Miguelinho.

Miguel fundou um jornal de muito sucesso na época, com crítica social e que gerou muita repercussão, chamado de O Carapuceiro, sendo o único redator do jornal. Ele também criou, no Rio de Janeiro, o jornal O Carapuceiro na Corte e foi colaborador do jornal O Constitucional, onde defendeu a monarquia constitucional representativa.

Dois jornais receberam sua contribuição, o Diário de Pernambuco e o Marmota Fluminense, este último com contribuições poéticas. Em 1835 foi deputado da Assembleia Provincial de Pernambuco e em 1852 representou Alagoas no parlamento nacional.

Ele ainda foi cônego e pregador da capela imperial e veio a óbito em 9 de dezembro de 1852, no exercício como deputado federal por Alagoas. Sendo seu corpo sepultado no Cemitério de Santo Amaro.

A vida do Padre Carapuceiro teve importante peso na época, na condição de jornalista, noticiou a abdicação do trono de D. Pedro I em 7 de abril de 1831, com análises sobre os momentos que o Brasil enfrentava naquele período. Sua vida foi marcada pela atuação em diversas vertentes, como o jornalismo, a religiosidade e a política, tendo grande contribuição para um período histórico que Pernambuco e o Brasil vivenciaram.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Dom Pedro I, frei caneca, Frei Miguelinho, Miguel do Sacramento Lopes Gama, O Carapuceiro, Padre Carapuceiro, Revolução Pernambucana

Postado por Edmar Lyra às 9:16 am do dia 18 de junho de 2020 1.374 Comentários

O sertanejo Osvaldo Coelho

Nascido em Juazeiro no ano de 1931, Osvaldo de Sousa Coelho veio de uma família tradicional no sertão do São Francisco. Seu pai Clementino de Sousa Coelho, mais conhecido como Coronel Quelê, tornou-se um importante líder políticos e empresarial daquela região. Osvaldo também era irmão de Nilo Coelho, que foi governador de Pernambuco e tio do atual senador Fernando Bezerra Coelho, filho do seu irmão Paulo Coelho.

Sua estreia na vida pública se deu em 1954, quando tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sendo eleito com 3.449 votos pelo PSD. No ano seguinte, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, e passou a integrar importantes comissões da Alepe.

Nas eleições de 1958, nova vitória, desta vez com 5.630 votos e sua liderança foi se consolidando na Alepe, quando foi reeleito em 1962 com 5.660 votos e assumiu o cargo de líder do PSD na Casa Joaquim Nabuco. Em 1964 assumiu a liderança do governo Paulo Guerra e com a adoção do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional.

Nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados e logra êxito na empreitada. No mesmo ano seu irmão Nilo Coelho assumiu o governo de Pernambuco, de quem foi secretário da Fazenda. Nas eleições de 1970 decide não tentar a reeleição e passa a se dedicar aos negócios da família, ficando num hiato de oito anos fora da política.

Nas eleições de 1978 volta a disputar um mandato na Câmara dos Deputados, sendo novamente eleito e passa a integrar importantes comissões naquela Casa, como a de Ciência e Tecnologia. Com o fim do bipartidarismo filia-se ao PDS, partido sucedâneo da Arena. Em 1982 é reeleito para o seu terceiro mandato e participa das discussões sobre a redemocratização, apesar disso, se posicionou contra a emenda Dante de Oliveira.

Com a candidatura de Tancredo Neves e José Sarney passou a apoiar a Aliança Democrática que viria a ser eleita no colégio eleitoral em 1985. Nas eleições de 1986, é reeleito para a Câmara dos Deputados para o seu quarto mandato. Nas eleições deste ano, houve um desentendimento entre a família Coelho, onde Osvaldo, pelo PFL apoiou José Múcio Monteiro e Fernando Bezerra Coelho, pelo PMDB apoiou a candidatura de Miguel Arraes.

Como deputado constituinte, Osvaldo Coelho teve atuação destacada sobretudo em ações voltadas para o sertão nordestino, em especial o sertão do São Francisco, motivo da sua atuação. Em 1990 é reeleito para o quinto mandato na Câmara Federal, conquistando mais três mandatos, em 1994, 1998 e 2002. Nas eleições de 2006 ficou apenas numa suplência, assim como em 2010.

Nas eleições de 2008 teve papel importantíssimo na vitória de Julio Lossio para prefeito de Petrolina. Ainda rompido com o sobrinho, que era secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, assistiu de camarote a briga entre o então prefeito Odacy Amorim e o deputado federal Gonzaga Patriota pela indicação do PSB para a disputa. Patriota acabou sendo o nome do partido, a contragosto de Fernando e Odacy, e enfrentou Julio Lossio, que filiado ao PMDB tornou-se a grande sensação da disputa em Petrolina, atingindo o mandato como prefeito, sendo reeleito em 2016.

Nas eleições de 2014 houve a reconciliação da família Coelho, e Osvaldo apoiou o sobrinho para o Senado Federal, que acabou eleito na chapa de Paulo Câmara. Em 1 de novembro de 2015, aos 84 anos, Osvaldo Coelho veio a óbito, encerrando uma trajetória de serviços prestados a Petrolina, ao sertão do São Francisco, a Pernambuco e ao Brasil.

Uma das grandes conquistas do deputado Osvaldo Coelho para o sertão do São Francisco foi a chegada da Universidade Federal do Vale do São Francisco, beneficiando Juazeiro (BA), Petrolina (PE), São Raimundo Nonato (PI), Senhor do Bonfim (BA), Paulo Afonso (BA) e Salgueiro (PE).

A existência de Osvaldo Coelho durante seus onze mandatos, três de estadual e oito de federal, foi de um homem público dedicado ao seu povo. Preocupado em desenvolver sua região que mudou consideravelmente com sua atuação parlamentar na Câmara dos Deputados. A sua partida não apagou tudo o que Osvaldo de Sousa Coelho representa para a política pernambucana, seu legado permanece vivo no sertão do São Francisco, seja na educação, na fruticultura irrigada, e em tantas ações que fizeram de Petrolina uma cidade próspera no nordeste brasileiro.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Clementino Coelho, fernando bezerra coelho, gonzaga patriota, Juazeiro, júlio lóssio, Nilo Coelho, odacy amorim, Osvaldo Coelho, Paulo Guerra, petrolina, univasf

Postado por Edmar Lyra às 11:11 am do dia 17 de junho de 2020 2.182 Comentários

O conde Maurício de Nassau

Nascido em 17 de junho de 1604 em Dillenburg, na Alemanha, Johan Mauritz van Nassau-Siegen, mais conhecido como Maurício de Nassau, teve seu nascimento no Castelo de Dillenburg, condado de Nassau, cidade da Alemanha, sendo filho do Conde de Nassau, João VII com a princesa Margarida de Holstein-Sonderburg segundo casamento do conde, donos de terras na Alemanha e na Holanda. Ele passou sua infância em Siegen, Alemanha e estudou em Genebra, na Suíça.

Aos 14 anos ingressou no serviço militar, e aos 16 lutou no exército dos Países Baixos, chegando a participar da Guerra dos 30 anos, que consistia em lutas entre países europeus e povos católicos e protestantes, que deixou 8 milhões de mortos.

Em 1626, Maurício de Nassau foi promovido a capitão e em 1632 iniciou a construção do seu Palácio em Haia, cidade holandesa. Em 1630 a capitania de Pernambuco é invadida pelos holandeses, antes os holandeses tentaram invadir a Bahia, que tinha a capital do país na época, em 1625, mas a invasão não foi bem-sucedida.

Em 1636, a Companhia das Índias Ocidentais, que tinha como objetivo explorar as colônias espanholas da América, inclusive o Brasil, que tinha seus engenhos de açúcar, contratou Maurício de Nassau para comandar o Brasil holandês. Em 1637, Nassau chegou ao Brasil e desembarcou no Porto do Recife, com ele vieram alguns artistas e intelectuais, como o pintor Franz Post e o humanista Elias-Heckman, o astrônomo Marcgraff, o naturalista Piso, e mais 350 soldados.

Com apenas 32 anos o príncipe alemão chegou a Pernambuco com o objetivo de fortalecer o sonhado Brasil holandês conquistado em 1630. Tendo um exército preparado e municiado, Nassau expulsou os hispano-portugueses da região e construiu na cidade de Penedo, em Alagoas, o forte Nassau e trouxe escravos para ajudar na consolidação do Brasil holandês.

Em 1642, Maurício de Nassau já governada de Sergipe ao Maranhão, dois anos antes Portugal já havia se libertado do domínio espanhol e tornou-se aliado da Holanda. No Recife, a convivência entre calvinistas, católicos e judeus era bastante harmônica, inclusive aqui foi construída a primeira sinagoga do Brasil, que fica na antiga Rua dos Judeus, hoje Rua do Bom Jesus.

A relação harmônica fez com que Recife se tornasse um importante centro comercial, importando produtos da Europa e negros da África, bem como exportando açúcar, fumo, couro, algodão, dentre outros produtos.

Já estabelecido na capital pernambucana, Maurício de Nassau decidiu então criar a Cidade Maurícia, ou Mauricea. Em 1642 concluiu a construção do Palácio de Friburgo, que ficava na atual praça da República, e o Palácio da Boa Vista, que seria sua residência de verão. Nassau também construiu alguns fortes, dentre eles o Forte das Cinco Pontas.

Nassau teve como objetivo criar uma cidade semelhante à Amsterdã, construiu diques, drenou pântanos, convocou a primeira Assembleia Legislativa da América do Sul, criou o primeiro serviço de extinção de incêndios da América, instalou o primeiro observatório astronômico do Hemisfério Sul e construiu a primeira ponte do Brasil no local da atual Ponte Maurício de Nassau.

A Companhia das Índias Ocidentais, preocupada com os gastos de Maurício de Nassau e a não cobrança de impostos aos senhores de engenho, viu suas receitas caírem abruptamente e começou a pressionar Nassau, não atendendo seus pedidos de soldados, mantimentos e colonos, o que culminou no pedido de demissão de Maurício de Nassau em caráter irrevogável em 1643.

No ano seguinte, Nassau decide então voltar para a Holanda, mais precisamente para Haia onde tinha construído seu palácio, levando consigo as peças que decoravam o Palácio de Friburgo. Já na Holanda, Nassau foi promovido a general de cavalaria, sendo comandante da guarnição de Wezel. Ele ainda participou das últimas campanhas militares contra a Espanha, em 1674 foi nomeado governador de Utrecht, na Holanda, e faleceu em 20 de dezembro de 1679, em Cleves, na Alemanha, aos 75 anos de idade.

A saída de Maurício de Nassau do comando do Brasil holandês fez com que a Companhia das Índias Ocidentais pressionassem os senhores de engenho por pagamento de impostos com ameaça de confisco de suas propriedades, isso fez com que houvesse uma insatisfação com o domínio holandês, já iniciada em 1642, no Maranhão, ganhando força em 1645 com a Insurreição Pernambucana, liderada por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e pelo Índio Poti, mais conhecido como Felipe Camarão. O movimento ficou conhecido como Insurreição Pernambucana.

Após memoráveis batalhas, a do Monte das Tabocas (1645) e dos Guararapes (1649), os holandeses se renderam em 1654, na Campina do Taborda, com a assinatura do Tratado do Taborda, em frente ao Forte das Cinco Pontas.

Apesar da rendição da Holanda e da saída de Maurício de Nassau, o seu legado teve papel importante para Pernambuco. Após a expulsão holandesa, muita coisa foi destruída, como os Palácios de Friburgo e da Boa Vista, pela insatisfação da população com o período holandês, mas a presença de Maurício de Nassau em Pernambuco teve um caráter histórico muito grande para a construção do estado que somos hoje.

Palácio de Friburgo, sede do governo Maurício de Nassau no período de domínio holandês
Palácio da Boa Vista, local de descanso de Maurício de Nassau
Ponte Maurício de Nassau, local onde houve o episódio do “Boi Voador”
Sinagoga Kahal Zur, construída durante o governo Maurício de Nassau
Apesar de não ser a edificação original, foi neste local que Maurício de Nassau construiu o primeiro observatório do hemisfério sul
Construído no domínio holandês, o Forte das Cinco Pontas teve uma parte destruída durante a expulsão dos holandeses em 1654, mas também foi é uma lembrança do governo Maurício de Nassau

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Companhia das Índias Ocidentais, Forte das Cinco Pontas, holanda, Insurreição Pernambucana, Maurício de Nassau, Palácio da Boa Vista, Palácio de Friburgo, Ponte Maurício de Nassau, Sinagoga Kahal Zur

Postado por Edmar Lyra às 9:28 am do dia 16 de junho de 2020 Deixe um comentário

O tricolor Aristófanes de Andrade

Nascido no Recife em 1918, Aristófanes de Andrade formou-se em Direito e tornou-se procurador da Caixa Econômica Federal, seu primeiro mandato foi conquistado em 1951 como vereador do Recife. Nesta época, vereador não recebia salário e as sessões da Câmara Municipal ocorriam no turno da noite.

A atuação de Aristófanes era mais voltada para os bairros de Água Fria, Beberibe, Dois Unidos e adjacências, chegando a manter centros sociais com serviços médicos e lazer nestes bairros e em outros como Areias, Brasília Teimosa, entre outros.

Aristófanes presidiu a Câmara Municipal do Recife durante quatro oportunidades, e assumiu a prefeitura do Recife em 34 ocasiões. Ele conviveu com diversas personalidades da Câmara como Moacyr André Gomes, Rubem Gambôa, André de Paula, Romildo Gomes, Augusto Lucena, Gustavo Krause, Edmar Lyra Cavalcanti, e muitos outros. Seu tom conciliador fez dele uma figura muito querida entre os pares.

Além da atuação parlamentar e o gosto pela política, Aristófanes tinha outra grande paixão, o Santa Cruz Futebol Clube. A história do tricolor pernambucano se confunde com a de Aristófanes, que começou no “Mais Querido” ainda na década de 30.

Seu prestígio e sua paixão pelo clube foram fundamentais na construção do Estádio José do Rego Maciel, que até hoje é um dos maiores monumentos do futebol brasileiro. Ele chegou a presidir o Santa Cruz pela primeira vez em 1953 e comprou uma casa na Avenida Beberibe, número 1285, o que seria o maior estádio de Pernambuco.

Foi durante sua gestão que o Santa Cruz deu a arrancada para o pentacampeonato em 1969, encerrando a sequência de títulos do Clube Náutico Capibaribe que no ano anterior tinha se tornado hexacampeão pernambucano. A história do Santa Cruz Futebol Clube pode ser dividida entre antes e depois de Aristófanes, que assim como os meninos que fundaram o clube em 1914, teve uma grande dedicação ao tricolor pernambucano, atuando na decisão de levar o Santa Cruz em 1943 para o bairro do Arruda, depois da construção do estádio, inclusive atuando para que o Canal do Arruda fosse deslocado, o que possibilitou a construção do José do Rego Maciel, etc.

Durante seus mais de quarenta anos como vereador do Recife, Aristófanes ficou marcado na história da capital pernambucana como um homem público da mais elevada categoria, sendo intenso como representante do povo e presidente do Santa Cruz, que juntamente com a vereança, foi o grande sentido da sua vida.

Em 12 de julho de 1997, aos 79 anos, depois de ter passado o bastão para o sobrinho Antônio Luiz Neto na Câmara Municipal do Recife, Aristófanes encerrou sua vida, vítima de um enfarte no miocárdio, o coração tricolor e recifense não aguentou mais, e ele se foi.

Mas seus mais de 40 anos de vida pública e mais de 60 de dedicação ao Santa Cruz Futebol Clube fizeram dele um dos homens públicos mais importantes do Recife, que ficou marcado em nossa história. Aristófanes se foi, mas assim como o seu (o nosso) amado Santa Cruz, nasceu e viverá eternamente no coração do povo do Recife e de Pernambuco.

Aristófanes de Andrade no meio da massa tricolor
Estádio José do Rego Maciel, do Santa Cruz, uma das obras da vida de Aristófanes de Andrade

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: andré de paula, Aristófanes de Andrade, Augusto Lucena, edmar lyra cavalcanti, Gustavo Krause, José do Rego Maciel, Liberato Costa Junior, moacyr andré gomes, Romildo Gomes, Rubem Gambôa, santa cruz futebol clube

Postado por Edmar Lyra às 9:13 am do dia 15 de junho de 2020 1.151 Comentários

A primeira governadora Brites de Albuquerque

Nascida em Portugal em 1517, filha do Conde de Penamacor, Brites de Albuquerque veio ainda jovem para Pernambuco junto com seu marido Duarte Coelho Pereira e seu irmão Jerônimo de Albuquerque para comandar a capitania de Pernambuco.

Chegando a Pernambuco em 9 de março de 1535, Brites, já casada com Duarte Coelho, tinha 18 anos de idade, e teve a incumbência de dar o toque feminino à organização da capitania que seu marido havia recebido.

Durante cerca de vinte anos, Dona Brites contribuiu com seu marido, chegando a assumir o comando da capitania quando Duarte Coelho viajava, até que em 1554 ele voltou em definitivo para Portugal para tratar de uma doença e veio a óbito.

Com a morte de Duarte Coelho e a juventude de seus filhos Duarte de Albuquerque Coelho e Jorge de Albuquerque Coelho, que foram estudar na Europa, Dona Brites assumiu o comando da capitania de Pernambuco em 1554 ficando até 1561 com a volta de Duarte de Albuquerque Coelho, que assume o posto até 1571, devolvendo o comando a Dona Brites, que ficara no posto até 1575 quando devolveu a Duarte de Albuquerque Coelho, depois com a morte deste, o comando de Pernambuco ficou nas mãos de Jorge de Albuquerque Coelho.

Dona Brites de Albuquerque permaneceu até 1584 em Pernambuco, quando veio a óbito, mas teve papel essencial no desenvolvimento da capitania, que se tornou uma das mais prósperas do Brasil. Além de acompanhar seu marido e orientar seus filhos, pegou no batente quando exerceu a função de governante em Pernambuco, pacificando a região e mantendo a ordem e a paz na capitania que sua família recebeu.

O povoamento de Igarassu, de Olinda e de Recife, que se tornaram cidades durante sua passagem por Pernambuco, tiveram a contribuição direta de Brites de Albuquerque, e em quase 500 anos de história em Pernambuco, não tivemos mais nenhuma mulher a comandar oficialmente nosso estado, fazendo dela a primeira e única do gênero feminino a desempenhar tal função, o que aumenta significativamente a sua existência em nosso estado.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Brites de Albuquerque, Duarte Coelho Pereira, Duarte de Albuquerque Coelho, igarassu, Jerônimo de Albuquerque, Jorge de Albuquerque Coelho, olinda, pernambuco, Recife

Postado por Edmar Lyra às 9:30 am do dia 14 de junho de 2020 387 Comentários

O industrial Edgar Lins Cavalcanti

Nascido em 1918 no município de Glória do Goitá, na Mata Norte, Edgar Lins Cavalcanti iniciou sua trajetória como comerciante na Rua Tobias Barreto, vendendo mercadorias alimentícias naquela localidade. Aos poucos, Edgar começou a tornar-se bem-sucedido em seus negócios decidiu em 1962 tentar seu primeiro mandato de deputado estadual pelo Partido Democrata Cristão e logrou êxito na empreitada com 3.753 votos.

Com o regime militar de 1964 que depôs Miguel Arraes, Edgar passa a fazer parte da base de sustentação do governador Paulo Guerra e em 1965, com a adoção do bipartidarismo, filia-se à Aliança Renovadora Nacional, sendo reeleito em 1966 com 4.776 votos, 1970 com 11.086 votos, 1974 com 16.761 votos e 1978 com 13.774 votos, ficando na Assembleia Legislativa de Pernambuco durante vinte anos.

No ramo empresarial, fundou o Café Petinho, indústria de moagem e fabricação de café, no bairro de Afogados na década de 60. Edgar também era proprietário de muitas terras em Pernambuco, em especial a região que compreende Rio Doce em Olinda e o Janga em Paulista, chegando a disputar a propriedade de terras com a família Lundgren, também expoente no ramo industrial de tecidos.

Os habitacionais de Rio Doce foram uma doação do deputado Edgar Lins Cavalcanti à Cohab na época, cujo bairro tem grande importância para a cidade de Olinda. Durante seus vinte anos como deputado pôde vivenciar os governos de Miguel Arraes, Paulo Guerra, Nilo Coelho, Eraldo Gueiros, Moura Cavalcanti, Marco Maciel e José Ramos.

Com muito tino para os negócios, além do Café Petinho, Edgar Lins Cavalcanti também foi proprietário de fonte de água mineral e do Engenho Mangue em São Benedito do Sul, posto de gasolina e outros empreendimentos, que fizeram dele um dos empresários mais bem-sucedidos da época em Pernambuco.

Nas eleições de 1982, já com a volta do pluripartidarismo em 1979, Edgar filiou-se ao PDS, sucedâneo da Aliança Renovadora Nacional, e tentou seu sexto mandato na Casa Joaquim Nabuco, porém não obteve êxito na empreitada, encerrando sua trajetória na vida pública.

A saída da política, que era uma de suas paixões, lhe fez muita falta, pois acostumou-se durante duas décadas a integrar o poder legislativo estadual, vivenciando momentos históricos em Pernambuco, um dos governadores que ele nutriu melhor relação foi com José Francisco de Moura Cavalcanti, com quem passava horas no Palácio do Campo das Princesas.

Em atos institucionais do governo de Pernambuco,  acompanhando o governador Moura Cavalcanti, durante um evento ele notabilizou no discurso quando chamou o então governador de Papai Moura, dizendo que Moura era o responsável pela chegada daquela obra na região, sendo bastante aplaudido pela simplicidade de suas palavras.

Nada afeito a questões de etiqueta, Sr. Edgar foi questionado por um garçom do Palácio qual marca de uísque gostaria de tomar, e ele respondeu ’buchanã’. O garçom o corrigiu dizendo ‘Bucanans’ que é a pronúncia do uísque, ele disse: “olhe o rótulo, está escrito buchanã, é esse que eu quero”, o governador Moura Cavalcanti caiu na gargalhada.

Inclusive o nome do Café de sua propriedade foi escolhido Petinho porque, segundo os seus contemporâneos, ele queria dizer pretinho, mas só falava Petinho, e a marca do café se tornou uma das mais importantes e longevas de Pernambuco. Sobre a empresa, Edgar popularizou a marca com a distribuição de brindes e com um moderno sistema logístico para a época, fazendo com que o Café Petinho se tornasse uma das marcas mais populares de todo o Nordeste brasileiro.

No auge da empresa, Luiz Gonzaga, expoente da música nordestina chegou a fazer a propaganda do Café Petinho, o que ajudou a popularizar ainda mais a marca. Como político e como empresário, mesmo sem ter uma formação, Edgar Lins Cavalcanti mostrou sua sagacidade de construir um verdadeiro império partindo praticamente do zero, situação cada vez mais difícil nos dias de hoje.

Em 21 de março de 1991, aos 73 anos de idade, afastado da vida pública e após ter vendido o Café Petinho no início da década de 80, vítima de câncer, Edgar Lins Cavalcanti encerrou sua vida, mas sua obra permanece na mente e no coração dos pernambucanos que conhecem o Café Petinho, que moram no bairro de Rio Doce e puderam desfrutar de um homem público extremamente generoso e comprometido com o desenvolvimento econômico e social do seu estado.

Edgar Lins Cavalcanti com o governador Moura Cavalcanti
Como deputado estadual na Alepe
Café Petinho, uma de suas principais obras

 

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: alepe, Café Petinho, Edgar Lins Cavalcanti, Eraldo Gueiros, José Ramos, luiz gonzaga, Marco Maciel, miguel arraes, Moura Cavalcanti, Nilo Coelho, Paulo Guerra, Quipapá

Postado por Edmar Lyra às 10:21 am do dia 13 de junho de 2020 Deixe um comentário

O pioneiro Duarte Coelho

Nascido na província de Mirigaia em Porto, Portugal, em 1485, Duarte Coelho Pereira era descendente da nobreza agrária de Entre Douro e Minho, sendo filho de Gonçalo Coelho, escrivão da nobreza real e comandante da segunda expedição exploratória que veio ao Brasil em 1503. Duarte Coelho ingressou na armada portuguesa em 1509 e na esquadra de Dom Fernando Coutinho para a Índia.

Duarte Coelho chegou a participar de outras expedições para a China, Vietnã, Indonésia e Tailândia. De volta a Portugal em 1529 é nomeado por Dom João II embaixador extraordinário na França. Neste mesmo ano, é incumbido da responsabilidade de fiscalizar portos e fortificações na África e patrulhar o Mar de Açores.

Em 1532 comandou a frota portuguesa encarregada de expulsar os franceses da costa brasileira. E para assegurar o controle português da colônia foi instituído o sistema de capitanias hereditárias, como prêmio pelos serviços preparados à coroa portuguesa, Duarte Coelho recebe de D. João II a posse da capitania de Pernambuco, datada de 10 de março de 1534. No ano seguinte, em 9 de março, Duarte Coelho chegou a Pernambuco pelo território de Igarassu onde fundaria uma Vila. Instalou um povoado que seria chamado de Olinda.

Em 1537, Duarte Coelho elevou Olinda à condição de Vila, lutou contra índios hostis à presença portuguesa em Pernambuco, trouxe escravos da Guiné para trabalhar na capitania, estimulou a vinda de novos colonos e o casamento com índias para assegurar o povoamento da região. Duarte Coelho ainda distribuiu sesmarias, pequenos territórios para que as pessoas pudessem desenvolver suas vidas em Pernambuco, e nas terras estimulou a criação de gado e o cultivo de algodão e de cana-de-açúcar.

Em 1550, Pernambuco já contava com cinco engenhos e por conta deste trabalho, Pernambuco foi uma das capitanias que mais prosperaram, isso se deu graças a organização de Duarte Coelho que veio para a capitania em companhia de sua esposa Brites de Albuquerque e de seu cunhado Jerônimo de Albuquerque.

No ano de 1554, já adoentado, Duarte Coelho volta a Portugal deixando Pernambuco sob o comando de Dona Brites de Albuquerque. Em 7 de agosto daquele ano, Duarte Coelho veio a óbito aos 69 anos de idade. A capitania, que era hereditária, ficou nas mãos de Dona Brites que teve a incumbência de seguir o trabalho desempenhado por Duarte Coelho.

Apesar de não ser pernambucano, Duarte Coelho teve papel fundamental na construção demográfica, social e econômica de Pernambuco, pois sem sua determinação e seu preparo, dificilmente Pernambuco teria obtido tanto êxito como capitania, portanto a história faz dele um dos expoentes da nossa existência como estado brasileiro.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Brites de Albuquerque, Duarte Coelho Pereira, igarassu, Jerônimo de Albuquerque, olinda, pernambuco

  • « Página anterior
  • 1
  • …
  • 4
  • 5
  • 6
  • 7
  • 8
  • 9
  • Próxima página »

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

 

Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

Saiba mais

Posts Populares

Eriberto Medeiros é homenageado pela Defensoria Pública de Pernambuco por apoio à instituição
TCE aprova contas de 2023 do ex-prefeito de Jupi, Marcos Patriota
Chuvas no RS causam três mortes, desalojam mais de 6 mil pessoas e atingem 98 municípios
Professora Fátima Silva se destaca como vereadora e presidente da Câmara Municipal de Condado com atuação firme e compromissada
Petrolina: Simão Durando entrega primeira etapa da duplicação da Avenida Transnordestina
Pedro Campos acompanha festejos juninos em giro pelo interior de Pernambuco
São João de Igarassu anima Sítio Histórico com diversas atrações
Fundação Altino Ventura (FAV) alerta para acidentes oculares no São João
Ministério das Comunicações visita fabricantes de celulares na China em busca de novas parcerias tecnológicas para o Brasil
Prefeitura de Paulista antecipa pagamento de junho para todos os servidores e injeta R$ 25 milhões na economia local

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

Lista de Links

  • Celebridades
  • Minha Saúde
  • Nocaute
  • Radar dos Concursos
  • Torcida

Copyright © 2025 · Atlas Escolar On Genesis Framework · WordPress · Login