Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

  • Início
  • Perfil
  • Pernambuco
  • Brasil
  • Contato

Postado por Edmar Lyra às 9:07 am do dia 18 de maio de 2020 Deixe um comentário

O construtor de pontes na política

Nascido em 11 de setembro de 1925, Armando de Queiroz Monteiro Filho formou-se em engenharia pela então Universidade do Recife, que depois viria a se tornar Universidade Federal de Pernambuco, chegando a participar ativamente do movimento estudantil.

Em 1950, aos 25 anos de idade, foi eleito deputado estadual, mas por conta do seu parentesco com o então governador Agamenon Magalhães, era genro, ficou impossibilitado de assumir o mandato. Em 1951 ficou na primeira suplência de deputado estadual numa eleição suplementar que ocorreu à época, e foi nomeado secretário de Viação e Obras  Públicas no governo Agamenon Magalhães.

Em 1954 foi candidato a deputado federal, tornando-se o mais votado daquele pleito. Já no segundo mandato, em 1959, participou da elaboração da criação do Conselho de Desenvolvimento  Econômico do Nordeste, que serviria de base para a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no final daquele mesmo ano.

Com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, votou a favor da emenda constitucional que criaria o regime parlamentarista e possibilitaria a ascensão do vice-presidente João Goulart ao cargo. Em 7 de setembro daquele ano, Goulart assumiu o cargo, e no dia seguinte nomeou Tancredo Neves para o posto de primeiro-ministro, e logo em seguida Armando Monteiro Filho seria escolhido ministro da Agricultura. Sua passagem pelo ministério foi até 26 de junho de 1962, com a renúncia de Tancredo Neves do cargo de primeiro-ministro.

Ao voltar para o seu mandato, Armando Monteiro Filho decidiu ser candidato a governador em 1962, enfrentando Miguel Arraes e João Cleofas de Oliveira. Naquela eleição, o vitorioso foi Miguel Arraes. Já em 1966, Armando Monteiro Filho enfrentou João Cleofas na disputa pelo Senado. Após uma dura disputa, que foi bastante acirrada, João Cleofas seria eleito para o posto.

Desde então, já com a adoção do regime militar, decidiu ficar distante dos mandatos eletivos, até a volta do pluripartidarismo em 1979, quando filiou-se ao PDT. Somente em 1994 voltaria a tentar mandatos eletivos, sendo candidato ao Senado na chapa de Miguel Arraes, que seria eleito governador junto com Roberto Freire e Carlos Wilson para a Câmara Alta.

Apesar de ter sido uma vez deputado estadual e duas vezes deputado federal, passando pelo importante ministério da Agricultura, Armando Monteiro Filho conseguiu, em seus quase setenta anos de vida pública, ser uma unanimidade em Pernambuco. Seu jeito generoso e atencioso com todos fizeram dele um quadro extremamente respeitado não só em Pernambuco como em todo o Brasil.

Apesar de ter deixado a política, foi sucedido pelo seu filho Armando Monteiro Neto, que não só foi deputado federal por três mandatos, como também ministro, desta vez do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff e o sonho de ser senador foi realizado pelo seu herdeiro, eleito em 2010 como o mais votado daquele pleito.

Falecido em janeiro de 2018, aos 92 anos, Armando Monteiro Filho deixou como legado a seriedade, o respeito e o amor por Pernambuco e pelo Brasil, cuja responsabilidade de manter a chama acesa de um grande homem público é de todos os seus herdeiros, em especial Armando Neto, que seguiu o caminho da política, e Eduardo de Queiroz Monteiro, que apesar de ter enveredado pelo caminho empresarial e nunca disputado mandatos, é também um grande construtor de pontes em Pernambuco.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Agamenon Magalhães, Armando Monteiro Filho, Armando Monteiro Neto, Eduardo de Queiroz Monteiro, João Goulart, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 9:54 am do dia 17 de maio de 2020 Deixe um comentário

O segundo patrono da Alepe

A Assembleia Legislativa de Pernambuco possui 185 anos de história, fundada em 1º de abril de 1835, mas o atual prédio que conhecemos, na Rua da Aurora, passou a sediar o Poder Legislativo estadual somente em 1º de março de 1875, portanto há 145 anos.

A Alepe recebeu em 1948 o título de Palácio Joaquim Nabuco, em homenagem ao político abolicionista que fez história em Pernambuco. Nabuco tornou-se o patrono daquela Casa que foi palco de muitos momentos históricos em nosso estado.

Numa história quase bicentenária, muitos foram os nomes que passaram por aquela Casa e alguns conseguiram fazer história, como é o caso do nosso personagem, que poderá dividir a história da Casa de Joaquim Nabuco em antes e depois da sua passagem pela presidência daquele poder.

Nascido em Timbaúba em 22 de abril de 1947, Guilherme Aristóteles Uchoa Cavalcanti Pessoa de Melo, construiu uma trajetória no poder judiciário, sendo respeitado na área jurídica pela sua postura conciliadora e de trabalho. Já aposentado, decidiu tentar o mandato de deputado estadual em 1994 pelo PMDB. Após a abertura das urnas, a vitória com 16.137 votos e se iniciava uma história de sucesso na Casa Joaquim Nabuco.

No seu quarto mandato como deputado estadual, Guilherme Uchoa apoiou Eduardo Campos naquele pleito de 2006, inicialmente seus planos seriam apoiar Armando Monteiro, então pré-candidato a governador, mas que desistiu para apoiar Humberto Costa. Sem muita afinidade com Humberto, Guilherme e o PDT, partido que era filiado, formalizaram apoio a Eduardo.

Passada a eleição, e já na formalização da mesa, era preciso encontrar um substituto para Romário Dias, que já estava no seu terceiro mandato como presidente da Casa e iria para o Tribunal de Contas do Estado. Além de Guilherme, surgiu o nome do seu correligionário José Queiroz, que também era aliado de Eduardo. A escolha por Guilherme se deu por um pequeno detalhe, o fato de Miriam Lacerda, esposa do então prefeito de Caruaru Tony Gel, atualmente deputada estadual, ser adversária de Queiroz. O apoio de Miriam a Guilherme desempatou o jogo em prol daquele que viria a ser eleito.

Investido na condição de presidente da Assembleia a partir de fevereiro de 2007, Guilherme Uchoa construiu uma trajetória mais longeva do que a de seu antecessor Romário Dias. Além disso, nos sete anos e três meses em que Eduardo Campos foi governador de Pernambuco, a parceria entre os chefes do legislativo e do executivo foi de fundamental importância para o êxito do governo Eduardo, que marcou história em nosso estado.

Foram quase doze anos de mandato, com questionáveis alterações na legislação por parte da imprensa e de seus adversários para permitir seis mandatos como presidente da Casa. Em Pernambuco, hexa só tem dois, o Náutico e Guilherme Uchoa, que conseguiu diversas reconduções graças a sua forma de comandar o Poder Legislativo. Na condição de presidente da Alepe, Guilherme completou a trinca de fazer parte do poder legislativo, do judiciário e do executivo, porque por diversas vezes chegou a assumir o Palácio do Campo das Princesas por fazer parte da linha sucessória do estado, na ausência dos governadores Eduardo Campos, João Lyra Neto e Paulo Câmara.

Além de ser um presidente bastante conciliador e por diversas vezes atuou como um pai de parlamentares e ex-parlamentares, Guilherme deixou como legado a defesa intransigente da Casa Joaquim Nabuco e principalmente a reformulação da sede daquele poder. Graças ao seu presidente, que mostrou-se mais uma vez arrojado, a Alepe ganhou uma moderna estrutura que a colocou entre as mais bem estruturadas casas legislativas do país.

O plenário, os gabinetes, as salas de comissões, a parte administrativa, todos eles modernos e preparados para atender às demandas dos pernambucanos, só foram possíveis graças a Guilherme Uchoa. Claro que os pares também tiveram sua parcela de contribuição, mas sem um líder para conduzir uma complexa obra, dificilmente o projeto teria saído do papel.

Na busca pelo sétimo mandato como deputado estadual, Guilherme, que deixou o PDT por conta de o partido não aceitar a entrada do seu filho Júnior para ser deputado federal, para se filiar ao PSC, teve complicações de saúde e em 3 de julho de 2018 viria a óbito, deixando a cargo do filho a importância de manter vivo o seu legado. Júnior teve que ser candidato a estadual para não deixar as bases de Guilherme, sempre muito bem atendidas, desacobertadas.

Prestes a completar dois anos da sua partida, Guilherme Uchoa sempre será lembrado, não só pela sua família, mas por todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver e conhecer de perto um homem público firme e determinado que marcou história em nosso estado. A importância de Guilherme Uchoa para a Alepe é tão grande que ele pode ser considerado o segundo patrono da Casa, ou melhor, o patrono da era moderna da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: alepe, armando monteiro, eduardo campos, guilherme uchoa, guilherme uchoa junior, humberto costa, João Lyra Neto, Joaquim Nabuco, josé queiroz, Miriam Lacerda, paulo câmara, tony gel

Postado por Edmar Lyra às 10:06 am do dia 16 de maio de 2020 2 Comentários

A baraúna do agreste

Nascido em 1936 na cidade de Belo Jardim, José Mendonça Bezerra formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife no ano de 1963, e após sua formação, decidiu ingressar na vida pública participando da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em 1966 quando decidiu disputar seu primeiro mandato eletivo, o de deputado estadual. Mendonção, como ficou conhecido, exerceu três mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco, até que em 1978 disputou seu primeiro mandato na Câmara Federal ficando até 2010, quando deixou Brasília pensando em ser prefeito de Belo Jardim, sua terra natal, na eleição seguinte.

Na bela trajetória de 44 anos de mandatos eletivos ininterruptos, Mendonção construiu uma imagem de brilhante articulador político, sua família conseguiu por duas vezes, sob sua liderança, a façanha de eleger dois deputados federais. Foi assim em 1994, quando ele e Mendonça Filho foram eleitos juntos para a Câmara Federal e em 2010, quando emplacou o próprio Mendonça Filho e o seu genro Augusto Coutinho para mandatos em Brasília.

Uma característica marcante de Mendonção foi o seu posicionamento político, nos mais de quarenta anos de vida pública nunca trocou de lado, ficando na ARENA, PDS, PFL e Democratas até seu falecimento. Foi dele a articulação que viabilizou a União por Pernambuco que em 1998 derrotaria Miguel Arraes sob a liderança de Jarbas Vasconcelos. As costuras do cacique pefelista possibilitaram que Mendonça Filho fosse vice-governador e José Jorge se elegesse senador naquele pleito.

Nunca afeito a holofotes, Mendonção sempre atuou em defesa dos interesses de Pernambuco, sua cidade Belo Jardim recebeu importantes empreendimentos que lhe diferenciaram dos demais municípios graças a sagacidade de Mendonção, que notabilizou-se como um grande construtor do futuro do agreste. Baraúna é uma árvore frondosa, que protege seu entorno, Mendonção agiu como uma árvore que trouxe muitos frutos para a política, para sua cidade e para Pernambuco.

Torcedor apaixonado do Santa Cruz, Mendonção aceitou ser presidente do seu clube do coração, e foi lá que ele teve uma dura experiência que costumava contar aos próximos. Acostumado com as demandas dos vereadores, mais duras em época de eleição, ele pôde diagnosticar que existia uma categoria mais complicada do que vereador, o tal do jogador de futebol. Durante sua passagem pela presidência do clube no biênio 2001/2002, Mendonção não conseguiu títulos, porém foi ele quem trouxe o desconhecido Grafite que depois tornara-se um dos maiores ídolos do clube tricolor.

Voltando para a política, na eleição de 2006, Mendonção fez de tudo para que Inocêncio Oliveira, que chegou a ser seu desafeto por um tempo, pudesse continuar na União por Pernambuco, chegando a conversar com o cacique de Serra Talhada e colega de bancada na Câmara Federal para continuar na coligação. O espaço que Inocêncio queria eram duas secretarias, que acabaram negadas pelos governistas, o que culminou na saída de Inocêncio da União por Pernambuco e no seu consequente apoio a Eduardo Campos, que viria a ser governador naquele pleito derrotando Mendonça Filho.

Noveleiro de mão cheia, sempre que podia, Mendonção gostava de acompanhar as novelas da Globo, e em 2006 durante a campanha eleitoral para o governo de Pernambuco, ele chamava Eduardo Campos de Renato Mendes, personagem vivido pelo ator Fábio Assunção na novela Celebridade, que era um vilão e que assim como Eduardo, tinha os olhos azuis. Isso mostra a faceta inteligente e perspicaz de Mendonção, capaz de unir a realidade com a ficção.

Durante seus oito mandatos em Brasília, o apartamento funcional de Mendonção virou ponto de encontro dos colegas não só da bancada pernambucana como de outros estados. Nas conversas de Brasília, Mendonção viabilizava não só projetos legislativos como também políticos, era um construtor de pontes e artífice do entendimento. Apesar dessa característica conciliatória, era implacável com adversários quando necessário, habilidade fundamental para quem precisa se manter na política.

Motorista de Mendonção em boa parte do período em que ele esteve em Brasília, Clóvis que era do Recife e até hoje mora na capital federal, relembra com saudade do período em que acompanhava Mendonção e Dona Fana, ficando com os olhos marejados ao lembrar da figura de Mendonção, que o levou para Brasília. Hoje Clóvis trabalha com o genro de Mendonção, Augusto Coutinho, um de seus herdeiros políticos.

Chefe de gabinete do senador Jarbas Vasconcelos, Aristeu Plácido também relembra com alegria a forma em que Mendonção tratava as pessoas, em especial as mais próximas, e sublinha a falta que a baraúna faz à política pernambucana.

Falecido em abril de 2011, Mendonção não conseguiu realizar seu sonho, que era ser prefeito de Belo Jardim em 2012, mas sua trajetória ficou marcada na política pernambucana como um dos grandes personagens da nossa história. A baraúna deixou frutos, o filho Mendonça Filho, que teve exitosa passagem pelo ministério da Educação, considerado por muitos um dos melhores que passaram pela pasta, o genro Augusto Coutinho, que virou seu sexto filho, e assim como o sogro, um grande construtor de pontes na política pernambucana e o seu neto Rodrigo Coutinho que está no seu primeiro mandato como vereador do Recife e assim como o avô e o pai, também é muito querido pelos seus pares.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: Arena, augusto coutinho, Baraúna, jarbas vasconcelos, José Mendonça, mendonça filho, Mendonção, miguel arraes, PDS, PFL, rodrigo coutinho

  • « Página anterior
  • 1
  • …
  • 5
  • 6
  • 7

 

Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista da Rádio Clube e de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

Saiba mais

Siga-me nas redes sociais

  • Facebook
  • Instagram
  • LinkedIn
  • Twitter

Lista de Links

  • Celebridades
  • Minha Saúde
  • Nocaute
  • Radar dos Concursos
  • Torcida

Blog Edmar Lyra © 2008-2023 — Feito com em Recife — Pernambuco — Política de Privacidade