Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 9:35 am do dia 22 de maio de 2020 629 Comentários

O professor Moura Cavalcanti

Nascido em 30 de outubro de 1925 no engenho Cipó em Timbaúba, José Francisco de Moura Cavalcanti ficou órfão de pai e mãe muito cedo, sendo criado por um avô. Seus familiares eram proprietários de terras na região, que seriam herdadas por ele quando completasse a maioridade. Em 1945, aos 20 anos de idade, Moura Cavalcanti elegeu-se prefeito de Macaparana, iniciando assim a sua vida pública.

Ele ingressou na Faculdade de Direito, porém como tinha muitas responsabilidades para cuidar, teve que interromper seus estudos, formando-se apenas em 1954. Neste mesmo ano tiveram as eleições para o governo de Pernambuco, e como líder político da sua região, a Mata Norte, atuou na campanha do marechal Osvaldo Cordeiro de Farias, que viria a ser eleito.

Moura foi procurador do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Pernambuco (IPSEP).  Nas eleições de 1960 acompanhou Cordeiro de Farias no apoio a Jânio Quadros, atuando intensamente na sua campanha em Pernambuco. Com a vitória de Jânio, Moura foi nomeado governador do território do Amapá, levando diversos pernambucanos para compor o seu secretariado.

Durante sua gestão, que durou apenas um ano, por conta da renúncia do presidente, Moura construiu uma estrada que ligava Macapá à Guiana Francesa, deu continuidade à construção de uma usina hidrelétrica e racionalizou a exploração dos minérios de ferro naquela região, a partir do aprofundamento das pesquisas de campo e do levantamento aéreofotogramétrico da região.

Voltando a Pernambuco, foi secretário de Administração do governo Paulo Guerra, representando Pernambuco no conselho deliberativo da SUDENE. Também foi secretário extraordinário de Pernambuco no governo Nilo Coelho.

Em 1970, o então presidente general Emílio Garrastazu Médici extinguiu dois institutos e um grupo executivo e unificou as ações no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), nomeando Moura Cavalcanti como seu primeiro presidente, com isso iniciou o processo de colonização da Amazônia, parte de uma política de integração nacional que daria início a construção da rodovia Transamazônica e a ocupação de suas margens como um de seus pilares. O governo federal tinha como estratégia diminuir o excedente demográfico do Nordeste, transferindo-o para o Norte, no sentido de reduzir as tensões sociais no tocante ao uso e posse da terra na região.

O INCRA também ficou responsável pelo Proterra que visava distribuir terras no Norte e Nordeste e estimular a agroindústria nas duas regiões. Em 1973, Moura Cavalcanti foi nomeado ministro da Agricultura, estimulando empreendimentos agropecuários na Amazônia, o que segundo ele, era o único caminho para o desenvolvimento da região. Ainda na pasta, Moura criou a Embrapa, elaborou o Plano de Desenvolvimento de Pesca e encaminhou a criação do Código Nacional de Bebidas, regulamentação que viria a ser conhecida como Lei dos Sucos.

Em 15 de março de 1974 com o fim do governo Médici, Moura Cavalcanti passou a postular o governo de Pernambuco, e numa consulta realizada com membros da Aliança Renovadora Nacional do estado, Moura Cavalcanti obteve 46 votos, derrotando Paulo Maciel e Marco Antônio de Oliveira Maciel. Contando com o apoio do então governador Eraldo Gueiros e do ex-governador Cordeiro de Farias, Moura foi escolhido pelo presidente Geisel para postular o cargo, apesar da oposição do ex-governador e então deputado federal Etelvino Lins.

Moura Cavalcanti foi escolhido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco para o cargo de governador, assumindo o posto em 15 de março de 1975. Durante o seu governo, ficou marcado pela construção das barragens de Carpina e de Goitá, a drenagem do Rio Capibaribe para conter os efeitos das enchentes daquela época, iniciou a construção do Terminal Integrado de Passageiros (TIP), construiu o Centro de Convenções e lançou a pedra fundamental do Complexo Industrial de Suape em 1978, projeto já iniciado pelo seu antecessor Eraldo Gueiros.

Além das diversas ações como prefeito de Macaparana, presidente do INCRA, ministro da Agricultura, governador do Amapá e de Pernambuco, um dos principais legados de Moura Cavalcanti foi forjar quadros na política, como por exemplo Gustavo Krause, José Jorge, Joaquim Francisco e Maviael Cavalcanti, que iniciaram sua trajetória na política ao lado do governador.

Após deixar o governo de Pernambuco em 1979, sendo sucedido por Marco Maciel, Moura Cavalcanti se dedicou aos negócios privados, também teve que se tratar de um câncer e vítima de complicações da doença, veio a óbito em 28 de novembro de 1994.

A vida pública de Moura Cavalcanti deixou importante legado para o Brasil e especialmente para Pernambuco, sendo um dos políticos mais emblemáticos da nossa história.

Deputado Edgar Lins Cavalcanti, do Café Petinho, e o governador Moura Cavalcanti
Visita do presidente Ernesto Geisel a Pernambuco
Inauguração da Barragem do Carpina
Reunião do governador Moura Cavalcanti com o presidente Ernesto Geisel
Visita a Taquaritinga do Norte com a primeira-dama Dona Suçu

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Postado por Edmar Lyra às 8:54 am do dia 21 de maio de 2020 817 Comentários

O cometa Antônio Farias

Nascido em 1932, na cidade de Surubim, Antônio Arruda de Farias começou sua trajetória na unidade de beneficiamento de algodão do seu pai, Severino Farias, um pecuarista que tinha muito prestígio na região. Ainda no ramo empresarial atuou no setor sucroalcooleiro, mais especificamente na Usina Pedroza, em Cortês, na Mata Sul. O grande destaque é que a sua esposa Geralda Farias sempre se fez presente nas empreitadas econômicas, mas nunca abandonou o lado social, fazendo do Grupo Farias um dos mais respeitados em Pernambuco e no Nordeste, haja vista seus empreendimentos suplantaram as fronteiras do nosso estado. No Rio Grande do Norte, o grupo criou a Destilaria Baía Formosa.

Apesar do tino empresarial e sua formação acadêmica em economia, foi na política que Antonio Farias se tornou conhecido e fez história em Pernambuco. Foi como vereador de Surubim que ele iniciou sua trajetória em 1955, sendo também deputado estadual, prefeito do Recife, deputado federal e senador da República.

Quando prefeito do Recife, entre 1975 e 1979, realizou uma gestão moderna e austera, ampliando a estrutura de arrecadação do município sem aumentar impostos, com isso o município melhorou seu fluxo de caixa, também foi responsável pela modernização do prédio da prefeitura, que leva seu nome, climatizou o Teatro Santa Isabel, construiu as Avenidas Recife e Mário Melo, fazendo também o elevado da Avenida Agamenon Magalhães, na Zona Sul urbanizou a praia do Pina e trocou a iluminação da Avenida Boa Viagem.

Durante sua gestão enfrentou a fatídica cheia de 1975, que obrigou a prefeitura a realizar investimentos em infraestrutura de alagados e morros e realizar ações sociais para minimizar o impacto dela na vida dos recifenses. Como gestor público ou privado, Antônio Farias se mostrou bastante arrojado e deixou importante legado para a cidade do Recife.

Com trajetória política na direita, tendo exercido seus cargos pela ARENA e PDS, Antônio Farias foi convidado por Miguel Arraes para, ao lado de Mansueto de Lavor, compor a chapa majoritária de 1986. Antonio Farias trocou o PDS pelo PMB para a disputa. Não era tarefa fácil, pois ele enfrentaria o então favorito Roberto Magalhães, porém com a abertura das urnas, Farias obteve 1.204.869 votos, suplantando Roberto Magalhães e sendo eleito juntamente com o mais votado Mansueto de Lavor.

Ao assumir o mandato de senador da República em 1987 aos 55 anos, esperava-se que Antônio Farias construísse uma bela trajetória que lhe levasse a cargos ainda maiores, como o de governador de Pernambuco, porém em 1988, mais precisamente em 13 de abril, ele sofreria um infarto e viria a óbito, encerrando uma carreira vitoriosa de trinta anos de vida pública, sendo não só um gestor renomado como um grande empresário.

Apesar da sua curta trajetória, Antônio Farias ficou na história de Pernambuco como um grande homem público, que nunca se envolveu em qualquer escândalo de corrupção e provou que é possível, quando se quer, fazer a coisa certa. Rápido como um cometa, Antônio Farias em sua breve existência entrou para o rol dos grandes políticos pernambucanos.

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:44 am do dia 20 de maio de 2020 3 Comentários

Nilo Coelho, o gigante do sertão!

Nascido em 2 de novembro de 1920 em Petrolina, Nilo de Souza Coelho foi um dos treze filhos do casal Clementino de Souza Coelho e Josefa Maria de Souza Coelho. Seu Quelê, como era conhecido, tornou-se um dos principais empresários do sertão do São Francisco.

Ainda jovem, Nilo foi estudar medicina em Salvador na Universidade Federal da Bahia, e aos 27 anos foi candidato a deputado estadual em Pernambuco com o apoio da família que já detinha grande influência no sertão do São Francisco.  No exercício do mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Nilo chegou a ser primeiro-secretário da Casa Joaquim Nabuco.

Em 1950, elegeu-se deputado federal pela primeira vez, exercendo o cargo até 1967, neste ínterim foi secretário da Fazenda de Pernambuco entre 1951 e 1952, depois foi nomeado governador de Pernambuco pelo presidente Castelo Branco. Como governador, foi responsável por eletrificar mais de 200 distritos na Zona da Mata, Agreste e Sertão, também criou o Lafepe, a Fundação de Desenvolvimento Municipal de Pernambuco, que foi responsável pela construção de estradas e a integração dos municípios pernambucanos. Pelo fato de construir muitas estradas, Nilo foi apelidado de governador estradeiro.

As ações de Nilo não param por aí, ele também foi responsável pela criação do DETRAN de Pernambuco, do Ipem, da Cepe, da UPE e do Projeto Massangano, considerado o maior projeto de irrigação do país, com mais de 20 mil hectares, beneficiando milhares de pessoas com a cultura de banana, acerola, uva, coco, dentre outros e ainda concluiu a barragem das Tabocas.

Ao deixar o governo de Pernambuco em 1971, Nilo decidiu dedicar-se aos negócios da família, porém a paixão pela política o fez voltar para disputar o Senado em 1978. O mecanismo da sublegenda, uma vez que ele disputou pela Arena I e Cid Sampaio pela Arena II, fez com que ele derrotasse Jarbas Vasconcelos, que tinha sido o mais votado do pleito, haja vista a soma dos dois candidatos arenistas ter suplantado a votação de Jarbas.

Nilo tomou posse no Senado em fevereiro de 1979 tornando-se vice-presidente da Casa, depois em 1981 virou líder do governo e em 1982 foi eleito presidente por unanimidade. Na época da disputar o Palácio do Planalto começava a pensar em nomes para o cargo, mas foi surpreendido com a força conquistada pela articulação de Nilo, que seria eleito para o cargo de presidente do Senado e também do Congresso Nacional.

Na turbulenta sessão de 21 de setembro de 1983, na condição de presidente do Senado Federal, Nilo proferiu um discurso que ficaria na história. Já na madrugada de 22 de setembro, suscitado por uma questão de ordem do líder do PDS, senador Aloísio Chaves, após suspender por trinta minutos a sessão, subiu à tribuna e disse a célebre frase: “Não sou presidente do congresso do PDS, sou presidente do Congresso do Brasil.”, demonstrando seu caráter altivo e defendendo o parlamento brasileiro.

Em 9 de novembro, poucos dias depois de completar 63 anos de idade, Nilo Coelho viria a óbito vítima de um infarto, mas antes proferiu mais uma forte declaração: “Não me arrependo do que fiz. Só me arrependo do que não fiz”. A partida de Nilo Coelho, ainda jovem, lhe colocou na história como um dos grandes homens públicos brasileiros, um indutor do desenvolvimento, defensor incansável da política e do entendimento, brilhante orador, grande articulador e extraordinário gestor público.

Nilo Coelho, assim como o seu xará, que é considerado o maior rio do mundo, foi gigante em toda a sua existência, deixando para sua amada Petrolina, para Pernambuco e para o Brasil, o legado de um dos mais brilhantes homens públicos que o nosso estado e o nosso país já conheceram.

Governador Nilo Coelho com o presidente Costa e Silva durante inauguração de estrada
Nilo Coelho com sua mãe Josefa e seus irmãos
Nilo Coelho em evento público

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:32 am do dia 19 de maio de 2020 5 Comentários

A mente brilhante de Pernambuco

Nascido no Recife em 1947, Severino Sérgio Estelita Guerra veio de família tradicional de política, seu pai Pio Guerra e seu irmão José Carlos Guerra tinham sido deputados federais. Em 1981 filiou-se ao MDB e no ano seguinte tentou seu primeiro mandato como deputado estadual, sendo eleito naquele pleito, quatro anos mais tarde, já pelo PDT conseguiu seu segundo mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco com 9.899 votos, sendo o penúltimo eleito daquele pleito.

Em 1989 ingressou no PSB e exerceu os cargos de secretário de Indústria, Comércio e Turismo e depois de Ciência e Tecnologia do governo Miguel Arraes. Em 1990 tentaria seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e numa chapinha montada com Arraes, foi eleito com 23.999 votos juntamente com Renildo Calheiros, Luiz Piauhylino, Alvaro Ribeiro e Roberto Franca, todos com baixíssima votação arrastados pela força eleitoral de Miguel Arraes, que foi o mais votado daquele pleito. Nas eleições seguintes, ele foi reeleito deputado federal em 1994 e 1998, ambas pelo PSB, e foi novamente secretário de Miguel Arraes.

Com a chegada de Jarbas Vasconcelos ao Palácio do Campo das Princesas, Sergio Guerra se aproximou do então governador, com quem nutria uma excelente relação pessoal e filiou-se ao PSDB. Chegou a ser secretário extraordinário de Jarbas e foi candidato a vice-prefeito de Roberto Magalhães, que tentando a reeleição, acabou derrotado.

Na eleição seguinte, contrariando todos os prognósticos, Jarbas colocou Sergio Guerra na sua chapa, juntamente com Marco Maciel. A escolha de Jarbas criou arestas na União por Pernambuco, que depois culminariam na saída de deputados federais da base de sustentação do então governador.

Durante o processo eleitoral, Jarbas confirmou seu favoritismo, assim como Marco Maciel. Já Sergio Guerra teve um osso duro de roer que foi Carlos Wilson, que tentava a reeleição e mostrava que tinha condições de garantir mais um mandato, porém na reta final, comprovando o histórico de eleições no estado onde o governador geralmente puxa os senadores, Sergio Guerra foi eleito com 1.675.779 votos.

Já no Senado Federal, Sergio Guerra atendeu prefeitos, como sempre fez quando era deputado, e destravou recursos e obras importantes para Pernambuco. Seus oito anos na Câmara Alta resultaram e muitos investimentos para o estado, e mesmo integrando um partido de oposição, o PSDB, Sergio Guerra nutria excelente relação com o então presidente Lula, e por diversas vezes foi procurado pelo presidente para desatar alguns nós de governabilidade.

Os primeiros quatro anos no Senado fizeram de Sergio Guerra um potencial candidato ao Palácio do Campo das Princesas na sucessão de Jarbas Vasconcelos. Diversos prefeitos desejavam que Jarbas o escolhesse para a sua sucessão, inclusive considerando a hipótese do lançamento de duas candidaturas, porém Jarbas cumpriu o acordo e optou por Mendonça Filho. Fora do páreo, Sergio liberou suas bases para Eduardo Campos, que só foi candidato competitivo graças a não candidatura de Guerra, com o sinal verde e o apoio de Inocêncio Oliveira, Eduardo fincou um projeto competitivo que viria a ser vitorioso em 2006.

Ainda no Senado, associado à condição de presidente nacional do PSDB, Sergio Guerra tornou-se um dos políticos mais influentes do Brasil, integrando importantes comissões e ao mesmo tempo descascando os pepinos do mais importante partido de oposição ao PT. Sergio foi o mais longevo presidente nacional do PSDB, ficando no cargo até março de 2013, quando entregou a presidência ao então senador Aécio Neves.

Em 2010 voltou à Câmara dos Deputados como o sexto mais votado, seria o quarto e último mandato eletivo exercido por ele. Durante os oito anos do governo Eduardo Campos, Sergio Guerra manteve uma relação extremamente cordial e afável com o governador, de quem era muito próximo desde os tempos de Arraes, e acabou se afastando de Jarbas Vasconcelos, que ficou muito chateado com a relação próxima que Sergio e Eduardo tinham.

Em seus mais de trinta anos de mandatos eletivos, Sergio construiu uma trajetória de manter aliados importantes, como Duffles Pires, que foi vice-prefeito de Paulista, Ricardo Teobaldo, que chegaram a romper mas fizeram importantes dobradinhas, Joaquim Neto, prefeito de Gravatá, a ex-deputada Terezinha Nunes e tantos outros nomes que tinham em Sergio um importante líder.

Apesar de parecer carrancudo, Sergio Guerra era bom de conviver, aqueles que tiveram a oportunidade de uma mínima proximidade com ele puderam perceber não só a sua inteligência como a sua capacidade de pensar e executar política todos os dias. Ele sabia ser implacável com adversários, mas também sabia como poucos construir laços que suplantavam a política.

Pelas suas idas e vindas na política, a ex-deputada Cristina Tavares o classificou como uma inteligência à procura de um caráter, tamanha a sua capacidade de agir sem qualquer culpa quando fosse necessário. Também chamava a atenção o fato de Guerra ser afeito a coisas de grife, que a maioria da população jamais terá acesso, como por exemplo colecionar cavalos de raça, sapatos e roupas das mais caras, e um gosto excêntrico que eram as lutas de UFC que ele fazia questão de viajar para assisti-las. Quem era seu companheiro nessas empreitadas foi o jovem deputado Claudiano Filho, que até hoje relembra o seu líder político.

Em 2014, quando se preparava para disputar a reeleição na Câmara dos Deputados, Sergio Guerra veio a óbito no dia 6 de março em decorrência de um câncer de pulmão, ele tinha 66 anos. Apesar de não ser conhecido do grande público, ele se mostrou uma figura ímpar nas articulações políticas de Pernambuco e de Brasília, fazendo muita falta a quem vive o dia a dia da política.

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:07 am do dia 18 de maio de 2020 2 Comentários

O construtor de pontes na política

Nascido em 11 de setembro de 1925, Armando de Queiroz Monteiro Filho formou-se em engenharia pela então Universidade do Recife, que depois viria a se tornar Universidade Federal de Pernambuco, chegando a participar ativamente do movimento estudantil.

Em 1950, aos 25 anos de idade, foi eleito deputado estadual, mas por conta do seu parentesco com o então governador Agamenon Magalhães, era genro, ficou impossibilitado de assumir o mandato. Em 1951 ficou na primeira suplência de deputado estadual numa eleição suplementar que ocorreu à época, e foi nomeado secretário de Viação e Obras  Públicas no governo Agamenon Magalhães.

Em 1954 foi candidato a deputado federal, tornando-se o mais votado daquele pleito. Já no segundo mandato, em 1959, participou da elaboração da criação do Conselho de Desenvolvimento  Econômico do Nordeste, que serviria de base para a criação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no final daquele mesmo ano.

Com a renúncia do presidente Jânio Quadros, em agosto de 1961, votou a favor da emenda constitucional que criaria o regime parlamentarista e possibilitaria a ascensão do vice-presidente João Goulart ao cargo. Em 7 de setembro daquele ano, Goulart assumiu o cargo, e no dia seguinte nomeou Tancredo Neves para o posto de primeiro-ministro, e logo em seguida Armando Monteiro Filho seria escolhido ministro da Agricultura. Sua passagem pelo ministério foi até 26 de junho de 1962, com a renúncia de Tancredo Neves do cargo de primeiro-ministro.

Ao voltar para o seu mandato, Armando Monteiro Filho decidiu ser candidato a governador em 1962, enfrentando Miguel Arraes e João Cleofas de Oliveira. Naquela eleição, o vitorioso foi Miguel Arraes. Já em 1966, Armando Monteiro Filho enfrentou João Cleofas na disputa pelo Senado. Após uma dura disputa, que foi bastante acirrada, João Cleofas seria eleito para o posto.

Desde então, já com a adoção do regime militar, decidiu ficar distante dos mandatos eletivos, até a volta do pluripartidarismo em 1979, quando filiou-se ao PDT. Somente em 1994 voltaria a tentar mandatos eletivos, sendo candidato ao Senado na chapa de Miguel Arraes, que seria eleito governador junto com Roberto Freire e Carlos Wilson para a Câmara Alta.

Apesar de ter sido uma vez deputado estadual e duas vezes deputado federal, passando pelo importante ministério da Agricultura, Armando Monteiro Filho conseguiu, em seus quase setenta anos de vida pública, ser uma unanimidade em Pernambuco. Seu jeito generoso e atencioso com todos fizeram dele um quadro extremamente respeitado não só em Pernambuco como em todo o Brasil.

Apesar de ter deixado a política, foi sucedido pelo seu filho Armando Monteiro Neto, que não só foi deputado federal por três mandatos, como também ministro, desta vez do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff e o sonho de ser senador foi realizado pelo seu herdeiro, eleito em 2010 como o mais votado daquele pleito.

Falecido em janeiro de 2018, aos 92 anos, Armando Monteiro Filho deixou como legado a seriedade, o respeito e o amor por Pernambuco e pelo Brasil, cuja responsabilidade de manter a chama acesa de um grande homem público é de todos os seus herdeiros, em especial Armando Neto, que seguiu o caminho da política, e Eduardo de Queiroz Monteiro, que apesar de ter enveredado pelo caminho empresarial e nunca disputado mandatos, é também um grande construtor de pontes em Pernambuco.

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Postado por Edmar Lyra às 9:54 am do dia 17 de maio de 2020 1.426 Comentários

O segundo patrono da Alepe

A Assembleia Legislativa de Pernambuco possui 185 anos de história, fundada em 1º de abril de 1835, mas o atual prédio que conhecemos, na Rua da Aurora, passou a sediar o Poder Legislativo estadual somente em 1º de março de 1875, portanto há 145 anos.

A Alepe recebeu em 1948 o título de Palácio Joaquim Nabuco, em homenagem ao político abolicionista que fez história em Pernambuco. Nabuco tornou-se o patrono daquela Casa que foi palco de muitos momentos históricos em nosso estado.

Numa história quase bicentenária, muitos foram os nomes que passaram por aquela Casa e alguns conseguiram fazer história, como é o caso do nosso personagem, que poderá dividir a história da Casa de Joaquim Nabuco em antes e depois da sua passagem pela presidência daquele poder.

Nascido em Timbaúba em 22 de abril de 1947, Guilherme Aristóteles Uchoa Cavalcanti Pessoa de Melo, construiu uma trajetória no poder judiciário, sendo respeitado na área jurídica pela sua postura conciliadora e de trabalho. Já aposentado, decidiu tentar o mandato de deputado estadual em 1994 pelo PMDB. Após a abertura das urnas, a vitória com 16.137 votos e se iniciava uma história de sucesso na Casa Joaquim Nabuco.

No seu quarto mandato como deputado estadual, Guilherme Uchoa apoiou Eduardo Campos naquele pleito de 2006, inicialmente seus planos seriam apoiar Armando Monteiro, então pré-candidato a governador, mas que desistiu para apoiar Humberto Costa. Sem muita afinidade com Humberto, Guilherme e o PDT, partido que era filiado, formalizaram apoio a Eduardo.

Passada a eleição, e já na formalização da mesa, era preciso encontrar um substituto para Romário Dias, que já estava no seu terceiro mandato como presidente da Casa e iria para o Tribunal de Contas do Estado. Além de Guilherme, surgiu o nome do seu correligionário José Queiroz, que também era aliado de Eduardo. A escolha por Guilherme se deu por um pequeno detalhe, o fato de Miriam Lacerda, esposa do então prefeito de Caruaru Tony Gel, atualmente deputada estadual, ser adversária de Queiroz. O apoio de Miriam a Guilherme desempatou o jogo em prol daquele que viria a ser eleito.

Investido na condição de presidente da Assembleia a partir de fevereiro de 2007, Guilherme Uchoa construiu uma trajetória mais longeva do que a de seu antecessor Romário Dias. Além disso, nos sete anos e três meses em que Eduardo Campos foi governador de Pernambuco, a parceria entre os chefes do legislativo e do executivo foi de fundamental importância para o êxito do governo Eduardo, que marcou história em nosso estado.

Foram quase doze anos de mandato, com questionáveis alterações na legislação por parte da imprensa e de seus adversários para permitir seis mandatos como presidente da Casa. Em Pernambuco, hexa só tem dois, o Náutico e Guilherme Uchoa, que conseguiu diversas reconduções graças a sua forma de comandar o Poder Legislativo. Na condição de presidente da Alepe, Guilherme completou a trinca de fazer parte do poder legislativo, do judiciário e do executivo, porque por diversas vezes chegou a assumir o Palácio do Campo das Princesas por fazer parte da linha sucessória do estado, na ausência dos governadores Eduardo Campos, João Lyra Neto e Paulo Câmara.

Além de ser um presidente bastante conciliador e por diversas vezes atuou como um pai de parlamentares e ex-parlamentares, Guilherme deixou como legado a defesa intransigente da Casa Joaquim Nabuco e principalmente a reformulação da sede daquele poder. Graças ao seu presidente, que mostrou-se mais uma vez arrojado, a Alepe ganhou uma moderna estrutura que a colocou entre as mais bem estruturadas casas legislativas do país.

O plenário, os gabinetes, as salas de comissões, a parte administrativa, todos eles modernos e preparados para atender às demandas dos pernambucanos, só foram possíveis graças a Guilherme Uchoa. Claro que os pares também tiveram sua parcela de contribuição, mas sem um líder para conduzir uma complexa obra, dificilmente o projeto teria saído do papel.

Na busca pelo sétimo mandato como deputado estadual, Guilherme, que deixou o PDT por conta de o partido não aceitar a entrada do seu filho Júnior para ser deputado federal, para se filiar ao PSC, teve complicações de saúde e em 3 de julho de 2018 viria a óbito, deixando a cargo do filho a importância de manter vivo o seu legado. Júnior teve que ser candidato a estadual para não deixar as bases de Guilherme, sempre muito bem atendidas, desacobertadas.

Prestes a completar dois anos da sua partida, Guilherme Uchoa sempre será lembrado, não só pela sua família, mas por todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver e conhecer de perto um homem público firme e determinado que marcou história em nosso estado. A importância de Guilherme Uchoa para a Alepe é tão grande que ele pode ser considerado o segundo patrono da Casa, ou melhor, o patrono da era moderna da Assembleia Legislativa de Pernambuco.

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Postado por Edmar Lyra às 10:06 am do dia 16 de maio de 2020 1.706 Comentários

A baraúna do agreste

Nascido em 1936 na cidade de Belo Jardim, José Mendonça Bezerra formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife no ano de 1963, e após sua formação, decidiu ingressar na vida pública participando da Aliança Renovadora Nacional (ARENA) em 1966 quando decidiu disputar seu primeiro mandato eletivo, o de deputado estadual. Mendonção, como ficou conhecido, exerceu três mandatos na Assembleia Legislativa de Pernambuco, até que em 1978 disputou seu primeiro mandato na Câmara Federal ficando até 2010, quando deixou Brasília pensando em ser prefeito de Belo Jardim, sua terra natal, na eleição seguinte.

Na bela trajetória de 44 anos de mandatos eletivos ininterruptos, Mendonção construiu uma imagem de brilhante articulador político, sua família conseguiu por duas vezes, sob sua liderança, a façanha de eleger dois deputados federais. Foi assim em 1994, quando ele e Mendonça Filho foram eleitos juntos para a Câmara Federal e em 2010, quando emplacou o próprio Mendonça Filho e o seu genro Augusto Coutinho para mandatos em Brasília.

Uma característica marcante de Mendonção foi o seu posicionamento político, nos mais de quarenta anos de vida pública nunca trocou de lado, ficando na ARENA, PDS, PFL e Democratas até seu falecimento. Foi dele a articulação que viabilizou a União por Pernambuco que em 1998 derrotaria Miguel Arraes sob a liderança de Jarbas Vasconcelos. As costuras do cacique pefelista possibilitaram que Mendonça Filho fosse vice-governador e José Jorge se elegesse senador naquele pleito.

Nunca afeito a holofotes, Mendonção sempre atuou em defesa dos interesses de Pernambuco, sua cidade Belo Jardim recebeu importantes empreendimentos que lhe diferenciaram dos demais municípios graças a sagacidade de Mendonção, que notabilizou-se como um grande construtor do futuro do agreste. Baraúna é uma árvore frondosa, que protege seu entorno, Mendonção agiu como uma árvore que trouxe muitos frutos para a política, para sua cidade e para Pernambuco.

Torcedor apaixonado do Santa Cruz, Mendonção aceitou ser presidente do seu clube do coração, e foi lá que ele teve uma dura experiência que costumava contar aos próximos. Acostumado com as demandas dos vereadores, mais duras em época de eleição, ele pôde diagnosticar que existia uma categoria mais complicada do que vereador, o tal do jogador de futebol. Durante sua passagem pela presidência do clube no biênio 2001/2002, Mendonção não conseguiu títulos, porém foi ele quem trouxe o desconhecido Grafite que depois tornara-se um dos maiores ídolos do clube tricolor.

Voltando para a política, na eleição de 2006, Mendonção fez de tudo para que Inocêncio Oliveira, que chegou a ser seu desafeto por um tempo, pudesse continuar na União por Pernambuco, chegando a conversar com o cacique de Serra Talhada e colega de bancada na Câmara Federal para continuar na coligação. O espaço que Inocêncio queria eram duas secretarias, que acabaram negadas pelos governistas, o que culminou na saída de Inocêncio da União por Pernambuco e no seu consequente apoio a Eduardo Campos, que viria a ser governador naquele pleito derrotando Mendonça Filho.

Noveleiro de mão cheia, sempre que podia, Mendonção gostava de acompanhar as novelas da Globo, e em 2006 durante a campanha eleitoral para o governo de Pernambuco, ele chamava Eduardo Campos de Renato Mendes, personagem vivido pelo ator Fábio Assunção na novela Celebridade, que era um vilão e que assim como Eduardo, tinha os olhos azuis. Isso mostra a faceta inteligente e perspicaz de Mendonção, capaz de unir a realidade com a ficção.

Durante seus oito mandatos em Brasília, o apartamento funcional de Mendonção virou ponto de encontro dos colegas não só da bancada pernambucana como de outros estados. Nas conversas de Brasília, Mendonção viabilizava não só projetos legislativos como também políticos, era um construtor de pontes e artífice do entendimento. Apesar dessa característica conciliatória, era implacável com adversários quando necessário, habilidade fundamental para quem precisa se manter na política.

Motorista de Mendonção em boa parte do período em que ele esteve em Brasília, Clóvis que era do Recife e até hoje mora na capital federal, relembra com saudade do período em que acompanhava Mendonção e Dona Fana, ficando com os olhos marejados ao lembrar da figura de Mendonção, que o levou para Brasília. Hoje Clóvis trabalha com o genro de Mendonção, Augusto Coutinho, um de seus herdeiros políticos.

Chefe de gabinete do senador Jarbas Vasconcelos, Aristeu Plácido também relembra com alegria a forma em que Mendonção tratava as pessoas, em especial as mais próximas, e sublinha a falta que a baraúna faz à política pernambucana.

Falecido em abril de 2011, Mendonção não conseguiu realizar seu sonho, que era ser prefeito de Belo Jardim em 2012, mas sua trajetória ficou marcada na política pernambucana como um dos grandes personagens da nossa história. A baraúna deixou frutos, o filho Mendonça Filho, que teve exitosa passagem pelo ministério da Educação, considerado por muitos um dos melhores que passaram pela pasta, o genro Augusto Coutinho, que virou seu sexto filho, e assim como o sogro, um grande construtor de pontes na política pernambucana e o seu neto Rodrigo Coutinho que está no seu primeiro mandato como vereador do Recife e assim como o avô e o pai, também é muito querido pelos seus pares.

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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