Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 9:35 am do dia 28 de maio de 2020 1.003 Comentários

Sem ódio e sem medo, o autêntico Marcos Freire

Nascido no Recife em 5 de setembro de 1931, Marcos de Barros Freire iniciou sua sua vida pública na política estudantil quando era aluno da Faculdade de Direito do Recife, vindo a concluir o curso em 1955. Naquele mesmo ano, tornou-se oficial de gabinete do então prefeito do Recife Djair Brindeiro. Já na gestão de Pelópidas da Silveira, Marcos Freire exerceu diversos cargos, dentre eles o de chefe de gabinete do prefeito, continuando na prefeitura durante a gestão de Miguel Arraes.

Em paralelo seguiu sua carreira acadêmica, como professor da Faculdade de Ciências Econômicas, função que ocupou até 1968. Freire também foi professor da Escola de Administração da Universidade de Pernambuco até 1970. Na gestão de Miguel Arraes chefiou o departamento da Procuradoria Geral do Recife até 1963. Com a volta de Pelópidas para a prefeitura, foi secretário de Assuntos Jurídicos e de Abastecimento e Concessões, ficando no cargo até 31 de março de 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto pelo regime militar e Miguel Arraes e Pelópidas da Silveira foram cassados e presos.

Já afastado do cargo de secretário, Marcos Freire foi para o Rio de Janeiro em 1965 e lá estudou análises econômicas no Conselho Nacional de Economia e fez o curso de técnicas de ensino da PUC, tornando-se professor-titular de direito constitucional da Faculdade de Direito do Recife ao voltar para a capital pernambucana.

Em 1968 lançou-se candidato a prefeito de Olinda pelo MDB, ao vencer a disputa derrotando dois candidatos da ARENA, Marcos Freire acabou renunciando ao cargo dois dias depois de tomar posse em virtude do AI-5 que cassou o seu vice-prefeito. Novamente afastado da política, passou a lecionar na Escola Superior de Relações Públicas do Recife até 1970 quando convidado pelo presidente nacional do MDB, senador Oscar Passos, tentou seu primeiro mandato como deputado federal pelo partido.

Eleito como o mais votado daquele pleito, Marcos Freire assume seu mandato na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1971 e junto com Fernando Lyra, José Alencar Furtado e outros nomes do partido, integrou o grupo dos autênticos do MDB, uma ala mais à esquerda do partido que representava a oposição na época. Em maio do mesmo ano, Freire torna-se vice-líder do seu partido na Câmara Federal.

Em novembro de 1974 candidata-se ao Senado Federal e enfrentando o senador João Cleofas, que era apoiado pelo regime militar, sagra-se vitorioso por uma diferença de mais de 120 mil votos. A bela campanha utilizou o slogan “Sem ódio e sem medo” e acabou com o surpreendente resultado de derrotar o candidato oficial do regime.

Investido no mandato de senador da República em 1975,  Marcos Freire notabilizou-se como um ferrenho opositor do regime militar e defensor da abertura democrática no país, encampou a tese da anistia chegando a criticar o projeto de anistia parcial do senador Dinarte Mariz, mas em 1979 o presidente João Figueiredo decretou a anistia irrestrita.

Em setembro de 1979, Marcos Freire foi signatário e expositor de uma proposta de pacto social apresentada por dezessete senadores do MDB e que discutia temas como inflação, balança de pagamentos, energia, desigualdades regionais, dentre outros. Freire foi contrário à instalação do pluripartidarismo por acreditar que o MDB poderia manter diversas correntes ideológicas na agremiação. Mas com o pluripartidarismo, o MDB passou a se chamar PMDB.

Nas eleições de 1982 travou uma batalha interna com o ex-governador Miguel Arraes pela indicação do partido para a disputa pelo governo de Pernambuco. Apoiado por Jarbas Vasconcelos, prevaleceu a tese de que Marcos Freire por ter enfrentado o regime aqui no Brasil merecia ser candidato a governador. Arraes acabou sendo, junto com o próprio Jarbas, candidato a deputado federal naquele pleito.

Na disputa, Marcos Freire que teve como companheiros de chapa Fernando Coelho na vice e Cid Sampaio para o Senado, acabou derrotado por Roberto Magalhães, que tinha Gustavo Krause na vice e Marco Maciel para o Senado. Com a abertura das urnas, por uma diferença de menos de 100 mil votos, impulsionado pela força do PDS no interior, Roberto Magalhães sagrou-se vitorioso juntamente com Marco Maciel.

Com a derrota da emenda Dante de Oliveira que defendia as eleições diretas, mesmo sem mandato, Marcos Freire atuou na eleição indireta do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, para a presidência da República. Com o projeto da Aliança Democrática vitorioso, Marcos Freire, que era presidente estadual do PMDB, foi convidado a assumir a presidência da Caixa Econômica Federal, ocupando o posto no governo Sarney, que assumiu a presidência com a doença de Tancredo.

Em 1985, com a volta das eleições diretas para prefeito, Marcos Freire reassumiu o posto de presidente estadual do PMDB após licença e comandou a escolha de Sérgio Murilo como candidato da Aliança Democrática a prefeito do Recife, impedindo a candidatura de Jarbas Vasconcelos pelo partido. Freire foi acusado de se aliar àqueles que combateu a vida inteira. Jarbas, apoiado por Miguel Arraes, disputa a prefeitura do Recife pelo PSB e acaba derrotando Sérgio Murilo numa das campanhas mais sangrentas da história do Recife.

Em 1986, Marcos Freire teve seu nome cogitado para disputar o Senado na chapa de Miguel Arraes, mas preferiu continuar o cargo de presidente da Caixa para seguir o cronograma de ações que estava implementando no órgão. As ações de Freire na Caixa foram bastante elogiadas, e com a decisão do presidente Sarney de extinguir o Banco Nacional de Habitação, cujas operações foram absorvidas pela CEF, ela se tornou a maior agência de desenvolvimento social do continente.

Em junho de 1987, Marcos Freire deixou a presidência da Caixa Econômica Federal para ocupar o ministério da Reforma e Desenvolvimento Agrário, em substituição a Dante de Oliveira. Já na condição de ministro sofreu forte oposição de grandes proprietários de terra e enfrentou dificuldades dentro do próprio governo para implementar uma política de distribuição de terras no país.

Três dias depois de completar 56 anos de idade, em 8 de setembro de 1987, o avião em que viajava explodiu logo ao decolar na cidade de Carajás, no Pará. Além dele, morreram o presidente do INCRA, José Eduardo Raduan, e alguns assessores. O acidente que vitimou Freire e os ocupantes do voo teve muitas dúvidas de sabotagem, cujas investigações nunca tiveram definição quanto a causa do acidente.

Durante seu enterro, que reuniu milhares de pessoas, a multidão gritava palavras de ordem dizendo que haviam matado Marcos Freire. Acidente ou atentado, o fato do dia 8 de setembro de 1987 encerrou a trajetória de uma forte liderança política pernambucana, que ainda tinha muito a oferecer a Pernambuco e ao Brasil. Sem ódio e sem medo, Marcos Freire ficou gravado na história de Pernambuco como um de seus principais homens públicos.

Marcos Freire durante evento do PMDB
Marcos Freire concedendo entrevista
Campanha para senador em 1974
Caminhada na campanha para governador em 1982

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Postado por Edmar Lyra às 11:14 am do dia 23 de maio de 2020 Deixe um comentário

O amante do Recife

Nascido em 11 de abril de 1918, Liberato Costa Júnior estudou na Escola Normal do Recife, que depois, em 1962 tornaria-se a sede da Câmara Municipal, portanto sua história com a Casa José Mariano iniciou antes mesmo de ser vereador.

Seu primeiro mandato aconteceu em 1955, e de lá até 2008, ele exerceu dez mandatos como vereador do Recife, neste ínterim, na condição de presidente da Câmara, assumiu a prefeitura do Recife em 1963 quando Miguel Arraes elegeu-se governador de Pernambuco, e o vice, Arthur Lima, foi eleito deputado federal. Liba foi prefeito do Recife por pouco tempo, até ser sucedido por Pelópidas da Silveira, eleito em 1963.

Como prefeito do Recife, apesar do curto período, construiu a Ponte do Limoeiro, alargou a Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes na Imbiribeira e deu início a obras de revitalização na cidade. Liberato também foi eleito deputado estadual mas foi cassado e preso pelo regime militar em 1969.

Ele voltaria a ser vereador do Recife em 1982, ficando no cargo até 2008 quando não conquistou a reeleição. Apesar de ter sido prefeito e deputado estadual, foi no cargo de vereador que Liberato Costa Júnior ganhou notoriedade e entrou para a história como um dos principais políticos da cidade do Recife.

São de sua autoria o projeto que marca 12 de março como o aniversário da cidade do Recife, a criação da Rádio Frei Caneca e o projeto que cria o Diário Oficial do Recife. Além de ter sido um atuante vereador, Liberato Costa Júnior ficou marcado pela sua inteligência aguçada sobre política e eleição, a sua paixão pelo Recife e o seu posicionamento político de sempre estar do mesmo lado.

Uma de suas características foi a criação do DataLiba, um instituto extraoficial que levantava as chances de candidatos a vereador e deputado. Durante anos, Liba fazia as contas e apontava quem tinha melhores condições de ser eleito, o prognóstico era quase que uma revelação da abertura das urnas.

Com excelente relação com os pares e com os eleitores, Liberato ficou marcado por proferir diversas vezes a frase: “Gratidão é dívida que não prescreve”, também ficou marcado pela sua memória de elefante, pois era uma enciclopédia viva da política e do Recife. Sua partida, em 13 de janeiro de 2016, aos 98 anos, encerrou um caso de amor entre um homem e uma cidade. Mas sua existência será sempre lembrada por quem, assim como ele, gosta da política e da capital pernambucana.

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Postado por Edmar Lyra às 21:48 pm do dia 7 de maio de 2015

Raquel Lyra faz homenagem ao centenário de Pelópidas Silveira 

Pelópidas Silveira, famoso por ter dedicado seus mandatos a obras de urbanização, foi reverenciado no plenário da Assembleia Legislativa, nesta quinta (07). Por solicitação da deputada Raquel Lyra (PSB), a homenagem póstuma ocorreu, no Grande Expediente Especial, em celebração ao centenário de nascimento do ex-prefeito do Recife, falecido em 2008. 

Ao abrir o debate, o primeiro vice-presidente da Assembleia, deputado Augusto César (PTB), relembrou a trajetória política do homenageado. “Ao lado de Miguel Arraes, Pelópidas enfrentou com coragem a prisão pela ditadura militar de 1964”, afirmou. Raquel Lyra destacou o legado deixado por Pelópidas. “É muito enriquecedor falar de um homem que tratou a urbanização de forma tão ampla e respeitosa, com um olhar humano e futurista”, disse. 

Amigos também enalteceram a carreira do recifense, como o arquiteto Jorge Martins, que conviveu com Pelópidas por 55 anos: “Para mim, ele era um sábio, por compreender a sociedade”. Já o pesquisador e professor José Arlindo revelou que Pelópidas trabalhava para as classes populares, mas que sempre apontou para modernidade. 

O ex-governador João Lyra Neto também prestou homenagem. “Pelópidas Silveira foi um dos maiores representantes da política inovadora e da política popular. Um homem que tinha uma visão de beneficiar os mais pobres e mais necessitados. Antes de se falar em orçamento participativo, ele utilizava o Teatro Santa Isabel para fazer reuniões com os mais pobres”, lembrou. 

Um dos três herdeiros do homenageado, Thales Silveira contou que Pelópidas sempre foi um pai presente e uma referência intelectual. “Às vezes brinco dizendo que era como se ele fosse um Google, mas com coração e emoção”, acentuou. 

Nascido no Recife, em 15 de abril de 1915, Pelópidas foi prefeito da cidade em três ocasiões: nomeado por interventor em 1946 e eleito diretamente em 1955 e 1963. Entre suas obras de destaque, a abertura da Avenida Dantas Barreto e o alargamento da Avenida Conde da Boa Vista e criou a Companhia de Transportes Urbanos. Também foi vice-governador durante o Governo de Cid Sampaio (1959-1962) e secretário estadual de Viação, durante o primeiro Governo de Miguel Arraes. 


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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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