Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 10:48 am do dia 26 de junho de 2020 Deixe um comentário

O gaúcho Cordeiro de Farias

Nascido em 1901 na cidade de Jaraguão no Rio Grande do Sul, Osvaldo Cordeiro de Farias iniciou seus estudos em escolas militares até que em 1919 tornou-se oficial do exército. Ligado ao tenentismo, Cordeiro de Farias atuou na Coluna Prestes, movimento que fazia contraponto à república velha, do chamado café com leite que alternava os presidentes da República entre políticos de São Paulo e Minas Gerais.

Cordeiro de Farias também participou da Revolução Liberal de 1930 que depôs o presidente eleito Washington Luís e impediu a posse do presidente eleito Julio Prestes. Em 1938 assumiu como interventor do Rio Grande do Sul, ficando no cargo até 1943. Em 1945, após ter atuado na Força Expedicionária Brasileira na Itália, teve seu nome ventilado para a presidência da República, fato que não se concretizou. Depois foi nomeado comandante da Escola Superior de Guerra.

Em 1952, Cordeiro de Farias assumiu o comando da Zona Militar Norte, sediada no Recife, onde começou a criar um laço muito forte com Pernambuco, o que lhe levou a disputar o governo estadual em 1954, enfrentando o usineiro João Cleofas. Candidato pelo PSD, Cordeiro de Farias acabou eleito governador de Pernambuco e no exercício do mandato realizou uma série de ações voltadas para o desenvolvimento do interior de Pernambuco como a construção de estradas, a criação de açudes, incentivou a agricultura de subsistência e ampliou a oferta do mercado de trabalho.

Um mês antes do término do seu mandato como governador de Pernambuco em 1958, Cordeiro de Farias renunciou ao cargo para assumir a presidência da Comissão Mista Brasil/Estados Unidos em Washington, que visava aperfeiçoar o acordo militar entre os dois países, sendo substituído pelo vice-governador Otávio Correia de Araújo.

Já em 1961 volta ao Brasil e assume o posto de chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA) pelo presidente recém-empossado Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio, criou-se o impasse para a ascensão do vice-presidente João Goulart, que precisava de uma emenda constitucional para que não houvesse a necessidade de convocação de eleições. Cordeiro, assim como a maioria dos oficiais, não se opôs a posse de Goulart, sobretudo após a emenda constitucional que aprovou a ascensão do vice-presidente.

Apesar de ter apoiado Goulart, Cordeiro de Farias não teve função alguma no governo recém-empossado, sobretudo com a anulação da sua nomeação para o comando do III Exército no Rio Grande do Sul, e passou a atuar fortemente na conspiração que tomou o mandato de Jango e possibilitou a ascensão dos militares em 1964.

Cordeiro de Farias foi convidado para assumir diversas funções diplomáticas no exterior, tendo declinado de todas elas, até que assumiu o que viria a se tornar o Ministério do Interior. Cordeiro teve seu nome novamente lembrado para presidência da República, desta vez na sucessão de Castelo Branco, porém novamente não logrou êxito.

Em 1965, Cordeiro foi promovido a marechal e entrou para a reserva. Com a negativa de candidatura a sucessão de Castelo Branco, Cordeiro retirou sua candidatura, abrindo caminho para Costa e Silva. Em 1966 decidiu então abandonar a vida pública. Logo em seguida, Cordeiro foi convidado para integrar o grupo empresarial João Santos como diretor executivo, a quem tinha conhecido quando governador de Pernambuco e que era um dos principais produtores de cimento e celulose do Brasil.

A ida para a iniciativa privada não o afastou completamente da política, pois por diversas vezes chegou a defender o processo de abertura do país. Em 1981, no Rio de Janeiro, veio a óbito aos 79 anos de idade no dia 17 de fevereiro.

Seja como interventor do Rio Grande do Sul, como governador de Pernambuco, como ministro ou como marechal, Cordeiro de Farias escreveu importantes páginas na história política do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e do Brasil.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco Marcados com as tags: Cordeiro de Farias, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart

Postado por Edmar Lyra às 12:50 pm do dia 6 de junho de 2020 Deixe um comentário

O ministro Osvaldo Lima Filho

Nascido no Cabo de Santo Agostinho em 1921, Osvaldo Cavalcanti da Costa Lima Filho, que era filho de um ex-deputado com forte atuação, elegendo-se em 1934 e constituinte em 1945. Seu pai era defensor de Getúlio Vargas, candidato à presidência e de João Pessoa à vice-presidência em 1929, quando mandou a família para o Recife.

Em 1939 ingressa na Faculdade de Direito do Recife e é nomeado pelo interventor Agamenon Magalhães como secretário do Museu do Estado de Pernambuco, cargo que ficaria até 1943, quando bacharelou-se. Antes disso foi colaborador do jornal Folha da Manhã entre 1940 e 1942.

Em 1944, Osvaldo Lima Filho é nomeado pelo então governador Agamenon Magalhães como promotor público de Surubim, em outubro deste mesmo ano, é convidado para assumir a delegacia de Ordem Política e Social de Pernambuco, sendo um elo entre seu pai, Oswaldo Lima e o então secretário de Segurança, Etelvino Lins.

Já em 1945, passou a articular a criação do Partido Social Democrático, contando com a anuência de Agamenon, que voltara a ser ministro de Vargas e de Etelvino, que substituiu Agamenon no cargo de interventor de Pernambuco. Osvaldo Lima Filho fez campanha para o general Eurico Gaspar Dutra, que tinha como adversário o brigadeiro Eduardo Gomes, apoiado em Pernambuco pelo líder das ligas camponesas, Francisco Julião.

Com a deposição de Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945, Osvaldo Lima Filho foi afastado do cargo que ocupava na delegacia, mas tão logo o presidente Dutra assumiu, ele foi nomeado delegado do Instituto de Aposentadoria dos Comerciários (IAPC).

Em 1946, Osvaldo lança-se, com o apoio de Agamenon, a uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco, apoiando Barbosa Lima Sobrinho, que seria eleito naquele pleito. Também eleito deputado estadual, Osvaldo teve destacada atuação na Alepe, chegando a presidir a Comissão de Orçamento, e com forte presença nas discussões sobre o petróleo.

Nas eleições de 1950, Osvaldo e seu pai romperam com Agamenon, que apoiou Cristiano Machado, e ficaram na campanha vitoriosa de Getúlio Vargas. Reeleito, Osvaldo Lima Filho continuou com um mandato destacado na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Em 1954 busca, por recomendação de Vargas, ser candidato a deputado federal, mas o PTB não lhe garantiu a legenda para não tomar a vaga de outros parlamentares do partido, então lança-se candidato a deputado federal pela Frente Democrática Pernambucana, composta por PSD, PSP, PDC e PRP, apoiando Cordeiro de Farias para governador. Então é eleito deputado federal, enquanto Cordeiro se elege governador.

Como deputado federal, integrou importantes comissões, como a de Economia e de Constituição e Justiça da Câmara, participando de um grupo que comporia a Frente Parlamentar Nacionalista, já no governo Juscelino Kubitscheck. Em 1958 tenta seu segundo mandato, novamente pela Frente Democrática de Pernambuco e apoia Jarbas Maranhão para o governo, porém o vitorioso foi Cid Sampaio.

Nas eleições de 1960, Osvaldo apoiou as candidaturas do marechal Henrique Teixeira Lott a presidente e de João Goulart a vice-presidente, porém as urnas deram vitória a Jânio Quadros e a Goulart, uma vez que nesta época as pessoas poderiam escolher presidente e vice de chapas distintas.

Com a renúncia de Jânio Quadros em 1961, Osvaldo Lima Filho teve papel determinante  na construção de um entendimento em torno de uma Emenda Constitucional que garantiu a ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República. Em 1962, já no PTB, Osvaldo é eleito deputado federal para o seu terceiro mandato, tornando-se também vice-presidente da Câmara dos Deputados, e em 1963 é escolhido por João Goulart para o ministério da Agricultura, substituindo José Ermírio de Moraes.

Como ministro, fez campanhas contra a febre aftosa e pela mecanização agrícola, e chegou a ter o orçamento do seu ministério dobrado, porém a sua atuação gerou algumas insatisfações na época de setores produtivos, devido a sua legalidade no trato das ações do ministério. Com a experiência de quem estava no terceiro mandato como deputado federal, advertiu por duas vezes o presidente João Goulart do risco de golpe que ele sofria, sem sucesso.

Com a queda de Jango, Lima Filho voltou para a Câmara dos Deputados e diante do Ato Institucional Número 2, que instaurou o bipartidarismo no Brasil, trocou o PTB pelo MDB, sendo reeleito em 1966. No ano de 1967, passou a atuar em movimentos que buscavam a redemocratização, ao lado de nomes ligados a lideranças como Juscelino Kubitscheck, Carlos Lacerda e Jânio Quadros.

Em 1968, por ser um dos articuladores da Frente Ampla, Osvaldo Lima Filho teve seu mandato cassado após o Ato Institucional Número 5, editado pelo presidente Costa e Silva, tendo seus direitos políticos retirados, o que o afastou da vida pública. Com o fim do bipartidarismo, Lima Filho filiou-se ao PMDB em 1979, e em 1982 tentou mais um mandato na Câmara dos Deputados, sagrando-se vitorioso e conquistando o quarto mandato em Brasília.

Com o processo de redemocratização, ele teve atuação destacada na ascensão de Tancredo Neves à presidência da República em 1985 nas eleições indiretas, mas em 1986, quando tentava seu quinto mandato, não conseguiu se eleger. Apesar disso, assumiu o mandato como suplente, atuando de forma decisiva na constituinte. Com a volta do titular, Marcos Queiroz ao mandato, Osvaldo voltou à suplência, mas depois com a vitória de Geraldo Melo para prefeito de Jaboatão dos Guararapes, ele é novamente efetivado deputado federal.

Nas eleições de 1990 tenta mais um mandato na Câmara dos Deputados, mas acaba ficando na suplência e em 1991 encerra sua trajetória política. Em 11 de novembro de 1994, aos  73 anos de idade, vem a óbito, encerrando uma história de luta em defesa da democracia e do nosso país. Ao longo de seus dois mandatos como deputado estadual, seus cinco mandatos como deputado federal e como ministro da Agricultura, Osvaldo Lima Filho ficou marcado na história de Pernambuco como uma importante personalidade do nosso estado.

Arquivado em: Personalidades de Pernambuco, Sem categoria Marcados com as tags: alepe, câmara dos deputados, Getúlio Vargas, Jânio Quadros, João Goulart, Juscelino Kubitscheck, Osvaldo Lima Filho, Tancredo Neves

Postado por Edmar Lyra às 9:28 am do dia 2 de junho de 2020 1.231 Comentários

O conservador Paulo Guerra

Nascido em Nazaré da Mata em 1916, Paulo Pessoa Guerra iniciou sua trajetória profissional em 1935 quando ingressou na Faculdade de Direito do Recife, vindo a bacharelar-se em 1939.  No ano de 1938, já sob a vigência do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas, é nomeado prefeito de Orobó pelo interventor Agamenon Magalhães em 1939, já em 1940 é nomeado para o cargo de prefeito de Bezerros.

Em 29 de outubro de 1945 houve a deposição de Getúlio Vargas e em dezembro aconteceu o pleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde Paulo Guerra foi eleito deputado federal pelo PSD. Nesta época o partido era liderado por Agamenon Magalhães em Pernambuco. Como deputado constituinte, Paulo Guerra teve atuação destacada em comissões na constituição de 1946.

Nas eleições de 1950, é novamente eleito deputado federal e acompanhou como parlamentar a volta de Getúlio Vargas e seu posterior suicídio em 24 de agosto de 1954. Nas eleições daquele mesmo ano, Paulo Guerra decide ser candidato a deputado estadual e é eleito para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na Alepe, é reeleito em 1958 para o seu segundo mandato e em 1961 assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Já no cargo, assistiu a crise envolvendo o governo Jânio Quadros que culminou na sua renúncia e na ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República.

Nas eleições de 1962 disputa o mandato de vice-governador pelo Partido Republicano com o apoio do PSB e do PSD e acaba sendo o mais votado do pleito. Miguel Arraes, por sua vez, é eleito pelo PST para o cargo de governador. Ambos são empossados em 31 de janeiro de 1963.

A relação entre governador e vice sempre foi de muita divergência e desconfiança, o que levou Paulo Guerra a montar uma espécie de governo paralelo. Já em 1964 insatisfeito com os rumos adotados por Miguel Arraes, Paulo Guerra aproximou-se do general Humberto de Alencar Castelo Branco, que na época era chefe do estado-maior do Exército e um dos principais articuladores da deposição do presidente João Goulart.

Com a queda de Jango, a Junta Militar assumiu a presidência da República em 31 de março de 1964, e no Ato Institucional Número 1, os direitos políticos de governos anteriores foram cassados, dentre eles o de Miguel Arraes. Pela relação com Castelo Branco, Paulo Guerra não só foi poupado da cassação de seus direitos políticos como assumiu o mandato de governador de Pernambuco sem maiores problemas.

Com a extinção dos partidos políticos através do Ato Institucional Número 2, em 1965, Paulo Guerra filia-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), e como governador fez uma série de ações como a construção de rodovias, estimulou a indústria, ampliou a rede de abastecimento, também ampliou a rede de ensino, construindo a FESP que viria a se tornar a UPE, construiu o Hospital de Pronto-Socorro que hoje é o Hospital da Restauração.

Em 1967 passa o governo para Nilo Coelho, eleito pela Assembleia Legislativa, e dedica-se às atividades agropecuárias, tornando-se um dos maiores proprietários de terras do Nordeste. Em 1970, Paulo Guerra tenta o mandato no Senado Federal e torna-se o mais votado daquele pleito, elegendo-se junto com Wilson Campos. Naquele pleito indireto, Eraldo Gueiros acaba eleito pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Ao assumir o mandato de senador da República, Paulo Guerra chegou a ser vice-líder da Arena e do governo no Senado e participou de diversas comissões importantes da Casa. Em 1977, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, editou uma série de medidas conhecida como Pacote de Abril, nele estava a reformulação que criava a figura do senador biônico. Paulo Guerra, já doente, aceitou a proposta e caminhava para tentar novo mandato no ano seguinte, desta vez de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém em 9 de julho de 1977, Paulo Guerra viria a óbito e seu mandato seria substituído por Murilo Paraíso, seu suplente. Na eleição seguinte, o mandato de senador biônico acabou ficando com Aderbal Jurema.

Ao falecer aos 61 anos de idade, Paulo Guerra pôs fim a uma importante história na política pernambucana de deputado federal por dois mandatos, deputado estadual por dois mandatos, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, vice-governador, governador de Pernambuco e senador da República. Suas ações como governador deixaram importante legado para Pernambuco, em especial na Saúde com a Restauração, e na educação com a Universidade de Pernambuco e sua trajetória foi fundamental para o nosso estado.

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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