Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 9:30 am do dia 14 de junho de 2020 254 Comentários

O industrial Edgar Lins Cavalcanti

Nascido em 1918 no município de Glória do Goitá, na Mata Norte, Edgar Lins Cavalcanti iniciou sua trajetória como comerciante na Rua Tobias Barreto, vendendo mercadorias alimentícias naquela localidade. Aos poucos, Edgar começou a tornar-se bem-sucedido em seus negócios decidiu em 1962 tentar seu primeiro mandato de deputado estadual pelo Partido Democrata Cristão e logrou êxito na empreitada com 3.753 votos.

Com o regime militar de 1964 que depôs Miguel Arraes, Edgar passa a fazer parte da base de sustentação do governador Paulo Guerra e em 1965, com a adoção do bipartidarismo, filia-se à Aliança Renovadora Nacional, sendo reeleito em 1966 com 4.776 votos, 1970 com 11.086 votos, 1974 com 16.761 votos e 1978 com 13.774 votos, ficando na Assembleia Legislativa de Pernambuco durante vinte anos.

No ramo empresarial, fundou o Café Petinho, indústria de moagem e fabricação de café, no bairro de Afogados na década de 60. Edgar também era proprietário de muitas terras em Pernambuco, em especial a região que compreende Rio Doce em Olinda e o Janga em Paulista, chegando a disputar a propriedade de terras com a família Lundgren, também expoente no ramo industrial de tecidos.

Os habitacionais de Rio Doce foram uma doação do deputado Edgar Lins Cavalcanti à Cohab na época, cujo bairro tem grande importância para a cidade de Olinda. Durante seus vinte anos como deputado pôde vivenciar os governos de Miguel Arraes, Paulo Guerra, Nilo Coelho, Eraldo Gueiros, Moura Cavalcanti, Marco Maciel e José Ramos.

Com muito tino para os negócios, além do Café Petinho, Edgar Lins Cavalcanti também foi proprietário de fonte de água mineral e do Engenho Mangue em São Benedito do Sul, posto de gasolina e outros empreendimentos, que fizeram dele um dos empresários mais bem-sucedidos da época em Pernambuco.

Nas eleições de 1982, já com a volta do pluripartidarismo em 1979, Edgar filiou-se ao PDS, sucedâneo da Aliança Renovadora Nacional, e tentou seu sexto mandato na Casa Joaquim Nabuco, porém não obteve êxito na empreitada, encerrando sua trajetória na vida pública.

A saída da política, que era uma de suas paixões, lhe fez muita falta, pois acostumou-se durante duas décadas a integrar o poder legislativo estadual, vivenciando momentos históricos em Pernambuco, um dos governadores que ele nutriu melhor relação foi com José Francisco de Moura Cavalcanti, com quem passava horas no Palácio do Campo das Princesas.

Em atos institucionais do governo de Pernambuco,  acompanhando o governador Moura Cavalcanti, durante um evento ele notabilizou no discurso quando chamou o então governador de Papai Moura, dizendo que Moura era o responsável pela chegada daquela obra na região, sendo bastante aplaudido pela simplicidade de suas palavras.

Nada afeito a questões de etiqueta, Sr. Edgar foi questionado por um garçom do Palácio qual marca de uísque gostaria de tomar, e ele respondeu ’buchanã’. O garçom o corrigiu dizendo ‘Bucanans’ que é a pronúncia do uísque, ele disse: “olhe o rótulo, está escrito buchanã, é esse que eu quero”, o governador Moura Cavalcanti caiu na gargalhada.

Inclusive o nome do Café de sua propriedade foi escolhido Petinho porque, segundo os seus contemporâneos, ele queria dizer pretinho, mas só falava Petinho, e a marca do café se tornou uma das mais importantes e longevas de Pernambuco. Sobre a empresa, Edgar popularizou a marca com a distribuição de brindes e com um moderno sistema logístico para a época, fazendo com que o Café Petinho se tornasse uma das marcas mais populares de todo o Nordeste brasileiro.

No auge da empresa, Luiz Gonzaga, expoente da música nordestina chegou a fazer a propaganda do Café Petinho, o que ajudou a popularizar ainda mais a marca. Como político e como empresário, mesmo sem ter uma formação, Edgar Lins Cavalcanti mostrou sua sagacidade de construir um verdadeiro império partindo praticamente do zero, situação cada vez mais difícil nos dias de hoje.

Em 21 de março de 1991, aos 73 anos de idade, afastado da vida pública e após ter vendido o Café Petinho no início da década de 80, vítima de câncer, Edgar Lins Cavalcanti encerrou sua vida, mas sua obra permanece na mente e no coração dos pernambucanos que conhecem o Café Petinho, que moram no bairro de Rio Doce e puderam desfrutar de um homem público extremamente generoso e comprometido com o desenvolvimento econômico e social do seu estado.

Edgar Lins Cavalcanti com o governador Moura Cavalcanti
Como deputado estadual na Alepe
Café Petinho, uma de suas principais obras

 

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Postado por Edmar Lyra às 9:28 am do dia 2 de junho de 2020 1.234 Comentários

O conservador Paulo Guerra

Nascido em Nazaré da Mata em 1916, Paulo Pessoa Guerra iniciou sua trajetória profissional em 1935 quando ingressou na Faculdade de Direito do Recife, vindo a bacharelar-se em 1939.  No ano de 1938, já sob a vigência do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas, é nomeado prefeito de Orobó pelo interventor Agamenon Magalhães em 1939, já em 1940 é nomeado para o cargo de prefeito de Bezerros.

Em 29 de outubro de 1945 houve a deposição de Getúlio Vargas e em dezembro aconteceu o pleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde Paulo Guerra foi eleito deputado federal pelo PSD. Nesta época o partido era liderado por Agamenon Magalhães em Pernambuco. Como deputado constituinte, Paulo Guerra teve atuação destacada em comissões na constituição de 1946.

Nas eleições de 1950, é novamente eleito deputado federal e acompanhou como parlamentar a volta de Getúlio Vargas e seu posterior suicídio em 24 de agosto de 1954. Nas eleições daquele mesmo ano, Paulo Guerra decide ser candidato a deputado estadual e é eleito para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Na Alepe, é reeleito em 1958 para o seu segundo mandato e em 1961 assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Já no cargo, assistiu a crise envolvendo o governo Jânio Quadros que culminou na sua renúncia e na ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República.

Nas eleições de 1962 disputa o mandato de vice-governador pelo Partido Republicano com o apoio do PSB e do PSD e acaba sendo o mais votado do pleito. Miguel Arraes, por sua vez, é eleito pelo PST para o cargo de governador. Ambos são empossados em 31 de janeiro de 1963.

A relação entre governador e vice sempre foi de muita divergência e desconfiança, o que levou Paulo Guerra a montar uma espécie de governo paralelo. Já em 1964 insatisfeito com os rumos adotados por Miguel Arraes, Paulo Guerra aproximou-se do general Humberto de Alencar Castelo Branco, que na época era chefe do estado-maior do Exército e um dos principais articuladores da deposição do presidente João Goulart.

Com a queda de Jango, a Junta Militar assumiu a presidência da República em 31 de março de 1964, e no Ato Institucional Número 1, os direitos políticos de governos anteriores foram cassados, dentre eles o de Miguel Arraes. Pela relação com Castelo Branco, Paulo Guerra não só foi poupado da cassação de seus direitos políticos como assumiu o mandato de governador de Pernambuco sem maiores problemas.

Com a extinção dos partidos políticos através do Ato Institucional Número 2, em 1965, Paulo Guerra filia-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), e como governador fez uma série de ações como a construção de rodovias, estimulou a indústria, ampliou a rede de abastecimento, também ampliou a rede de ensino, construindo a FESP que viria a se tornar a UPE, construiu o Hospital de Pronto-Socorro que hoje é o Hospital da Restauração.

Em 1967 passa o governo para Nilo Coelho, eleito pela Assembleia Legislativa, e dedica-se às atividades agropecuárias, tornando-se um dos maiores proprietários de terras do Nordeste. Em 1970, Paulo Guerra tenta o mandato no Senado Federal e torna-se o mais votado daquele pleito, elegendo-se junto com Wilson Campos. Naquele pleito indireto, Eraldo Gueiros acaba eleito pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.

Ao assumir o mandato de senador da República, Paulo Guerra chegou a ser vice-líder da Arena e do governo no Senado e participou de diversas comissões importantes da Casa. Em 1977, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, editou uma série de medidas conhecida como Pacote de Abril, nele estava a reformulação que criava a figura do senador biônico. Paulo Guerra, já doente, aceitou a proposta e caminhava para tentar novo mandato no ano seguinte, desta vez de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém em 9 de julho de 1977, Paulo Guerra viria a óbito e seu mandato seria substituído por Murilo Paraíso, seu suplente. Na eleição seguinte, o mandato de senador biônico acabou ficando com Aderbal Jurema.

Ao falecer aos 61 anos de idade, Paulo Guerra pôs fim a uma importante história na política pernambucana de deputado federal por dois mandatos, deputado estadual por dois mandatos, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, vice-governador, governador de Pernambuco e senador da República. Suas ações como governador deixaram importante legado para Pernambuco, em especial na Saúde com a Restauração, e na educação com a Universidade de Pernambuco e sua trajetória foi fundamental para o nosso estado.

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Postado por Edmar Lyra às 11:54 am do dia 30 de maio de 2020 Deixe um comentário

O transformador Augusto Lucena

Nascido na cidade de Guarabira, na vizinha Paraíba, em 1916, Augusto da Silva Lucena era parente de Henrique Pereira de Lucena, o Barão de Lucena, que no período imperial presidiu algumas províncias e foi deputado-geral, e já no período republicano foi ministro da Agricultura e da Fazenda no governo do Marechal Deodoro da Fonseca e posteriormente ministro do Supremo Tribunal Federal.

Augusto Lucena mudou-se de Guaraibira para a cidade do Recife em 1937 para concluir seus estudos no Ginásio Pernambucano e posteriormente formou-se em Direito em 1944 pela Faculdade de Direito do Recife. Como bacharel em Direito, tornou-se em 1948 delegado de acidentes de trânsito na capital pernambucana ficando no posto até 1951 quando passou a ser delegado de investigações e captura e delegado de trânsito de Pernambuco até 1954.

Em outubro de 1954, Augusto Lucena tenta seu primeiro mandato eletivo pela Aliança Social Democrática, composta pelo Partido Social Progressista (PSP) e pelo Partido Libertador (PL). Ele fica na primeira suplência, mas em 1955 consegue assumir o mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sendo reeleito em 1958 e 1962.

Nas eleições de 1963, é eleito vice-prefeito do Recife e com a adoção do regime militar que cassou o mandato de Miguel Arraes e Pelópidas Silveira, Augusto Lucena assume a prefeitura do Recife em 10 de abril de 1964. Com a extinção dos partidos políticos e adoção do bipartidarismo, Lucena filia-se à Aliança Renovadora Nacional (ARENA), tornando-se vice-presidente estadual do partido em Pernambuco.

Com o fim da sua gestão na prefeitura do Recife, é eleito vereador na capital pernambucana, ficando no cargo até 1970 quando elege-se deputado federal, em janeiro de 1971 assume seu mandato em Brasília, mas fica pouco tempo, pois em maio do mesmo ano é nomeado prefeito do Recife pelo então governador Eraldo Gueiros, exercendo seu segundo mandato no comando da capital pernambucana.

Nas duas gestões como prefeito do Recife, Augusto Lucena ficou marcado pela construção do edifício-sede da prefeitura do Recife e do Colégio Municipal, também executou reformas nas pontes do Limoeiro, do Jiquiá, da Capunga e da Caxangá, bem como o alargamento e pavimentação da Avenida Caxangá e abertura das Avenidas Agamenon Magalhães, Domingos Ferreira, Abdias de Carvalho, Nossa Senhora do Carmo e Dantas Barreto e requalificou o Cais do Apolo, Praça da Convenção e Praça da Independência.

Augusto Lucena também foi responsável pela criação da Companhia de Habitação do Recife (COHAB), Companhia de Abastecimento do Recife (COMPARE), e a Fundação Guararapes e implantou um sistema de iluminação na cidade, transformando-a na cidade mais iluminada do Brasil.

Ao término do seu mandato em 1975, elege-se novamente vereador do Recife em 1976, e em 1978 é novamente eleito deputado federal, ficando no cargo até 1983 quando não consegue a reeleição na Câmara Federal. Desde então deixou a política, vindo a falecer em 22 de outubro de 1995.

Apesar de ter sido três vezes deputado estadual, duas vezes vereador do Recife e duas vezes deputado federal, Augusto Lucena ficou marcado na política pernambucana pelas duas passagens pela prefeitura do Recife, fazendo de suas gestões instrumento de transformação da nossa cidade, como um visionário que marcou época na política pernambucana.

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista do Diário de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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