Estávamos no segundo governo Jarbas Vasconcelos quando o então deputado José Queiroz (PDT) fazia uma consistente oposição ao então governador peemedebista e na época adversário figadal de Eduardo Campos, então ministro da Ciência e Tecnologia.
No ano de 2006 Eduardo decide disputar o governo de Pernambuco com pouca estrutura e poucos partidos, um dos primeiros a declarar apoio ao projeto socialista foi o PDT e o deputado Zé Queiroz, o seu partido indicou João Lyra Neto que havia deixado a prefeitura de Caruaru em 2000.
Passada a eleição e a vitória do PSB veio mais um episódio que foi a reeleição de Eduardo em 2010, onde muitos aliados do governador questionaram em off a indicação de João Lyra Neto para o posto de vice-governador. Os questionamentos foram esfriando e Lyra foi mantido por Eduardo.
Naquela eleição Zé Queiroz já era prefeito de Caruaru, Wolney Queiroz disputava a reeleição de federal e Raquel Lyra tentava o primeiro mandato na Alepe. Ambos saíram vitoriosos. E a paz parecia reinar em Caruaru e no Palácio das Princesas. Apenas parecia.
Veio a eleição municipal de Caruaru e Zé Queiroz tentando a reeleição não contou com o empenho do vice-governador João Lyra Neto, pior, recebeu críticas sistemáticas do vice num momento nada propício para quem buscava uma reeleição em céu de brigadeiro. Mesmo sem o apoio de Lyra, Queiroz foi reeleito com expressiva votação contra Miriam Lacerda.
Passado o processo eleitoral o vice-governador em setembro do ano passado saiu do PDT e se filiou ao PSB. O que naturalmente o colocou no rol dos possíveis candidatos a governador em outubro. Nas últimas semanas o nome de Lyra ganhou força para ser o nome do PSB após o anúncio da desincompatibilização de Eduardo em 4 de abril para disputar a presidência da República.
Porém, existem alguns entraves para que o novo governador João Lyra Neto se torne um nome competitivo para disputar e vencer a eleição em outubro próximo. O primeiro deles é que ele é um neófito no PSB, mesmo já tendo sido filiado a sigla em um período anterior, o fato é que ele não teria a primazia em relação aos outros nomes que já estão colocados e filiados ao partido há mais tempo.
Outro entrave seria o de ele sequer ter o comando da sigla em Caruaru. Lá o comando é do vice-prefeito Jorge Gomes que é extremamente ligado ao prefeito Zé Queiroz. Se ele não seria uma unanimidade partidária em seu município, como conseguiria ser a nível estadual?
Continuando em Caruaru, se o vice-governador não apoiou Zé Queiroz na reeleição do prefeito em 2012 como ele iria cobrar o apoio irrestrito do líder do executivo municipal da principal cidade do agreste? O prefeito Zé Queiroz, que preside o PDT a nível estadual, dificilmente levaria o partido para outro palanque que não o da Frente Popular, mas cobrar empenho dele a uma eventual candidatura de João Lyra Neto depois de tudo seria pedir demais.
Agora vamos para as questões de estratégia eleitoral. Se Eduardo Campos pretende alguém que represente o novo na política, como indicar um nome que já tem vasta história na política pernambucana, tendo sido deputado, prefeito, vice-governador e secretário?
Além do mais, se em 2010 o vice-governador recebeu inúmeras críticas de aliados para ser mantido no cargo, como ele teria o apoio total e irrestrito da Frente Popular numa disputa para governador?
Por fim, o vice-governador não é um político carismático, o que precisaria da presença de Eduardo o tempo todo aqui para decolar a sua candidatura. Em 2006, Mendonça Filho bem mais jovem que João obteve apenas 39% dos votos válidos contra Eduardo e Humberto no primeiro turno. O resultado todos já sabem.
Portanto, apesar dos últimos movimentos darem uma fortalecida no nome de João Lyra Neto, algumas coisas ainda precisam ser feitas para que ele se torne um candidato competitivo. Hoje, apesar de todo aparato da máquina estadual, sua eleição não seria pule de dez se for o escolhido.
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