João Paulo pode simbolizar o ressurgimento do PT em Pernambuco 

Passados dezesseis anos de uma das vitórias mais históricas de Pernambuco, quando João Paulo se elegeu prefeito do Recife desbancando Roberto Magalhães, que disputava a reeleição e ostentava bons índices de aprovação, Pernambuco novamente se depara com um contexto que pode culminar numa história que o Recife já conhece.

João Paulo se elegeu em 2000, sendo reeleito em 2004 e elegeu o sucessor em 2012, configurando-se numa das maiores lideranças populares de Pernambuco, mas por um acaso do destino, quando não disputou o governo de Pernambuco em 2006, abdicou do protagonismo estadual dando lugar a Eduardo Campos, que durante oito anos reinou no estado, ofuscando não só João Paulo, que por uma sucessão de erros acabou ficando sem mandato eletivo e viu o poderio do PT ruir desde a sua briga com João da Costa, como também todos os demais políticos.

João Paulo entrou numa bola dividida em 2014 para o Senado quando tinha uma reeleição garantida para deputado federal, e viu não só o PT perder ao lado de Armando Monteiro o governo de Pernambuco para Paulo Câmara, como também não eleger um único deputado federal. A morte de Eduardo deixou o estado carente de lideranças, uma vez que ele por seu brilho excessivo inviabilizou muita gente. O próprio João Paulo acabou cometendo um erro estratégico em 2009 quando aceitou ser secretário de Eduardo, dando a entender que era menor politica e eleitoralmente do que realmente era.

Passado todo esse processo, levando em consideração o impeachment que tirou Dilma Rousseff do poder e a falta de líderes políticos com brilho próprio no estado, João Paulo tem demonstrado capacidade de retomar o posto de liderança popular que ele conseguiu construir ao longo dos anos. João poderá ser a esperança do PT de se reorganizar em Pernambuco após o baque de 2012 perdendo para Geraldo Julio por conta das brigas internas, a queda em 2014 com a derrota de João Paulo e de todos os deputados federais do partido no estado, e depois o impeachment de Dilma Rousseff, que trouxe o PT ao limbo para que o partido pudesse se reunificar em torno da sua maior liderança em Pernambuco que sempre foi João Paulo.

Líder em todas as pesquisas até então, João Paulo caminha a passos largos para um segundo turno contra o atual prefeito Geraldo Julio, e terá uma segunda chance para ter o protagonismo que era de fato e de direito dele em 2006 quando desistiu de ser candidato a governador onde teria grandes oportunidades de lograr êxito. Eleito prefeito do Recife, João Paulo será a estrela mais brilhante do PT não só no Recife como em Pernambuco e principalmente no Brasil. Ressurge das cinzas e vira não só postulante ao Palácio do Campo das Princesas em 2018, como dependendo de uma conjuntura que ainda é considerada distante neste momento, um nome natural do PT para projetos muito maiores.

Prejuízo – A campanha do PSB não sabe mais o que fazer com os números de João Paulo, que tem se mostrado osso duro de roer nas pesquisas internas. João Paulo ficou blindado de toda a crise que assolou o PT no país. É como se ele fosse um oásis do PT no Brasil e tirar a prefeitura do Recife dele não tem sido tarefa fácil para o PSB, que esperava um cenário menos difícil do que tem encontrado.

Suplentes – Na coligação do PDT/PTB/PT existe a possibilidade de vitórias de Silvio Costa Filho e Pedro Serafim Neto para o posto de vice-prefeito em Recife e Ipojuca, respectivamente, e de Manoel Botafogo para o posto de prefeito de Carpina. Com isso ascenderiam aos mandatos de deputado estadual Paulinho Tomé (PT), Sérgio Leite (PT) e Osmar Ricardo (PT), caso Sergio Leite se eleja prefeito de Paulista, assume Washington Cadete (PTB), que disputa a prefeitura de São Bento do Una, e sé também for eleito assume Zaqueu (PDT).

Insatisfação – Candidatos a vereador de Jaboatão dos Guararapes que apoiam a candidatura de Heraldo Selva a prefeito têm se queixado do tratamento dado pela campanha do PSB a eles. Há quem aponte que os candidatos mais alinhados a Conceição Nascimento, vice de Heraldo, têm recebido melhor tratamento. Essa postura tem irritado alguns candidatos que ameaçam migrar para outros projetos na cidade.

Polêmica – Após a crítica que Geraldo Julio fez ao Uber, a internet tem sido palco de vários videos satirizando o prefeito. Como a publicação é anônima ninguém sabe de onde surge e o desgaste para o prefeito tem sido brutal, ao menos nas redes sociais. Resta saber o impacto disso nas pesquisas e principalmente nas urnas.

RÁPIDAS

Ataque – Caso João Paulo não caia nas pesquisas até a próxima semana, há quem diga que a campanha de Geraldo Julio irá “arriar o meião” em cima de João Paulo, relembrando os casos embaraçosos do petista como Finatec, Pedras Portuguesas e Qualix, calcanhares de Aquiles do ex-gestor.

Alternativa – Caso não se eleja vereadora do Recife no próximo dia 2, Terezinha Nunes (PSDB) tem grandes chances de voltar ao mandato de deputada estadual em janeiro na condição de suplente. Ela ficaria nesta situação por pelo menos um ano e dois meses.

Inocente quer saber – O Datafolha apontará ampliação da vantagem de João Paulo sobre Geraldo Julio?