O Partido dos Trabalhadores foi forjado na luta pela redemocratização brasileira e desde 1989 disputou todas as eleições presidenciais. Com Lula em 89, 94, 98, 2002 e 2006 perdeu as três primeiras e venceu as duas últimas. Com Dilma disputou 2010 e venceu José Serra com uma frente superior a 10 milhões de votos.
A frente que ajudou Dilma a se eleger foi viabilizada no Nordeste. Foi essa a diferença que possibilitou a vitória petista em 2010. Sem o Nordeste o pleito seria mais duro e José Serra poderia ser beneficiado com números menos desfavoráveis, tendo no Sul e Sudeste a chance de impor uma derrota ao PT. Mas isso são águas passadas e não fazem parte do que queremos ver para esse ano.
Em todas as eleições que o PT disputou, inclusive as que perdeu, contou com o apoio irrestrito do PSB de Miguel Arraes e Eduardo Campos. Em nome da governabilidade, Lula se aliou a quem ele tanto combateu no passado. Vide José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros e muitos outros. Nem por isso vimos as pessoas contestarem esta metamorfose ambulante.
Política é uma ciência muito dinâmica e ela é feita por pessoas. Elas mudam de ideia, de projetos e até de valores. Por isso nada mais justo que Eduardo Campos almeje disputar a presidência da República pelo PSB. Vivemos numa democracia e qualquer cidadão que possua o apoio de um partido pode se lançar a uma disputa pela presidência da República.
Eduardo Campos tem 48 anos de idade, já foi secretário da Fazenda, deputado estadual, deputado federal, ministro da Ciência e Tecnologia e governador de Pernambuco. Poderia muito bem disputar uma cadeira no Senado por Pernambuco e ter garantidos oito anos de mandato para fazer o que bem entendesse. Mas não, preferiu discutir os temas do Brasil. Preferiu colocar o dedo na ferida de problemas que o PT não resolveu e o PSDB não teve capacidade de apontar.
O Brasil é um país com dimensões continentais e não pode ter suas disputas presidenciais protagonizadas por apenas dois partidos políticos. O PT e o PSDB mostraram em 2010 um debate pobre e com visões parecidas de quem está no poder e quem quer chegar no poder, sem qualquer novidade, sem qualquer visão sobre os reais problemas do Brasil.
Um país do tamanho do Brasil precisa de um candidato arrojado, que não tenha medo de dizer o que pensa, de olhar para o futuro sem se apegar exclusivamente ao passado. Eleição é para discutir o que pode ser feito para melhorar a vida da população, sempre tem algo a ser feito e não para discutir quem é a favor ou contra o aborto, quem vai privatizar ou estatizar mais, etc.
O Brasil merece muito mais do que isso que aí está. E não tenho dúvidas que uma candidatura como a de Eduardo Campos pode contribuir para discussões melhores sobre o futuro que nós queremos. Sua candidatura é legítima e merece respeito, se vai vencer são outros quinhentos, mas ele tem todo o direito de disputar, não vivemos numa ditadura.
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