
Por Vitor Diniz, Cientista Político, mestre em Ciência Política pela USP.
Uma das novidades no tabuleiro político brasileiro ocorrida nos últimos meses foi o fato, registrado em jornais de circulação nacional e também por analistas políticos, de que a governadora Raquel Lyra se tornou hoje a voz mais empolgante do centro político brasileiro. A ideia se fortaleceu com a habilidosa postura da governadora em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ou mesmo em levantamentos objetivos dos fluxos de popularidade nas redes sociais, realizadas rotineiramente por consultorias como a Qaest. A pergunta que se coloca é: por que Raquel Lyra alcançou essa posição?
A princípio, a governadora tem um desafio gigantesco pela frente. Pernambuco passou a ser um dos estados mais pobres do Brasil, o segundo pior índice de desemprego, a quarta pior renda mensal, déficit habitacional crescente, milhares de pessoas vivendo em áreas de risco, sujeitas a sofrer com as chuvas na região metropolitana, que seguirão caindo todos os meses de maio até agosto, e outras milhares padecem com a crise hídrica do Agreste. Recife, por sua vez, ganhou por várias vezes o insólito prêmio de capital mais desigual do país.
Pernambuco passou os últimos anos vivendo na tragédia permanente. Há menos de 10 anos, as notícias boas do Brasil vinham do estado por meio de uma nova refinaria, ferrovias, SUAPE, programas inovadores na segurança e educação, e obras estruturantes. Mas o sonho imaginado não se realizou. Na verdade, virou pesadelo.
Saímos de sermos considerados a locomotiva econômica do Nordeste para estampar as páginas policiais. Maior índice de crimes violentos, interiorização do crime organizado e simplesmente o pior sistema carcerário do país, de acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF). Nos acostumamos a conviver com tragédias diárias.
Nós acreditamos, lá atrás, que Pernambuco poderia ser um estado próspero, pujante economicamente, destino de empresas multinacionais, oportunidades para os jovens, um local seguro para criar os filhos, com escolas de qualidade, obras para todos os lados. Mas, lamentavelmente, durou pouco. [Ler mais …]



















