Carlos Brickmann
De um lado o PT, lutando para evitar que o desgaste de Dilma, por descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, reduza suas condições de exercer o mandato. De outro o PSDB, dizendo lutar para que a lei seja cumprida e, de fato, para que Dilma se transforme naquilo que os americanos chamam de ‘lame duck’ – um pato manco, politicamente irrelevante. Quem ganhou, PT ou PSDB?
Quem ganha é o PMDB velho de guerra. Para garantir a presidente, o PT tem que dar ministérios e abrir o cofre (já saíram R$ 444 milhões para emendas parlamentares – R$ 750 mil per capita). Se o PSDB, no limite, conseguir o impeachment de Dilma, ganha o PMDB – que tem o vice, Michel Temer, tem o eventual substituto de Temer (o presidente da Câmara), tem o presidente do Senado.
E, para exercer de fato o poder no país, o PMDB não precisou sequer apresentar candidato. Apoiou oficialmente a candidata do PT, teve uma ala importante ao lado do candidato do PSDB. Os outros disputam, o PMDB manda.
Nem aquela frase clássica da política, ‘chega de intermediários, Michel Temer para presidente’, se aplica no caso: o PMDB prefere ter intermediários que corram os riscos, façam o que for preciso e entreguem só o que há de melhor.
Em época de divergências, o líder baiano Antônio Carlos Magalhães disse que o hoje presidente nacional do PMDB, Michel Temer, parecia mordomo de filme de terror. ACM, ácido e direto, tinha razão: Temer faria sucesso no gênero.
E não esqueçamos que, como mordomo, é a ele que cabe abrir a porta do palácio.
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