Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 10:59 am do dia 19 de junho de 2020 Deixe um comentário

O Padre Carapuceiro

Nascido no Recife em 1793, Miguel do Sacramento Lopes Gama dedicou-se a vida religiosa, entrando para o Mosteiro de São Bento em 1805, em Olinda. Logo depois seguiu para o Mosteiro de São Bento na Bahia, onde foi ordenado padre. Após sua ordenação, recolheu-se em Pernambuco.

Em 1817, ano da Revolução Pernambucana que tornou Pernambuco um país e como consequência o estado perdeu diversos territórios para Alagoas e Paraíba, Miguel foi nomeado pelo então governador Luiz do Rego Barreto como professor de retórica do Seminário de Olinda, em 1823 foi nomeado redator do Diário do Governo e no ano seguinte diretor da Topografia Nacional. Miguel acompanhou de perto aquela que seria também conhecida como Revolta dos Padres, com nomes conhecidos como Frei Caneca e Frei Miguelinho.

Miguel fundou um jornal de muito sucesso na época, com crítica social e que gerou muita repercussão, chamado de O Carapuceiro, sendo o único redator do jornal. Ele também criou, no Rio de Janeiro, o jornal O Carapuceiro na Corte e foi colaborador do jornal O Constitucional, onde defendeu a monarquia constitucional representativa.

Dois jornais receberam sua contribuição, o Diário de Pernambuco e o Marmota Fluminense, este último com contribuições poéticas. Em 1835 foi deputado da Assembleia Provincial de Pernambuco e em 1852 representou Alagoas no parlamento nacional.

Ele ainda foi cônego e pregador da capela imperial e veio a óbito em 9 de dezembro de 1852, no exercício como deputado federal por Alagoas. Sendo seu corpo sepultado no Cemitério de Santo Amaro.

A vida do Padre Carapuceiro teve importante peso na época, na condição de jornalista, noticiou a abdicação do trono de D. Pedro I em 7 de abril de 1831, com análises sobre os momentos que o Brasil enfrentava naquele período. Sua vida foi marcada pela atuação em diversas vertentes, como o jornalismo, a religiosidade e a política, tendo grande contribuição para um período histórico que Pernambuco e o Brasil vivenciaram.

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Postado por Edmar Lyra às 9:16 am do dia 18 de junho de 2020 1 comentário

O sertanejo Osvaldo Coelho

Nascido em Juazeiro no ano de 1931, Osvaldo de Sousa Coelho veio de uma família tradicional no sertão do São Francisco. Seu pai Clementino de Sousa Coelho, mais conhecido como Coronel Quelê, tornou-se um importante líder políticos e empresarial daquela região. Osvaldo também era irmão de Nilo Coelho, que foi governador de Pernambuco e tio do atual senador Fernando Bezerra Coelho, filho do seu irmão Paulo Coelho.

Sua estreia na vida pública se deu em 1954, quando tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco, sendo eleito com 3.449 votos pelo PSD. No ano seguinte, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, e passou a integrar importantes comissões da Alepe.

Nas eleições de 1958, nova vitória, desta vez com 5.630 votos e sua liderança foi se consolidando na Alepe, quando foi reeleito em 1962 com 5.660 votos e assumiu o cargo de líder do PSD na Casa Joaquim Nabuco. Em 1964 assumiu a liderança do governo Paulo Guerra e com a adoção do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional.

Nas eleições de 1966 tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados e logra êxito na empreitada. No mesmo ano seu irmão Nilo Coelho assumiu o governo de Pernambuco, de quem foi secretário da Fazenda. Nas eleições de 1970 decide não tentar a reeleição e passa a se dedicar aos negócios da família, ficando num hiato de oito anos fora da política.

Nas eleições de 1978 volta a disputar um mandato na Câmara dos Deputados, sendo novamente eleito e passa a integrar importantes comissões naquela Casa, como a de Ciência e Tecnologia. Com o fim do bipartidarismo filia-se ao PDS, partido sucedâneo da Arena. Em 1982 é reeleito para o seu terceiro mandato e participa das discussões sobre a redemocratização, apesar disso, se posicionou contra a emenda Dante de Oliveira.

Com a candidatura de Tancredo Neves e José Sarney passou a apoiar a Aliança Democrática que viria a ser eleita no colégio eleitoral em 1985. Nas eleições de 1986, é reeleito para a Câmara dos Deputados para o seu quarto mandato. Nas eleições deste ano, houve um desentendimento entre a família Coelho, onde Osvaldo, pelo PFL apoiou José Múcio Monteiro e Fernando Bezerra Coelho, pelo PMDB apoiou a candidatura de Miguel Arraes.

Como deputado constituinte, Osvaldo Coelho teve atuação destacada sobretudo em ações voltadas para o sertão nordestino, em especial o sertão do São Francisco, motivo da sua atuação. Em 1990 é reeleito para o quinto mandato na Câmara Federal, conquistando mais três mandatos, em 1994, 1998 e 2002. Nas eleições de 2006 ficou apenas numa suplência, assim como em 2010.

Nas eleições de 2008 teve papel importantíssimo na vitória de Julio Lossio para prefeito de Petrolina. Ainda rompido com o sobrinho, que era secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho, assistiu de camarote a briga entre o então prefeito Odacy Amorim e o deputado federal Gonzaga Patriota pela indicação do PSB para a disputa. Patriota acabou sendo o nome do partido, a contragosto de Fernando e Odacy, e enfrentou Julio Lossio, que filiado ao PMDB tornou-se a grande sensação da disputa em Petrolina, atingindo o mandato como prefeito, sendo reeleito em 2016.

Nas eleições de 2014 houve a reconciliação da família Coelho, e Osvaldo apoiou o sobrinho para o Senado Federal, que acabou eleito na chapa de Paulo Câmara. Em 1 de novembro de 2015, aos 84 anos, Osvaldo Coelho veio a óbito, encerrando uma trajetória de serviços prestados a Petrolina, ao sertão do São Francisco, a Pernambuco e ao Brasil.

Uma das grandes conquistas do deputado Osvaldo Coelho para o sertão do São Francisco foi a chegada da Universidade Federal do Vale do São Francisco, beneficiando Juazeiro (BA), Petrolina (PE), São Raimundo Nonato (PI), Senhor do Bonfim (BA), Paulo Afonso (BA) e Salgueiro (PE).

A existência de Osvaldo Coelho durante seus onze mandatos, três de estadual e oito de federal, foi de um homem público dedicado ao seu povo. Preocupado em desenvolver sua região que mudou consideravelmente com sua atuação parlamentar na Câmara dos Deputados. A sua partida não apagou tudo o que Osvaldo de Sousa Coelho representa para a política pernambucana, seu legado permanece vivo no sertão do São Francisco, seja na educação, na fruticultura irrigada, e em tantas ações que fizeram de Petrolina uma cidade próspera no nordeste brasileiro.

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Postado por Edmar Lyra às 11:11 am do dia 17 de junho de 2020 1 comentário

O conde Maurício de Nassau

Nascido em 17 de junho de 1604 em Dillenburg, na Alemanha, Johan Mauritz van Nassau-Siegen, mais conhecido como Maurício de Nassau, teve seu nascimento no Castelo de Dillenburg, condado de Nassau, cidade da Alemanha, sendo filho do Conde de Nassau, João VII com a princesa Margarida de Holstein-Sonderburg segundo casamento do conde, donos de terras na Alemanha e na Holanda. Ele passou sua infância em Siegen, Alemanha e estudou em Genebra, na Suíça.

Aos 14 anos ingressou no serviço militar, e aos 16 lutou no exército dos Países Baixos, chegando a participar da Guerra dos 30 anos, que consistia em lutas entre países europeus e povos católicos e protestantes, que deixou 8 milhões de mortos.

Em 1626, Maurício de Nassau foi promovido a capitão e em 1632 iniciou a construção do seu Palácio em Haia, cidade holandesa. Em 1630 a capitania de Pernambuco é invadida pelos holandeses, antes os holandeses tentaram invadir a Bahia, que tinha a capital do país na época, em 1625, mas a invasão não foi bem-sucedida.

Em 1636, a Companhia das Índias Ocidentais, que tinha como objetivo explorar as colônias espanholas da América, inclusive o Brasil, que tinha seus engenhos de açúcar, contratou Maurício de Nassau para comandar o Brasil holandês. Em 1637, Nassau chegou ao Brasil e desembarcou no Porto do Recife, com ele vieram alguns artistas e intelectuais, como o pintor Franz Post e o humanista Elias-Heckman, o astrônomo Marcgraff, o naturalista Piso, e mais 350 soldados.

Com apenas 32 anos o príncipe alemão chegou a Pernambuco com o objetivo de fortalecer o sonhado Brasil holandês conquistado em 1630. Tendo um exército preparado e municiado, Nassau expulsou os hispano-portugueses da região e construiu na cidade de Penedo, em Alagoas, o forte Nassau e trouxe escravos para ajudar na consolidação do Brasil holandês.

Em 1642, Maurício de Nassau já governada de Sergipe ao Maranhão, dois anos antes Portugal já havia se libertado do domínio espanhol e tornou-se aliado da Holanda. No Recife, a convivência entre calvinistas, católicos e judeus era bastante harmônica, inclusive aqui foi construída a primeira sinagoga do Brasil, que fica na antiga Rua dos Judeus, hoje Rua do Bom Jesus.

A relação harmônica fez com que Recife se tornasse um importante centro comercial, importando produtos da Europa e negros da África, bem como exportando açúcar, fumo, couro, algodão, dentre outros produtos.

Já estabelecido na capital pernambucana, Maurício de Nassau decidiu então criar a Cidade Maurícia, ou Mauricea. Em 1642 concluiu a construção do Palácio de Friburgo, que ficava na atual praça da República, e o Palácio da Boa Vista, que seria sua residência de verão. Nassau também construiu alguns fortes, dentre eles o Forte das Cinco Pontas.

Nassau teve como objetivo criar uma cidade semelhante à Amsterdã, construiu diques, drenou pântanos, convocou a primeira Assembleia Legislativa da América do Sul, criou o primeiro serviço de extinção de incêndios da América, instalou o primeiro observatório astronômico do Hemisfério Sul e construiu a primeira ponte do Brasil no local da atual Ponte Maurício de Nassau.

A Companhia das Índias Ocidentais, preocupada com os gastos de Maurício de Nassau e a não cobrança de impostos aos senhores de engenho, viu suas receitas caírem abruptamente e começou a pressionar Nassau, não atendendo seus pedidos de soldados, mantimentos e colonos, o que culminou no pedido de demissão de Maurício de Nassau em caráter irrevogável em 1643.

No ano seguinte, Nassau decide então voltar para a Holanda, mais precisamente para Haia onde tinha construído seu palácio, levando consigo as peças que decoravam o Palácio de Friburgo. Já na Holanda, Nassau foi promovido a general de cavalaria, sendo comandante da guarnição de Wezel. Ele ainda participou das últimas campanhas militares contra a Espanha, em 1674 foi nomeado governador de Utrecht, na Holanda, e faleceu em 20 de dezembro de 1679, em Cleves, na Alemanha, aos 75 anos de idade.

A saída de Maurício de Nassau do comando do Brasil holandês fez com que a Companhia das Índias Ocidentais pressionassem os senhores de engenho por pagamento de impostos com ameaça de confisco de suas propriedades, isso fez com que houvesse uma insatisfação com o domínio holandês, já iniciada em 1642, no Maranhão, ganhando força em 1645 com a Insurreição Pernambucana, liderada por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e pelo Índio Poti, mais conhecido como Felipe Camarão. O movimento ficou conhecido como Insurreição Pernambucana.

Após memoráveis batalhas, a do Monte das Tabocas (1645) e dos Guararapes (1649), os holandeses se renderam em 1654, na Campina do Taborda, com a assinatura do Tratado do Taborda, em frente ao Forte das Cinco Pontas.

Apesar da rendição da Holanda e da saída de Maurício de Nassau, o seu legado teve papel importante para Pernambuco. Após a expulsão holandesa, muita coisa foi destruída, como os Palácios de Friburgo e da Boa Vista, pela insatisfação da população com o período holandês, mas a presença de Maurício de Nassau em Pernambuco teve um caráter histórico muito grande para a construção do estado que somos hoje.

Palácio de Friburgo, sede do governo Maurício de Nassau no período de domínio holandês
Palácio da Boa Vista, local de descanso de Maurício de Nassau
Ponte Maurício de Nassau, local onde houve o episódio do “Boi Voador”
Sinagoga Kahal Zur, construída durante o governo Maurício de Nassau
Apesar de não ser a edificação original, foi neste local que Maurício de Nassau construiu o primeiro observatório do hemisfério sul
Construído no domínio holandês, o Forte das Cinco Pontas teve uma parte destruída durante a expulsão dos holandeses em 1654, mas também foi é uma lembrança do governo Maurício de Nassau

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Postado por Edmar Lyra às 9:28 am do dia 16 de junho de 2020 Deixe um comentário

O tricolor Aristófanes de Andrade

Nascido no Recife em 1918, Aristófanes de Andrade formou-se em Direito e tornou-se procurador da Caixa Econômica Federal, seu primeiro mandato foi conquistado em 1951 como vereador do Recife. Nesta época, vereador não recebia salário e as sessões da Câmara Municipal ocorriam no turno da noite.

A atuação de Aristófanes era mais voltada para os bairros de Água Fria, Beberibe, Dois Unidos e adjacências, chegando a manter centros sociais com serviços médicos e lazer nestes bairros e em outros como Areias, Brasília Teimosa, entre outros.

Aristófanes presidiu a Câmara Municipal do Recife durante quatro oportunidades, e assumiu a prefeitura do Recife em 34 ocasiões. Ele conviveu com diversas personalidades da Câmara como Moacyr André Gomes, Rubem Gambôa, André de Paula, Romildo Gomes, Augusto Lucena, Gustavo Krause, Edmar Lyra Cavalcanti, e muitos outros. Seu tom conciliador fez dele uma figura muito querida entre os pares.

Além da atuação parlamentar e o gosto pela política, Aristófanes tinha outra grande paixão, o Santa Cruz Futebol Clube. A história do tricolor pernambucano se confunde com a de Aristófanes, que começou no “Mais Querido” ainda na década de 30.

Seu prestígio e sua paixão pelo clube foram fundamentais na construção do Estádio José do Rego Maciel, que até hoje é um dos maiores monumentos do futebol brasileiro. Ele chegou a presidir o Santa Cruz pela primeira vez em 1953 e comprou uma casa na Avenida Beberibe, número 1285, o que seria o maior estádio de Pernambuco.

Foi durante sua gestão que o Santa Cruz deu a arrancada para o pentacampeonato em 1969, encerrando a sequência de títulos do Clube Náutico Capibaribe que no ano anterior tinha se tornado hexacampeão pernambucano. A história do Santa Cruz Futebol Clube pode ser dividida entre antes e depois de Aristófanes, que assim como os meninos que fundaram o clube em 1914, teve uma grande dedicação ao tricolor pernambucano, atuando na decisão de levar o Santa Cruz em 1943 para o bairro do Arruda, depois da construção do estádio, inclusive atuando para que o Canal do Arruda fosse deslocado, o que possibilitou a construção do José do Rego Maciel, etc.

Durante seus mais de quarenta anos como vereador do Recife, Aristófanes ficou marcado na história da capital pernambucana como um homem público da mais elevada categoria, sendo intenso como representante do povo e presidente do Santa Cruz, que juntamente com a vereança, foi o grande sentido da sua vida.

Em 12 de julho de 1997, aos 79 anos, depois de ter passado o bastão para o sobrinho Antônio Luiz Neto na Câmara Municipal do Recife, Aristófanes encerrou sua vida, vítima de um enfarte no miocárdio, o coração tricolor e recifense não aguentou mais, e ele se foi.

Mas seus mais de 40 anos de vida pública e mais de 60 de dedicação ao Santa Cruz Futebol Clube fizeram dele um dos homens públicos mais importantes do Recife, que ficou marcado em nossa história. Aristófanes se foi, mas assim como o seu (o nosso) amado Santa Cruz, nasceu e viverá eternamente no coração do povo do Recife e de Pernambuco.

Aristófanes de Andrade no meio da massa tricolor
Estádio José do Rego Maciel, do Santa Cruz, uma das obras da vida de Aristófanes de Andrade

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Postado por Edmar Lyra às 9:13 am do dia 15 de junho de 2020 2 Comentários

A primeira governadora Brites de Albuquerque

Nascida em Portugal em 1517, filha do Conde de Penamacor, Brites de Albuquerque veio ainda jovem para Pernambuco junto com seu marido Duarte Coelho Pereira e seu irmão Jerônimo de Albuquerque para comandar a capitania de Pernambuco.

Chegando a Pernambuco em 9 de março de 1535, Brites, já casada com Duarte Coelho, tinha 18 anos de idade, e teve a incumbência de dar o toque feminino à organização da capitania que seu marido havia recebido.

Durante cerca de vinte anos, Dona Brites contribuiu com seu marido, chegando a assumir o comando da capitania quando Duarte Coelho viajava, até que em 1554 ele voltou em definitivo para Portugal para tratar de uma doença e veio a óbito.

Com a morte de Duarte Coelho e a juventude de seus filhos Duarte de Albuquerque Coelho e Jorge de Albuquerque Coelho, que foram estudar na Europa, Dona Brites assumiu o comando da capitania de Pernambuco em 1554 ficando até 1561 com a volta de Duarte de Albuquerque Coelho, que assume o posto até 1571, devolvendo o comando a Dona Brites, que ficara no posto até 1575 quando devolveu a Duarte de Albuquerque Coelho, depois com a morte deste, o comando de Pernambuco ficou nas mãos de Jorge de Albuquerque Coelho.

Dona Brites de Albuquerque permaneceu até 1584 em Pernambuco, quando veio a óbito, mas teve papel essencial no desenvolvimento da capitania, que se tornou uma das mais prósperas do Brasil. Além de acompanhar seu marido e orientar seus filhos, pegou no batente quando exerceu a função de governante em Pernambuco, pacificando a região e mantendo a ordem e a paz na capitania que sua família recebeu.

O povoamento de Igarassu, de Olinda e de Recife, que se tornaram cidades durante sua passagem por Pernambuco, tiveram a contribuição direta de Brites de Albuquerque, e em quase 500 anos de história em Pernambuco, não tivemos mais nenhuma mulher a comandar oficialmente nosso estado, fazendo dela a primeira e única do gênero feminino a desempenhar tal função, o que aumenta significativamente a sua existência em nosso estado.

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Postado por Edmar Lyra às 9:30 am do dia 14 de junho de 2020 9 Comentários

O industrial Edgar Lins Cavalcanti

Nascido em 1918 no município de Glória do Goitá, na Mata Norte, Edgar Lins Cavalcanti iniciou sua trajetória como comerciante na Rua Tobias Barreto, vendendo mercadorias alimentícias naquela localidade. Aos poucos, Edgar começou a tornar-se bem-sucedido em seus negócios decidiu em 1962 tentar seu primeiro mandato de deputado estadual pelo Partido Democrata Cristão e logrou êxito na empreitada com 3.753 votos.

Com o regime militar de 1964 que depôs Miguel Arraes, Edgar passa a fazer parte da base de sustentação do governador Paulo Guerra e em 1965, com a adoção do bipartidarismo, filia-se à Aliança Renovadora Nacional, sendo reeleito em 1966 com 4.776 votos, 1970 com 11.086 votos, 1974 com 16.761 votos e 1978 com 13.774 votos, ficando na Assembleia Legislativa de Pernambuco durante vinte anos.

No ramo empresarial, fundou o Café Petinho, indústria de moagem e fabricação de café, no bairro de Afogados na década de 60. Edgar também era proprietário de muitas terras em Pernambuco, em especial a região que compreende Rio Doce em Olinda e o Janga em Paulista, chegando a disputar a propriedade de terras com a família Lundgren, também expoente no ramo industrial de tecidos.

Os habitacionais de Rio Doce foram uma doação do deputado Edgar Lins Cavalcanti à Cohab na época, cujo bairro tem grande importância para a cidade de Olinda. Durante seus vinte anos como deputado pôde vivenciar os governos de Miguel Arraes, Paulo Guerra, Nilo Coelho, Eraldo Gueiros, Moura Cavalcanti, Marco Maciel e José Ramos.

Com muito tino para os negócios, além do Café Petinho, Edgar Lins Cavalcanti também foi proprietário de fonte de água mineral e do Engenho Mangue em São Benedito do Sul, posto de gasolina e outros empreendimentos, que fizeram dele um dos empresários mais bem-sucedidos da época em Pernambuco.

Nas eleições de 1982, já com a volta do pluripartidarismo em 1979, Edgar filiou-se ao PDS, sucedâneo da Aliança Renovadora Nacional, e tentou seu sexto mandato na Casa Joaquim Nabuco, porém não obteve êxito na empreitada, encerrando sua trajetória na vida pública.

A saída da política, que era uma de suas paixões, lhe fez muita falta, pois acostumou-se durante duas décadas a integrar o poder legislativo estadual, vivenciando momentos históricos em Pernambuco, um dos governadores que ele nutriu melhor relação foi com José Francisco de Moura Cavalcanti, com quem passava horas no Palácio do Campo das Princesas.

Em atos institucionais do governo de Pernambuco,  acompanhando o governador Moura Cavalcanti, durante um evento ele notabilizou no discurso quando chamou o então governador de Papai Moura, dizendo que Moura era o responsável pela chegada daquela obra na região, sendo bastante aplaudido pela simplicidade de suas palavras.

Nada afeito a questões de etiqueta, Sr. Edgar foi questionado por um garçom do Palácio qual marca de uísque gostaria de tomar, e ele respondeu ’buchanã’. O garçom o corrigiu dizendo ‘Bucanans’ que é a pronúncia do uísque, ele disse: “olhe o rótulo, está escrito buchanã, é esse que eu quero”, o governador Moura Cavalcanti caiu na gargalhada.

Inclusive o nome do Café de sua propriedade foi escolhido Petinho porque, segundo os seus contemporâneos, ele queria dizer pretinho, mas só falava Petinho, e a marca do café se tornou uma das mais importantes e longevas de Pernambuco. Sobre a empresa, Edgar popularizou a marca com a distribuição de brindes e com um moderno sistema logístico para a época, fazendo com que o Café Petinho se tornasse uma das marcas mais populares de todo o Nordeste brasileiro.

No auge da empresa, Luiz Gonzaga, expoente da música nordestina chegou a fazer a propaganda do Café Petinho, o que ajudou a popularizar ainda mais a marca. Como político e como empresário, mesmo sem ter uma formação, Edgar Lins Cavalcanti mostrou sua sagacidade de construir um verdadeiro império partindo praticamente do zero, situação cada vez mais difícil nos dias de hoje.

Em 21 de março de 1991, aos 73 anos de idade, afastado da vida pública e após ter vendido o Café Petinho no início da década de 80, vítima de câncer, Edgar Lins Cavalcanti encerrou sua vida, mas sua obra permanece na mente e no coração dos pernambucanos que conhecem o Café Petinho, que moram no bairro de Rio Doce e puderam desfrutar de um homem público extremamente generoso e comprometido com o desenvolvimento econômico e social do seu estado.

Edgar Lins Cavalcanti com o governador Moura Cavalcanti
Como deputado estadual na Alepe
Café Petinho, uma de suas principais obras

 

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Postado por Edmar Lyra às 10:21 am do dia 13 de junho de 2020 Deixe um comentário

O pioneiro Duarte Coelho

Nascido na província de Mirigaia em Porto, Portugal, em 1485, Duarte Coelho Pereira era descendente da nobreza agrária de Entre Douro e Minho, sendo filho de Gonçalo Coelho, escrivão da nobreza real e comandante da segunda expedição exploratória que veio ao Brasil em 1503. Duarte Coelho ingressou na armada portuguesa em 1509 e na esquadra de Dom Fernando Coutinho para a Índia.

Duarte Coelho chegou a participar de outras expedições para a China, Vietnã, Indonésia e Tailândia. De volta a Portugal em 1529 é nomeado por Dom João II embaixador extraordinário na França. Neste mesmo ano, é incumbido da responsabilidade de fiscalizar portos e fortificações na África e patrulhar o Mar de Açores.

Em 1532 comandou a frota portuguesa encarregada de expulsar os franceses da costa brasileira. E para assegurar o controle português da colônia foi instituído o sistema de capitanias hereditárias, como prêmio pelos serviços preparados à coroa portuguesa, Duarte Coelho recebe de D. João II a posse da capitania de Pernambuco, datada de 10 de março de 1534. No ano seguinte, em 9 de março, Duarte Coelho chegou a Pernambuco pelo território de Igarassu onde fundaria uma Vila. Instalou um povoado que seria chamado de Olinda.

Em 1537, Duarte Coelho elevou Olinda à condição de Vila, lutou contra índios hostis à presença portuguesa em Pernambuco, trouxe escravos da Guiné para trabalhar na capitania, estimulou a vinda de novos colonos e o casamento com índias para assegurar o povoamento da região. Duarte Coelho ainda distribuiu sesmarias, pequenos territórios para que as pessoas pudessem desenvolver suas vidas em Pernambuco, e nas terras estimulou a criação de gado e o cultivo de algodão e de cana-de-açúcar.

Em 1550, Pernambuco já contava com cinco engenhos e por conta deste trabalho, Pernambuco foi uma das capitanias que mais prosperaram, isso se deu graças a organização de Duarte Coelho que veio para a capitania em companhia de sua esposa Brites de Albuquerque e de seu cunhado Jerônimo de Albuquerque.

No ano de 1554, já adoentado, Duarte Coelho volta a Portugal deixando Pernambuco sob o comando de Dona Brites de Albuquerque. Em 7 de agosto daquele ano, Duarte Coelho veio a óbito aos 69 anos de idade. A capitania, que era hereditária, ficou nas mãos de Dona Brites que teve a incumbência de seguir o trabalho desempenhado por Duarte Coelho.

Apesar de não ser pernambucano, Duarte Coelho teve papel fundamental na construção demográfica, social e econômica de Pernambuco, pois sem sua determinação e seu preparo, dificilmente Pernambuco teria obtido tanto êxito como capitania, portanto a história faz dele um dos expoentes da nossa existência como estado brasileiro.

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Postado por Edmar Lyra às 10:34 am do dia 12 de junho de 2020 1 comentário

O deputado Sérgio Murilo Santa Cruz

Nascido em Carpina em 1931, Sérgio Murilo Santa Cruz e Silva bacharelou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1956, e no ano seguinte cursou doutorado em Direito na Universidade de Madri.

Em 1958, Sérgio Murilo tentou seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de Pernambuco pelo PRT, chegando a ser líder da oposição ao governo Cid Sampaio. Nas eleições seguintes, em 1962, Sérgio Murilo tentou a reeleição mas ficou apenas na quarta suplência. Neste pleito, Miguel Arraes foi eleito governador de Pernambuco.

Sem mandato, Sérgio Murilo assumiu a assessoria jurídica do governador Miguel Arraes, chegando a dirigir a Penitenciária de Itamaracá e foi convidado pelo então ministro da Agricultura, Osvaldo Lima Filho, para ser seu chefe de gabinete. Em 1964 com a intervenção militar que depôs o presidente João Goulart, deixou o cargo no governo federal.

Dez anos depois, já com o bipartidarismo instituído, Sérgio Murilo tenta seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, e é eleito pela primeira vez em 1974 já pelo MDB como deputado federal.

Em 1977 chegou a ser vice-líder do MDB na Câmara dos Deputados e no ano seguinte foi reeleito para o segundo mandato como deputado federal. Sérgio Murilo chegou a integrar a Comissão de Constituição e Justiça e teve importante papel no MDB, tanto na secção estadual quanto nacional.

Com a extinção do bipartidarismo, Sérgio Murilo ingressou no PDT, sendo o presidente estadual do partido. Em 1982 apoiou a candidatura de Osvaldo Lima Filho a vice-governador, mas o PMDB negou legenda ao então deputado, que era seu líder político na época, Sérgio deixou o PDT e acabou ingressando no Partido Popular. Com a incorporação do PP ao PMDB, Sérgio disputou seu terceiro mandato na Câmara dos Deputados, logrando êxito em sua tentativa.

Durante o movimento de abertura democrática no país, Sérgio Murilo teve atuação destacada, apoiando a emenda Dante de Oliveira que instituía as eleições diretas para presidente em 1985, mas acabou que não avançou, tendo então eleições indiretas e ele apoiou a candidatura de Tancredo Neves através da Aliança Democrática.

Com o êxito da Aliança Democrática que levou Tancredo e Sarney ao Planalto, o PMDB e a Frente Liberal decidiram apresentar um projeto conjunto no Recife, que teria depois de muitos anos eleições diretas para prefeito em 1985. O escolhido foi Sérgio Murilo numa composição com o então deputado Moacir André Gomes como vice.

Jarbas Vasconcelos, insatisfeito com a escolha do seu partido por Sérgio Murilo, decide filiar-se ao PSB para disputar a prefeitura, contando com o apoio de Miguel Arraes que tinha voltado do exílio. A eleição de 1985 foi considerada uma das mais sangrentas da história de Pernambuco, pois o então deputado Carlos Lapa denunciou Sérgio Murilo dizendo que ele havia matado uma pessoa.

Panfletos apócrifos tomaram conta do Recife, a campanha de Sérgio Murilo decidiu contra-atacar denunciando que Jarbas Vasconcelos tinha batido no próprio pai, através de uma suposta carta endereçada ao ex-governador Moura Cavalcanti, assinada pelo pai de Jarbas. Apesar do contra-ataque, as urnas deram vitória a Jarbas Vasconcelos naquele pleito.

Derrotado em 1985, Sérgio Murilo tentou em 1986 seu quarto mandato na Câmara dos Deputados já filiado ao PSC, mas os 20.527 votos foram insuficientes para continuar com seu mandato em Brasília, e em janeiro de 1987 deixou a vida pública e passou a se dedicar exclusivamente ao exercício da advocacia.

Em 2010, aos 78 anos de idade, Sérgio Murilo veio a óbito, encerrando uma trajetória importante na política pernambucana.  Sérgio Murilo durante quase trinta anos de vida pública conseguiu se destacar em Pernambuco como um importante parlamentar, seja como deputado estadual ou como deputado federal, nos quatro mandatos conquistados, mas foi a eleição de 1985 que o marcou na história de Pernambuco, sendo o antagonista de Jarbas Vasconcelos, que após aquele pleito venceria seis eleições majoritárias no estado. 

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Edmar Lyra

Jornalista político, colunista da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista da Rádio Folha e de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco. DRT 4571-PE.

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