O ex-governador Eduardo Campos disputou o governo de Pernambuco em 2006 após uma passagem turbulenta pela secretaria da Fazenda entre 1995 e 1998 e uma passagem mais tranquila no ministério da Ciência e Tecnologia entre 2005 e 2006. Foi quando venceu a eleição.
Naquela eleição de 2006 seus primeiros aliados foram o PDT de José Queiroz, então deputado estadual e um dos mais combativos opositores do então governo Jarbas Vasconcelos, o PP de Severino Cavalcanti que havia se envolvido no escândalo do Mensalinho, o PR de Inocêncio Oliveira e o PSC. Junto com o PSB, cinco partidos forjaram a candidatura que acabou vencendo aquela disputa.
Logo assim que assumiu o governo em 2007 entregou a secretaria dos Transportes a Inocêncio Oliveira que foi ocupada pelo primo Sebastião Oliveira, a secretaria das Cidades a Humberto Costa, o Desenvolvimento Econômico a Fernando Bezerra Coelho e a secretaria dos Esportes a Ana Cavalcanti, filha de Severino.
Na Assembleia Legislativa entregou a presidência da Casa a Guilherme Uchoa, juiz aposentado que sempre teve boa relação com o socialista, e ao longo dos anos foi se tornando um fiel escudeiro do neto de Arraes, quando mudou a constituição do Estado para dar a Guilherme quatro mandatos como presidente do legislativo pernambucano.
Em 2010 Eduardo Campos entregou a Humberto Costa e a Armando Monteiro as vagas de senadores na sua chapa e manteve João Lyra Neto no posto de vice-governador mesmo havendo uma fritura dentro da Frente Popular ao hoje governador João Lyra Neto.
No decorrer do seu governo ficou evidenciado o loteamento de cargos mesmo tendo gente competente assumindo os postos. Não houve muita diferença do que os políticos tradicionais fazem quando assumem os respectivos governos.
Emplacou sua mãe, Ana Arraes, no tribunal de contas da União, colocou o primo Marcos Loreto no tribunal de contas do Estado, etc. O que mais uma vez comprovou que ele exercia poder na essência. Não condizente com quem prega uma nova política.
Na Assembleia Legislativa alcançou maioria nos dois mandatos, fazendo com que a oposição na Casa Joaquim Nabuco se restringisse a meia dúzia de deputados estaduais.
Os avanços de Eduardo Campos em Pernambuco são inquestionáveis. Mas ele contou com o saneamento financeiro realizado pelo seu antecessor Jarbas Vasconcelos. Quando o socialista assumiu o governo, a Hemobras, o Estaleiro e a Refinaria já eram coisas conquistadas por Pernambuco. Isso foi importante, mas só foi possível porque Jarbas estruturou o estado para receber os investimentos e contou também com a boa vontade do governo federal, liderado a época por Lula.
As escolas em tempo integral já eram uma realidade em Pernambuco quando Eduardo assumiu o governo. Ele teve o mérito de maximizar isso e hoje Pernambuco ter mais de 300 escolas nesta modalidade. O mesmo serve para as escolas técnicas estaduais.
Eduardo Campos também prometeu que iria reduzir a criminalidade, e aparentemente conseguiu. O Pacto Pela Vida serviu para reduzir drasticamente os Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI), equipar melhor a polícia pernambucana com viaturas mais modernas e melhor mantidas, dentre outras ações na segurança pública.
Na saúde, Eduardo Campos construiu inúmeras Upas e os três hospitais – promessa de campanha que poucos acreditaram que ele cumpriria – o que deu a saúde em Pernambuco um patamar melhor do que ele recebeu em janeiro de 2007, porém, ainda distante do ideal.
Eduardo também teve a sensibilidade de instalar a fábrica da FIAT em Goiana, descentralizando o desenvolvimento e transformando a região da mata Norte com um polo automobilístico que trará resultados consideráveis ao longo dos anos.
Enfim, fica evidenciado que como gestor Eduardo Campos é muito eficiente e capaz. Como articulador político idem. Se ele vender essa imagem de gestor e político tradicional, talvez possa conquistar a simpatia do eleitorado brasileiro.
O que não cabe é Eduardo Campos ter pós-doutorado em praticar a velha política querer se apresentar ao Brasil como um representante da nova política. O discurso não casa com a prática e o resultado fica claro no bombardeio que ele vem recebendo ao longo dos meses dos seus adversários.
Se Eduardo Campos ainda quiser alguma coisa nesta disputa presidencial precisa rever essa sua estratégia de levantar a bandeira da nova política quando sua história não condiz com ela. Senão, em vez de brigar com Dilma Rousseff e Aécio Neves pelas primeiras colocações terá que se preocupar com o Pastor Everaldo que já está chegando perto dele nas pesquisas.
Jr diz
Falou tudo. Tem que rever, pois nas entrevistas os jornalistas pegam no seu pé sobre este quesito da Nova Política e dando margem as críticas. Grande gestor!