Por Daniella Brito
Em tempo de quarentena muitas questões sobre a circulação de informações neste momento de isolamento social têm despertado meu interesse como jornalista, professora e cidadã. Uma delas, já adianto, sem nenhuma comprovação científica, refere-se a uma maior busca por fontes confiáveis de informação e a mudança de alguns comportamentos que estou observando nas redes sociais e em grupos do WhatsApp com relação à disseminação de Fake News.
Registros da imprensa já abordam o aumento da audiência, por exemplo, do telejornalismo em tempo de coronavírus. Matéria da Folha de São Paulo, do último dia 19, cita que o Jornal Nacional, “noticiário mais visto do país, com edições quase monotemáticas sobre a Covid-19, marcou 37 pontos na Grande São Paulo (…). É sua maior soma em nove anos na região, desde janeiro de 2011”. Já no Rio, diz o texto, “a média do noticiário nos três dias foi de 38 pontos, recorde dos últimos oito anos(..)”.
Aviso aos patrulheiros de plantão que ao destacar a Globo estou usando como exemplo o jornal com a maior audiência da tv brasileira para abordar um fenômeno que estou observando e, inclusive, já foi avaliado em pesquisa. De acordo com levantamento da DataFolha, programas jornalísticos da TV (61%) e jornais impressos (56%) lideram no índice de confiança sobre o coronavírus, seguidos pelo rádio (50%) e sites de notícias (38%). A pesquisa também diz que apenas 12% dos entrevistados confiam em informações do WhatsApp e Facebook.
Os resultados desta pesquisa me fazem pensar que os dados talvez possam indicar a volta de milhares para busca de informação veiculada pelo jornalismo profissional. Espero que sim. Mas será que a única razão para isso é o nosso isolamento? Torço que não.
As mensagens continuam circulando nas nossas redes sociais, as fake news também. É achismo, eu sei, mas torço que a pandemia talvez revele que, na primeira crise de saúe global após o surgimento da internet, as pessoas podem estar nas redes, como nunca, mas voltando a acreditar em fontes confiáveis. Na hora de uma crise, que ameaça a nossa existência como sociedade, em que as pessoas se voltam para a ciência e para a imprensa, será que as fake news passarão a não fazer sentido?
Ainda não há dados, nem estudos que comprovem a relação entre esses dois fenômenos, a busca por informação confiável e a redução na disseminação de fakeNews. Não faço aqui uma análise. Esse texto é mais um manifesto, um desejo. Que a pandemia nos mostre, de forma perene, o combate a outra epidemia anterior a ela, a produção e disseminação de Fake News.
Num tempo em que a informação é cada vez necessária, insisto na esperança.
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