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Postado por Edmar Lyra às 11:32 am do dia 9 de junho de 2023

Pobres sentem inflação maior do que os ricos

Foto: Marcelo Casal Jr.

Os dados da inflação de maio trouxeram um alívio para as classes mais baixas, que fazem suas refeições em casa, devido à desaceleração nos preços dos alimentos. No entanto, os aumentos nas tarifas de transporte público em várias cidades fizeram com que os mais pobres sentissem mais o impacto da inflação do que os mais ricos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial com base nas famílias com renda acima de cinco salários mínimos, desacelerou de 0,61% para 0,23% entre maio e abril. Esse valor ficou abaixo das estimativas do mercado, que esperavam uma inflação de 0,37%. Enquanto isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que considera as famílias com renda mensal de até cinco salários mínimos, teve uma queda de 0,53% para 0,36% no mesmo período.

A alta nos preços das passagens de ônibus urbanos em maio foi de 2,83%, de acordo com o IBGE. No entanto, o grupo de Transportes contribuiu negativamente com o IPCA do mês passado, com uma queda de 0,12 ponto percentual, principalmente devido à redução nos preços dos combustíveis (-1,82%) e das passagens aéreas (-17,73%), beneficiando assim os mais ricos que não dependem do transporte público.

Os dados do IBGE mostram que o grupo de Alimentos e Bebidas também teve uma grande influência na desaceleração do índice geral, caindo de 0,71% para 0,16% entre abril e maio. Quedas nos preços das frutas (-3,48%), do óleo de soja (-7,11%) e das carnes (-0,74%) foram registradas nesse subgrupo. Isso beneficiou significativamente a camada mais pobre da população, especialmente aqueles que recebem até cinco salários mínimos ou são beneficiários de programas sociais, já que o seu poder de compra aumentou. O reajuste do salário mínimo um pouco acima da inflação também contribuiu para esse aumento.

No entanto, o economista e sociólogo César Bergo, professor de Mercado Financeiro da Universidade de Brasília (UnB), destaca que outros itens importantes na cesta básica dos mais pobres tiveram aumento, como o tomate (6,65%), o leite longa vida (2,37%) e o pão francês (1,40%). Para as famílias que consomem mais pão, tomate e leite do que frutas e carne, o impacto da inflação continua sendo significativo. Bergo ressalta também que o índice do IBGE é uma média, resultante das variações de preços nos diferentes estados, o que significa que alguns estados estão observando inflação e outros deflação.

Tanto o IPCA quanto o INPC apresentaram alta em 15 das 16 capitais pesquisadas pelo IBGE. A maior variação do INPC ocorreu em Belo Horizonte, com 0,79%, devido ao aumento de 25% nas tarifas de ônibus urbanos. Por outro lado, São Luís teve uma deflação de 0,33%, influenciada pela queda de 7,63% nos preços do frango inteiro e de 5,87% no custo da gasolina.

De acordo com o economista Guilherme Costa Delgado, pesquisador aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e consultor na área agrícola, embora os dados relacionados aos preços dos alimentos estejam diminuindo este ano, a tendência ainda é que a inflação dos alimentos permaneça acima da média geral do IPCA, podendo chegar a cerca de 7%. Enquanto isso, as últimas revisões do mercado em relação à inflação oficial de 2023 estão se aproximando cada vez mais de 5%.

Delgado argumenta que o país precisa de políticas públicas que incentivem a diversificação na produção de alimentos, uma vez que há uma grande concentração de commodities, que representam 90% da área cultivada e influenciam no preço da cesta básica. Ele destaca a necessidade de um melhor planejamento da produção para o mercado interno e a reintrodução de estoques reguladores para ajudar a controlar as pressões inflacionárias dos alimentos.

Em resumo, embora a desaceleração nos preços dos alimentos tenha trazido algum alívio para as classes mais baixas, os reajustes nos transportes públicos têm impactado mais os mais pobres do que os mais ricos. Ainda existem itens essenciais na cesta básica que estão sofrendo aumentos, e é importante implementar políticas que incentivem a diversificação na produção de alimentos e promovam um planejamento mais eficiente para o mercado interno, a fim de mitigar os efeitos da inflação sobre os segmentos mais vulneráveis da população.

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Edmar Lyra

Jornalista político, foi colunista do Diário de Pernambuco e da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco e CEO do instituto DataTrends Pesquisas. DRT 4571-PE.

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