A Polícia Federal mira uma nova frente de investigação na descoberta de irregularidades na Petrobras: o mercado offshore, de negócios em alto-mar, como afretamento de navios e plataformas de perfuração. A Operação Lava-Jato já obteve vários indícios de problemas nesse setor de transações bilionárias, turbinado pela exploração do pré-sal.
Mas os investigadores entendem que é preciso usar uma lupa para conferir com mais profundidade o que está por trás dos contratos entre a estatal e companhias brasileiras e estrangeiras. Entre as suspeitas levantadas pela PF, há uma duvidosa “consultoria” na prospecção de novos negócios entre a Engevix e a Funcef, o fundo de pensão da Caixa, sócio da empreiteira em estaleiro inaugurado às vésperas das eleições de 2010 pelos então presidentes da República e da Petrobras, Luiz Inácio Lula da Silva e José Sérgio Gabrielli.
“Destacamos que a área offshore ainda será objeto de aprofundamento em investigações futuras”, avisou o delegado Eduardo Mauat da Silva, em relatório ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Até a semana passada, polícia e Ministério Público não haviam iniciado as apurações dos negócios offshore. Só com três fornecedores da estatal, eles somam US$ 120 bilhões.
Em 21 de outubro de 2010, a 10 dias do segundo turno das eleições presidenciais, o então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, inaugurou os estaleiros Rio Grande (ERG) 1 e 2, no Sul do país, vestido com o macacão laranja da Petrobras, acompanhado pelo comandante da empresa, José Sérgio Gabrielli. O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, estava ao lado de Lula e de Guilherme Almada, vice-presidente da Engevix, hoje preso pela Lava-Jato.
O fundo da Caixa aportou R$ 140 milhões no negócio e ficou com 25% dos estaleiros. “Havia quem dissesse que eu estava mentindo, blefando, quando eu falei que era possível fazer as plataformas e sondas da Petrobras aqui no Brasil, que tínhamos que comprar de Cingapura porque estávamos predestinados a sermos incompetentes”, discursou Lula na ocasião.







