
Há uma disputa barulhenta pelas duas vagas do Senado Federal pela Frente Popular na chapa encabeçada pelo prefeito do Recife, João Campos. Ao menos quatro nomes sonham com as duas vagas: Humberto Costa, Silvio Costa Filho, Miguel Coelho e Marília Arraes, e vez por outra um quinto nome é citado, que é o deputado federal Eduardo da Fonte. Líder nas pesquisas, João exerce uma espécie de força centrípeta, o que tem despertado o interesse de muitos postulantes.
Mas no palanque de Raquel Lyra quase ninguém cogita disputar o Senado por lá. Os que ensaiam são Fernando Dueire (MDB) e Anderson Ferreira (PL), mas nada muito efetivo. Apesar do favoritismo de João Campos, ser candidato a senador na chapa de Raquel não é de todo ruim.
Se as eleições fossem hoje, João Campos seria eleito com 60% dos votos válidos, enquanto Raquel Lyra teria 40%, de acordo com algumas pesquisas divulgadas. Se porventura João confirmar o óbvio e lançar Humberto Costa e Silvio Costa Filho para o Senado, teremos uma chapa de centro esquerda, com um petista raiz na chapa e um ministro de Lula.
Com 40% dos votos válidos e com um exército de pelo menos 100 prefeitos, desgraçadamente, Raquel pode transferir metade dos seus votos para o seu candidato a senador. Isso seria uma espécie de piso para aquele que vier a ser o primeiro escolhido da sua chapa. Mas esse não é o único componente, em 2022, Gilson Machado teve 30% dos votos válidos para o Senado. Esse eleitor pode descarregar o voto num candidato de centro-direita para salvar pelo menos uma vaga.
Isso pode catapultar o senador de Raquel. Para efeito de comparação, Humberto Costa foi o mais votado de 2018 com 25,76% dos votos válidos, o segundo eleito foi Jarbas Vasconcelos com 21,51%, e o terceiro foi Mendonça Filho com 19,58%.
Com um quadro mais afunilado de candidatos competitivos, é possível que o primeiro senador eleito tenha 35% dos votos válidos, e o segundo se eleja com 28% a 30%, número bastante plausível para quem for o senador da governadora e tiver como diferencial o voto da centro-direita.
Quem ler esta conjuntura corretamente poderá surpreender com a estrutura de Raquel Lyra e os votos da direita. Portanto, se há um engarrafamento na Frente Popular, alguém pode se beneficiar se comprar as ações de Raquel Lyra na baixa.


