
Um mistério completa agora 53 anos em junho. Em 1970, no Recife, ocorreu um terrível assassinato de uma criança, que foi enterrada como indigente. Ninguém sabia nada sobre ela, nem mesmo seus pais, parentes ou amigos. Pouco tempo depois, várias pessoas começaram a considerá-la uma santa, acreditando que ela realizava milagres.
Durante dois meses, a repórter Mônica Silveira mergulhou profundamente na história da “Menina sem Nome” e teve acesso a documentos que revelaram informações até então pouco conhecidas.
No Recife, o maior cemitério tem quase 30 mil sepulturas, mas nenhuma delas recebe mais visitas do que a sepultura da “menina sem nome”. Ela é uma criança que ninguém conhece sua identidade ou como viveu, mas para alguns, ela é considerada uma santa. Diariamente, devotos aparecem para depositar doces, brinquedos e lembranças.
O Fantástico apresenta a história de um crime que ocorreu na Praia do Pina, há mais de meio século, no qual a polícia prendeu os culpados, mas nunca descobriu a identidade da vítima. Até hoje, ela é conhecida como a “menina sem nome”. Durante todos esses anos, houve muitas especulações sobre as circunstâncias de sua morte, sem que ninguém tivesse certeza.
As investigações apontaram uma comunidade na Zona Sul do Recife como um possível lugar onde ela poderia ter vivido. Lili, uma moradora da época, presenciou uma cena que ainda a atormenta: “A imagem mais forte que guardei foi vê-la com o rosto enfiado na areia e as mãos amarradas, como se tivessem sufocado ela. Naquela época, eu devia ter entre 12 e 13 anos”, conta Lili.
Após 53 anos do assassinato da criança, documentos inéditos esclarecem o que realmente aconteceu. Trata-se de um relatório elaborado por uma equipe do Instituto de Polícia Técnica Local, que, em 23 de junho de 1970, foi à Praia do Pina para analisar a cena do crime e coletar evidências que levassem ao assassino.
O programa Fantástico localizou a perita que assinou o documento. Segundo ela: “Havia uma corda com três voltas no pescoço. Ela estava amarrada com as mãos para trás”. A equipe também encontrou sandálias de borracha desparelhadas, um lenço, um cinto e uma camisa rasgada. No Instituto de Medicina Legal, os legistas identificaram uma menina negra, de oito anos de idade, com cabelos alisados e usando um biquíni azul claro. Não foram encontradas armas, mas foram constatados ferimentos.
A causa da morte foi asfixia e aspiração de grãos de areia da praia. Os exames também descartaram violação sexual.
Um vendedor de cocos, que trabalhava perto de onde o corpo foi encontrado, foi preso e interrogado, mas negou o crime. Quatro dias após o assassinato, outro suspeito surgiu: Geraldo Magno de Oliveira, um morador de rua sem emprego fixo. Inicialmente, ele confessou o assassinato, mas posteriormente voltou atrás em sua declaração.
Diante do juiz, Geraldo negou veementemente ter cometido o crime. Ele relatou que havia confessado à polícia devido às torturas que sofreu, incluindo agressões que causaram danos em seus órgãos genitais.
Uma semana após sua confissão, a prisão preventiva de Geraldo Magno foi decretada. No mesmo dia, o corpo da menina foi enterrado. Permaneceu por 11 dias no Instituto de Medicina Legal, mas, apesar das buscas e apelos feitos pela polícia para que algum parente se manifestasse, ninguém se apresentou.
O caso da “menina sem nome” permaneceu um mistério ao longo dos anos. Embora tenha havido suspeitos e indícios, a verdadeira identidade da criança nunca foi descoberta, deixando um vazio na resolução desse trágico crime.
A história dessa menina despertou uma devoção especial em algumas pessoas, que a consideram uma santa capaz de realizar milagres. A sepultura da “menina sem nome” tornou-se um local de peregrinação, onde devotos depositam doces, brinquedos e lembranças em homenagem a ela.
Ainda hoje, após mais de meio século, a memória da “menina sem nome” permanece viva no coração daqueles que acreditam em sua santidade e clamam por justiça. O mistério que envolve sua morte e a falta de respostas concretas continuam a intrigar e comover a todos que conhecem sua história.
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