
Comissão Parlamentar de Inquérito do dia 8 de janeiro ouve ex-líder da Polícia Rodoviária Federal, e membros do governo tentam convocar militares mencionados em conversas sobre um possível golpe.
Além disso, os aliados do governo estão buscando um acordo com o deputado Arthur Maia (União-BA), presidente da CPI, para votar solicitações de convocação do coronel Jean Lawand Júnior e do general Edson Rosty. Esses militares aparecem em mensagens trocadas com Mauro Cid, ex-auxiliar de Bolsonaro, onde incentivam um plano golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Exército afirmou que essas mensagens são “opiniões pessoais” e não representam o pensamento da instituição.
A senadora Eliziane Game foi eleita relatora da comissão, enquanto o deputado Arthur Maia assumiu a presidência.
– Vamos tentar. Eu e vários deputados e senadores fizemos pedidos antes do prazo regimental de 48 horas. Acredito que o presidente Artur Maia tenha incluído os requerimentos – disse o deputado Rogério Correa (PT-MG), membro da tropa de choque governista da CPI. Até a noite desta segunda-feira, os pedidos de convocação ainda não foram incluídos na agenda da comissão.
A pauta da sessão também inclui pedidos de informações sobre inquéritos relacionados ao caso que estão sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, além de solicitações de convocação do general Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e de Saulo Cunha, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante os ataques. Esses dois requerimentos foram votados e rejeitados na semana passada, mas o presidente da CPI, deputado Arthur Maia, decidiu incluí-los novamente após novas solicitações da oposição.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) está subordinada ao Ministério da Justiça, que era comandado por Torres durante o segundo turno das eleições. Além disso, Silvinei, ex-líder da PRF, fez campanha para Bolsonaro nas redes sociais.
Existe um inquérito em andamento, a pedido da Polícia Federal, que investiga se o ex-chefe da PRF ordenou bloqueios em rodovias no dia do segundo turno das eleições presidenciais para prejudicar a mobilidade dos eleitores de Lula. Os parlamentares governistas querem entender o grau de envolvimento de Bolsonaro e Torres nesse episódio.
Durante seu depoimento à PF em maio, Torres afirmou que não houve orientação da pasta que ele comandava para bloquear as rodovias durante as eleições. No entanto, o delegado Leandro Almada, superintendente da PF na Bahia durante o período eleitoral, declarou em seu depoimento que recebeu um pedido do então ministro da Justiça para reforçar o policiamento nas ruas em 30 de outubro.
O deputado Rogério Correa afirmou que a base governista buscará obter informações sobre a relação entre Silvinei, Bolsonaro e Torres, além de investigar toda a questão dos bloqueios nas rodovias.
– Vamos abordar todos esses aspectos durante o depoimento dele. Vamos ver se ele fala – declarou. – Se ele se recusar a responder ou começar a mentir sem ter habeas corpus ou algo do tipo, ele terá que prestar esclarecimentos. Caso contrário, poderá ser preso – completou.
O deputado também mencionou que será discutida a denúncia de compras de veículos suspeitos de superfaturamento durante o mandato de Silvinei na PRF. Esse caso foi revelado pelo programa Fantástico, da TV Globo.
– Também iremos investigar as alegações de aquisição de veículos blindados e veículos especiais com preços inflacionados – citou.
Em relação à tentativa golpista, o primeiro vice-presidente da CPI, o senador Cid Gomes (PDT-CE), destacou a importância do depoimento de Silvinei devido à decisão da senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão, de seguir uma ordem cronológica na investigação dos ataques golpistas.
– A Mesa da CPMI decidiu que a relatora terá sua linha de investigação respeitada. Essa linha segue uma ordem cronológica, com base em um marco que ela mesma estabeleceu – afirmou.
Apesar disso, o senador discordou da relatora e avaliou que o depoimento de Torres não deveria ser um dos primeiros da CPI.
– Há informações de que ele (Torres) está com problemas de saúde e poderá apresentar um atestado médico. Por isso, optamos, em conjunto, pela realização dessas duas audiências. A audiência sobre os possíveis abusos eleitorais da Polícia Rodoviária



