
O governo Lula e a fragilidade da governabilidade
O desembarque da recém-criada União Progressista, federação formada pela aliança entre União Brasil e PP, expõe de maneira contundente a fragilidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Embora não seja surpreendente que legendas de centro-direita se alinhem contra o petista em 2026, o gesto revela um problema mais imediato: a governabilidade. Sem uma base sólida e dependente da cooptação de partidos fisiológicos, Lula corre o risco de ver desmoronar o arranjo político que lhe garante maioria no Congresso.
O recado da União Progressista é claro. Os partidos deixam a base, declaram apoio a uma candidatura de oposição no próximo pleito presidencial, mas, ao mesmo tempo, não abrem mão de seus espaços no Executivo. Ministérios, estatais e cargos regionais são tratados como patrimônio próprio, não como instrumentos de políticas públicas. Antonio Rueda, presidente do União Brasil, ao afirmar que o rompimento seria “obrigatório apenas para detentores de mandato”, escancarou a lógica oportunista: manter a imagem de independência sem perder o acesso ao poder.
Esse tipo de movimento não é novo, mas ganha contornos mais graves diante do cenário atual. Lula, em seu terceiro mandato, já não dispõe da mesma força política que caracterizou seus dois primeiros governos. O lulismo perdeu musculatura no Congresso e a dependência de partidos médios e grandes tornou-se absoluta. A União Progressista, sozinha, representa uma fatia expressiva da Câmara e do Senado, e sua debandada pode comprometer votações cruciais, da pauta econômica às reformas estruturais.
O presidencialismo de coalizão, que historicamente garantiu estabilidade ao país, transformou-se em um presidencialismo de reféns. A cada semana, o Planalto precisa negociar, ceder, conceder cargos e liberar verbas para assegurar apoios momentâneos. A lógica de composição em torno de projetos coletivos desapareceu, substituída pelo toma-lá-dá-cá explícito. Nesse ambiente, qualquer movimento de ruptura —como o da União Progressista— coloca em xeque a própria capacidade de governar.
O enfraquecimento desse modelo começou ainda no governo Bolsonaro, quando as emendas parlamentares de execução obrigatória deram autonomia inédita ao Legislativo. Deputados e senadores passaram a controlar bilhões sem a intermediação do Executivo, invertendo a balança de poder. Lula, ao reassumir em 2023, tentou reconstituir a lógica clássica da coalizão, mas encontrou um Congresso empoderado, menos disposto a compromissos programáticos e mais interessado na preservação de recursos e cargos.
Agora, com a saída da União Progressista, o Planalto enfrenta um dilema. Se aceitar a permanência de seus indicados em postos estratégicos, legitima o oportunismo e reforça a percepção de que o governo está à mercê das conveniências partidárias. Se exigir coerência e promover substituições, corre o risco de ampliar a rebelião e perder de vez a maioria parlamentar. Em ambas as alternativas, a fragilidade se evidencia.
Lula inicia a segunda metade do mandato diante de uma encruzilhada: ou encontra formas de reinventar a governabilidade, buscando novas alianças e retomando alguma centralidade política, ou verá seu governo paralisado, refém de um Congresso que age mais como proprietário do Estado do que como parceiro institucional. O desembarque da União Progressista pode ser apenas o primeiro de uma série de movimentos que testarão a resistência do Planalto. E, neste momento, a fragilidade do governo é mais visível do que nunca.
Sem irregularidades – Auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) concluíram que não há irregularidades que justifiquem a suspensão ou cancelamento da licitação e do contrato de publicidade do Governo de Pernambuco, em parecer que reforça a defesa da gestão Raquel Lyra e contrasta com a posição dos conselheiros, que haviam determinado a suspensão do certame e recorreram até ao STF, onde foram derrotados; o relatório, datado de 5 de setembro, afasta a tese de direcionamento e aponta apenas falhas formais, mantendo a validade do contrato, que seguirá em análise na Primeira Câmara do TCE.
Missão oficial – O ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, cumpre missão oficial na França para apresentar a carteira de concessões do governo brasileiro e atrair investimentos em infraestrutura portuária e aeroportuária, em uma agenda que inclui reuniões com autoridades, empresários e representantes de grupos estratégicos como Air France e TIL/MSC, além de visita ao Porto de Marseille; segundo ele, o Brasil vive um momento de confiança e estabilidade institucional sob a liderança do presidente Lula, buscando consolidar um modelo de concessões moderno, sustentável e capaz de gerar empregos e desenvolvimento.
Inauguração – Caruaru deu um passo histórico na comunicação pública com a inauguração oficial da PrefTV em sinal aberto pelo canal 6, nesta segunda-feira (8), em cerimônia liderada pelo prefeito Rodrigo Pinheiro e pelo secretário de Comunicação, Thiago Azevedo, que contou com a presença do ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, e do presidente da EBC, André Basbaum; nas falas, autoridades ressaltaram a importância da nova emissora para a transparência, o combate às fake news e a valorização da cultura local, consolidando um projeto iniciado no São João de 2022 e que agora se torna referência em informação pública para os caruaruenses.
Inocente quer saber – Com o parecer favorável do corpo técnico do TCE atestando a regularidade, a CPI da publicidade perdeu o sentido?



