
Eduardo da Fonte leva aviação regional para discussão em Brasília
A aviação regional voltou ao centro do debate político em Brasília. Na última quinta-feira (25), a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados realizou audiência pública, proposta pelo deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), para discutir a situação crítica dos voos regionais no Brasil. O parlamentar trouxe exemplos que chamam atenção não apenas pelo impacto econômico, mas também pela dimensão social: o trecho Recife–Petrolina, que chegou a custar R$ 5 mil, e a rota Recife–Juazeiro do Norte, atualmente suspensa. Casos que ilustram o distanciamento crescente entre o serviço aéreo oferecido e as necessidades de integração do país.
O debate reuniu representantes do Ministério de Portos e Aeroportos, da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). Cada instituição apresentou sua visão, deixando evidente o dilema que envolve interesses regulatórios, empresariais e de defesa do consumidor. O Ministério defendeu a atração de companhias “low cost” por meio da desregulação do setor, uma aposta no modelo europeu. A ANAC insistiu na redução de impostos para estimular a competitividade. Já a Abear apontou que 60% dos custos da aviação são dolarizados, além da concentração de mercado em apenas três grandes companhias. A Senacon, por sua vez, foi categórica: não se pode reduzir preços à custa da retirada de direitos, criticando a má prestação de serviços.
Nesse cenário, Eduardo da Fonte vocalizou a insatisfação de quem está na ponta: o consumidor. Ele lembrou que, nos últimos anos, a justificativa para cortes de direitos — como a cobrança pela bagagem despachada e pela marcação de assentos — era a promessa de tarifas mais baixas. A realidade, no entanto, mostrou o contrário: os preços subiram, os serviços caíram e o passageiro segue arcando com custos cada vez mais altos. O deputado exigiu transparência na composição das tarifas e um plano concreto das companhias aéreas, da ANAC e do Ministério para restabelecer os voos regionais.
A discussão expõe um problema estrutural do transporte aéreo brasileiro: a dependência de um mercado altamente concentrado, sujeito às variações cambiais e ao custo elevado do combustível. Sem estímulos claros à concorrência e à entrada de novas empresas, especialmente em rotas regionais, a tendência é que os preços continuem distantes da realidade da maioria da população. A promessa de “céus mais democráticos” com a flexibilização regulatória ainda não se materializou.
Ao mesmo tempo, a pressão política cresce. A aviação regional não é apenas uma questão de mobilidade: trata-se de um vetor estratégico para o desenvolvimento econômico, a integração nacional e o turismo. Se cidades como Petrolina e Juazeiro do Norte ficam isoladas por preços proibitivos ou ausência de voos, perde-se muito mais do que a comodidade do transporte aéreo — perdem-se investimentos, negócios e oportunidades.
A audiência pública mostrou que há consciência do problema, mas ainda falta convergência nas soluções. Enquanto isso, o passageiro continua pagando caro por um serviço limitado, sem garantias de melhoria. Eduardo da Fonte deu o tom de cobrança, mas o desafio vai além de uma comissão ou de uma legislatura: exige vontade política e coragem para romper com um modelo que, até aqui, tem servido mais às companhias aéreas do que à sociedade.
Impasse – O deputado Paulinho da Força (SD-SP), relator do PL da Dosimetria, descartou a votação da proposta na próxima terça-feira (30) e avaliou como improvável que ela ocorra também na quarta (31), já que a definição depende de uma reunião com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). “Só dá para dizer ‘vamos votar’ quando estiver acertado com o Senado”, afirmou à GloboNews.
Sem traição – O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), negou nesta quinta-feira (25) qualquer clima de “traição” em relação ao Senado após o arquivamento da PEC da Blindagem, destacando que cada Casa tem autonomia em suas decisões e que não há obrigação de concordância integral entre elas.
Cidadão – A Câmara Municipal de Fortaleza aprovou decreto que concede o Título de Cidadão Honorário ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), em reconhecimento à sua atuação política e apoio ao prefeito eleito Evandro Leitão (PT) nas eleições de 2024; a data da cerimônia de entrega ainda será definida.
Encontro – O prefeito de Caruaru, Rodrigo Pinheiro (PSD), se reuniu nesta quinta-feira (25), em Curitiba, com o vice-governador do Paraná, Darcy Piana (PSD), para tratar de desenvolvimento econômico, incentivo ao empreendedorismo e fortalecimento dos municípios, destacando a troca de experiências e parcerias como caminho para geração de emprego, inovação e crescimento sustentável.
Apoio – O prefeito de Xexéu, Thiago de Miel (PSD), anunciou nesta quinta-feira (25) apoio ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), fortalecendo o nome do socialista para a disputa ao Governo de Pernambuco em 2026 e expondo fissuras no PSD, partido da governadora Raquel Lyra.
Inocente quer saber – Qual é a solução para o impasse do alto preço dos voos regionais?



