
Nordeste deixa de ser reduto automático e vira campo decisivo na disputa de 2026
Durante quase vinte anos, o Nordeste funcionou como o grande fiador eleitoral do lulismo. Era o território onde o PT podia operar com margem confortável, compensando desequilíbrios no Sudeste e assegurando vantagem estratégica em disputas nacionais. Essa equação, porém, está mudando. E não se trata de um movimento súbito, mas de uma transformação estrutural que vem sendo captada por cientistas políticos e institutos de pesquisa — com efeitos diretos sobre 2026.
Em encontro promovido pelo UBS com empresários e clientes, especialistas detalharam esse novo cenário. O diagnóstico é de que o Nordeste continua relevante — talvez mais do que nunca —, mas já não se comporta como o “porto seguro” de outrora. O desgaste acumulado, somado a mudanças sociais profundas, transformou a região em terreno competitivo. E o governo Lula tem consciência disso.
O cientista político Andrei Roman, cofundador da AtlasIntel, explica que o primeiro ponto de inflexão é o esvaziamento simbólico dos programas de transferência de renda. Por décadas, o Bolsa Família foi o principal elo emocional e material entre o eleitor nordestino e o PT. Mas sua força eleitoral diminuiu. A longevidade do programa — criado em 2003 — reduziu seu caráter extraordinário, e a decisão de Jair Bolsonaro de elevar substancialmente o benefício em 2022 quebrou o monopólio narrativo petista. Nas palavras de Roman, já não existe o temor de que um governo de direita acabaria com o programa. O eleitor entende o Bolsa Família como política de Estado, não mais de um partido. E, quando o benefício deixa de ser um diferencial, o voto automático se fragiliza.
Outro vetor decisivo é o desgaste dos governadores aliados do campo progressista. Estados antes comandados por líderes de alta popularidade — como Bahia e Ceará — hoje registram declínios visíveis nas avaliações de governo. Esse enfraquecimento não fica restrito às capitais: ele respinga no Planalto, já que parte do eleitorado nordestino associa problemas locais diretamente à esfera federal. Quando o governador perde base social, Lula também perde.
A deterioração da segurança pública, especialmente fora dos grandes centros, completa o quadro. O avanço do crime organizado em cidades médias e pequenas aumentou o sentimento de insegurança e a percepção de ausência do Estado. Questões como violência, facções e roubos tornam-se determinantes na definição de voto. E, nessa pauta, o governo federal enfrenta críticas crescentes — mesmo que a responsabilidade seja compartilhada com os estados.
Há ainda um elemento sociológico crucial: o novo “swing voter” nordestino. Segundo Roman, ele está localizado nas periferias urbanas, longe do eleitor tradicionalmente fiel ao lulismo. Trata-se de um contingente flutuante, pragmático, sensível ao preço do gás, à qualidade do ônibus, ao atendimento no posto de saúde. Menos ideológico, mais cotidiano. É esse eleitor que hoje define margens, desloca cenários e obriga o PT a reordenar prioridades.
Assim, o Nordeste deixa de ser reduto automático e passa a ser um front tão competitivo quanto o Sudeste. A região permanece decisiva, mas não garante vitória. Exige presença, entregas concretas e capacidade de resposta. Em 2026, as periferias das capitais nordestinas podem valer tanto quanto — ou até mais do que — o cinturão metropolitano paulista. É aí que estará o novo centro de gravidade da disputa presidencial.
Reconhecimento – O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco divulgou o IGM-PREV 2024 e classificou o CamaragibePrev com nota 75, faixa B — a melhor pontuação possível — garantindo ao instituto a 8ª posição entre 148 municípios e inserindo Camaragibe em um seleto grupo de apenas 17 cidades que atingiram esse patamar de excelência em gestão previdenciária; para o prefeito Diego Cabral, o resultado reconhece a iniciativa pioneira da Secretaria de Administração ao estruturar a Autarquia Municipal do Fundo de Previdência, garantindo mais autonomia, rigor técnico e profissionalismo, e reforça o compromisso de seguir aprimorando o sistema para oferecer mais segurança e equilíbrio aos servidores municipais.
Monitoramento – O prefeito Mano Medeiros comandou, no último sábado, a reunião ampliada de secretariado do Jaboatão dos Guararapes para avaliar o primeiro ano de gestão, em encontro no qual cada secretaria apresentou resultados, analisou indicadores e justificou metas não alcançadas, num contexto de forte desafio fiscal para um município de mais de 680 mil habitantes com alta dependência de serviços públicos; destacando a importância do monitoramento contínuo e da gestão baseada em dados, Mano reforçou o compromisso com responsabilidade e eficiência, enquanto a equipe alinhou as diretrizes para 2026, com foco em inovação, captação de recursos e fortalecimento das áreas essenciais para garantir avanços sustentáveis e mais qualidade nos serviços à população.
Desafio – Foragido da Justiça brasileira e condenado a 16 anos de prisão pela trama golpista, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), atualmente nos Estados Unidos, voltou a desafiar o ministro Alexandre de Moraes ao afirmar, em vídeo divulgado nas redes sociais neste domingo, que só retornará ao país mediante um pedido formal de extradição analisado por um juiz federal americano, provocação que ele usa para questionar a legalidade do processo que levou à sua condenação no STF.
Crítica – Durante o lançamento da pré-candidatura de Eduardo Girão (Novo) ao governo do Ceará, neste domingo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou a aliança de integrantes do PL com o ex-governador Ciro Gomes (PSDB), classificando o movimento como precipitado e incompatível com a defesa do legado de Jair Bolsonaro; em resposta, o presidente estadual do partido, deputado André Fernandes, afirmou que a articulação teve aval do ex-presidente antes de sua prisão, enquanto Michelle reforçou que não aceita aproximação com alguém que, segundo ela, contribuiu diretamente para a inelegibilidade de Bolsonaro decretada pelo TSE em 2023.
Inocente quer saber – Lula conseguirá reverter a derrota nas outras quatro regiões em 2026?



