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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 31 de julho de 2025

Coluna desta quinta-feira

Foto: Reprodução

Sanções dos EUA inauguram nova era de confronto com o Brasil

As decisões anunciadas nesta quarta-feira (30) pelo governo de Donald Trump marcam um ponto de inflexão nas relações entre Estados Unidos e Brasil. Em um mesmo dia, a Casa Branca impôs um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros e o Departamento do Tesouro aplicou sanções diretas contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com base na Lei Magnitsky Global. As duas medidas, embora oficialmente tratadas como independentes, são politicamente coordenadas e traduzem o novo alinhamento ideológico da Casa Branca, agora abertamente hostil ao governo Lula e disposto a intervir em assuntos internos de países que considera adversários.

No campo econômico, o aumento das tarifas tem impacto direto em setores estratégicos da economia brasileira, como alimentos, aço e aeronaves. A justificativa formal do governo Trump é a “proteção da indústria americana” contra práticas comerciais consideradas desleais. Mas nos bastidores diplomáticos, a medida é lida como um recado direto ao Planalto. Lula tem se posicionado como defensor da multipolaridade, aproximando-se da China, dos BRICS e de países do Sul Global, além de manter uma postura crítica às políticas ambientais e comerciais dos EUA. A retaliação tarifária não é apenas econômica: é uma demonstração de força e um alerta geopolítico.

Ainda mais simbólica e incendiária foi a sanção aplicada contra Alexandre de Moraes. A acusação do Tesouro norte-americano é de que o ministro violou liberdades civis, perseguiu adversários políticos e feriu os princípios do devido processo legal — tudo com base na Lei Magnitsky, geralmente usada contra figuras ligadas a regimes autoritários. O alvo, neste caso, é um dos principais protagonistas do enfrentamento institucional contra o bolsonarismo no Brasil. Moraes, como relator de inquéritos no STF, determinou a prisão de aliados de Bolsonaro, bloqueou perfis em redes sociais e enfrentou campanhas de desinformação, o que o transformou em símbolo do combate à extrema direita.

O gesto de Trump tem motivações claras. Desde que voltou à presidência em janeiro de 2025, o republicano vem recompensando aliados ideológicos pelo mundo e retaliando quem considera opositor. A relação próxima entre Trump e Jair Bolsonaro — além da pressão de grupos conservadores nos EUA — pesou na decisão de sancionar Moraes. É também um aceno à base trumpista, que vê na ofensiva do Judiciário brasileiro contra o bolsonarismo uma “ditadura judicial disfarçada”.

A reação do governo Lula foi dura. Em pronunciamento, o presidente classificou a sanção como “ataque à soberania nacional” e prometeu reavaliar todos os acordos bilaterais com os EUA. O Itamaraty já iniciou consultas com parceiros do G20 e da ONU, denunciando interferência externa. No Congresso, a oposição comemorou, reforçando o discurso de perseguição e abuso de poder por parte do STF.

As consequências desse episódio serão duradouras. Lula precisará equilibrar a firmeza diplomática com a necessidade de preservar mercados e evitar uma escalada econômica ainda mais grave. As sanções dos EUA, agora sob Trump, revelam que a disputa ideológica internacional está longe do fim — e que o Brasil, com seu cenário interno tensionado, será um dos epicentros dessa nova guerra fria política.

Elevação – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que poderá ampliar ainda mais as tarifas sobre produtos brasileiros caso o Brasil adote medidas de retaliação. A ameaça está registrada no decreto assinado pelo republicano, que confirma a imposição de tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras. “Caso o Governo do Brasil tome medidas de retaliação contra os Estados Unidos em resposta a esta ação, modificarei esta ordem para garantir a eficácia das medidas aqui ordenadas”, diz o texto oficial.

Efeitos – A Casa Branca anunciou a inclusão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, na lista de sanções da Lei Magnitsky, o que implica o bloqueio de bens, contas e transações nos Estados Unidos, além da revogação de vistos e proibição de relações comerciais com entidades americanas. Segundo o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (Ofac), Moraes teria “autorizado detenções arbitrárias e suprimido a liberdade de expressão”. Especialistas afirmam que o ministro não pode recorrer judicialmente nos EUA, apenas apresentar uma petição administrativa ao próprio Ofac, processo que pode levar anos. A decisão já atinge diretamente o ministro e pode se estender a familiares, impactando vínculos bancários e restrições de entrada no país.

Melhora – A taxa de aprovação do governo Lula teve leve alta, passando de 39% em maio para 42% em julho, segundo pesquisa PoderData realizada entre os dias 26 e 28, enquanto a desaprovação caiu de 56% para 53%. O movimento, embora sutil, é o primeiro em um ano a oscilar favoravelmente ao petista e tem sido atribuído, em parte, ao discurso de soberania adotado pelo governo após o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos. A retórica nacionalista impulsionada pela medida do presidente Donald Trump fortaleceu a imagem de Lula diante de parte da população, especialmente no Nordeste e entre os mais jovens, reacendendo especulações sobre o cenário eleitoral de 2026 e o possível “efeito anti-Trump” no Brasil.

Inocente quer saber – Por que Alexandre de Moraes não decreta logo a prisão de Jair Bolsonaro?

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Edmar Lyra

Jornalista político, foi colunista do Diário de Pernambuco e da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco e CEO do instituto DataTrends Pesquisas. DRT 4571-PE.

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