
Por Vítor Diniz – Mestre em Ciência Politica (USP)
A eleição do ano que vem pode representar o fim de um ciclo de 20 anos de governos de esquerda, iniciado com a vitória do ex-prefeito João Paulo. Não houve na história recente um momento mais propício para o surgimento de um candidato ou candidata de direita. Não basta ser anti-esquerda ou anti-PT, Daniel Coelho não foi além disso na eleição de 2016 e teve um desempenho abaixo do esperado. É preciso se posicionar claramente como de direita, o que não significa alinhamento automático ao presidente Jair Bolsonaro.
Com a provável aliança entre PSB e PT em 2020, há uma janela de oportunidade para se criticar os 20 anos de governo da esquerda em Recife. Fica mais fácil para um opositor colocar as mazelas da cidade numa conta única, fruto de um modelo de governar que não funcionou. Uma candidatura de direita terá o privilégio de ser a novidade da eleição e de ter um “inimigo” definido.
A aposta terá mais chances de sucesso se for levada adiante por um outsider, alguém sem experiência política. Uma candidata mulher com discurso de direita chacoalharia a corrida eleitoral e chamaria a atenção dos eleitores. Mas a “novidade” precisa vir em conjunto com propostas midiáticas como privatizações, redução do salário do prefeito, corte de cargos comissionados, diminuição do número de vereadores e foco específico em medidas para segurança e combate à corrupção.
A disputa do próximo ano deve ter número recorde de candidatos a prefeito por conta do fim das coligações, forçando os partidos a lançarem candidatos para reforçar a chapa de vereadores. O campo da esquerda terá, seguramente, mais de um concorrente, e vários já começaram a se posicionar. Por outro lado, o campo oposicionista precisa criar um fato novo urgentemente. Tomar a decisão apenas em 2020 é garantir mais 4 anos longe do poder.


