A “maldição” da presidência da Câmara do Recife 

Na história recente do Recife dois ex-presidentes da Câmara não conseguiram a reeleição nas urnas nas eleições seguintes, que foram Josenildo Sinésio em 2008 e Múcio Magalhães em 2012, Jurandir Liberal era presidente e conseguiu ser reeleito em 2012 mas quatro anos depois viria a perder a reeleição e o atual presidente Vicente André Gomes perdeu o mandato com apenas 6.205 votos ficando apenas na sexta suplência de uma chapa que elegeu onze vereadores.

Vicente buscou o cargo ainda em 2012 com a vitória de Geraldo Julio, obteve o apoio e emplacou mais um biênio em 2015 ficando até o final do ano como presidente. A justificativa que se dá a respeito disso é que uma vez presidente do poder legislativo, ele acaba ficando distante das bases e por isso acaba perdendo aderência popular, dos últimos quatro presidentes da Casa José Mariano só Jurandir Liberal contrariou a escrita, mas quatro anos após também perdeu a eleição para vereador com apenas 5.531 votos.

Uma vez no cargo, Vicente prometeu uma série de mudanças como a construção de uma nova sede que não se viabilizou, a realização de um concurso público que permitiu a entrada de apenas 40 servidores, e outras ações. A mais polêmica delas foi não conceder o aumento salarial dos vereadores, cuja quantia teria um impacto ínfimo nos recursos que são repassados à Casa através do duodécimo. Vicente quis utilizar isso de forma demagógica como se um vereador vivesse apenas com os R$ 15 mil de salário atuais ou os R$ 18 mil que seriam caso fosse aplicada uma regra que é utilizada há anos de que o salário do vereador corresponde a 75% do deputado estadual, que por sua vez corresponde a 75% do deputado federal, isso não pegou bem entre os pares nem perante a opinião pública.

Outra situação que pode ter ocorrido algum impacto no resultado final das urnas foi a prepotência do futuro ex-vereador, que se negava a atender demandas mínimas de pessoas que o procuravam. O resultado veio a galope. Vicente depois de muitos anos estará a partir de janeiro de 2017 sem mandato eletivo.

Aposentadoria – Sem mandato, Vicente André Gomes será obrigado a viver apenas da sua gorda aposentadoria de deputado federal e de médico da prefeitura do Recife, tendo que abdicar das benesses que o cargo de vereador e sobretudo o de presidente permitiam e ele chegava a afirmar que “trabalhava de graça” para o povo do Recife.

Anchieta Patriota – Considerado um dos melhores prefeitos de Pernambuco na época em que governava Carnaíba, Anchieta Patriota (PSB) voltou para o cargo com expressiva votação no último domingo. Com sua vitória acabou abrindo vaga de suplente de deputado estadual na Frente Popular para candidatos que tiveram menos votos que ele em 2014.

Genérico – Questionado sobre as semelhanças do segundo turno de 2016 com o de 2000 quando enfrentou e derrotou Roberto Magalhães para prefeito do Recife, João Paulo afirmou que o atual prefeito Geraldo Julio faz uma gestão mais fraca que Roberto fazia naquela época e o apelidou de genérico.

Diferenças – Naquela eleição de 2000 quando João Paulo foi ao segundo turno contra Roberto Magalhães ele obteve 35,62% dos votos válidos e recebeu o apoio integral de todos os candidatos que ficaram de fora do segundo turno. Nesta eleição João Paulo chegou em viés de queda, com 23,76% dos votos válidos e tanto o PSDB quanto o DEM declararam apoio a Geraldo Julio.

RÁPIDAS

Desempenho – Mesmo sem a presença de Eduardo Campos, o PSB segue hegemônico em Pernambuco após a abertura das urnas. Foram 69 prefeituras, onze a mais que em 2012 quando o partido sob o comando de Eduardo alcançou 58. Os socialistas ainda podem conquistar o Recife no segundo turno e atingir os setenta prefeitos no estado.

Raquel Lyra – A votação de Raquel Lyra (PSDB) no primeiro turno em Caruaru mostrou que para disputar uma prefeitura é preciso ter consistência política. Raquel se preparou a vida inteira para esse momento e protagonizará com Tony Gel (PMDB) uma bela disputa pela principal prefeitura do agreste.

Inocente quer saber – O prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes estaria vivendo um inferno astral?

Uma nova eleição começará a partir de agora no Recife 

A cidade do Recife protagonizou uma nova disputa de segundo turno com a abertura das urnas após dezesseis anos. Pela segunda vez na história, Recife estará escolhendo seu prefeito numa segunda etapa. Na primeira tínhamos um prefeito bem-avaliado que por uma série de fatores terminou não conseguindo líquidar a fatura logo no primeiro turno, enquanto tínhamos um político que vinha se consolidando como liderança de esquerda e surfou numa onda favorável ao PT que dois anos depois chegaria à presidência.

Nesta eleição temos um Geraldo Julio que juntou vinte partidos, conseguiu quase cinco minutos de guia eleitoral, começou atrás nas pesquisas e por muito pouco levou no primeiro turno turno. Assim como Roberto Magalhães em 2000, Geraldo ficou a míseros votos de ser reeleito. Enfrenta o mesmo João Paulo de dezesseis anos atrás, que impôs uma histórica derrota a Roberto Magalhães e ajudou a implodir a União por Pernambuco que começava a dar sinais de protagonismo em Pernambuco.

A diferença é que agora João Paulo chega ao segundo turno em viés de queda e sua ida só foi viável graças ao desempenho dos demais candidatos, que juntos atingiram quase 28% dos votos válidos, mas diferentemente de 2000, João Paulo não conseguirá o apoio dos candidatos que ficaram de fora do segundo turno, sobretudo os dois mais votados, pois historicamente foram forjados na oposição ao PT e ao próprio João Paulo.

Porém em eleição tudo é possível. Agora saem de cena as centenas de candidatos a vereador que apoiavam Geraldo Julio, o tempo de televisão é igualitário e uma militância petista sedenta por vingança ao PSB e principalmente pelos cargos que podem ocupar numa eventual vitória de João Paulo. Chegamos no segundo turno onde em tese Geraldo Julio é favorito, mas não dá para menosprezar a capacidade de João Paulo de ser beneficiado pela sorte, coisa que já demonstrou em outras ocasiões e novamente ontem ao chegar ao segundo turno por menos de dez mil votos.

Camaragibe – Após várias tentativas frustradas Demóstenes Meira (PTB) se elegeu ontem prefeito de Camaragibe derrotando o então prefeito Jorge Alexandre (PSDB). A vitória traz o bônus de ser prefeito mas a responsabilidade de fazer completsmente diferente do que foi feito por Jorge nos últimos meses. Meira tem a partir de janeiro a grande oportunidade da sua vida.

Lula Cabral – Eleito prefeito do Cabo de Santo Agostinho, Lula Cabral, que foi um dos melhores prefeitos da história do Cabo, recebeu uma segunda chance do eleitor cabense para voltar a governar a cidade e apagar o fiasco que foi a eleição de Vado da Farmácia em 2012 bem como a sua gestão, que foi a mais desastrosa da história do município.

Alepe – Com as vitórias de Miguel Coelho (Petrolina), Angelo Ferreira (Sertania), Lula Cabral (Cabo de Santo Agostinho), Aglaílson Júnior (Vitória de Santo Antão), Maviael Cavalcanti (Macaparana), Anchieta Patriota (Carnaíba) e a ida de Tony Gel e Raquel Lyra ao segundo turno em Caruaru, serão efetivados como deputados estaduais Antonio Moraes, Marcantonio Dourado, Roberta Arraes, Isaltino Nascimento e Laura Gomes. Assumem como suplentes Terezinha Nunes, Gustavo Negromonte e Cássia do Moinho.

Augusto Coutinho – Além de exercer a presidência do Solidariedade em Pernambuco e poder ser efetivado deputado federal caso Anderson Ferreira se eleja prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Augusto Coutinho deu mais uma demonstração de força ao eleger o seu filho Rodrigo Coutinho vereador do Recife com 4.300 votos.

RÁPIDAS

Raimundo Pimentel – O ex-deputado Raimundo Pimentel (PSL) confirmou as expectativas e foi eleito prefeito de Araripina com expressiva votação. Raimundo já havia conseguido eleger Socorro Pimentel deputada nas eleições de 2014 com mais de quarenta mil votos.

Tabira – O prefeito Sebastião Dias fez história em Tabira ontem ao ser eleito para mais quatro anos no comando da cidade. Desde 2000 quando foi instituída a reeleição, nenhum prefeito havia conseguido tal façanha.

Inocente quer saber – O que faltou para Heraldo Selva chegar ao segundo turno em Jaboatão dos Guararapes?