Blog Edmar Lyra

O blog da política de Pernambuco

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Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 21 de abril de 2016

Coluna do blog desta quinta-feira

Uma chapa elitizada 

O deputado Daniel Coelho se lançou candidato a prefeito do Recife em 2012 pelo PSDB sendo a grande surpresa eleitoral daquela disputa, quando saiu do quarto lugar e chegou ao segundo com 245.120 votos, números que por muito pouco não lhe colocaram no segundo turno contra Geraldo Julio, atual prefeito do Recife.

Dois anos depois Daniel se elegeu deputado federal com uma votação igualmente expressiva. Com 138.825 votos, sem as grandes estruturas de governo e de prefeitos, foi o sexto mais votado do estado e o terceiro mais votado do Recife. Daniel figura em todas as pesquisas eleitorais para as eleições deste ano para prefeito oscilando entre o 2º e o 3º lugar, atingindo 12% a 20% de intenções de voto a depender dos cenários, e naturalmente se torna o principal adversário do prefeito Geraldo Julio, que busca a reeleição.

Na condição de pré-candidato a prefeito pelo PSDB, levando em consideração o seu bom desempenho eleitoral de 2012 e a sua posição nas pesquisas, esperava-se que Daniel pudesse conquistar mais partidos para a sua nova tentativa de chegar ao comando da capital pernambucana. Porém, Daniel cometeu um erro estratégico na sua campanha, ao anunciar antes do tempo a chapa completa, tendo Sérgio Bivar (PSL) como seu companheiro de chapa. Foi um tanto precipitado, pois com a chapa fechada, Daniel pode inviabilizar a prospecção de novos partidos. O acerto de que Sérgio Bivar poderia ser alinhavado de imediato, mas não precisava essa divulgação, apenas que o PSL marcharia com Daniel, isso contribuiria para a chegada de novas siglas.

Além de fechar portas para novas legendas que pudessem estar interessadas na vice, Daniel ainda teve que enfrentar críticas à sua chapa por representar dois herdeiros de políticos e empresários bem-sucedidos, naturalmente dando margens para pechas de que a chapa é elitista. Nas redes sociais existem vários questionamentos ao fato do vice de Daniel ser filho do megaempresário e ex-deputado federal Luciano Bivar. O erro de avaliação pode custar caro a Daniel, que tinha tudo pra ser um adversário extremamente competitivo colocando riscos evidentes ao projeto de reeleição de Geraldo Julio.

Citados – O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), anexou trechos da delação premiada do senador Delcídio do Amaral (MS) ao maior inquérito da Operação Lava Jato em andamento na Corte, com 39 pessoas investigadas. Entre as partes inseridas, há citações à presidente Dilma Rousseff, ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao vice-presidente Michel Temer.

Saída – O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recebeu na noite da última terça-feira cinco senadores do PT para um jantar em sua residência oficial, em Brasília. O encontro ocorreu horas após o peemedebista estabelecer o rito que o processo de impeachment de Dilma Rousseff obedecerá na Casa. Segundo relatos, a avaliação geral foi de que o afastamento da petista é iminente.

Adiamento – A sessão do Supremo Tribunal Federal que iria julgar a posse do ex-presidente Lula acabou sendo adiada. Com isso Lula segue fora da Casa Civil. A decisão foi fundamentada na tese de alguns ministros em aguardar o desfecho do impeachment de Dilma Rousseff no Senado para evitar maiores desgastes para a própria Côrte.

Golpe – O ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, que chegou a ser advogado do PT, repudiou a estratégia do governo em dizer fora do Brasil que a presidente Dilma Rousseff está sofrendo um golpe. Para Toffoli, Dilma afirmar que existe golpe é uma ofensa às instituições brasileiras.

RÁPIDAS

Passagens – Caso a Câmara dos Deputados se recuse a custear as passagens aéreas para viabilizar o depoimento do lobista Fernando Baiano no Conselho de Ética, o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), afirmou ontem que irá pagar do próprio bolso o valor das passagens aéreas de ida e volta de Baiano e do advogado.

Comando – Já ficou acertado que a comissão que analisará o impeachmnt de Dilma Rousseff no Senado será comandada pelo senador Raimundo Lira (PMDB/PB) que será o presidente e pelo senador Antônio Anastasia (PSDB/MG), que será o relator. Os trabalhos devem ser iniciados já na próxima segunda-feira.

Inocente quer saber – Quando Elias Gomes anunciará o nome que será apoiado pelo seu grupo para disputar a prefeitura de Jabotão dos Guararapes?

Arquivado em: Coluna diária, destaque, Política, Recife

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 20 de abril de 2016

Coluna do blog desta quarta-feira

Os primeiros passos do governo Temer 

Todo processo de impeachment deixa sequelas e cria arestas significativas entre os principais atores do país. Em 1992 com Fernando Collor e Itamar Franco não foi diferente do que estamos observando entre Dilma Rousseff e Michel Temer. É mais do que provável que até o dia 15 de maio a presidente Dilma Rousseff perca o seu mandato dando lugar a Michel Temer, que terá a missão de quebrar um ciclo negativo que se instaurou no país no governo Dilma.

O primeiro passo é fazer diferente do que Dilma fez, primeiro na construção do seu ministério, permitindo entre 20 e 25 pastas, cujos ocupantes sejam representativos politicamente mas sobretudo tenham respeito da sociedade. Temer não pode incorrer no erro de Dilma de lotear ministérios dando lugar a políticos sem a menor estatura para o cargo. Esse é um primeiro passo, mas não o único.

Um governante precisa se impor em relação aos seus governados, já dizia Maquiavel que é preferível ser temido do que amado, na política isso cai como uma luva. Se Temer quiser mesmo ser um bom presidente precisará respeitar o Congresso mas exercendo o cargo de forma que venha a se impor como o presidente. Os congressistas estarão ao lado de Temer por osmose se ele fizer um governo digno de respeito dos parlamentares. Caso Temer aceite fazer concessões aos políticos por medo de perder apoio ou querer a todo custo ter uma maioria expressiva que na hora H precisará distribuir cargos como Dilma fazia, é evidente que o seu governo terá o mesmo destino da sua antecessora.

No âmbito da Câmara dos Deputados, é fundamental que tenha na presidência um político que do ponto de vista da competência no que diz respeito ao regimento e à condução da Câmara seja muito parecido com Eduardo Cunha, mas que no âmbito da ética e da probidade seja diametralmente oposto ao atual presidente. Um nome que é palatável aos deputados federais pode ser o deputado Rogério Rosso (PSD/DF), que conduziu com maestria a comissão do impeachment, e seria um presidente à altura da Câmara dos Deputados. Isso faria com que a agenda negativa de Cunha não contaminasse o início do governo Temer.

No que diz respeito às reformas, é imprescindível que Temer aproveite o momento para apresentar as reformas política, previdenciária e tributária, dando ênfase no pacto federativo. Isso fará com o Planalto emita uma sinalização aos prefeitos e governadores de que está disposto a encontrar uma saída para a quebradeira geral dos municípios e dos estados que foi patrocinada por Dilma Rousseff. Essas ações terão peso significativo para que os primeiros seis meses do seu governo possam ser geridos com a garantia necessária de que não haveria atropelos.

Passado esse período, se Michel Temer conseguir lograr êxito em parte significativa destes pontos, ele inicia 2017 com uma perspectiva mais positiva, onde terá condições de implementar ações mais efetivas que possam retomar o crescimento da economia e a credibilidade do país. Experiência ele tem de sobra para mudar o atual panorama de quebradeira e instabilidade que o governo Dilma deixou como legado.

Bolsonaro – O deputado Jair Bolsonaro (PSC/RJ) cometeu o seu maior equívoco desde que se tornou presidenciável no último domingo ao enaltecer o torturador Brilhante Ustra, responsável por torturar Dilma Rousseff no período do regime militar. Bolsonaro deu mostras de que é um ser vazio e sem qualquer proposta para se tornar alternativa para o país. Na hora de bater o pênalti e fazer um belo gol, preferiu chutar a bola pra fora do estádio.

Economia – O vice-presidente Michel Temer pode formar a sua equipe econômica da seguinte maneira: José Serra (Planejamento), Henrique Meirelles (Fazenda), Paulo Skaf (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) e Murilo Portugal (Banco Central). Armínio Fraga declinou do cargo de ministro da Fazenda, mas se comprometeu a contribuir informalmente com a equipe econômica do governo Temer.

Vice – O deputado federal Daniel Coelho anunciou ontem o empresário Sérgio Bivar como companheiro de chapa na sua pré-candidatura a prefeito do Recife pelo PSDB. Setores da política avaliam que o anúncio foi precipitado e poderá dificultar a prospecção de legendas para formar uma aliança em torno de uma candidatura competitiva. Sergio é filho de Luciano Bivar, presidente nacional do PSL.

Cassação – Diferentemente de Jair Bolsonaro que emitiu uma opinião condenável, porém amparada pelo direito inviolável civil e penalmente por opiniões, palavras e votos dos parlamentares, o deputado Jean Wyllys (PSOL) ao cuspir em Bolsonaro dentro do plenário pode ser processado por quebra de decoro parlamentar e consequentemente ter cassado o seu mandato de deputado federal.

RÁPIDAS

Aline Mariano – Recém filiada ao PMDB, a vereadora Aline Mariano volta e meia tem seu nome ventilado para compor a vice na chapa encabeçada pelo prefeito Geraldo Julio, que tentará a reeleição em outubro. Porém, caso o posto seja mesmo destinado ao PMDB, existem dois nomes na fila: o vereador Jayme Asfora e o empresário Fernando Dueire, amigo pessoal do deputado Jarbas Vasconcelos.

Pedaladas – O deputado Edilson Silva (PSOL) afirmou que o governador Paulo Câmara havia praticado pedaladas como Dilma Rousseff, porém diferentemente de Dilma que é controladora dos bancos públicos e por isso configurou-se num empréstimo para pagamento dos programas sociais, o que é vedado por Lei, o governador Paulo Câmara não é controlador de nenhum banco público, pois o Bandepe foi vendido há muitos anos. Portanto, não houve pedalada de Paulo Câmara.

Inocente quer saber – O Planalto já reconheceu que não tem mais jeito?

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Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 19 de abril de 2016

Coluna do blog desta terça-feira

O maior derrotado do impeachment

Lula tentou, sem sucesso chegar à presidência da República em três ocasiões, em 1989 perdeu para Fernando Collor no segundo turno e em 1994 e 1998 para Fernando Henrique Cardoso, ambas no primeiro turno. Até que em 2002 conseguiu se lançar a presidente. Foi beneficiário de um processo que fulminou a candidatura de Roseana Sarney, então líder nas pesquisas pelo PFL, que foi um escândalo de corrupção envolvendo o marido de Roseana.

Naquele momento Lula acabou beneficiado, chegando a um segundo turno e derrotando José Serra. A vitória de Lula ocorreu num contexto de crises internacionais que estavam prejudicando a popularidade de Fernando Henrique, que respingou em José Serra, candidato tucano à sucessão de FHC. Uma vez no governo, Lula foi obrigado a manter a política econômica de FHC, dando continuidade ao tripé macroeconômico do câmbio flutuante, das metas de inflação e do superávit primário. Com a sinalização ao mercado, Lula foi ao governo, que pouco a pouco foi ganhando a confiança do empresariado e da sociedade.

Lula recebeu um governo estabilizado, que dependia apenas de uma conjuntura econômica internacional favorável. E ela existiu de 2003 até 2008, mas o próprio Lula foi capaz de liderar o país para fugir da crise de 2008, de um limão ele fez uma limonada. Isso possibilitou a Lula fazer o sucessor, ou melhor, a sucessora. Dilma Rousseff foi apresentada como sua sucessora após vários nomes do PT se envolverem em escândalos de corrupção. Dilma venceu a disputa graças ao forte desejo de continuidade do governo Lula por parte da população.

Uma vez no governo, Dilma já se mostrava muito diferente do seu antecessor e padrinho político. Pouco afeita às palavras e às articulações políticas, Dilma que foi vendida como a gerentona, conseguiu se manter bem até junho de 2013, quando vieram as manifestações durante a Copa das Confederações, que implodiram a elevada popularidade de Dilma. O caos se instaurou a partir dali, pois os brasileiros se deram conta de que o bom governo de Dilma nada mais era do que uma peça de ficção criada pelo marqueteiro João Santana.

Vieram as eleições de 2014 e mais uma vez a disputa foi vencida por João Santana, que quando o cerco apertou, soube utilizar como ninguém a fragilidade dos adversários de Dilma no programa eleitoral. Um país dividido saiu das urnas em outubro, quando pouco mais de 51% dos votos válidos permitiram a Dilma mais quatro anos. Já no segundo governo, depois de aplicar um tarifaço que dava indícios do estelionato eleitoral, Dilma continuou a enfrentar problemas de ordem política. Primeiro na eleição da mesa diretora da Câmara dos Deputados, quando no início do seu segundo governo viu Eduardo Cunha, então líder do PMDB, ascender politicamente ao mandato de presidente da Câmara com 267 votos contra o indicado do Planalto Arlindo Chinaglia, que obteve 136. Ali foi o primeiro sinal de que as coisas iam mal no Congresso.

O tempo passou e a situação da economia foi se agravando, com aumento da inflação e do desemprego, desvalorização da moeda, queda da bolsa de valores, aumento da taxa de juros, dentre outras coisas. A sociedade começou a perceber que a economia ia muito mal. Aliado a isso a operação Lava-Jato desnudou o maior esquema de corrupção da história do país, envolvendo próceres petistas e governistas, trazendo luz a um dos maiores problemas da nossa política, que é o financiamento de campanhas eleitorais.

Como se não bastasse, além de mentir aos eleitores na campanha, o governo mentiu aos brasileiros quando não divulgou a verdadeira situação das contas públicas, infringindo a Lei e desrespeitando a relação Executivo/Legislativo através dos créditos suplementares sem autorização do Congresso. As pedaladas fiscais, quando o governo utilizou recursos dos bancos públicos para pagar programas sociais e custear empréstimos a empresários através do BNDES, também colocaram Dilma na berlinda.

No último domingo ficou evidente no plenário da Câmara dos Deputados o que já se esperava há muito tempo. O impeachment de Dilma Rousseff foi aprovado por 367 votos, 25 a mais que os necessários. O governo, que através de Lula, tentou barrar o impeachment com oferta de cargos, ministérios, emendas e até dinheiro vivo, não conseguiu lograr êxito. Dos 137 votos obtidos por Dilma Rousseff, menos de 100 foram dados por PT, PCdoB, PSOL e PDT, os demais votos foram conquistados junto a deputados de siglas menores e que tinham algum tipo de alinhamento com o governo.

Um governo que tem apenas 137 votos num contigente de 513 mostra que perdeu toda e qualquer condição de continuar a existir. A derrota de Dilma é reflexo da sua total falta de capacidade de exercer o cargo que ocupou por pouco mais de cinco anos. Porém, o maior derrotado neste processo é o seu criador Lula, que viu seu prestígio ruir graças a uma escolha péssima para lhe suceder que acabou induzindo os brasileiros a um erro colossal. O legado de Lula depois deste processo virou pó, a prova foi tanta que não conseguiu sensibilizar nem 150 deputados, mesmo montando um QG num hotel de luxo na capital federal para oferecer mundos e fundos aos parlamentares. Ele foi o grande perdedor, o maior derrotado.

Comando – Ninguém entendeu muito bem a decisão de Sebastião Oliveira em se abster do voto pelo impeachment após sair da secretaria dos Transportes para participar da votação. Na verdade estava em jogo ali o comando do PR, que estava nas mãos de Anderson Ferreira em Pernambuco. Waldemar Costa Neto, o dono do PR nacional, havia prometido ao Planalto 15 votos contra o impeachment, entre ausências, abstenções e votos contrários. Como Anderson Ferreira decidiu votar pelo impeachment, Sebastião Oliveira acabou herdando o comando estadual da sigla.

Consequência – A principal consequência da mudança de comando no PR estadual será a disputa pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes. Anderson, que era pré-candidato a prefeito, não terá a legenda para a disputa. O PR deverá marchar com a candidatura de Evandro Avelar, secretário do governador Paulo Câmara. Como findou o prazo de filiação partidária, Anderson está fora da disputa pela prefeitura de Jaboatão.

Destino – O gesto do secretário de Turismo Felipe Carreras de não votar no processo de impeachment dando vez ao suplente Augusto Coutinho, acabou beneficiando o prefeito Geraldo Julio. É que pela ordem alfabética, caso Felipe votasse o 342º voto seria de Daniel Coelho e não de Bruno Araújo. Como Daniel é pré-candidato a prefeito do Recife iria capitalizar politicamente com o voto que guilhotinou Dilma Rousseff.

Retribuição – Os deputados Luciana Santos (PCDoB) e Silvio Costa  (PTdoB) foram muito leais ao Planalto e a Dilma Rousseff com posicionamentos bastante contundentes contra o impeachment de Dilma, que eles sempre se referiram como um “golpe”. Como contrapartida o PT deverá retirar a pré-candidatura de Teresa Leitão em prol de Luciana em Olinda e de João Paulo em prol de Silvio Costa Filho no Recife.

RÁPIDAS

Presidência – Estão cotados para a presidência da Câmara dos Deputados em substituição a Eduardo Cunha, que a partir de agora é a bola da vez para perder o cargo, os deputados Rogério Rosso (PSD/DF), que conduziu com maestria a comissão do impeachment e ganhou um novo patamar na Câmara dos Deputados e Jarbas Vasconcelos (PMDB).

Confiança – Por falar em Jarbas, o deputado pernambucano que já foi prefeito e governador, virou o “homem de Michel Temer” na Câmara dos Deputados. Jarbas foi correto com o vice-presidente no processo que antecedeu o impeachment e caso seja confirmada a ida de Temer para a presidência, Jarbas terá papel importante no governo, seja presidindo a Câmara, liderando o governo ou até mesmo ocupando algum ministério.

Inocente quer saber – Com quantos votos o impeachment de Dilma Rousseff passa no Senado?

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Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 16 de abril de 2016

Coluna do blog deste sábado

A reta final do impeachment 

Faltando menos de 48 horas para a votação que definirá o futuro de Dilma Rousseff, as negociações seguem a todo vapor em Brasília. A oposição diz ter pelo menos 370 votos pelo afastamento da presidente, enquanto o Planalto diz ter os números suficientes para barrar o impeachment, porém não aponta números. A guerra dos números era esperada nesta reta final, e a essa altura do campeonato ninguém dará o braço a torcer.

O fato é que o Planalto pode ter conseguido, haja vista que existem rumores que estaria oferecendo R$ 2 milhões em dinheiro vivo para o deputado votar contra o impedimento de Dilma, quebrar uma tendência que caminhava para os votos pró-impeachment beirar os 400. Mas dificilmente conseguiria reverter trinta votos para dar uma margem segura e inviabilizar o impedimento. Numa conta rápida seriam por baixo R$ 60 milhões em espécie para reverter o impeachment. É uma logística complexa de ser feita e bastante arriscada nos dias de hoje, porque qualquer vídeo feito por um celular poderia implodir o Planalto e a carreira do deputado que se submetesse a esse tipo de expediente.

Há uma guerra psicológica dos números, sobretudo após as fragorosas derrotas que o Planalto sofreu na última quinta-feira no Supremo Tribunal Federal na tentativa inócua de modificar a ordem de votação do impeachment ou pior, tentar barrar a votação. Isso fez com que o Advogado Geral da União José Eduardo Cardozo saísse desmoralizado do plenário do STF.

Lula, por sua vez, sabe que a situação é preta, primeiro porque a sua liberdade depende exclusivamente da continuidade de Dilma no governo. Ele sabe que as chances de virar presa fácil nas mãos de Sérgio Moro são gigantes com a provável saída de Dilma. Além disso existe o jogo futuro da imagem do próprio Lula e do PT. Com Dilma sofrendo o impeachment a falácia de golpe cairá por terra e a situação de Lula se agravará ainda mais, pois a sua criatura teria fracassado no governo de tal modo que foi capaz de sofrer o impeachment. Isso será letal para Lula, que ainda sonhava com a hipótese de dar a volta por cima e chegar ao Planalto em 2018.

Por fim o jogo contrário. A oposição capitaneada por Michel Temer já precisa trabalhar com o day after, ou seja, a construção do eventual governo que deverá ser efetivado apenas em 12 de maio, quando deverá ser votado no Senado o impeachment de Dilma Rousseff. Isso já é feito nos bastidores, mas com a vitória na Câmara será intensificado para o governo Temer já começar pronto do ponto de vista da estrutura ministerial e dos nomes que ocuparão os postos. Além disso já será possível elaborar os eixos do governo a fim de ganhar o mercado, o congresso e a sociedade nos primeiros meses.

Chegamos na véspera da votação com uma forte tendência de impeachment, que precisa ser confirmada no plenário, mas não podemos menosprezar o poder do dinheiro. Amanhã pode acontecer tudo, inclusive nada. Veremos as cenas deste capítulo importante da nossa história, falta pouco.

Gilberto Kassab – Presidente de um dos maiores partidos do Brasil, o PSD, Gilberto Kassab ocupava o ministério das Cidades, pasta importante da Esplanada que tem ligação direta com os municípios através de obras estruturantes e de mobilidade. Ontem anunciou a saída do cargo, o que pode ter um sinal claro de que o governo não tem chances de reverter o quadro. Fora do governo Kassab agora pode trabalhar irrestritamente pelo impeachment e pela construção do governo Temer.

Aliança – Insatisfeito com o tratamento dispensado pelo Palácio do Campo das Princesas, o presidente nacional do PSL e primeiro suplente de deputado federal Luciano Bivar decidiu levar o seu partido para a coligação capitaneada por Daniel Coelho na disputa pela prefeitura do Recife. O vice na chapa será Sergio Bivar, filho do ex-presidente do Sport Recife.

Negociação – Além de negociar com o PSB para a convocação de Kaio Maniçoba em troca de Bivar assumir o mandato e dar o apoio do PSL a Geraldo Julio, Bivar também negociou com Priscila Krause, porém como a democrata não aceitou que o PSL indicasse o vice na sua chapa, acabou perdendo um importante apoio ao seu projeto para Daniel Coelho.

Eduardo da Fonte – Conhecedor do jogo de Brasília, o deputado Eduardo da Fonte (PP) se mantém ao lado de Dilma Rousseff com o objetivo de garantir pleitos solicitados ao Planalto, mas principalmente para valorizar o seu passe no governo Michel Temer. Isso porque Dudu seria melhor cortejado depois do que dando seu apoio agora. Essa é a leitura de um deputado da Alepe.

RÁPIDAS

Segurança – Há quem defenda o “impeachment” do secretário de Defesa Social Alessandro Carvalho. Na visão de um deputado da bancada governista na Alepe, Carvalho está com o prazo de validade vencido e sua saída do cargo seria o melhor caminho para tentar recuperar o Pacto Pela Vida, pois a segurança pública do governo Paulo Câmara ganharia sobrevida a partir de então.

Anderson Ferreira – O deputado Anderson Ferreira, que não decolou nas pesquisas para prefeito de Jaboatão, está em vias de retirar a sua candidatura para apoiar um nome de consenso da Frente Popular. Anderson teria avaliado que não valeria a pena entrar numa disputa onde não tem sequer dois dígitos nas pesquisas e nem o apoio de estruturas de governo para viabilizar o projeto.

Inocente quer saber – Evandro Avelar será o candidato do PSB a prefeito de Jaboatão dos Guararapes?

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Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 15 de abril de 2016

Coluna do blog desta sexta-feira

Renan Calheiros já abandonou Dilma

Ciente da fragorosa derrota que o Palácio do Planalto caminha para sofrer no plenário da Câmara dos Deputados no próximo domingo, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB/AL) já decidiu abandonar a presidente Dilma Rousseff. Ele sabe que Dilma já é carta fora do baralho no jogo político de Brasília e agora quem passa a dar a bola é Michel Temer, seu desafeto dentro do PMDB.

Diferentemente da maioria dos políticos, que por causa da força centrípeta que o Planalto exerce, acabam procurando Michel Temer por conta da expectativa de poder, Renan vislumbra a máxima de “vender dificuldade pra ganhar facilidade”. Uma vez apontando que precisará de prazo para analisar o impeachment no Senado, Renan sinaliza que quer uma atenção especial de Michel Temer no futuro governo, tal como ocorreu com Dilma.

Renan Calheiros quer continuar impondo sua agenda até fevereiro de 2017, quando termina o seu mandato de presidente do Senado. Temer sabe que o correligionário, se quiser, pode dificultar a sua vida no Senado, tanto no processo de impeachment, retardando-o quanto no cada vez mais provável governo Temer. Além de continuar sendo figura importante não só pelo cargo que exerce como também pela sua importância pessoal para a real política do país, Renan quer indicar aliados tanto na Esplanada dos Ministérios do governo Temer como também no primeiro e segundo escalão.

Uma vez presidente da República, Michel Temer precisará do apoio do Congresso para implementar o seu plano de governo, e Renan Calheiros pode ser fundamental nesse jogo, acalmando os ânimos no Senado e também jogando com as armas que tem a favor do governo, como por diversas vezes fez para ajudar Dilma Rousseff em troca de mais poder.

Renan é do tipo de pessoa que não tem coração nem ama ninguém. Frio e calculista, ele dança conforme a música, desde que não prejudique o seu narco de poder. Ele esteve ao lado de Collor, de Itamar, de FHC, de Lula, de Dilma e agora estará ao lado de Temer, mas está esperando ser ternurado com cargos e prestígio dentro do Palácio do Planalto, não só agora como principalmente depois que deixar a presidência do Senado em fevereiro do ano que vem.

Placar – De acordo com o Placar do Impeachment mantido pelo jornal Estado de S. Paulo já são contabiliados os 342 votos necessários para o impeachment de Dilma Rousseff. Isso leva a crer que até domingo pode haver um efeito manada que permitirá que o movimento pró-impeachment se aproxime ou até ultrapasse os 400 votos. A semana foi extremamente negativa para o Planalto.

Fernando Monteiro – O deputado federal Fernando Monteiro (PP) anunciou ontem seu posicionamento favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Sobrinho do ministro do TCU José Múcio Monteiro, Fernando acabou convencido que os fatos inviabilizaram a permanência de Dilma no cargo.

Tarde demais – Suplente de deputado federal, Cadoca disputou o mandato em 2014 pelo PCdoB e obteve pouco mais de 40 mil votos. Na janela da infidelidade partidária decidiu sair do partido e ficou indeciso o tempo todo, certamente aguardando para onde o vento iria. Quando os deputados Danilo Cabral e André de Paula decidiram reassumir seus mandatos para votar pelo impeachment, Cadoca que voltou a ficar sem mandato decidiu divulgar que seu voto seria pelo impeachment, o que foi tarde demais.

Ordem – Após decidir que a votação do impeachment começaria pelos deputados do Sul, o presidente da Câmara Eduardo Cunha teve que enfrentar questionamentos do PCdoB no Supremo Tribunal Federal, então ontem a tarde modificou seu entendimento, fazendo com que a votação fosse alternada, começando com estados do Norte, depois do Sul e vice-versa. A decisão de Cunha foi corroborada pelo Supremo Tribunal Federal ontem a noite.

RÁPIDAS

Equívoco – O grande erro do Planalto foi tentar judicializar o processo de impeachment ainda no ano passado. Se tivesse enfrentado o processo naquele momento as chances de sepultar o impedimento de Dilma na Câmara eram grandes. Quando optou por ganhar tempo, o Planalto não esperava que ele iria contar contra Dilma. Hoje petistas e aliados lamentam o crasso erro de cálculo feito naquele momento.

Aline Mariano – A oficialização da filiação de Aline Mariano ao PMDB foi uma evidência clara que a candidatura de Daniel Coelho a prefeito do Recife pelo PSDB é prego batido e ponta virada. Aline sonha em ser vice de Geraldo Julio, mas a tendência é que o indicado seja mesmo Jayme Asfora caso seja algum vereador.

Inocente quer saber – Os aliados de Dilma faltarão a votação pra não passarem vergonha?

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Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 14 de abril de 2016

Coluna do blog desta quinta-feira

A volta por cima de Mendonça Filho 

Começando muito jovem a sua carreira política se elegendo deputado estadual em 1986, Mendonça Filho teve uma ascensão meteórica na vida pública, se reelegendo em 1990 e virando deputado federal em 1994. Na articulação que permitiu Jarbas Vasconcelos disputar o governo de Pernambuco contra Miguel Arraes e sair vitorioso em 1998, Mendonça foi escolhido para o posto de vice-governador, permanecendo no cargo por sete anos e três meses.

Na condição de governador de Pernambuco, Mendonça tentou com o apoio da União por Pernambuco e do então governador bem-avaliado que disputou o Senado Jarbas Vasconcelos. A tentativa foi sem sucesso. Apesar de chegar ao segundo turno, sofreu uma derrota sonora para Eduardo Campos, que se elegeu em 2006. Passado o processo eleitoral Mendonça ficou responsável por reestruturar o PFL, que virava Democratas, em Pernambuco a partir de 2007.

Na condição de presidente estadual do Democratas, Mendonça decidiu disputar a prefeitura do Recife em 2008, tendo como seu vice André de Paula. Mesmo tendo um desempenho eleitoral expressivo, Mendonça mais uma vez amargou uma derrota majoritária, desta vez para João da Costa ainda no primeiro turno. Naquela ocasião o Democratas saiu bastante enfraquecido, tanto a nível estadual, quando elegeu poucas prefeituras, quanto a nível nacional, que amargava ter que fazer oposição a Lula, então presidente muito bem-avaliado e que almejava extirpar o PFL da política, como ele próprio afirmou uma vez.

Sem mandato e derrotado pela segunda vez seguida por um cargo executivo, Mendonça tentou construir sua candidatura a deputado federal em 2010. O resultado da disputa lhe trouxe uma sobrevida, que demonstrou também força familiar, quando o cunhado Augusto Coutinho disputou um mandato em Brasília e saiu vitorioso. Não era novidade na família, pois em 1994 tanto Mendonça quanto seu pai José Mendonça se elegeram juntos para a Câmara dos Deputados.

Incentivado pelas pesquisas, que apontavam um recall ao seu nome, Mendonça disputou a prefeitura do Recife, o que foi um erro de cálculo, pois dificilmente conseguiria um resultado expressivo já que não tinha partidos lhe dando suporte. As urnas trouxeram uma realidade amarga: apenas 19 mil votos para prefeito e pouco mais de 2% dos votos válidos. Naquele momento parecia que Mendonça estaria encerrando a sua vida pública. A sua disputa para deputado federal em 2014 era complexa mas a aliança com o PSB lhe permitiu a penúltima vaga da Frente Popular.

No ano passado foi alçado ao posto de líder do Democratas na Câmara dos Deputados. No cargo, Mendonça foi se reconstruindo politicamente, sobretudo no tocante à oposição que ele fez ao governo Dilma Rousseff, ganhando respeito e notoriedade nacional. Em 2016, por uma questão de rodízio, Mendonça deixou de ser líder do seu partido na Câmara, mas nem por isso perdeu a representatividade na Câmara. Com a eminente queda de Dilma, Mendonça por nunca ter desistido de fazer oposição ao PT, passou a ser um político respeitadíssimo em Brasília.

Com a experiência de quem foi deputado estadual, deputado federal, secretário, vice-governador e governador, sendo especializado em gestão pública em Harvard, Mendonça passa a ser o político de Pernambuco a figurar numa lista de ministeriáveis do cada vez mais provável governo Michel Temer. Há quem fale que Mendonça pode assumir a Integração Nacional por ser uma pasta relevante para os problemas do Nordeste. Caso se confirme a sua ida para a Esplanada, Mendonça sobe de patamar, pois passará a ser um importante ator da política pernambucana, figurando na seleta lista de senatoriáveis da chapa de reeleição do governador Paulo Câmara em 2018.

A volta por cima de Mendonça só pode ser comparada a do seu algoz da disputa de 2006 Eduardo Campos, que precisou se reinventar após a operação dos precatórios no governo Miguel Arraes. Ainda que não venha a se confirmar a sua ida para o ministério de Temer, fica evidente que Mendonça voltou ao jogo político nacional que reverbera diretamente em Pernambuco, o seu reduto eleitoral.

PSB – Caso o PSB tenha direito a uma pasta na esplanada, dificilmente será algum político pernambucano, pois o único com envergadura para o posto, o senador Fernando Bezerra Coelho, receberia vetos do Palácio do Campo das Princesas. Os nomes cotados são o ex-governador Renato Casagrande e Beto Albuquerque, vice na chapa de Marina em 2014, sendo o segundo com maiores chances de ser nomeado por Michel Temer.

Aécio Neves – Segundo colocado na disputa presidencial de 2014, o senador Aécio Neves apesar de ser um fiador do eventual governo Michel Temer, não deverá ocupar nenhuma pasta. Aécio confidenciou a interlocutores que preferirá continuar no Senado sendo um importante interlocutor do Planalto com o Congresso Nacional.

Elias Gomes – O prefeito do Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes recebeu o Prêmio Governador Barbosa Lima Sobrinho para o Prefeito Empreendedor. Promovido pelo Sebrae em parceria com a Amupe, a premiação contempla gestores que implementaram projetos de estímulo ao surgimento e desenvolvimento de pequenos negócios e à modernização da gestão pública. A vitória do tucano foi pelo projeto “Arranjos Produtivos Locais” de incentivo aos polos de crescimento do município através de capacitação dos empresários e da própria empresa em tecnologia, informação e inovação.

Placar – O Mapa do Impeachment do Vem Pra Rua e o Placar do Impeachment do Estadão, iniciam a quinta-feira com notícia negativa para o Palácio do Planalto. O Mapa aponta 324 favoráveis, enquanto o Placar mostra 332. A expectativa é que ao final do dia possa existir os números suficientes para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff.

RÁPIDAS

Gilberto Kassab – O ministro das Cidades e presidente nacional do PSD Gilberto Kassab, após a definição dos deputados de apoiarem o impeachment, decidiu entregar o cargo a presidente Dilma Rousseff, que prontamente não aceitou. Dilma deve ter avaliado que a saída do ministro seria ainda mais devastadora na luta inglória contra o impedimento.

Jorge Côrte Real – Extremamente ligado ao ministro Armando Monteiro, o deputado federal Jorge Côrte Real, que é presidente da Fiepe, decidiu votar a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O posicionamento de Côrte Real era extremamente complicado pois teria que optar pelo aliado ou votar com o desejo do mercado, acabou optando pelo mercado.

Inocente quer saber – O deputado Sílvio Costa assumirá a liderança da oposição no eventual governo Michel Temer?

Arquivado em: Coluna diária, destaque, Pernambuco, Política

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 13 de abril de 2016

Coluna do blog desta quarta-feira

As credenciais de Michel Temer 

Já faz muito tempo que falamos nesta coluna sobre a hipótese de Michel Temer ser o caminho natural para a situação política do país. Sabíamos que a tese defendida pelo PSDB na época de convocar novas eleições era estapafúrdia e praticamente inexequível por uma questão básica, a falta de viabilidade, ora pela situação política do país que não comportaria uma nova eleição sem deixar sequelas insanáveis dado o acirramento que existe entre os dois lados da moeda, ora pela questão prática da demora da justiça, que é comum no país. A ação que tramita no TSE que pede a cassação da chapa por abuso de poder econômico deve demorar significativamente, podendo causar uma eleição indireta se perdurar até dezembro de 2016.

A saída Michel Temer é o mesmo caminho que foi percorrido na ocasião do impeachment de Fernando Collor quando Itamar Franco assumiu o governo, com aspectos favoráveis a Temer porque a hiperinflação que Itamar herdou de Collor foi controlada pelo Plano Real, a desvalorização da nossa moeda que hoje é significativa, dá sinais que apenas com a saída de Dilma Rousseff o quadro pode se inverter e o real voltar a ganhar força em relação ao dólar.

Hoje o maior problema que enseja o governo federal é a falta de credibilidade da figura da presidente. Ela é incapaz de falar aos brasileiros e falar ao mercado. Ultimamente ela adotou o samba de uma nota só de que “não vai ter golpe”, e perdeu toda e qualquer condição de conquistar uma governabilidade mínima, uma vez que em mais de cinco anos apenas nos dois primeiros vivenciou uma pseudogovernabilidade, que posteriormente caiu por terra com as manifestações de junho de 2013.

A mudança de presidente não será como um passe de mágica para solucionar o problema da economia, que vivencia uma estagnação, com forte incidência de inflação e que tem como resultados imediatos o aumento do desemprego, a escassez de crédito, o endividamento das pessoas e o fechamento das empresas. Porém, a saída de Dilma e entrada de Temer quebra o ciclo negativo de falta de credibilidade do governo federal e dá uma margem de três a quatro meses para que as ações do novo governo, sobretudo na economia, possam apresentar um novo sentido para o país.

As credenciais de Temer são majoritariamente do fato de ter sido um exímio congressista. Deputado federal por 24 anos e presidente da Câmara dos Deputados por três oportunidades, o vice-presidente, diferentemente de Dilma Rousseff, conhece o Congresso Nacional como a palma da sua mão. A retomada do diálogo do Planalto com o Senado e a Câmara será peça-chave na recuperação do país. Hoje o que temos é um executivo que não tem outro argumento senão a distribuição de emendas, de cargos e de ministérios. Governo fraco é sinal de congresso chantagista, presidente forte é sinal de legislativo parceiro capaz de contribuir com a retomada dos pilares macroeconômicos e sobretudo os pilares políticos que norteiam um governo.

Michel Temer, num paralelo com Itamar Franco, tem credenciais ainda melhores para assumir o cargo, pois além de ter sido Congressista e presidente da Câmara por três oportunidades, ele foi também por diversas vezes escolhido como um dos parlamentares mais influentes do país. Se tem uma coisa que Temer entende é de Congresso Nacional, e entre uma presidente que não dialoga com deputado e senador, e um presidente que não só fala como também ouve os parlamentares, é óbvio que deputados e senadores ficarão com o segundo.

Debandada – Com a saída de partidos importantes como PR, PP, PRB e provavelmente PSD da base de Dilma Rousseff, já há em Brasília uma conta que atinge 380 votos favoráveis ao impedimento da presidente. Se já havia um forte indicativo de que o impeachment seria aprovado, os acontecimentos desta semana e sobretudo a postura arrogante e prepotente do Planalto contribuíram para que o governo perdesse qualquer condição de recuperação.

Toalha – Setores ligados a Dilma Rousseff já admitem reservadamente que não tem mais condição nenhuma do impeachment ser revertido domingo. O Planalto não dirá publicamente mas já está havendo uma jogada de toalha. A tentativa agora é fazer com que a saída de Dilma não seja de forma tão acachapante. Os fatos atropelaram o governo como um rolo compressor.

Enfraquecimento – Com a situação do PT se agravando de forma abrupta, nomes que apoiam Dilma Rousseff no plano nacional e pretendem disputar a prefeitura do Recife em outubro como Silvio Costa Filho (PRB) e João Paulo (PT) já admitem que terão sérias dificuldades de carregar o fardo do apoio à presidente, e isso pode trazer desdobramentos negativos para as suas respectivas campanhas a prefeito.

Ministeriável – Com a provável aprovação do impeachment no próximo domingo, a partir de segunda-feira começarão as articulações visando a composição do novo governo Michel Temer. De Pernambuco há quem aposte fortemente que o deputado Mendonça Filho (DEM) figura numa lista de ministeriáveis. Caso se confirme, Temer seguiria uma lógica dos últimos presidentes de terem ao menos um político pernambucano na esplanada dos ministérios.

RÁPIDAS

Armando Monteiro – Aliado inseparável de Dilma Rousseff, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Armando Monteiro confidenciou a interlocutores que descerá a rampa do Planalto ao lado de Dilma. Com isso Armando voltará ao Senado para cumprir os dois anos e meio de mandato que ainda lhe restam.

José Serra – Um dos maiores interlocutores do vice-presidente Michel Temer é o senador José Serra (PSDB/SP), que já foi duas vezes candidato a presidente da República e ministro do Planejamento e da Saúde no governo Fernando Henrique Cardoso. Serra está cotado para assumir uma pasta importante no governo Temer que pode ser Planejamento, Fazenda ou Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Inocente quer saber – Jarbas Vasconcelos voltou a ganhar força para presidir a Câmara dos Deputados no provável governo Temer?

Arquivado em: Brasil, Coluna diária, destaque, Política

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 12 de abril de 2016

Coluna do blog desta terça-feira

Impeachment, eu já escuto os teus sinais 

A semana começou com um viés de crescimento do impeachment da presidente Dilma Rousseff, e se agravou após a confirmação dos votos da comissão que analisava a admissibilidade do impedimento da presidente. Após debates acalorados, o resultado final confirmou o que o próprio Planalto já considerava: a derrota. Foram 38 votos a favor do relatório do deputado Jovair Arantes e 27 contra.

No meio da discussão da admissibilidade do impeachment surgiu um áudio do vice-presidente Michel Temer falando como se o impedimento já tivesse sido aprovado no plenário da Câmara. Em que pese o timing da fala do vice, que poderia ser divulgada apenas na segunda-feira caso o impeachment fosse aprovado, o seu conteúdo pareceu uma sinalização para o mercado, para o congresso e principalmente para a sociedade.

A questão é estratégica. De acordo com o Datafolha, o vice é rejeitado por 58% dos entrevistados, que dizem ser favoráveis a sua saída, apenas 3% a menos que os que querem a saída de Dilma. Portanto, o vice, e eventual futuro presidente, precisa estabelecer um canal de diálogo com os mais variados setores da sociedade. Quando Temer afirma que manterá os programas sociais, fala para os beneficiários do Bolsa-Familia que temem a saída do PT. O mesmo se diz para o Congresso quando Temer considera a importância do diálogo com o Poder Legislativo, bem como para o empresariado, quando diz que precisa fazer a retomada da economia.

Apesar das falas um pouco genéricas, Temer tem ao seu favor o benefício da dúvida e uma trégua que Dilma é incapaz de conseguir caso reverta o impeachment no Congresso. A sua fala é uma sinalização sintética do que seria o seu governo. O momento agora para Temer é descolar sua imagem de Dilma e apontar as suas diferenças em relação a atual presidente com o objetivo de diminuir a rejeição que existe ao seu eventual governo. O Planalto avaliou como tiro no pé do vice, mas fazendo um exercício de raciocínio, ficou evidente que a fala de Temer sendo divulgada acabou sendo benéfica para o próprio vice, uma vez que naturalmente, de forma legítima, ele está se preparando para assumir o cargo, e cada vez mais está em vias disto ocorrer. Qualquer um no lugar dele já estaria esboçando como seria a estratégia do seu governo.

No âmbito do plenário da Câmara dos Deputados, fontes fidedignas apontam que nem a oposição tem os 342 votos necessários para aprovar, nem o governo tem para rejeitar. Porém a conta que circula em Brasília é que temos 334 deputados favoráveis ao impedimento de Dilma e 140 contrários. 39 estão indecisos a essa altura do campeonato. O efeito manada fará com que esses indecisos sejam fundamentais para o desfecho. É provável que esses indecisos nem estejam mais na expectativa de ganhar emendas do Planalto, mas sim seguir a tendência e acompanhar o lado vitorioso.

Como faltariam nessas contas apenas oito votos num universo de 39, após a aprovação do relatório na comissão por uma folga de 11 votos, é muito provável que o impedimento de Dilma seja aprovado com mais votos que os 342 necessários. O impeachment está chegando, já podemos escutar os seus sinais.

Rogério Rosso – Presidente da Comissão do Impeachment, o deputado Rogério Rosso (PSD/DF) conseguiu agradar a gregos e troianos. Com uma semelhança física incrivel com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, Rosso também aparentou saber exercer o cargo com maestria. Se já  tem um vitorioso neste processo, esse alguém é o deputado Rosso.

Eduardo Cunha – Não entrando no mérito dos seus problemas com a justiça, que são muitos, o presidente da Câmara deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) mais uma vez mostrou ser um profundo conhecedor da Câmara dos Deputados, quando cravou o placar da Comissão do Impeachment. Se não fosse a sua conduta moral que é absolutamente questionável, Cunha seria o presidente ideal para a Câmara dos Deputados, pois conhece a Casa como a palma da sua mão.

Ney Maranhão – A política pernambucana perdeu ontem aos 88 anos de idade o ex-senador Ney Maranhão, que foi prefeito de Moreno e deputado federal por quatro mandatos. Ney foi um dos membros da tropa de choque do presidente Fernando Collor de Mello, ao lado de Renan Calheiros e Roberto Jefferson. Ney desceu a rampa do Planalto ao lado de Collor após o seu impeachment.

Homenagem – O prefeito Geraldo Julio anunciou ontem duas homenagens que serão prestadas pela Prefeitura do Recife ao ex-vereador Liberato Costa Júnior. O “Velho Liba”, como era carinhosamente conhecido o parlamentar, completaria 98 anos ontem. O Conjunto Habitacional H08, que está em fase final de conclusão no bairro de Campo Grande receberá o nome do vereador. A Praça do Hipódromo, bairro em que residiu por parte de sua vida, receberá um busto do ex-vereador.

RÁPIDAS

Arena – Antes defensor do rompimento do contrato da Arena Pernambuco, o líder da oposição deputado Sílvio Costa Filho (PRB), após o governo do estado optar pelo rompimento, afirma que a recisão unilateral do contrato trará prejuízos aos cofres públicos estaduais.

Palestra – Realizei ontem na Faculdade Joaquim Nabuco uma palestra sobre o impeachment de Dilma Rousseff. A conversa durou duas horas e pudemos discutir o contexto histórico da política brasileira, as semelhanças e diferenças entre o impeachment de Dilma e o de Collor, o pós-impeachment em qualquer que seja o seu desfecho e a expectativa para o cenário eleitoral de 2018. Foi uma ótima oportunidade de discutir política.

Inocente quer saber – O PT sobreviverá ao impeachment de Dilma Rousseff?

Arquivado em: Brasil, Coluna diária, destaque, Política

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 11 de abril de 2016

Coluna do blog desta segunda-feira

PT prova do próprio veneno

Desde que foi fundado que o PT sempre se declarou mais honesto do que os demais partidos e que Lula era a solução que o país necessitava. Foi contra Tancredo Neves, a favor do impeachment de Collor mas contra o governo Itamar Franco, contra o Plano Real, contra a Lei de Responsabilidade Fiscal, contra a reeleição, contra o PROER, contra os programas sociais do governo FHC, etc.

Todos os partidos eram corruptos e apenas o PT tinha o direito de ser o legítimo representante do povo na ótica de Lula e se seus seguidores. Mas bastou ganhar o poder em 2002 e assumir em 2003 que não durou muito tempo para estourar o primeiro escândalo do seu governo. Começou com o flagra de um funcionário dos Correios pedindo propina, que chegou em Roberto Jefferson e que posteriormente expôs as vísceras do até então maior escândalo de corrupção da história do Brasil.

Lula escapou de sofrer imprachment por causa de um erro de cálculo da oposição, que apostou naquela época que o então presidente sangraria. Lula afirmou que nada sabia e era vítima dos seus próprios companheiros. Aquela conversa fiada de vitimização permitiu a Lula mais quatro anos na presidência da República, mas ocorreu num momento muito bom da economia brasileira. O governo Lula passou praticamente incólume das crises econômicas, inclusive a de 2008 que Lula disse que seria uma marolinha e que não atingiria o Brasil.

A retórica de Lula permitiu que o Brasil continuasse com o PT, dessa vez com Dilma Rousseff, a candidata que restou após os nomes mais fortes do PT como José Dirceu e Antônio Palocci, então presidenciáveis da vontade de Lula, se envolverem em escândalos de corrupção. Dilma era a última alternativa de Lula, pois quase toda a cúpula do Planalto estava mais suja que pau de galinheiro.

Uma vez candidata, a mãe do PAC foi vendida como uma gestora capaz de comandar os rumos do país. O povo mais uma vez caiu na lorota de Lula, e escolheu uma presidente que sequer tinha sido vereadora. Dilma no início de 2011 já deu mostras que seu governo seria um desastre, quando vários de seus ministros foram se envolvendo em escândalos de corrupção. Era mais do mesmo, mas Dilma passou praticamente ilesa em 2011 e 2012, quando o povo brasileiro achava que o país estava às mil maravilhas.

Bastaram manifestações na Copa das Confederações em 2013 para a popularidade de Dilma despencar. Naquele momento o governo ficou completamente exposto, com sérias dificuldades de recuperação. Na prática Dilma nunca mais se recuperou, e conseguiu se manter exclusivamente por força da máquina do governo federal e dos tentáculos que o PT conseguiu construir ao longo dos anos na sociedade. A sua reeleição foi uma das coisas mais bizarras que ocorreram no país, pois já havia um sinal claro de esgotamento do PT, mas graças a uma das campanhas mais agressivas da história, Dilma conseguiu, por uma margem pequena vencer a disputa.

Em vez de declarar a paz, apontando um caminho para os 51 milhões que votaram em Aécio Neves e aos demais que optaram por não comparecer a votação ou anularam o voto ou votaram em branco, que juntos foram maioria, o Planalto sempre quis pregar para convertido. Ou seja, para quem era beneficiário do PT. O desastre era anunciado. A crise tomou forma, com a inflação galopante, o desemprego em viés de alta, desvalorização do Real, e uma quebradeira geral de empresas, fizeram com que seu sexto ano de mandato começasse da pior maneira possível. Hoje Dilma é uma presidente que não governa, que não tem a menor estatura para exercer o cargo que ocupa. A petista ficou isolada no Planalto e nos atos do governo, que precisam de forte esquema de segurança e plateia comprada com dinheiro público para ovacionar a presidente.

Não havia outro caminho, senão o impeachment, que além de previsto na Constituição, e ser um instrumento político para tirar governos corruptos e incompetentes, foi o mesmo mecanismo que tirou Collor em 1992, cujo apoio do PT foi irrestrito. Dilma está em vias de ser impichada por vários motivos, dentre eles a corrupção, o estelionato eleitoral, o desarranjo econômico e sobretudo pela sua falta de capacidade de ser presidente, fato que já era visto desde a sua primeira eleição, quando se elegeu única e exclusivamente graças ao prestígio de Lula.

O PT prova do próprio veneno. Se domingo o impeachment for aprovado pela Câmara dos Deputados, este governo estará pagando não só pelos crimes que cometeu, mas também por todos os pecados do PT, que posava de salvador da pátria e fez pior do que qualquer outro partido, institucionalizando a corrupção, fazendo dela um meio de vida e de manutenção do poder.

Desembarque – O Partido Progressista, que tem 49 deputados federais, dentre eles Eduardo da Fonte e Fernando Monteiro, está realizando o desembarque do governo Dilma Rousseff. Apesar do senador Ciro Nogueira ter orientado o partido a votar contra o impeachment, vários diretórios estaduais estão preferindo apoiar o impeachment, dentre eles o Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná.

Indecisos – Da bancada pernambucana ainda seguem indecisos quanto ao impeachment os senadores Fernando Bezerra Coelho e Douglas Cintra e os deputados Adalberto Cavalcanti, Cadoca, Fernando Monteiro, Jorge Côrte Real, Kaio Maniçoba e Zeca Cavalcanti. Os políticos em todo o Brasil estão sendo questionados pela população para dar um posicionamento em relação ao impedimento de Dilma.

Recursos – De acordo com a deputada Mariana Carvalho (PSDB/RR) os recursos que seriam destinados às vacinas contra o Zikavírus e a Gripe H1N1 estão sendo desviados para subornar parlamentares contra o impeachment. Os valores estão variando entre R$ 400 mil e R$ 1 milhão para cada deputado que se ausentar ou votar contra o impeachment, respectivamente.

Movimento – O Movimento Vem Pra Rua Recife, liderado por Gustavo Gesteira, colocará um telão no segundo jardim da Av. Boa Viagem no próximo domingo para acompanhar a votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O ato começará a partir das 14 horas e deve contar com um grande público.

RÁPIDAS

Daniel Coelho – Pré-candidato a prefeito do Recife pelo PSDB, o deputado federal Daniel Coelho acredita que seu partido poderá atingir 15 mil votos de legenda em outubro e eleger uma expressiva bancada na Casa José Mariano. Em 2012 o PSDB obteve apenas oito mil votos de legenda, o que impossibilitou a chapa encabeçada pelo partido eleger quatro vereadores.

Posicionamento – Com três deputados federais e um senador indecisos, o PTB do ministro Armando Monteiro precisará descer do muro no próximo domingo. O deputado Adalberto Cavalcanti chegou a cogitar não estar presente na votação do impeachment. A bancada petebista está entre a cruz e a espada. Se vota pelo impeachment, fica com a população, se vota contra, fica com Armando, que deve o ministério a Dilma.

Inocente quer saber – Com quantos votos o impeachment será aprovado na Câmara dos Deputados?

Arquivado em: Brasil, Coluna diária, destaque, Política

Postado por Edmar Lyra às 3:00 am do dia 9 de abril de 2016

Coluna do blog deste sábado

Os atores de 2018 que precisam “ganhar” 2016 

O ex-governador Eduardo Campos vez por outra quando era questionado sobre sua pré-candidatura à presidência da República afirmava que era preciso “ganhar 2013” pra “ganhar 2014”, isso significava que para sua candidatura ser competitiva, Eduardo precisava fazer o dever de casa tanto no governo de Pernambuco quanto no comando do PSB. A tese de Eduardo tinha sentido e se aplica para muitos atores políticos que almejam postos importantes em 2018, e antes precisam sair vitoriosos de 2016.

O maior deles é o prefeito do Recife Geraldo Julio, que uma vez se reelegendo prefeito será um importante ator de 2018, ainda que não dispute nenhum mandato. Já se o prefeito perder a reeleição, terá extremas dificuldades para ser um ator importante em Pernambuco, tendo que se contentar com um mero mandato de deputado federal, além disso uma eventual derrota de Geraldo pode trazer desdobramentos na reeleição do governador Paulo Câmara com o enfraquecimento da Frente Popular. Portanto, Paulo e Geraldo estão umbilicalmente ligados, necessitando que na capital pernambucana o PSB saia vitorioso.

Outro ator importante é o senador Fernando Bezerra Coelho, que nutre o desejo de ser governador de Pernambuco e suas chances só existirão se seu grupo político retomar a prefeitura de Petrolina após duas derrotas eleitorais seguidas. Se Fernando conseguir eleger Miguel Coelho prefeito de Petrolina, além de enfraquecer seu adversário Julio Lóssio, estará pavimentando a sua candidatura ao Palácio do Campo das Princesas caso o PSB perca a prefeitura do Recife com Geraldo Julio.

Já o prefeito de Jaboatão dos Guararapes Elias Gomes sonha acordado com um mandato de senador, seja na chapa de reeleição de Paulo Câmara, seja numa composição com Fernando Bezerra Coelho, com quem nutre uma relação muito próxima. Além disso não se pode descartar a hipótese de Elias Gomes ser candidato a governador. Pra chegar vivo em 2018 Elias precisa fazer o sucessor em Jaboatão, emplacar Betinho Gomes no Cabo e outros aliados em prefeituras como Vavá Rufino em Moreno. Se lograr êxito em boa parte das suas empreitadas, sobretudo fazendo o sucessor, Elias falará grosso em 2018 podendo requisitar uma vaga de senador na chapa de Paulo Câmara, que é o caminho melhor idealizado pelo tucano.

O deputado federal Daniel Coelho também é outro que precisa ganhar 2016, isso porque foi candidato a prefeito do Recife atingindo um resultado bastante positivo em 2012. Tentará a prefeitura novamente em 2016 e qualquer resultado que não seja a sua vitória, sobretudo se obter menos votos que em 2012, poderá estar sepultando a sua carreira majoritária. Vencer a PCR este ano é mais do que uma questão eleitoral, na verdade é uma questão de sobrevivência política.

Um nome que não pode ser descartado é o ministro Armando Monteiro, que apesar de ter sido derrotado na disputa pelo governo, ainda tem relevância em Pernambuco, sendo necessário que o seu PTB consiga manter o espaço que possui no âmbito das prefeituras ou até consiga ampliar. Se Armando conseguir manter a tropa unida, será um nome importante nas discussões de 2018, ainda que não venha a disputar novamente o Palácio do Campo das Princesas.

Por fim o deputado Jarbas Vasconcelos, que vez por outra é inflado a disputar a prefeitura do Recife. Ainda que não seja candidato em 2016, Jarbas é a maior liderança política de Pernambuco. Fazer o seu PMDB crescer será vital para 2018, quando Jarbas poderá ser novamente candidato a senador. Portanto, será fundamental que o partido não apenas dispute prefeituras como também consiga vencê-las para reestruturar o grupo do ex-governador que foi praticamente dizimado no período em que Eduardo Campos foi governador. Se não surgir outros nomes, esses serão os principais atores de 2018, mas para chegarem vivos até lá, é fundamental fazer o dever de casa em 2016.

Por fora – Outros nomes também precisam vencer 2016 para brigarem por postos importantes na política estadual em 2018, são eles: Mendonça Filho (DEM), Anderson Ferreira (PR), Eduardo da Fonte (PP) e André de Paula (PSD). Todos deputados federais e presidentes estaduais de suas respectivas siglas, eles sabem que precisam de um bom resultado nas eleições municipais para alcançar boas votações em 2018 e consequentemente espaços de poder no estado e no país.

Petrolina – Os vereadores que formam a bancada de oposição de Petrolina se reuniram na tarde de ontem com o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB). O encontro, ocorrido no escritório político do senador, também contou com a presença do deputado estadual e pré-candidato do PSB a prefeito Miguel Coelho. Os parlamentares mostraram disposição em participar de uma grande coalizão de forças sob o comando do PSB municipal, para a disputa das eleições deste ano. Na reunião de ontem estiveram presentes vereadores do PV, PDT, PRTB e PSD.

Vice – O ex-vereador Sérgio Magalhães (PMN) negocia com a deputada estadual Priscila Krause (DEM) e com o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) para ser candidato a vice-prefeito numa chapa encabeçada pelo tucano ou pela democrata. Sérgio se deu conta que sua pré-candidatura a prefeito não iria muito longe e começa a bater em retirada.

Cleiton Collins – Satisfeito com o mandato de deputado estadual e planejando virar deputado federal, Cleiton Collins teria afirmado a interlocutores que não pretende ser novamente candidato a prefeito de Jaboatão dos Guararapes. Cleiton estuda fazer uma composição com o nome apresentado por Elias Gomes, que pode ser Conceição Nascimento ou Evandro Avelar.

RÁPIDAS

Linha auxiliar – O deputado estadual Edilson Silva, presidente estadual do PSOL, se insurgiu contra o impeachment de Dilma Rousseff de tal maneira que não dá mais para esconder que o seu partido foi criado pura e simplesmente para ser uma linha auxiliar do PT. Edilson tem perdido a simpatia de muitos eleitores que condenam a corrupção do PT e esperavam um posicionamento diferente do deputado sobre Dilma Rousseff.

Desistência – O prefeito de Moreno Adilson Gomes Filho, o Dilsinho (PSB), anunciou que não será candidato à reeleição em outubro. Dilsinho foi eleito graças ao esforço de Eduardo Campos em 2012, mas não conseguiu implementar uma gestão que ganhasse a simpatia da população. O socialista ostenta um dos maiores índices de rejeição do estado e se fosse candidato suas chances de vitória eram praticamente nulas.

Inocente quer saber – O que fez o deputado Joel da Harpa (PTN) se desanimar da disputa pela prefeitura de Jaboatão dos Guararapes?

Arquivado em: Coluna diária, destaque, Jaboatão, Outras Regiões, Pernambuco, Política, Recife

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Edmar Lyra

Jornalista político, foi colunista do Diário de Pernambuco e da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco e CEO do instituto DataTrends Pesquisas. DRT 4571-PE.

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