
O Brasil está passando por uma transformação significativa em sua estrutura demográfica, com um rápido envelhecimento da população e uma queda acentuada no número de jovens, que agora representam menos da metade da população em comparação com uma década atrás. Isso resulta na perda de uma importante oportunidade conhecida como “bônus demográfico”, quando um país tem um maior número de pessoas em idade economicamente ativa em relação à população inativa (idosos e crianças) e pode impulsionar seu crescimento econômico durante esse período.
Essa é a conclusão da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) Domicílios e Moradores, divulgada pelo IBGE. Os dados revelam que houve um alargamento do topo da pirâmide etária, representando o aumento da população idosa, e um estreitamento da base ao longo da última década. Em 2012, quase metade da população (49,9%) tinha menos de 30 anos, enquanto em 2022 esse percentual caiu para 43,3%. Por outro lado, a parcela de idosos (com 60 anos ou mais) subiu de 11,3% para 15,1% no mesmo período.
Quando analisados regionalmente, a região Norte apresentou a maior concentração populacional nos grupos de idade mais jovens, enquanto o Sudeste e o Sul registraram os maiores percentuais de idosos.
Os dados reforçam a constatação de que o Brasil está desperdiçando o potencial do “bônus demográfico”. Esse conceito indica que um país pode aproveitar sua população jovem e em idade ativa (entre 15 e 64 anos) para impulsionar o crescimento econômico. No entanto, essa janela de oportunidade está se fechando, com a diminuição do número de pessoas em idade ativa, e o país não conseguiu aproveitar esse momento ideal para o crescimento econômico. Nesse sentido, o Brasil caminha em direção ao “ônus demográfico”, quando a proporção de idosos é maior e a economia perde seu ímpeto.
Um indicativo desse desperdício é o alto número de desempregados, que continua elevado. Mais de 9,4 milhões de pessoas estavam desempregadas no primeiro trimestre deste ano, segundo o IBGE. Esse número é semelhante ao observado no quarto trimestre de 2015, quando havia 9,2 milhões de brasileiros em busca de oportunidades de trabalho.
É importante ressaltar que os resultados da pesquisa consideram a reponderação da Pnad Contínua, feita em 2021, e a revisão da projeção populacional realizada em 2018, com base no Censo de 2010. Os dados do Censo Demográfico de 2022 serão fundamentais para atualizar as projeções populacionais e fornecer uma visão mais precisa da realidade brasileira.


