
Semiparlamentarismo: uma alternativa para a estabilidade política brasileira?
A proposta de implantação do semiparlamentarismo no Brasil, recentemente levantada pelo ex-presidente Michel Temer, reacende um debate antigo sobre a viabilidade e os limites do nosso modelo presidencialista. Segundo a ideia, o país manteria a figura do presidente da República como chefe de Estado, com funções protocolares e representativas, e introduziria um primeiro-ministro, eleito pelo Congresso Nacional, como chefe de governo, responsável pela condução administrativa do país. A proposta ganha força diante da recorrente instabilidade institucional enfrentada por todos os presidentes da República desde a redemocratização.
Desde 1985, o Brasil foi governado por Tancredo Neves (que morreu antes da posse), José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Dos presidentes eleitos pelo voto direto, apenas Fernando Henrique, Lula e Bolsonaro conseguiram concluir seus mandatos — os dois primeiros com reeleição. Collor sofreu impeachment em 1992; Dilma foi afastada em 2016. Temer chegou ao Planalto por força do afastamento da titular. Tancredo sequer tomou posse. Itamar assumiu em meio à crise institucional herdada da queda de Collor. Mesmo os mandatos concluídos estiveram longe de serem pacíficos: FHC enfrentou crises econômicas, Lula foi duramente pressionado pelo escândalo do mensalão, Dilma mergulhou no colapso político e fiscal, Bolsonaro viveu confrontos permanentes com os outros poderes, e o atual terceiro mandato de Lula já enfrenta turbulências políticas e econômicas. [Ler mais …]



















