
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPI mista que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, destacou hoje que a ação dos vândalos não teve início efetivo no dia da depredação, mas sim após a vitória de Lula nas urnas.
Durante a sessão dedicada à apresentação e votação do plano de trabalho da comissão, Eliziane fez essa declaração. Ela ressaltou que após a eleição de Lula, surgiram nas redes sociais teorias que contestavam o resultado das urnas. Também ocorreram atos de vandalismo em Brasília, cometidos por apoiadores do então presidente Jair Bolsonaro, que havia sido derrotado por Lula.
“Aquele não foi o dia em que as depredações começaram, à meia-noite de 8 de janeiro de 2023, mas muito antes, em uma sucessão de eventos que, no mínimo, inflamaram os ânimos. Entre os vândalos, pairava um sentimento de negação do resultado da eleição presidencial, proclamado pela Justiça Eleitoral em 30 de outubro do ano anterior”, afirmou a relatora.
Eliziane acrescentou que as notícias disseminadas nas redes sociais por parte da sociedade que não aceitava a vitória do presidente eleito Lula tinham a intenção de construir uma realidade baseada em sua perspectiva particular, espalhando crenças e teorias conspiratórias de várias naturezas.
Em relação às investigações da CPI, Eliziane informou que também serão convocados para depor os financiadores dos atos de 8 de janeiro, bem como pessoas envolvidas em outros eventos, como os ocorridos em 12 de dezembro, quando vândalos tentaram invadir o prédio da Polícia Federal em Brasília e causaram destruição no centro da capital, e em 24 de dezembro, quando um artefato explosivo foi colocado por bolsonaristas em um caminhão no Aeroporto de Brasília.
Duda Salabert (PDT-MG), em sessão anterior da CPMI, já havia defendido que a comissão não se limite apenas aos “peixes pequenos”, mas vá atrás dos “tubarões”, ou seja, dos financiadores e organizadores dos atos.
O plano de trabalho apresentado pela senadora Eliziane inclui as seguintes linhas de investigação:
1. Segundo turno das eleições e manifestações nas rodovias nacionais: investigação da atuação do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, e do então Diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques.
2. 8 de janeiro: planejamento e atuação dos órgãos de segurança pública da União e do Distrito Federal no evento, bem como a atuação de Anderson Torres como Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. A comissão também pretende identificar os mentores, financiadores e executores dos atos contra as sedes dos Três Poderes.
3. Ataques à PRF e no aeroporto: investigação dos ataques à sede da Polícia Federal em 12 de dezembro de 2022 e da tentativa de explodir um caminhão-tanque no aeroporto da capital em 24 de dezembro.
4. Acampamentos no QG do Exército: a CPI também visa identificar os mentores e financiadores dos acampamentos estabelecidos no Quartel-General do Exército.
5. Resultado das eleições: a comissão pretende apurar as manifestações públicas e nas redes sociais de agentes políticos contra o resultado das eleições.
6. Tenente-Coronel Mauro Cid: a CPMI também pretende investigar o envolvimento do Tenente-Coronel Mauro Cid com pessoas ligadas aos eventos de 8 de janeiro e eventuais conspirações golpistas.
7. Forças Armadas: a comissão busca apurar a atuação e a relação das Forças Armadas com os acampamentos no QG do Exército.
Essas linhas de investigação fornecem diretrizes para a CPI mista, que tem o objetivo de esclarecer os atos golpistas e identificar os responsáveis por eles. A senadora Eliziane Gama ressaltou a importância de investigar tanto os executores dos atos como os financiadores e organizadores, a fim de trazer transparência e justiça aos acontecimentos que abalaram a democracia do país.



