Blog Edmar Lyra

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Postado por Edmar Lyra às 1:14 am do dia 1 de novembro de 2014

A vida curta da mentira eleitoral

Há mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia.

Bom esse Shakespeare. Sabia das coisas. Não votava nem no PT nem no PSDB mas era antenado na tal da alma humana.

Durante a campanha eleitoral, o PT, pai e protetor dos pobres, mostrou, sem nenhuma clemência, que Marina Silva, a seringueira fajuta, na verdade era instrumento dos banqueiros para instalar-se no poder e sugar os pobres. A Sra. Neca Setúbal, com esse sobrenome, era a prova viva da conspiração banqueiro-seringueira.

Os anúncios de João Bendengó Santana mostravam uma mesa onde crianças comiam a sua ração diária, que ia sendo apagada e reduzida à medida em que os banqueiros avançavam sobre a taxa de juros. Cada meio ponto a mais na taxa de juros, as proteínas e os carboidratos iam sendo apagados dos pratos das crianças pobres.

Um anúncio sórdido como esse chegou a ser classificado como muito talentoso por profissionais da publicidade. E por profissionais da militância.

Tudo isso para que 72 horas depois da apertadíssima reeleição de Dilma Rousseff, o Banco Central anunciasse uma elevação de 0,25% na taxa básica de juros. Por que os bancos centrais aumentam a taxa de juros? Para controlar a inflação. Mas a inflação, não repetiu exaustivamente a soberana nos debates eleitorais, já não estava sob controle?

Os mistérios não terminam aí. Dois dias depois da eleição, o decreto bolivariano dos “conselhos populares” foi derrubado pela Câmara, uma derrota esmagadora para o governo. Onde está a grande base aliada? Está onde sempre esteve: quanto menor a margem de manobra do governo, quanto mais desconfortável a sua zona de conforto, mais disposta a faturar pelo seu apoio.

A escolha do ministro da Fazenda que substituirá o zumbi Guido Mantega, é outro mistério. O primeiro nome que circulou foi o do presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco. Quer dizer: quem votou em Dilma para evitar que Marina ou Aécio entregassem o país para os banqueiros só trocaria a bandeira do banco: do Itaú de dona Neca para o Bradesco de Trabuco.

Seria uma maneira de tranquilizar o mercado. Embora Lula, em uma de suas inúmeras bravatas, tenha dito que ele (e o PT, por supuesto) nunca governaram para o mercado, até os paralelepípedos da rua sabem que a famosa Carta ao Povo Brasileiro de 2001, que Antônio Palocci submeteu à aprovação de Joao Roberto Marinho (“o povo não é bobo/abaixo a rede Globo”), era mais do que um aceno ao mercado. Era um juramento de que o programa do PT seria arquivado e que a política econômica (neoliberal?) de FHC seria seguida religiosamente.

Foi nessa eleição e com esse documento que o PT iniciou a sua trajetória pragmática no mundo do poder. Um figurino que lhe caiu tão bem que ele não pretende largá-lo mais. E aprendeu um truque que continua funcionando bem até hoje: prometa uma coisa e faça o contrário.

O próximo passo é o inevitável ajuste fiscal. Que feito pelos adversários, se eles tivessem sido eleitos, seria chamado de arrocho e apedrejado e cuspido durante as 24 horas do dia.

Sandro Vaia

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Edmar Lyra

Jornalista político, foi colunista do Diário de Pernambuco e da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco e CEO do instituto DataTrends Pesquisas. DRT 4571-PE.

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