Da Agência Estado
Embora os números da economia brasileira sinalizem de forma cada vez mais clara a desaceleração da atividade em diferentes setores, alimentando a baixa confiança de empresários e consumidores, ainda existe no Brasil uma fronteira de crescimento. No cinturão formado por Nordeste, Centro-Oeste e Norte, o consumo, o mercado de trabalho e a economia como um todo ainda têm fôlego para exibir resultados superiores aos do Sudeste e do Sul, bem como da média do País.
Em 2011, último dado disponível, as três regiões juntas respondiam por 28,4% do total da renda gerada no Brasil, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB) – um aumento de 2 pontos porcentuais em relação a 2002, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço em participação neste período foi contínuo, mas, além disso, elas passaram a ganhar em outras frentes.
No primeiro trimestre de 2014, o Nordeste gerou 1,04 milhão de postos de trabalho em relação a igual período de 2013, mais da metade do 1,77 milhão de vagas abertas no País inteiro no período. As informações são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), também apurada pelo IBGE, que contabiliza tanto empregos formais quanto informais, embora ainda não conte com dados por setor. Trata-se do melhor desempenho entre as regiões, com alta de 4,9%, superior à média nacional, que aponta 2%.
“O Nordeste é o que vem apresentando o maior crescimento em termos de emprego e foi a região que mais contribuiu para a queda do desemprego nos últimos trimestres”, observa o pesquisador Rodrigo Leandro de Moura, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV). Segundo ele, a geração de postos de trabalho aumenta a massa de rendimentos obtida por uma população, impulsionando o consumo das famílias.
A explicação pode estar no custo de trabalho, que ainda é mais barato, apesar de a defasagem na formação dos trabalhadores em relação a outros locais ter diminuído, avalia Moura. A taxa de desemprego por lá também é mais elevada (de 9,3% no primeiro trimestre deste ano, ante 7,1% na média do País), o que se traduz em maior disponibilidade de mão de obra. “O Nordeste está um pouco mais longe do pleno emprego do que outras regiões. Por isso, a geração de vagas é mais robusta”, explica o economista do Ibre/FGV.
O Centro-Oeste, por sua vez, abriu 181 mil postos de trabalho, o que significou avanço de 2,6% ante o primeiro trimestre de 2013. No Norte, foram 122 mil vagas, aumento de 1,8% – levemente abaixo da média nacional, mas ainda assim melhor que Sul e Sudeste, ambos com alta de 0,8% no período.
“O crescimento econômico está mais para Nordeste, Centro-Oeste e Norte, porque é lá que está a fronteira do consumo. Sul e Sudeste estão mais saturados”, diz o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
PIB. Na projeção da economista Camila Saito, da Tendências, o PIB brasileiro deve crescer 1,3% neste ano. Únicas acima da média, a Região Norte deve avançar 2,4%, enquanto o Nordeste terá expansão de 2,2%, e o Centro-Oeste, de 2,1%. Apesar de ficarem à frente das regiões mais desenvolvidas, as três regiões não conseguirão fugir à tendência de desaceleração.
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