
Canhotinho vira palco para 2026
A 23ª edição da Missa do Vaqueiro de Canhotinho, que acontece neste fim de semana, extrapola a dimensão cultural e religiosa que marca o Agreste Meridional. O evento, organizado pela prefeitura em parceria com o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), ganha contornos de encontro estratégico para a eleição de 2026.
A presença do prefeito do Recife, João Campos (PSB), principal nome da Frente Popular para a sucessão estadual, não é casual. Sua ida ao Agreste, em plena agenda de interiorização, reforça o movimento de pavimentação da pré-candidatura ao governo. E estar ao lado de Álvaro Porto, que além de anfitrião é hoje uma das figuras mais influentes da política pernambucana, tem peso especial. O gesto sinaliza não apenas uma aliança momentânea, mas a possibilidade de um arranjo que pode desembocar na própria formação da chapa majoritária.
Nos bastidores, ganha corpo a leitura de que Álvaro Porto surge como nome natural para ocupar a vaga de vice numa composição liderada por João Campos. O presidente da Alepe consolidou prestígio entre deputados estaduais, ampliou sua influência em diversas regiões e, em Canhotinho, mostra sua capacidade de mobilização ao reunir lideranças de peso. Transformar a Missa do Vaqueiro em vitrine política é demonstração de força, que o coloca em posição estratégica para a próxima disputa.
Além de João Campos, o evento contará com o ministro Silvio Costa Filho e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, ambos cotados para a disputa ao Senado em 2026. A participação dessas lideranças acrescenta relevância ao encontro, mas também ajuda a destacar o papel de Álvaro Porto como articulador capaz de receber, no mesmo espaço, figuras com diferentes trajetórias e projetos. O palco de Canhotinho, portanto, não é apenas religioso ou cultural: é político, e projeta cenários que podem definir o futuro do estado.
A cavalgada, que reunirá milhares de vaqueiros até a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, e a celebração em si, reforçam a tradição popular da festa. Contudo, é na confluência de lideranças estaduais e federais que o evento ganha dimensão de ensaio eleitoral. Para João Campos, é oportunidade de consolidar apoios fora da capital. Para Silvio e Miguel, é vitrine para reforçar a musculatura política no interior. Para Álvaro Porto, é a chance de se firmar como peça indispensável na engrenagem da Frente Popular.
Ao lado da prefeita Sandra Paes (Republicanos), que ressalta o compromisso da gestão em valorizar a cultura local, Álvaro Porto mostra que sabe combinar tradição, fé e política em um mesmo tabuleiro. E, nesse jogo, a Missa do Vaqueiro se converte em instrumento de afirmação do seu protagonismo.
Em resumo: o evento de Canhotinho não será apenas mais uma festa popular no calendário oficial de Pernambuco. Será, sobretudo, a vitrine da força de Álvaro Porto, que desponta como potencial vice de João Campos, e um marco no redesenho das alianças que moldarão a disputa de 2026.
Articulação – Um dia após a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal, a cúpula do PL e aliados do ex-presidente iniciaram uma articulação paralela em duas frentes: no Congresso, com a defesa de uma proposta de anistia, e junto a ministros da própria Corte, em busca de sinais de receptividade a uma eventual lei que possa beneficiar tanto Bolsonaro quanto os condenados pelos atos de 8 de janeiro; à frente do movimento, o líder da bancada do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), admitiu publicamente que já trabalha nesse esforço de convencimento.
Resposta – A equipe de articulação política do governo atua intensamente para impedir que a proposta de anistia aos condenados por atos golpistas — que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro — avance na Câmara, com a prioridade de barrar já a pauta de urgência; o Palácio do Planalto, segundo aliados, prepara pressão sobre deputados (inclusive mapeando cargos federais indicados por parlamentares do Centrão) e recomenda ausências estratégicas para evitar a marcação dos 257 votos necessários, enquanto lideranças bolsonaristas pressionam o presidente da Casa, Hugo Motta, pela abertura de pauta e pela eleição de relator até a próxima quarta-feira.
Encontro – O PSD realizou, em Santa Catarina, o Encontro Semestral da Bancada Federal, reunindo lideranças de todo o país para discutir os rumos da sigla em 2026; a governadora de Pernambuco e presidente estadual do partido, Raquel Lyra, marcou presença ao lado do dirigente nacional Gilberto Kassab, dos ministros Alexandre Silveira e André de Paula e dos governadores Eduardo Leite e Ratinho Júnior, destacando o apoio recebido em Pernambuco e apresentando os avanços de sua gestão, enquanto Kassab ressaltou a importância do debate sobre a participação do PSD nas próximas eleições e na conjuntura política nacional.
Locais da prisão – Apesar da condenação a 27 anos e 3 meses de prisão pelo STF no caso da trama golpista, Jair Bolsonaro (PL) não será preso imediatamente: a execução da pena depende do trânsito em julgado da ação, ou seja, do esgotamento de todos os recursos cabíveis, o que pode levar meses; hoje em prisão domiciliar por outra investigação, o ex-presidente ainda pode ter diferentes destinos definidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do processo — da Papuda a uma cela da PF, do regime domiciliar a instalações do Exército, em razão de sua condição de capitão reformado.
Inocente quer saber – Qual será a chapa majoritária da Frente Popular liderada por João Campos?


