
Às vésperas do 7 de setembro: a anistia em jogo
O projeto de anistia apresentado pelo PL é, sem dúvida, o tema mais explosivo da temporada política em Brasília. O texto propõe perdoar os envolvidos em manifestações desde 2019, com impacto direto sobre os condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Em meio a disputas jurídicas e políticas, um novo elemento promete pesar na balança: as manifestações de 7 de setembro, que devem ocorrer em várias capitais do país.
A data, tradicionalmente vinculada ao patriotismo, foi ressignificada nos últimos anos pela direita. Tornou-se espaço de mobilização popular e afirmação política. Agora, em 2025, ela se apresenta como catalisadora de uma pauta concreta: a anistia. A expectativa de grandes concentrações pode dar ao Congresso a justificativa que faltava para acelerar a tramitação da proposta. Afinal, parlamentares são sensíveis à voz das ruas, sobretudo quando ela se manifesta de forma organizada e massiva.
Na Câmara, onde o PL detém a maior bancada, o ambiente é de pressão crescente. O presidente Hugo Motta (Republicanos-PB) sabe que a decisão de pautar ou não a anistia marcará sua gestão. Se as manifestações de 7 de setembro confirmarem a previsão de multidões, a tendência é que Motta seja pressionado a colocar o texto em discussão ainda neste semestre. O discurso do “pacote da paz”, já usado pela oposição, ganha força quando encontra respaldo popular visível.
No Senado, a equação é mais delicada. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), tem sinalizado a intenção de costurar uma versão alternativa da anistia, que diferencie líderes políticos de cidadãos comuns que participaram dos atos. A expectativa das manifestações, no entanto, pode influenciar a postura dos senadores. Se as ruas mostrarem apoio expressivo à anistia ampla, o custo político de defendê-la apenas em versão restrita pode aumentar. Nesse cenário, mesmo um texto alternativo poderá ser moldado pelo peso da pressão popular.
O governo Lula acompanha o movimento com atenção e preocupação. Até agora, a estratégia foi apresentar a anistia como ameaça à democracia, mobilizando a sociedade contra a proposta. Mas, se as manifestações de 7 de setembro forem de grande porte, o Planalto terá de recalibrar o discurso. Uma recusa total pode reforçar a narrativa da “perseguição política” e dar à oposição a bandeira da reconciliação nacional.
É nesse ponto que reside a força simbólica da anistia. Assim como a de 1979, que ajudou o Brasil a virar a página da ditadura, a anistia de 2025 pode ser instrumento de pacificação. Não se trata de absolver líderes que atentaram contra a ordem institucional, mas de reconhecer que milhares de cidadãos foram punidos de forma desproporcional, sem considerar o contexto de manipulação a que foram submetidos.
Às vésperas do 7 de setembro, o país aguarda mais do que desfiles e bandeiras: espera-se um recado político das ruas. Se as manifestações confirmarem a previsão de força popular, a anistia deixará de ser apenas projeto de gabinete para se tornar exigência social. E, diante desse quadro, o Congresso terá de responder não apenas a partidos ou líderes, mas ao clamor de uma parcela significativa da população.
Túnel – O vice-presidente Geraldo Alckmin, o governador Tarcísio de Freitas e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, bateram o martelo nesta sexta-feira (5), na B3, em São Paulo, confirmando a maior obra do Novo PAC: o túnel imerso Santos-Guarujá, um sonho de 100 anos que finalmente sairá do papel; a portuguesa Mota-Engil venceu o leilão com proposta de R$ 6,8 bilhões e será responsável pela construção da ligação inédita na América Latina, que promete transformar a mobilidade da Baixada Santista, encurtar a travessia de 18 minutos para apenas 2 eixos de 2 minutos, gerar empregos, dinamizar a economia regional e fortalecer a logística do Porto de Santos.
Projeto – O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto (PSDB), apresentou projeto de lei que propõe a criação de uma política estadual de incentivo à piscicultura, visando ampliar de forma sustentável a produção de peixes e outros organismos aquáticos, fortalecer o aquicultor familiar, gerar emprego e renda, diversificar a economia e garantir segurança alimentar; o texto estabelece princípios como desenvolvimento sustentável, proteção ambiental, bem-estar animal, inclusão produtiva e inovação tecnológica, e prevê ações como assistência técnica, capacitação, infraestrutura, rastreabilidade, crédito e beneficiamento, com regulamentação a cargo do Poder Executivo para assegurar a efetiva implementação da política.
Investimento – A prefeita Elcione Ramos recebeu o CEO do Grupo Granja Faria, maior produtor de ovos do Brasil, para anunciar a instalação de nova unidade em Igarassu, com investimento inicial de R$ 20 milhões, expansão para 1 milhão de aves e geração de empregos, fortalecendo o município como polo estratégico do setor avícola.
Combate à falsificação – A Comissão de Segurança da Câmara aprovou o PL 3193/2024, de Augusto Coutinho, que determina a destruição de máquinas usadas na fabricação de produtos falsificados ou em atividades criminosas, permitindo apenas o reaproveitamento de partes recicláveis sem risco de reutilização, visando combater a pirataria e proteger a economia e a saúde pública.
Inocente quer saber – Existe alguma chance de Jair Bolsonaro ser anistiado e tornar-se elegível para 2026?



