
O futebol tem uma máxima que pode ser levada para a política e ilustrar bem o que vem acontecendo no segundo turno em Pernambuco, mais precisamente na candidatura de Raquel Lyra (PSDB), de que não se mexe em time que está ganhando.
O primeiro turno foi marcado por uma utilização à exaustão das candidaturas de Danilo Cabral e Marília Arraes da imagem de Lula, enquanto o candidato Anderson Ferreira se valeu da vinculação com o presidente Jair Bolsonaro. Apesar da tentativa dos três candidatos em fazer uma vinculação nacional, nenhum conseguiu a transferência em 100% dos votos de seu candidato a presidente para sua candidatura.
Anderson Ferreira ficou com 18,15% dos votos válidos, bem aquém do que obteve o presidente Jair Bolsonaro, que atingiu 29,91% dos votos válidos. Danilo e Marília somados atingiram 42,03% dos votos válidos, bem abaixo dos 65,27% obtidos por Lula, o que mostra que tanto o eleitor do petista quanto o eleitor de Bolsonaro votou nas candidaturas de Raquel Lyra e Miguel Coelho, especialmente a da tucana, que tinha o menor tempo de televisão e a menor estrutura dentre os principais postulantes.
O eleitor já mandou o recado no primeiro turno de que não acatou a tese da nacionalização. Vamos então para a segunda parte, o perfil de votos obtidos por Anderson Ferreira e Miguel Coelho dialogam muito mais com a candidatura de Raquel do que com a de Marília, somados os votos da tucana, do candidato do PL e do candidato do União Brasil, chegam a 56,77% dos votos válidos. Ou seja, ainda que Marília Arraes conquiste todos os votos de Danilo Cabral e dos demais candidatos, ela chegaria a apenas 43,23% dos votos válidos.
A disputa de segundo turno é muito mais uma disputa de currículo, de rejeição e de identificação, a partir do momento em que Raquel Lyra se posicionar em relação a um dos presidenciáveis não necessariamente garante o voto do eleitor alinhado com Lula ou com Bolsonaro e ainda corre o risco de perder o estímulo do eleitor adversário. O viés da eleição agora é de Raquel, que pode receber votos de todas as matizes ideológicas, Marília, por sua vez, ao explorar a imagem de Lula e ter uma votação muito aquém do esperado no primeiro turno, é quem tem que correr atrás do prejuízo. Portanto, Raquel jogando parada tem tudo para sair vitoriosa no segundo turno com uma consagradora votação, qualquer outro movimento poderá prejudicar seu favoritismo obtido a partir da abertura das urnas do último domingo.



