A recente nota oficial divulgada pelo MDB de Pernambuco, em reação à publicação do Blog do Edmar Lyra, expõe mais do que pretende esconder. Longe de dissipar dúvidas, o texto revela uma postura defensiva, desconectada da realidade e marcada por contradições gritantes.
A começar pelo fato de que Raul Henry preside o diretório estadual do MDB há mais de 10 anos — e não há apenas 3 anos, como o recorte seletivo da nota tenta insinuar ao mencionar apenas as contas de 2019, 2020 e 2021. A omissão das contas anteriores não é um detalhe: é sintoma de uma gestão que carece de transparência e responsabilidade institucional.
A nota afirma que as contas de 2022 e 2023 ainda não foram julgadas, o que é verdade. Mas não reconhece que a morosidade na tramitação decorre justamente da falta de profissionalismo na gestão contábil e jurídica do partido em Pernambuco.
É importante lembrar que a Justiça Eleitoral admite ressalvas com frequência, mas ressalvas sucessivas ao longo de anos indicam problemas recorrentes que merecem atenção — não desdém. A tentativa de normalizar essa prática, como faz o MDB-PE, evidencia a ausência de autocrítica e de compromisso com o aprimoramento institucional.
Dizer que “todas as contas foram apresentadas” é o mínimo esperado de qualquer agremiação. O eleitor, o filiado e a sociedade civil esperam mais: esperam que um partido com a história do MDB tenha uma gestão moderna, com auditoria independente, compliance partidário e um planejamento de longo prazo — não um diretório conduzido à base da improvisação.
Ao rebater uma crítica jornalística com acusações genéricas, sem enfrentar os fatos, o MDB-PE perde uma oportunidade de elevar o nível do debate e demonstra que prefere a negação à correção de rumos. A democracia exige transparência — mas também coragem para reconhecer falhas e mudar práticas.
Se o MDB de Pernambuco deseja retomar protagonismo, precisa sair do discurso e entrar no século XXI.
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