
A aposta de Fernando Dueire
Herdeiro político de Jarbas Vasconcelos no Senado Federal, Fernando Dueire tem se movimentado com discrição, mas de forma estratégica, para garantir espaço na disputa eleitoral de 2026. Embora ainda não figure entre os nomes mais lembrados nas pesquisas, o senador tem construído uma base sólida de apoios entre prefeitos e lideranças de diversas regiões do estado — resultado de um mandato voltado para o municipalismo e para a defesa de pautas que fortalecem as gestões locais. Sua atuação tem rendido frutos políticos, ampliando seu raio de influência e pavimentando o caminho rumo à reeleição.
A grande virada na trajetória de Dueire, no entanto, ocorreu quando ele decidiu se aproximar da governadora Raquel Lyra. Em meio a um cenário político ainda indefinido, o senador foi o primeiro nome de expressão nacional a se colocar claramente como aliado e defensor da reeleição da governadora. O gesto não passou despercebido no Palácio do Campo das Princesas. Enquanto a Frente Popular enfrenta um congestionamento de candidaturas ao Senado — com diversos nomes disputando o mesmo espaço —, o campo governista ainda carece de figuras com densidade política e compromisso público com o projeto de Raquel.
Ao ocupar esse vácuo, Dueire posiciona-se como o primeiro da fila na formação da chapa majoritária governista. E, se as pesquisas que apontam o crescimento da governadora se confirmarem, o senador tende a colher os frutos da fidelidade antecipada. Num ambiente em que há apenas duas vagas em disputa, o apoio leal a Raquel Lyra pode ser o diferencial entre estar na urna ou ficar de fora.
A política pernambucana, aliás, é fértil em exemplos de candidatos ao Senado que começaram desacreditados e terminaram vitoriosos. Em 1998, José Jorge era visto como uma aposta improvável, mas acabou eleito na onda de Jarbas Vasconcelos. Em 2002, Sérgio Guerra surfou o crescimento da União por Pernambuco e conquistou sua cadeira no Senado, contrariando as projeções iniciais. Em 2014, Fernando Bezerra Coelho, então ministro e com pouco recall popular, venceu a disputa graças ao impulso da candidatura de Paulo Câmara e ao alinhamento com Eduardo Campos. Mais recentemente, em 2022, Teresa Leitão foi outro exemplo emblemático: sem figurar entre os favoritos a disputar a Câmara Alta, tornou-se senadora com o crescimento de Lula e a unidade da Frente Popular.
Esses quatro casos ilustram bem a lógica de Dueire. A vitória ao Senado nem sempre é de quem lidera pesquisas com antecedência, mas de quem escolhe o grupo certo, se mantém coerente e constrói alianças duradouras. A aposta do senador é justamente essa — ser o nome da confiança da governadora e estar no projeto desde o primeiro momento, sem vacilos nem ambiguidade.
Fernando Dueire reúne, ainda, um atributo que pode pesar a seu favor: o perfil técnico e agregador. Sem rejeição expressiva e com trânsito entre diferentes campos políticos e empresariais, ele representa uma candidatura de estabilidade, algo valorizado num cenário polarizado. Caso Raquel Lyra consiga consolidar sua candidatura à reeleição e chegar competitiva em 2026, Dueire estará posicionado para colher o bônus dessa associação.
Assim como Teresa, FBC, José Jorge e Sérgio Guerra, o senador aposta na velha máxima da política: quem planta cedo, colhe no tempo certo. E, se a história recente de Pernambuco servir de guia, Fernando Dueire pode muito bem ser o próximo “azarão” a surpreender nas urnas.
Solicitação – O senador Ciro Nogueira (PP-PI) pediu nesta segunda-feira (6) autorização ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar. A visita deve ocorrer ainda nesta semana, entre quarta e quinta-feira. No fim de semana, Nogueira afirmou ao Globo que Bolsonaro já teria decidido quem apoiar em 2026, citando Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior como únicos nomes “viáveis”, o que gerou uma troca de farpas com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também pré-candidato ao Planalto.
Alternativa – O União Brasil marcou para a esta quarta-feira (8) uma reunião da Executiva Nacional que decidirá sobre a possível expulsão do ministro do Turismo, Celso Sabino (PA), da legenda. O anúncio foi feito pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado, presidente do partido no estado. Caso seja desligado, Sabino deve se filiar a um partido da base governista, segundo apuração da jornalista Clarissa Oliveira. A crise, que já dura três semanas, expõe o impasse dentro do União, onde o ministro segue no cargo com o apoio de parte da bancada na Câmara, apesar da sigla manter posição de oposição ao governo.
Defesa – A governadora Raquel Lyra (PSD) defendeu a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) conforme o texto original encaminhado pelo Executivo à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). Durante coletiva após a abertura do curso de formação de novos agentes da Polícia Científica, em Olinda, Raquel destacou que o projeto, elaborado pela Seplag, prevê R$ 7,5 bilhões em investimentos e define as diretrizes de receitas e despesas do estado para 2026.
Apoio – O grupo Calabar, principal força de oposição em Taquaritinga do Norte, definiu apoio a Juliana de Chaparral para deputada federal e a Diogo Moraes para deputado estadual nas eleições de 2026. A decisão, articulada pelo ex-prefeito Ivanildo Lero, consolida a união entre lideranças locais que tradicionalmente seguiam Chaparral e aquelas ligadas a Diogo, formando uma frente única para fortalecer a representação política do município. O encontro contou com a presença de Cleber Chaparral, vereadores e lideranças locais, marcando um novo alinhamento estratégico da oposição em Taquaritinga.
Inocente quer saber – Se Raquel Lyra for reeleita, há chances de levar Fernando Dueire para o Senado?



