
Quem percorre as rodovias pernambucanas hoje testemunha uma transformação sem precedentes. Por décadas, gerações inteiras conviveram com buracos, pistas esburacadas e a sensação de abandono a cada viagem. Agora, o cenário é outro: são mais de 1.300 quilômetros de rodovias recuperadas, R$ 5,1 bilhões em investimentos e 77 obras em andamento espalhadas pelo interior do Estado. Para quem se acostumou a promessas vazias, esses números soam quase inacreditáveis.
A comparação com o período anterior a 2023 evidencia décadas de descaso. Enquanto o asfalto se desfazia e motoristas arriscavam suas vidas em trechos perigosos, as gestões passadas tratavam a infraestrutura rodoviária como um detalhe menor. Bastava sair da capital para encontrar estradas intransitáveis, obras eternas que não passavam da placa inaugural e a sensação generalizada de que Pernambuco estava condenado ao atraso. Regiões como o Agreste Central, Setentrional e Meridional — que concentram boa parte da economia estadual — enfrentavam vias que mais pareciam trilhas de terra batida do que rodovias de um Estado que se pretendia desenvolvido.
O programa PE na Estrada rompe com esse passado medíocre. Só no Agreste Central, 16 obras somam R$ 654 milhões em investimentos, sendo oito já concluídas. A PE-095, que liga Limoeiro a Caruaru, recebeu R$ 71,44 milhões para restaurar 80 quilômetros de pista. Já a PE-145, entre Cachoeira Seca e Brejo da Madre de Deus, teve 43,45 quilômetros recuperados com R$ 54,5 milhões. São resultados concretos, obras que qualquer cidadão pode ver — e sentir — ao volante.
Os projetos estruturantes representam o salto mais expressivo. A duplicação da BR-232, no trecho de 6,8 quilômetros entre o Viaduto da CEASA e o de Tapacurá, recebeu R$ 194,3 milhões. Entre São Caetano e Belo Jardim, o projeto de 32 quilômetros está em licitação, com investimento previsto de R$ 320 milhões. No litoral sul, a PE-060, com quase 86 quilômetros até São José da Coroa Grande, terá R$ 80,3 milhões e entrega prevista para o primeiro semestre de 2026. São obras que reconfiguram a logística do Estado, reduzem acidentes e criam as condições necessárias para o desenvolvimento econômico.
O contraste com o passado é gritante. Por anos, Pernambuco foi palco de obras superfaturadas, contratos suspeitos e estradas que voltavam ao mesmo estado deplorável poucos meses após a “reforma”. O dinheiro público desaparecia sem deixar rastros de asfalto. O interior conhecia bem essa rotina: inaugurações eleitoreiras, placas reluzentes e, logo depois, os mesmos buracos de sempre. Era um ciclo vicioso de propaganda e abandono que corroía a confiança no poder público.
A atual administração mostra que é possível fazer diferente. Com transparência, fiscalização rigorosa e cumprimento de cronogramas, as obras avançam de forma consistente. A duplicação da PE-095, por exemplo, não é apenas o alargamento de pista: envolve nova geometria viária, vias laterais, corredores de ônibus e análise técnica sobre viadutos. É o planejamento substituindo o improviso que marcou o passado.
Os números falam por si. Mais de dois mil quilômetros de rodovias ainda aguardam recuperação, mas o ritmo atual indica que o passivo será enfrentado. No Agreste, os recursos aplicados já ultrapassam R$ 929,5 milhões, beneficiando dezenas de municípios que há anos esperavam por atenção básica. Obras em execução, como as das rodovias APE-104, PE-149 e BR-104, somam R$ 158,6 milhões, com previsão de conclusão em 2025.
Pernambuco finalmente compreendeu que estradas seguras não são luxo, mas requisito essencial para o desenvolvimento. Agricultura, turismo, indústria e comércio dependem de uma malha viária eficiente. Por tempo demais, o Estado pagou o preço do descaso com isolamento, acidentes e oportunidades perdidas. Hoje, quem viaja pelas rodovias estaduais percebe que algo realmente mudou. São quilômetros de asfalto novo, pontes seguras e o sentimento de que o futuro está sendo pavimentado — literalmente.
Marcelo Rodrigues é professor e advogado.



