Neste 23 de agosto 2020, o senador Jarbas Vasconcelos comemora o seu aniversário de nascimento e os 50 anos de atividades políticas e partidárias. Sua trajetória pela Assembleia Legislativa e pela Câmara Federal, na década de 70, de maneira combativa e corajosa contra o regime de exceção instalado no país em 64 pelo golpe militar, o credenciaram como um dos grandes líderes em Pernambuco e no Brasil. Nas décadas de 80 e 90 suas passagens por cargos executivos, na Prefeitura do Recife e Governo do Estado, ambas de maneiras exitosas foram suas marcas.
Tive o prazer de conviver com Jarbas por 21 anos, ele como secretário geral do MDB (sob a presidência do professor Pinto Ferreira), ajudando-o na assessoria do partido, tendo ao lado o saudoso companheiro Daniel Bezerra (Bezerrinha). Implantamos o MDB no estado enfrentando grandes dificuldades. Sofremos intimidações, perseguições e vimos companheiros que se abrigavam no “nosso guarda-chuva” serem mortos, por simplesmente não concordarem com o regime de exceção e lutarem pelo restabelecimento do Estado Democrático de Direito.
Dois episódios de enfrentamento ao sistema de segurança da Ditadura, feitos por Jarbas, ficaram marcados na minha mente:
1. A expulsão do seu Gabinete, quando era líder do MDB na Alepe, de dois agentes daquele órgão que foram intimar o companheiro Marcus Cunha, à época vereador do Recife, em nome do Cel. Curcio Neto, chefe do setor de informação do IV Exército (SNI). Ao telefone com o jornalista Carlos Garcia, chefe da sucursal do Estado de São Paulo, relatou que estava expulsando dois araques de Polícia do seu gabinete. A entrevista ganhou manchete do jornal no dia seguinte. Isso motivou a prisão e a tortura do jornalista Carlos Garcia e a prisão de Marcus Cunha.
2. A retirada de dois ativistas sindicalistas, Ricardo Zaratine e Alemão, que estavam fazendo palestra na sede da FETAPE, na rua do Hospício, quando os agentes do serviço de segurança estavam na saída para prendê-los. Jarbas colocou os dois no seu carro e os levou para a sede do partido.
As circunstâncias políticas me afastaram do convívio com Jarbas por 20 anos (entre 1992 e 2012). Coube ao ex-governador Eduardo Campos unir as principais lideranças políticas do estado naquele histórico ano de 2012. Uma unidade em torno de um projeto que ganhava contornos nacionais. Dois anos depois, quando o Brasil viu atônito o desaparecimento de Eduardo e dos outros seis companheiros que o acompanhavam naquele trágico voo, Jarbas teve papel decisivo na manutenção da chapa estadual que havia sido montada pelo saudoso ex-governador. Mostrava mais uma vez sua firmeza nas posições e a lealdade ao líder morto dias antes.
Por fim, na eleição de 2018, torna-se um dos candidatos ao senado na chapa do governador Paulo Câmara, reeleito naquele ano. Num gesto dirigido à militância do Partido Socialista Brasileiro e em homenagem à antiga amizade que tenho com Jarbas, Paulo e ele me convidam para ocupar a vaga de segundo suplente de senador.
Que possamos brindar em breve a vida deste grande amigo e sua rica trajetória política, tão logo tenhamos a tão esperada vacina para esse maldito vírus.
Parabéns, Jarbas!
