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Postado por Edmar Lyra às 0:00 am do dia 15 de dezembro de 2025

Coluna desta segunda-feira

Foto: Divulgação

O fator imprevisível de 2026

A política brasileira caminha para 2026 carregando um elemento que ninguém ousa tratar abertamente, mas que já ronda as conversas reservadas de Brasília: a possibilidade de Jair Bolsonaro não estar vivo durante o processo eleitoral. Não se trata de torcer, desejar ou antecipar tragédias, mas de reconhecer que a saúde do ex-presidente se tornou, objetivamente, uma variável política de alto impacto.

Desde a facada sofrida em 2018, Bolsonaro jamais recuperou plenamente a condição física. O episódio deixou sequelas permanentes, exigiu múltiplas cirurgias e inaugurou um ciclo de internações recorrentes. A isso se soma o avanço da idade e um histórico de comorbidades que, segundo aliados, se agravaram nos últimos anos. No ambiente carcerário — com limitações óbvias de estrutura, rotina e acompanhamento médico especializado — esse quadro se torna ainda mais sensível. O risco, portanto, não é retórico. É real.

Caso Bolsonaro venha a falecer antes ou durante a campanha de 2026, o impacto eleitoral seria imediato e profundo. A direita brasileira perderia sua principal referência simbólica e emocional, mas, paradoxalmente, poderia ganhar um poderoso catalisador político. A morte transformaria Bolsonaro em mártir para milhões de eleitores que já o enxergam como vítima do sistema, das instituições e da elite política tradicional. O discurso da perseguição ganharia contornos definitivos, blindados contra qualquer contestação factual.

Nesse cenário, Flávio Bolsonaro surge como o herdeiro natural desse capital político. Diferentemente de Eduardo, que se comunica melhor com nichos ideológicos específicos, ou de Michelle, cujo apelo é mais moral e religioso, Flávio reúne atributos estratégicos: é senador, tem trajetória institucional, transita com mais facilidade no centro-direita e carrega o sobrenome que mobiliza a base bolsonarista mais fiel. A eventual ausência do pai abriria espaço para uma unificação que hoje parece improvável com Bolsonaro vivo.

A morte de Jair Bolsonaro teria ainda outro efeito decisivo: encerraria disputas internas na direita. Com o patriarca fora do jogo, governadores, parlamentares e lideranças que hoje hesitam entre projetos próprios e a submissão ao bolsonarismo tenderiam a se alinhar rapidamente ao nome ungido pela família. E esse nome, gostem ou não, seria Flávio. O luto político costuma ser curto, mas a memória eleitoral é duradoura.

Ao mesmo tempo, a esquerda enfrentaria um dilema delicado. Qualquer embate direto com o legado de Bolsonaro correria o risco de parecer desrespeitoso ou insensível, fortalecendo ainda mais a narrativa bolsonarista. O silêncio, por outro lado, deixaria o campo livre para a construção de um mito sem contraponto.

Em 2026, portanto, o maior fator de instabilidade não será apenas a economia, nem a avaliação do governo, mas a biologia. A eventual morte de Jair Bolsonaro pode redefinir completamente o tabuleiro eleitoral, não enfraquecendo sua corrente política, mas, ironicamente, oferecendo a ela um impulso que Bolsonaro vivo talvez já não consiga entregar.

Premonição – Durante a manifestação em março no Rio de Janeiro, o discurso do ex-presidente Jair Bolsonaro foi exatamente neste sentido, de que poderá não estar mais aqui nas eleições do próximo ano. Debilitado, Bolsonaro sabia que teria pouco tempo de vida, e com a sua prisão, a tendência do quadro é se agravar.

Cirurgia – Após passar por exame de ultrassonografia neste domingo (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu recomendação médica para a realização de uma nova cirurgia, desta vez para tratar duas hérnias inguinais; segundo o advogado João Henrique Nascimento de Freitas, que acompanhou a avaliação na Superintendência da Polícia Federal, o procedimento foi indicado como a única forma de tratamento definitivo para o quadro, após os exames confirmarem a necessidade de intervenção cirúrgica.

Novo presidente – As urnas confirmaram neste domingo (14) o que as pesquisas já indicavam: o ex-deputado de direita José Antonio Kast foi eleito presidente do Chile ao derrotar a governista Jeannette Jara, com 58,6% dos votos válidos contra 41,48%, segundo dados preliminares do Serviço Eleitoral com 83% da apuração, tornando-se o líder mais à direita do país desde a ditadura de Augusto Pinochet.

Ajustes – Aos 59 anos e em sua terceira tentativa presidencial, Kast venceu uma eleição marcada pela volta do voto obrigatório e pelo peso do tema da segurança pública e do controle da imigração irregular, moderando o discurso em relação a campanhas anteriores, evitando temas de direitos humanos e prometendo um “governo de emergência” contra o crime, em um resultado que simboliza o encerramento do ciclo político iniciado após os protestos de 2019 e a eleição de Gabriel Boric, que, assim como Jara, reconheceu a derrota e sinalizou disposição para uma transição institucional e colaborativa.

Renúncia – A defesa da deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou que a renúncia ao mandato, formalizada neste domingo (14), foi uma decisão técnica e juridicamente orientada, adotada de boa-fé para reduzir a tensão institucional, após o Supremo Tribunal Federal determinar a perda do cargo; segundo o advogado Fábio Pagnozzi, como o plenário da Câmara não chegou a cassar o mandato, a renúncia preserva direitos, fortalece a posição de Zambelli no processo de extradição em curso no exterior e evita o agravamento de um conflito de natureza constitucional entre os Poderes.

Inocente quer saber – Uma morte de Jair Bolsonaro em meados de 2026 pode impulsionar Flávio Bolsonaro a vencer a disputa?

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Edmar Lyra

Jornalista político, foi colunista do Diário de Pernambuco e da Folha de Pernambuco, palestrante, comentarista de mais de cinquenta emissoras de rádio do Estado de Pernambuco e CEO do instituto DataTrends Pesquisas. DRT 4571-PE.

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