
Durante visita ao Sertão pernambucano, presidente é questionado por painéis de LED e protestos de metroviários contra projeto que abre caminho para privatização da CBTU
Nesta quarta-feira, 28 de maio, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda no Sertão de Pernambuco, assinando a ordem de serviço da duplicação da Estação de Bombeamento EBI-3, no Ramal do Salgado, uma outra pauta ganha visibilidade nas cidades de Salgueiro e Cabrobó: o futuro do Metrô do Recife.
Com painéis de LED instalados em locais estratégicos, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SINDMETRO-PE) lançou um duro questionamento ao presidente:
“Lula, Bolsonaro privatizou o Metrô de BH. Teu governo vai entregar o Metrô do Recife? Cumpra sua palavra de campanha! Metrô público: se privatizar, vai piorar! O que o metrô precisa é de INVESTIMENTO, não de VENDA!”
A manifestação é uma reação à Resolução CPPI nº 324, que viabiliza a transferência da CBTU para o Governo de Pernambuco — etapa considerada decisiva para sua posterior privatização. O modelo segue os moldes adotados em Minas Gerais durante o governo Bolsonaro, o que motivou a comparação direta entre os dois presidentes.
“Privatizar é trair os trabalhadores, os usuários e o povo que depende do metrô todos os dias. É abandonar o compromisso com a soberania e os direitos sociais”, afirma a diretoria do SINDMETRO-PE em nota oficial.
Promessas de campanha sob pressão
Durante a campanha presidencial, Lula prometeu fortalecer o transporte público e retomar investimentos na infraestrutura urbana. Agora, diante da movimentação para a desestatização da CBTU no Recife, o sindicato cobra coerência e fidelidade aos compromissos assumidos nas urnas.
“Lula é da terra e conhece a força do nosso povo. Aqui, a gente não engole promessa vazia. Estamos rodando o estado pra lembrar que o metrô é do povo — não está à venda”, declarou Luiz Soares, presidente do SINDMETRO-PE.
Impactos sociais e aumento da tarifa são temidos
O sindicato também alerta para os riscos da privatização: aumentos tarifários, redução no número de estações, extinção de linhas importantes como a Linha Diesel — que atende áreas periféricas — e possível sucateamento do sistema, como ocorreu em outras capitais.
“A saída é mais Estado, mais investimento público, mais concurso e mais metrô. O povo quer tarifa social e transporte digno — não mais um serviço entregue aos empresários. Lula, a escolha está nas suas mãos: repetir Bolsonaro ou cumprir sua promessa de campanha.”
Um legado em disputa
A mensagem dos metroviários é clara: a condução desse processo marcará o legado de Lula diante dos trabalhadores e da população usuária do transporte público na Região Metropolitana do Recife.
“Lula quer ser lembrado como o presidente que entregou o Metrô do Recife ao setor privado? Como alguém que deu sequência a um projeto de Bolsonaro? Privatizá-lo é virar as costas pra quem mais precisa.”, conclui Luiz Soares.
Até o momento, o Palácio do Planalto não se pronunciou oficialmente sobre as manifestações.
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