Uma mudança profunda varre o interior pernambucano. Nas pequenas cidades, nos sítios e comunidades rurais, uma nova energia econômica desponta onde antes havia apenas promessas não cumpridas. O contraste é notável quando observamos os últimos anos da gestão anterior e o atual momento político do Estado.
Durante a era PSB, que se estendeu por mais de uma década até 2022, Pernambuco experimentou crescimento econômico significativo, especialmente na região metropolitana. Grandes obras estruturantes marcaram aquele período, como a Arena Pernambuco, o Complexo Industrial Portuário de Suape e diversos investimentos em infraestrutura urbana. Contudo, essa estratégia concentrou desenvolvimento principalmente na capital e região metropolitana, deixando vastas áreas do interior à margem do progresso econômico.
A política de desenvolvimento da gestão anterior priorizava grandes empreendimentos e parcerias público-privadas, apostando no efeito cascata para levar prosperidade ao interior. Embora tenha gerado empregos e movimentado a economia, essa abordagem frequentemente negligenciava as pequenas iniciativas locais e as vocações produtivas regionais que caracterizam a diversidade pernambucana.
O cenário atual apresenta uma filosofia completamente distinta. Desde outubro de 2023, o PE Produz, com a batuta da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADEPE), emerge como protagonista de uma nova estratégia de desenvolvimento, focada na capilaridade e na valorização das potencialidades locais. Em pouco mais de um ano, o programa já direcionou mais de R$ 23 milhões através de recursos não reembolsáveis para 73 projetos espalhados por 85 municípios, impactando diretamente a vida de mais de 95 mil pernambucanos.
A diferença fundamental reside na metodologia. Enquanto o modelo anterior apostava no gigantismo e na atração de grandes investimentos externos, a atual gestão investe na força produtiva que já existe nos territórios. Pequenos produtores, artesãos e empreendedores locais, organizados através de entidades sem fins lucrativos, recebem recursos diretos para modernizar equipamentos, incorporar novas tecnologias e ampliar sua capacidade produtiva.
Os Arranjos Produtivos Locais representam o coração desta transformação. Essas redes de cooperação permitem que empreendedores compartilhem conhecimentos, infraestrutura e mercados, fortalecendo cadeias produtivas inteiras. É desenvolvimento econômico com DNA colaborativo, valorizando saberes tradicionais e mantendo famílias em seus territórios de origem.
Esta abordagem revela uma compreensão mais sofisticada sobre desenvolvimento regional. Em vez de tentar replicar modelos externos, o atual governo reconhece e potencializa as vocações naturais de cada região. Seja na apicultura do sertão, no artesanato do agreste ou na piscicultura do São Francisco, cada território encontra respaldo para desenvolver aquilo que já sabe fazer bem.
O impacto transcende números financeiros. Trata-se de uma revolução na forma de conceber política pública, aproximando o estado das realidades locais e entregando soluções práticas para desafios concretos. O investimento público se transforma em ferramenta de empoderamento, gerando ciclos virtuosos de desenvolvimento que respeitam as características regionais.
Com a previsão de mais R$ 20 milhões em novo edital, o PE Produz consolida-se como política estruturante da atual gestão. Representa a transição de um modelo concentrador para uma estratégia inclusiva, que reconhece no interior pernambucano não apenas um mercado consumidor, mas um território repleto de potencialidades produtivas.
Esta transformação silenciosa pode estar redefinindo o futuro econômico de Pernambuco. Enquanto grandes centros urbanos enfrentam saturação e competição acirrada, o interior desponta como fronteira de oportunidades, onde tradição e inovação se encontram para construir prosperidade sustentável e socialmente justa.
Marcelo Rodrigues é professor e advogado.