
Por décadas, o aeroporto Oscar Laranjeiras foi símbolo de projetos inacabados. Construído em 1985, enfrentou graves problemas estruturais que levaram ao fechamento entre 2003 e 2006, quando o pátio de aeronaves desabou duas vezes.
Essa trajetória de descontinuidades deixou Caruaru, maior cidade do interior pernambucano, sem conectividade aérea adequada. Entre 2016 e 2022, as tentativas de revitalização esbarraram em burocracia e falta de recursos, criando um ciclo de adiamentos.
Agora, com articulação entre governos federal, estadual e municipal, o projeto ganhou força. O Estado confirmou investimento de R$ 138 milhões em infraestrutura, mais R$ 38 milhões para um novo terminal de 6 mil m², totalizando R$ 176 milhões. A pista será ampliada de 1.800 para 2.250 metros, permitindo operações de aeronaves maiores.
A Prefeitura de Caruaru contribuiu com doações de áreas para a expansão, consolidando uma parceria inédita entre os três níveis de governo.
O processo licitatório está marcado para 19 de setembro, data que representa um divisor de águas na aviação regional e encerra décadas de promessas não cumpridas.
Caruaru, com mais de 420 mil habitantes e uma região metropolitana de um milhão de pessoas, é referência em confecções, agronegócios e turismo cultural.
A modernização permitirá voos diretos para São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e capitais nordestinas, reduzindo custos logísticos e tempo de deslocamento. O turismo também será beneficiado, facilitando o acesso de visitantes às festas juninas e ao artesanato local.
O aeroporto transformará Caruaru em porta de entrada do interior nordestino, fortalecendo sua posição como hub econômico e estimulando setores como hotelaria, gastronomia e serviços especializados.
No cenário nacional, o projeto representa avanço na descentralização da aviação comercial, historicamente concentrada nas capitais. O exemplo de Caruaru pode inspirar iniciativas semelhantes em outras cidades médias.
Mais que uma obra de infraestrutura, o Oscar Laranjeiras simboliza como articulação política, investimento e gestão eficiente podem transformar realidades regionais.
Marcelo Rodrigues é professor e advogado.


